Entre o Perfeito e o Proibido escrita por bellinhaborges


Capítulo 6
Capítulo 4 - Tensão - Parte I




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Capítulo 4 - Tensão - Parte I

Tenten abriu os olhos bem devagar, ainda pesados de sono, porém não conseguiu enxergar nada direito. Virou para o lado e viu que já estava escuro e uma nesga prateada de luar entrava pela janela, que agora estava com as cortinas fechadas. Voltou seu olhar mais para baixo e viu que ao seu lado,havia um garoto cochilando em uma cadeira com a respiração baixa e uniforme.
"Não, não foi um sonho." pensou a garota, amarga, lembrando-se do que acontecera algumas horas antes.
Pelo menos ele parecia dormir, essa era sua chance. Levantou-se vagarosamente, tomando o cuidado para não deixar nem que os lençóis fizessem ruídos. Passou as pernas para fora da cama, prendendo a respiração e ficou de pé. Até ali já havia sido um bom começo. Olhou para os lados e logo localizou a porta, que estava a cinco metros de distância. Até que não seria uma caminhada tão longa até ali e, logo que saísse poderia fazer o que bem entendesse.
Deu um passo, dois, três e nada. Sorriu e apressou o ritmo, mas uma mão a agarrara subitamente e ela gritara.
- Tsc, tsc, tsc. - murmurou ele, estalando a língua.
- Hyuuga, pela última vez... - e suspirou, fechando os olhos. - Me s-o-l-t-a!
- Mitsashi, pela última vez... - repetiu ele, no mesmo tom que ela, e depois voltou ao seu tom sério. - Eu não vou deixar você mover uma palha dessa cama até a enfermeira chegar.
- Hyuuga... ARGH! - ela bufou, mas depois respirou fundo e fechou os olhos.
Não estava em condições de comprar briga com ele no momento e, pelo que pode perceber através do aperto de ferro em seu pulso, ele não era nem um pouco fraco. Decidiu mudar de tática.
- Neji... - chamou ela, abaixando o tom de voz.
- Oi. - respondeu ele, com um tom sarcástico de "coisa boa não vem por aí".
- Me solta, por favor... - pediu ela novamente, voltando o olhos para ele e o encarando profundamente. Antes que ele protestasse, continuou - Eu só ia pegar um pouco de água, afinal nós nem almoçamos...
- Não. - disse ele firmemente, sem alterar sua expressão indiferente e sem desviar seus orbes perolados dos olhos dela.
- Por favor... - pediu ela, conferindo um tom ainda mais piedoso na voz.
- Não. - repetiu ele, erguendo as sobrancelhas num sinal de ironia, o que irritou a garota profundamente.
Ela chegou a abrir a boca para começar a xingá-lo, mas novamente sabia que isso não a levaria a nada. Mudou novamente sua estratégia.
- Tenten, o que... o que é isso? - perguntou o Hyuuga, quando a garota lentamente foi desabando no chão, sendo sustentada somente por seu pulso, que Neji ainda segurava firmemente. - Tenten, o que... - mas ela começou a soluçar e dessa vez a expressão dele alterou-se levemente e ele se abaixou para fitar seu rosto.
Sem largar o pulso da menina um minuto sequer, ele utilizou a outra mão livre para erguer o rosto dela que estava voltado para o chão e, quando ela o fez, deparou-se com a mesma expressão de ironia que tanto a irritava, porém dessa vez não conseguiu manter a calma mais.
Com os olhos cheios de lágrimas de raiva e ódio que ela conseguiu ajuntar na esperança de persuadí-lo, ela levantou-se de um salto e tentou puxar o braço direito dos dedos firmes dele, mas não conseguiu nenhum resultado. Ele erguera-se do chão também, tornando nítido o contraste entre a altura de ambos. Sem mais alternativas e tomada pela raiva, ela começou a estapeá-lo com o braço livre. Cada centímetro do corpo dele num instante lhe parecera macio e liso demais; ela queria arranhá-lo, socá-lo, fazê-lo sofrer.
A pele alva dele parecia um convite perfeito para seus punhos. E quanto mais ela o agredia e sentia sua pele macia, mais ela sentia vontade de matá-lo. Porém ele não iria aguentar tudo isso calado.
- Seu idiota, quem você pensa que é... - gritou ela, logo depois que ele a prendeu contra a parede e agarrou seu braço livre e prendeu cada uma de suas pernas com suas próprias, imobilizando-a. - Eu te odeio, eu te odeio, ouviu? EU TE ODEIO, HYUUGA!
- Silêncio, Mitsashi. Você sabe que horas são?
- DANE-SE QUE HORAS SÃO! EU ESTOU PRESA NUMA ENFERMARIA COM UM IDIOTA QUE NÃO ME DEIXA SEQUER LEVANTAR, SENDO QUE EU TENHO MIL E UMA COISAS PRA FAZER E SATISFAÇÕES PRA DAR ÀS MINHAS AMIGAS E...
- Silêncio, Mitsashi! - pediu ele novamente, mas ela continuou gritando.
- SE VOCÊ NÃO TEM AMIGOS, PROBLEMA SEU! NÃO É CULPA MINHA SE VOCÊ NÃO CONSEGUE SE APROXIMAR DE NINGUÉM, SE VOCÊ  É UM SER DESPREZÍVEL, NOJENTO, ANTIPÁTICO, IDIOTA, ARROGANTE... - continuou ela, cuspindo as palavras nele conforme sua raiva ia aumentando.
E a paciência dele diminuindo...
- SILÊNCIO, MITSASHI! QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE REPETIR?
- QUANTAS VEZES FOREM PRECISAS PARA QUE VOCÊ MORRA SEM AR. EU NÃO VOU NUNCA ME CURVAR DIANTE DE VOCÊ E FAZER O QUE VOCÊ MANDA, SEU IDIOTA! EU NÃO QUERO CONTINUAR MAIS UM MINUTO AO LADO DE UM LOUCO QUE NEM VOCÊ E VOU CONTINUAR GRITANDO ATÉ ALGUÉM APARECER AQUI...
- Vamos ver então. - murmurou ele, em tom de provocação.
- O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE? O QUE... - mas não pôde terminar a frase porque o Hyuuga selou seus lábios quentes nos dela, abafando sua voz.
Instantâneamente ela parara de gritar e de produzir qualquer som. A única coisa que se podia ver no eram os olhos arregalados de choque dela e o reflexo da lua na pele alva do Hyuuga.
Passos podiam ser ouvidos ao longe no corredor, mas ela não tinha forças pra nada e muito menos conseguia raciocinar direito. Ele estava pressionando seus lábios nos dela com força e colou ainda mais seu corpo ao dela, de modo que ele conseguia sentir até o sangue dela correndo por suas veias. Quando finalmente sentiu o coração dela disparar e sua respiração ficar ofegante, separou-se totalmente dela e deixou que ela deslizasse pela parede e caísse com um baque seco no chão sem forças nem para se levantar, ainda com os olhos descrentes de surpresa, e se afastou com um sorrisinho sarcástico no rosto.
Numa fração de segundo depois o vulto de uma moça de cabelos curtos, negros e repicados com grandes orbes negros apareceu na porta e perguntou se havia algo errado.
- Acho que ela tropeçou quando foi se levantar e caiu de mal jeito. - respondeu Neji, calmamente. - Você é Shizune, certo? - e diante da confirmação dela, ele continuou. - A enfermeira que estava aqui me mandou ficar de olho nela, mas eu me lembrei que tenho uns problemas a tratar com a diretora antes que ela durma e estava apenas esperando que alguém chegasse aqui para ir.
- Ah, sim senhor Hyuuga, pode ir. - disse Shizune, pacientemente. - Pode deixar que eu fico aqui e cuido dos machucados dela.
- Tudo bem então? - perguntou ele, educadamente.
- Tudo sim, pode ir. - respondeu a moça. - E desculpe pelos transtornos que a enfermeira o fez passar.
- Que isso. - retorquiu ele e antes de sair pela porta, despediu-se de Shizune e foi até Tenten, que observava a cena sem reação alguma, e murmurou em seu ouvido. - Até mais, Mitsashi. - E logo depois atravessou a porta, sumindo no corredor escuro.

*****

Sakura assistia ao noticiário angustiada com Hinata no dormitório. Sua cabeça estava a mil relembrando repetidamente tudo o que ocorrera na diretoria mais cedo e, a preocupação com Tenten e, por mais que a odiasse, com Ino também, a estavam deixando uma pilha.
- Você tem certeza de que está bem, Sakura-chan? - perguntou Hinata novamente, não convencendo-se com a resposta que a amiga lhe dava toda hora, dizendo-lhe que estava tudo ok. - Você não quer se deitar, ou quer um pouco de água... - ofereceu a garota.
- Não, Hina-chan, não precisa, obrigada. - dispensou a rosada.
- Mas é que você está me parecendo tão fraca e pálida...
- Deve ser o reflexo dessa luz do dormitório, não se preocupe. - retorquiu Sakura, tentando escapar da amiga.
- Eu não acho que seja a luz, Sakura-chan... - disse Hinata, se aproximando da amiga para checar sua teperatura.
Suas mãos estavam geladas, sua boca estava seca e sua pele provavelmente estaria pálida também. Sakura sabia disso; eram os sintomas que sue corpo apresentava sempre que ela passava por situações de extremo estresse ou nervosismo, como aquela. Precisava escapar dali antes que a amiga constatasse que ela realmente estava começando a passar mal. Teve uma idéia.
- Hina-cha, cansei. Acho que vou agora mesmo chamar um dos eletricistas e pedir para trocarem a lâmpada do nosso dormitório. - disse a rosada, levantando-se de sua cama. - Há dias que eu não consigo estudar direito e se minhas notas caírem por causa de uma coisa ínfima dessas, eu me mato!
- Mas Sakura-chan, espere, já são quase dez horas da noite... - Hinata tentou convencê-la, assustada pela atitude repentina da garota. - Espere as meninas voltarem, não há ninguém nos corredores. Se pegarem você, a situação vai realmente se complicar.
- Não se preocupe Hinata, eu volto logo. Não vai acontecer nada de ruim. - Sakura tentou tranquilizá-la. - Eu não vou demorar. Quero estar aqui pra tirar satisfações da porquinha quando ela chegar.
- Mas Sakura-chan... - Hinata tentou chamá-la, mas a garota já estava do outro lado da porta.
- Até mais tarde, Hina-chan. - e fechou a porta antes que a amiga pudesse dizer qualquer outra coisa.
Ainda com a mão na maçaneta, respirou fundo. Não sabia para quê exatamente estava saindo do dormitório, mas não podia continuar sufocada com seus pensamentos e com a preocupação da amiga naquele dormitório. Sozinha ela conseguia pensar melhor.
Porém ela não sabia pra onde ir. Deu alguns passos pelo corredor escuro, mas parou de súbito. Não devia haver uma viva alma pelos corredores daquela escola no momento.
"E nem nas salas de aula, na biblioteca ou nos jardins."ela pensou.
Perfeito. Teria todos os lugares disponíveis para que ela pudesse ficar até se acalmar, mas ela precisaria escolher um e conseguir driblar a escuridão para chegar até ele.
Como já era de esperar da garota mais inteligente do colégio, ela escolheu a biblioteca, pois era o caminho ao qual ela estava mais habituada a seguir e o qual ela sabia de cor, o que era conveniente naquela escuridão.
Tudo que ela precisava fazer era seguir reto por aquele corredor, virar à direita, subir dois vãos de escadas, pegar outro corredor e passar por todas as salas do terceiro ano e virar à esquerda. Assim que virasse à esquerda daria de cara com uma grande porta de carvalho - por fim teria chegado ao seu destino.
Mas algo saiu errado. No meio do segundo corredor ela se perdeu e foi parar num lugar muito mais amplo que o corredor da biblioteca e no qual ela nunca havia estado antes. Perambulou, perambulou, mas acabava sempre encurralada naquele corredor gigante. Quase gritou para pedir ajuda, mas sabia que iria se complicar seriamente se fizesse isso. Tudo o que lhe restava fazer era esperar até o dia clarear ou até que uma luz vinda do além a iluminasse e lhe mostrasse o caminho. (N/A: no coments pra última frase --')
Caminhou mais um pouco às cegas e suas mãos encontraram uma parede. Sem mais opções, ela encostou-se na parede e soltou um grande suspiro, amaldiçoando-se por não ter seguido os conselhos de Hinata.
Com os olhos fechados, delizou seu corpo até o chão e caiu com um baque suave, que ecoou pelo lugar e emitiu alguns ruídos estranhos ao longe. Ela teria que se ajeitar ali e dormir, rezando para acordar antes de todos e voltar para seu dormitório.
Seu nervoso só aumentara e seus músculos começaram a dar leves tremidas involuntárias de minutos em minutos e seu estômago estava começando a embrulhar. Quando ela finalmente conseguiu cochilar um pouco, foi acordada repentinamente pelo mesmo som dos ruídos estranhos ao fim do corredor que ouvira quando sentara no chão; porém dessa vez algo lhe confirmava que não era produto do eco.
Com seus olhos verdes bem abertos, ela vasculhou o local ainda sonolenta, mas o sono logo passou e ela sentiu o coração disparar quando ouviu novamente os mesmo ruídos, mas eles estavam ficando mais forte, o que significava que algo estava se aproximando.
Ninguém poderia descobrí-la ali ou ela estaria perdida. Caminhou pelo escuro desesperada e encontrou o vão da porta de uma sala completamente vazia. Entrou rapidamente e foi até o fundo do local, sentando-se a um canto.
Estava perdida, não havia como se esconder. Na sala havia apenas um vulto de  dois grandes armários a um canto próximo à entrada e nada mais. Se alguém entrasse ali, ela teria que rezar para que essa pessoa não tivesse uma lanterna e se aproveitar da escuridão para sair de fininho.
Porém os ruídos haviam cessado. O coração dela ainda estava disparado e a ansiedade pelo próximo ruído para saber onde a pessoa estava era pior do que se ela estivesse ao seu lado. Pelo menos foi isso que ela pensou enquanto esperava.
Alguns segundos depois o ruído voltou, mas estava muito perto agora. Encolhida a um canto, ela se atreveu a erguer os olhos na escuridão e avistou um vulto dentro da sala, aproximando-se dos dois armários.
Um alívio percorreu o seu corpo - ele ainda não a tinha visto. Porém essa sensação não durou muito tempo, pois o som das portas dos dois armários sendo arrebentadas lhe confirmou uma coisa - devia ser um ladrão.
Se fosse um ladrão ela estaria realmente enrrascada. Os ruídos de papéis e objetos sendo movidos dentro dos armários invadia a sala. Sakura resolveu utilizar-se de uma das idéias que tivera e levantou-se bem devagar, prendendo a respiração, para não emitir nenhum ruído. Com o coração disparado e com vontade de respirar uma grande lufada de ar para seus pulmões e sme poder, ela deu o primeiro passo. O vulto não se movera. Deu um segundo passo, a mesma coisa. Deu o terceiro, o quarto e já estava quase perto da porta quando esbarrou em alguma coisa grande de metal que não vira quando entrara na sala e essa coisa emitiu um ruído alto e agudo.
Como se fosse uma reação automatica, outro objeto caiu no chão naquela sala, provavelmente das mãos do bandido. Sakura só teve tempo de tomar fôlego e começar a correr.
Saiu desesperada da sala rumo ao corredor desconhecido e podia ouvir o som de passos a acompanhando em alta velocidade. O corredor estava muito escuro e ela saiu esbarrando e colidindo com tudo no caminho. Por fim se viu encurralada contra uma grande parede, sem mais corredores para virar ou salas para entrar, e os passos já a haviam alcançado.
Seu corpo todo tremia e sua respiração não era suficiente para encher seus pulmões. Ela já estava começando a ter náuseas, mas ainda podia sentir a adrenalina em sue sangue. Num último impulso, apostando tudo, ela correu pelo corredor, sem noção nenhuma do território, de onde estava e para onde iria depois disso.
Com um baque seco colidiu em algo quente e macio, desequilibrou-se e esbarrou numa estátua de porcelana, que provavelmente fazia parte da decoração do local. A estátua caiu no chão e se desfez em milhares de cacos pontiagudos. Quando Sakura ergueu seu olhar para ver o que tinha feito, viu que havia colidido com o invasor e que este estava à sua frente. Ela só teve tempo de abrir a boca para gritar, mas o grito não saiu e seus joelhos começaram a ceder e seus sentidos a abandoná-la. Seu corpo caiu como se ela fosse uma boneca em direção aos cacos pontiagudos, mas um par de mãos a segurou antes que ela fosse para o chão.


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