Dilema Platônico escrita por Metal_Will


Capítulo 2
Capítulo 2 - Danieli


Notas iniciais do capítulo

Por enquanto, a história ainda está bem na introdução. Mas não se preocupem, prometo que a trama começará a se desenvolver mais a partir do próximo capítulo...^^'



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    Danieli, com "li" no final, ela mesma. A pessoa capaz de deixar o pobre Miguel sem saber como agir, sem saber o que dizer. Não que ele falasse muito, mas ela, em especial, era capaz de tirar qualquer palavra que viesse a sua mente. O coração do rapaz começava a bater mais forte? Ela não estava no lugar dela estava?Não...ela estava ali, conversando com suas amigas, eram Paula e Sandra os nomes dela, não eram? Não importava. Naquele momento, o único foco era Danieli. Dani, Dani...podia chamá-la assim? Era um sentimento muito estranho. Não era só uma garota? Por que ele estava nervoso? As pessoas podem ser assustadoras. Mas como ela podia ser tão linda e tão assustadora ao mesmo tempo? Danieli era uma garota não muito alta (mais ou menos do mesmo tamanho de Miguel e Leandro). Era magra, com cabelos levemente avermelhados, poderia dizer, uma ruiva tendendo a uma morena. Tinha um par de amigáveis olhos castanhos e um lindo sorriso, além de uma voz bastante doce e calma (deveria cantar muito bem). Os pensamentos se misturavam na cabeça de Miguel e, por uma fração de segundos, parecia ter saído do próprio corpo.
    - Ô, cara. Tá vivo? - Leandro chamava pelo distante amigo.
    - Oi? O que foi? - responde o avoado Miguel
    - Não sei. Parou do nada. Não vai sentar, não?
    - Claro. Já estou indo.
    Sentar. Mas para alcançar a cadeira ele teria que passar por Danieli. Ela estava ali, no caminho de seu lugar de sempre, conversando qualquer bobagem que fosse com as outras duas meninas. Uma delas, a Paula, era uma mocinha de óculos, não muito alta, com cabelos castanhos curtos presos num rabo de cavalo. A outra, Sandra, era uma garota de cabelos morenos cacheados, nem muito bonita e nem muito feia. Essas duas sentavam-se próximas a fileira de Miguel, enquanto Danieli se sentava duas fileiras à direita, bem na frente da sala. A fileira de Miguel era encostada na parede, próxima à janela, onde ele se sentava no fundo, não necessariamente na última carteira (mas de vez em quando ele sentava), na frente de Leandro, esse sim, ocupante da última carteira da fileira. Um dos melhores lugares para se dormir nas aulas, com certeza. Ele só precisava chegar até seu lugar, mas, para isso, teria que passar por Danieli que, por sinal, tinha tempo mais do que suficiente até o início da aula para ficar ali jogando conversa fora. Quando a aula começasse, ela teria que voltar para o lugar. Mas Miguel faria o que enquanto isso? Ficaria ali parado feito tonto? Se é que ele já não estava ali parado feito tonto! Leandro já havia passado e se dirigia a seu lugar sem a menor dificuldade. Embora cheio de pensamentos na cabeça, Miguel começou a andar. O que tem demais em passar do lado de três garotas? Nada. Nada se uma delas não fosse a Danieli. Por fim, Miguel passa pelo grupo e dá um sorriso tímido para a tão temida Dani que, por sua vez, apenas responde de volta com um sorriso de bom dia tão rápido quanto. Tudo isso, desde o momento que entrou na sala até agora, quando já estava se sentando em sua carteira, não demorou mais que alguns segundos, mas, para Miguel, foi demorada. Por que tanta dificuldade? Por que não conseguia encarar Danieli nos olhos?
    Após se sentar e emprestar a tarefa de casa para Leandro (que, como de costume, não havia feito), Miguel olhou pela janela e observou o dia calmo e ensolarado que se apresentava fora da sala. Fora da sala, um lindo dia, dentro da sala, uma linda garota por quem ele tinha se apaixonado desde...quando mesmo? Ah, sim. Desde o começo do ano. Danieli entrou para cursar seu segundo ano de Ensino Médio no Colégio Brilho da Estrela no início daquele ano. Foi naquele instante que Miguel percebeu que ela não era uma garota como as outras. Não. Não mesmo. Ela tinha algo de diferente. O que de diferente? Ele não sabia explicar...era algo que o atingia de forma bastante misteriosa. Seria o que chamam de...amor? Ou paixonite? Seria algo passageiro, uma admiração rápida que ele sequer se lembraria no próximo mês? Talvez. O fato é que aquela garota ali, aquela moça quietinha que sentou num lugar normalmente vago da sala, havia chamado sua muito sua atenção. Ela era bonita? Sim. Era bem bonitinha, pelo menos na visão de Miguel. Apesar disso, não parece ter despertado muito a atenção de outros meninos da turma. Leandro, por exemplo, chegou a comentar com Miguel algo sobre ela "Sei lá. Ela parece muito sem-graça". Mas, para Miguel, ela passava uma imagem muito mais atraente do que a própria Gisele, considerada a mais popular e mais bonita da sala. Ou mesmo de outras garotas consideradas por aí como um "filézinho", como diria Leandro em mais uma de suas cantadas infelizes. De fato, comparando Gisele com Danieli, há muita diferença, principalmente na personalidade e no estilo. Seria isso? Seria esse o charme que chamou tanto a atenção de Miguel? Talvez Danieli fosse como ele, tímida e introspectiva. E, realmente, era difícil ver Danieli em qualquer tipo de conversa descontraída longe de suas amigas de costume. Uma pessoa sem muitos amigos. Ou será que ela teria mais amigos fora da escola? Talvez até um namorado! Será? Mas ela não usa uma aliança de compromisso. E daí? Não ter uma aliança também não significa que ela não tenha namorado! Tantas dúvidas na cabeça do pobre Miguel, tantas, tantas. Fácil de resolver, diria alguém: por que não falar com ela? Falar com ela? Para Miguel isso era uma tarefa extremamente difícil! Se simplesmente passar por ela já era algo angustiante, quanto mais falar com ela. Além do mais, o que ele poderia falar? Que tipo de assunto ele poderia ter com ela? Miguel conhecia uma ou outra coisa sobre Danieli ao ouvir conversas por acaso. Sabia que ela tocava piano e já treinou tênis quando criança. Parecia ser uma menina de uma família de classe média alta. Mas não tinha muitos outros detalhes sobre ela. Que assuntos em comum ele teria com Danieli? Era apenas um típico nerd viciado em jogos! Não teria muitos resultados.
    Com o passar dos meses, Miguel percebeu sua atração por Danieli crescendo. Não era uma atração física, como a que sentia por outras garotas por aí (o que inclui a Gisele, principalmente num dia em que a viu andando pelo shopping com uma calça jeans tão apertada que...bem, isso não vinha ao caso). O que sentia por Danieli era algo bem mais profundo que isso, e, aliás, sequer se aproximava de uma atração física. Quando ela estava por perto, ali, dentro de seu campo de visão, ele simplesmente esquecia de tudo. Tudo que existia era Danieli. Isso era possível? Ainda era possível esse tipo de sentimento dentro de uma sociedade onde ficar e beijar na boca é a única coisa que importa num relacionamento? Não era apenas uma impressão passageira. Os dias passavam e Miguel cada vez mais sentia seu coração bater mais forte na presença da ruivinha. Mesmo quando estava fazendo outras coisas (como..jogando videogame), Danieli vinha com frequência em seus pensamentos. Isso era se apaixonar? Pensar direto numa pessoa com quem você nem conversa e apenas admira à distância. Obviamente, ele não chegou a comentar com ninguém sobre o que sentia, exceto Leandro. E isso aconteceu em uma dessas conversas descontraídas voltando para casa. Numa conversa, pelo que Miguel lembrava, parecida com essa:
    - Putz..aquela Gisele é muito gostosa. Se eu pegasse.. - comentava Leandro com uma cara feliz e safada
    - Se você pegasse...mas ela não te chamou de ridículo outro dia? - respondia Miguel cinicamente
    - E daí que eu sou ridículo? Isso não quer dizer que eu não possa pegar ela! - Leandro retruca bem-humorado
    - Realmente, você leva tudo na esportiva
    - Aposto que você também pegaria ela, não pegaria?
    Miguel fica vermelho
    - Tsc...deixa disso. Nem em um milhão de anos eu conseguiria. Você sabe disso
    - Pô, não se subestima, não. Onde é que está aquela sua auto-estima, heim? Aquela mesma de quando a gente jogou ontem!
    - Jogos eletrônicos são muito mais fáceis do que chegar numa menina
    Leandro ri e os dois ficam em silêncio por um tempo
    - Mas acho que sei porque você falou isso
    Miguel olha para ele sem entender muito
    - É porque você já tá gostando de uma mina, né não?
    Miguel fica vermelho, mas responde
    - Gostando? Como assim? De onde você tirou isso?
    - Ô, não fica assim, não! Mas eu te conheço há anos, meu chapa!
    Miguel desvia o olhar
    - É daquela ruivinha nova, não é?
    Miguel fica vermelho mais uma vez
    - E...e se for?
    Leandro sorri satisfeito
    - Haha. Sabia. Eu vi o jeito que você tava olhando pra ela. Haha. Sem querer ofender, véio, mas...ela é bonitinha e tal, mas é meio sem sal, você não acha, não?
    - Ah, para com isso!
    - Tá bom, tá bom. Parei. Mas se precisar de uma força é só falar. Eu tenho experiência com essas coisas
    - Como daquela vez do "filézinho"?
    - Putz, mas você tem que lembrar disso toda hora?
    Miguel lembrava dessas conversas e vê o quanto anos de amizade podem revelar muito sobre você. Mas, pelo menos, Leandro nunca fofocou nada para ninguém. Era um amigão mesmo. Isso era algo que Miguel tinha que resolver. Mas o que ele podia fazer? Ele mal falava com meninas direito. Sempre teve um certo medo delas. Esse medo só piorava com todas as brincadeiras malvadas que elas fizeram com ele no Ensino Fundamental. Como ela ia chegar em Danieli sem parecer um imbecil? Sem contar que grande parte da sala, que já estudava com Miguel há muito tempo, sabia desse seu "travamento" com as mulheres. Medo. Apenas medo e receio eram o que justificavam sua falta de iniciativa. Não que ele não fosse tímido em outras áreas, mas em outras situações era bem mais fácil de se virar. Até apresentação em público ele conseguia enfrentar numa boa. O problema mesmo era falar diretamente com as meninas. Não tinha nenhuma menina que ele conseguia falar de boa? Ah, sim, tinha uma. Com ela, Miguel não tinha esse problema...aquela menina...
    - Bom dia, gente. Vamos sentar? - chegava a animada professora de Português
    - Ufa, acabei a tarefa. Valeu, Miguelito! - Leandro passava o caderno para Miguel que, por sua vez, apenas mantinha mais uma última olhada em Danieli, que já tinha se sentado em sua carteira e aguardava quietinha o início da aula.
    "O que eu faço? O que eu faço?", suspirava Miguel enquanto abria preguiçosamente o seu caderno.


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