Musica: http://letras.mus.br/paramore/1145524/traducao.html

Matsukaze Tenma chegou ao apartamento do amigo assim que deixou seu serviço. Só não antes de passar em um mercadinho e comprar algumas coisas. Ele sabia que Kirino havia acabado com o suplemento de alimentos “bons” de sua dispensa e geladeira.

Ele chegou no corredor e viu a porta do apartamento de Ranmaru entreaberta. Algo um tanto imprudente, na opinião do moreno, mas não era surpresa considerando seu pensamento de que aquilo seria obra de Amemiya, já que o mesmo parecia não ser habituado a trancar portas, por alguma razão.

– Taiyou... onde esta Kirino? – o menor perguntou, procurando o rosado pelo apartamento e não o encontrando.

O ruivo olhou meio sem graça.

– Bem, ele saiu.

Tenma arregalou os olhos.

– EH??! Como assim ele saiu?!

– Ora, ele vestiu-se e saiu pela porta, mal humorado. Foi isso.

– PORQUE VOCÊ DEIXOU?! – Tenma acabou largando as sacolas no chão.

– O que? Eu devia impedi-lo?! Pensei que o plano era tira-lo de casa!

– SIM, MAS NÃO DESSE JEITO!

– DE QUE OUTRO JEITO SERIA?

– EU NÃO SEI!, QUEM SABE EM UM MOMENTO ONDE NÃO TENHAMOS A MISSÃO DE LIMPAR O APARTAMENTO DELE!

Taiyou parou pensativo, sua expressão era, de alguma forma, incrédula, para si mesmo.

– Oh, deus... eu não pensei sobre isso...

– AGORA VAMOS LIMPAR SOZINHOS!

– AH, não..não mesmo! Ligue para seu namorado.

O moreno lançou um olhar indignado ao amigo.

– O QUE? VOCÊ ACHA MESMO QUE TSURU.. QUERO DIZER, KYOUSUKE, VIRIA AJUDAR A GENTE  A LIMPAR!? VOCÊ É LOUCO?

Taiyou sorriu.

– Ele não precisa saber que esse é o motivo.

Tenma suspirou, tentando recuperar a paciência. Talvez os últimos anos convivendo com Kyousuke tenham feito ele um pouco mais bravo, enquanto Tsurugi parecia ter criado uma espécie de “senso de humor”.

Enquanto isso, Kirino caminhava pelas ruas distraído. Ele tentava não pensar em Shindou e em coisas relacionadas, e por isso, o rapaz preferia não prestar muita atenção a sua volta, pois qualquer coisa poderia fazê-lo se lembrar e...

De repente ele esbarra em outra pessoa.

Kirino quase caiu, mas acabou se apoiando ao outro rapaz. Que era um pouco mais baixo.

Ele já estava prestes a se desculpar quando notou a cabeleira azul-esverdeada sendo penteada com as mãos revelando o rosto desdenhoso de Kariya Masaki.

– Você...

– Boa tarde, senpai – falou o rapaz, sorrindo.

– Você de novo! Esta me seguindo ou algo assim?

Kirino já estava alterado. Por alguma razão, a presença de Masaki o irritava, talvez até mais do que antigamente.

– Não exatamente.

O esverdeado levou os braços para trás da cabeça, em sua posição de sempre, olhando Kirino de forma provocativa.

– Ah, tudo bem, na verdade eu estava realmente procurando pelo senpai – confessou.

Kirino arregalou os olhos fazendo uma expressão de raiva e surpresa, ao mesmo tempo.

– O-o que?

O céu estava muito bonito e a rua bastante movimentada. Os dois pareciam ignorar completamente as pessoas que passavam e esbarravam neles. Kariya fitou Ranmaru nos olhos, e o rosado não conseguia entender o que o outro estava querendo.

Para ele, qualquer coisa vinda de Masaki era algo que ele tinha certeza que não gostaria. Esse cara simplesmente o tirava do sério. Tudo nele era irritante. Seu sorriso, seu jeito, em meio aos teatros de personalidade ou não. Kariya Masaki simplesmente tinha esse poder, de atrapalhar a sanidade de Kirino.

– Eu ouvi alguém comentar ontem que o senpai morava em um prédio esverdeado e laranja, e aquele era o único dessa cor em Inazuma, até onde eu me lembre – ele apontou para o prédio de Ranmaru, com a cabeça. Kirino ainda não havia ido muito longe.

– O que você quer de mim? – Kirino lançou-lhe outro olhar bravo e desconfiado.

– Eu também ouvi que você precisa ser reanimado, então pensei em ajudar.

Ranmaru riu de forma irônica.

– Você? Me ajudar? Só pode ser piada!

Kariya desmanchou seu sorriso e encarou seu ex-senpai de forma um tanto raivosa. Kirino pensou que talvez o tivesse cortado de seus planos – porque sem duvidas só podia ser um plano, na visão do rosinha – e isso o abalasse de alguma forma.

– O que? Eu sou um cara muito divertido, se quer saber... – fez uma cara emburrada.

Kirino fez uma careta e suspirou.

– A ultima pessoa do mundo que me divertiria é você – falou, secamente, encarando Kariya com raiva – e também, você não tem nada a ver com isso! Me deixe em paz.

Ranmaru saiu andando rapidamente, esbarrando em quem quer que aparecesse em sua frente. Kariya soltou um suspiro desanimado, mas no fim acabou seguindo o outro. Nem mesmo ele sabia o porquê estava fazendo isso, mesmo assim continuou. Por alguma razão, ele sentia um certo impulso em ir atrás de seu ex-senpai.

Levou um certo tempo para Kirino o notar se aproximando novamente, foi então que o mesmo entrou em um beco e esperou até que o outro passasse, e assim, o encurralou.

– O QUE VOCÊ QUER? – perguntou, agarrando os ombros de Kariya ferozmente, o obrigando a ficar frente a frente.

Kariya se assuntou um pouco com tal reação tão exagerada, mesmo assim, deu um sorrisinho.

– Eu já disse... quero ajudar você.

Kirino bufou.

– Pare de brincadeiras, Kariya, o que você quer de mim? Caçoar com a minha cara, não é? É só isso que você sabe fazer! Brincar com os sentimentos dos outros e fazer brincadeiras com aquilo que os machuca...!

– Eu realmente não sei de onde você tirou isso – Masaki desmanchou seu sorriso e pareceu um pouco irritado com as acusações – eu não me lembro de ter brincado com “aquilo que o machucou” nenhuma vez...

– Você é um sínico – Kirino o soltou com raiva, fazendo Masaki dar alguns passos para trás e bater as costas na parede logo atrás dele – fique longe de mim!

– Tudo bem, já que é assim – Masaki deu de ombros e fingiu indiferença, falando num tom meio irônico e provocador – você pode continuar com seu draminha emocional, esta indo muito bem...

Kirino ficou calado.

– Continue choramingando pelos cantos e fazendo todos se preocuparem com você. Eu sempre soube que você era esse tipo de idiota fraco, fazer o que...

As palavras de Masaki realmente perturbavam Kirino. Talvez o fato de que o esverdeado estava certo, e pela primeira vez, quem sabe, Ranmaru não podia realmente negar.

Ele segurou as lagrimas que poderiam vir.

Kariya continuava falando.

– Isso mesmo, senpai, você merece uma medalha. Todo mundo querendo seu bem e você fugindo de todos. Não é capaz de enfrentar seus problemas? É uma garotinha chorona? – ele fez um tom de deboche nas ultimas palavras – você acha que isso vai mudar alguma coisa? Só esta se fazendo de ridículo.

– O QUE VOCÊ SABE SOBRE ISSO…?

Kariya parou e o olhou. Sem rir, sem nada.

– O QUE VOCÊ SABE? ME DIZ! QUEM É VOCÊ PARA ME PASSAR ALGUM SERMÃO? Você não faz nada alem de usar uma mascara que esconde quem você verdadeiramente é! Isso é ser fraco, tão fraco quanto quem chora pelos cantos, como você diz...

– Err... você acha? Eu não vejo ninguém se dando ao trabalho de se preocupar comigo atoa, como fazem com você...

– É claro, ninguém gosta de você.

Só então Masaki pareceu perturbado.

“Ninguém gosta de você.”

Ele engoliu em seco e voltou a sua expressão de despreocupação.

– Bom, acho que é melhor não agradar ninguém, tentando ser algo que não sou, do que fazer todo mundo se preocupar comigo enquanto banco o coitadinho..

– Ora, seu...

Kirino avançou em Kariya, segurando seu colarinho e quase o erguendo.

O garoto esverdeado manteve-se firme, tentando não demonstrar qualquer alteração. Ele não tinha realmente medo de Ranmaru.

Mas o rosado estava realmente mal, ele segurava Kariya com ódio, mas sua expressão parecia realmente triste. Algumas lagrimas foram escorrendo de seu rosto.

– Chorar não vai mudar nada, senpai – falou Kariya, sério.

Kirino bufou.

– CALE A BOCA! O que você sabe sobre sentimentos? O QUE VOCÊ SABE SOBRE SER ABANDONADO POR ALGUEM QUE AMA?

Kariya sorriu novamente. Por alguma razão, Kirino pensou que esse era um tanto mais “brilhante” do que os demais.

– Talvez eu sabia, Kirino-senpai.

O rosado estremeceu, e acabou soltando o outro e recuando alguns passos.

– Acho que é você quem não sabe nada sobre mim – continuou Kariya, olhando para o nada. Mesmo que seu rosto não expressasse nenhum sentimento doloroso por essas lembranças, Kirino jurou a si mesmo que algo estava diferente.

Algo estava com um brilho diferente.

– Pois é, eu queria te ajudar, Kirino-senpai, mas acho que não vale a pena perder meu tempo com você... até mais então.

Kariya mal começou a andar e Kirino agarrou seu braço.

– Espere – disse alto.

O outro o olhou confuso.

– Oh, o que é? – perguntou manhoso. Masaki deu um sorriso malicioso para Kirino.

– Kariya, eu...

– Não precisa falar mais nada, querido senpai, eu vou embora. Mas saiba que eu estava falando sério quando disse que te ajudaria.

Ranmaru o soltou.

– Mas... Por quê? O que há de errado comigo?

– Quer mesmo saber?

Kariya voltou a ficar sério.

Kirino o olhou, diretamente nos olhos.

“O que esse cara realmente quer?” Ele se perguntava.

– F-r-e-s-c-u-r-a – Kariya falou lentamente, e então deu as costas, acenando um tchauzinho.

O outro garoto estava um tanto confuso. As coisas estavam saindo de seu controle. Desde quando se tornara tão instável? Desde quando alguma coisa que vindo de Kariya mexia tanto com ele?

“– Talvez eu sabia, Kirino-senpai.”

“– (...)Acho que é você quem não sabe nada sobre mim..”

Kirino sentiu um aperto no peito. O que era isso? Uma sensação estranha de que algo estava errado, algo estava diferente... e não apenas isso, algo havia sido esquecido.

Mas o que?

Havia algo sobre Kariya que ele devia se lembrar?

O rosado suspirou, preferiu não se incomodar mais com esses pensamentos. No final das contas, ele se sentia mais leve depois de haver despejado tudo em Kariya, e preferiu voltar sua mente a outra coisa no momento. Como caminhar um pouco e tentar relaxar, para depois enfrentar um Tenma e um Taiyou mal humorados com a faxina.

Era ainda possível se ver Masaki logo longe.

Ah sim, Kirino deu uma risinho abafado, que ele soltou sem querer mesmo meio choroso.

Kariya ainda enfiava a camiseta dentro das calças.

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De uma forma ou de outra, Kirino caminhou se sentindo um tanto melhor de volta a seu apartamento. Era meio estranho para ele se sentir "bem" depois de uma briga, ainda mais uma briga com Kariya Masaki.

Seu bem estar repentino desapareceu instantaneamente quando ele se aproximou de seu apartamento. Podia-se ouvir os gritos de Tenma ao sair do elevador.

Ranmaru abriu a porta cautelosamente para se deparar com um apartamento limpo. Ele tinha que admitir, aqueles caras eram rápidos e faziam um bom trabalho. Toda poeira havia desaparecido, e os moveis estavam ajeitados. Até mesmo os lençóis e cortinas tinham sido trocados.

Ao se aproximar da cozinha, a primeira coisa que se podia ver era Taiyou deitado sobre a mesa, aparentemente desanimado.

– Tenma, se você fizer isso, vai se arrepender – falou uma voz familiar.

Kirino se aproximou e viu que Tsurugi estava ali também. O que era um tanto estranho. 

– Vamos seguir a receita Kyousuke!

– Não, eu cozinho desde criança e eu sei fazer isso.. do meu jeito!

– Para com isso e me passe o trigo.

– Não, vamos usar essa farinha aqui – pegava um pacote com  uma farinha, que Kirino podia jurar que era trigo.

Aparentemente o casal resolvera preparar o jantar mais cedo.

– Vocês tem certeza que moram juntos? – perguntou o rosado.

Só então todos perceberam sua presença ali. Taiyou parecia em um estado de dorme-ou-não-dorme, então apenas bocejou. Tenma sorriu e Tsurugi olhou com certa indiferença como ele sempre fazia.

– Kirino-sen...

O menor soltou o pacote de farinha que disputava com o namorado, fazendo o mesmo cair na tigela e soltar um tufão de farinha branca na cara de Kyousuke, que deixou um uivo escapar.

– VOCÊ FUGIU! - Tenma gritou de repente – Não tem vergonha na cara?

Kirino riu.

– Desculpe, Tenma, eu precisava relaxar um pouco.

– Podia ter conversado com Taiyou!

Taiyou resmungou, sem erguer a cabeça.

– Acho que não daria muito certo - o rosado encostou-se na parede.

Kyousuke sacudiu-se mal humorado e rumou para o banheiro. Tenma o olhou sem entender o que havia acontecido.

– Tudo bem, pelo menos você parece bem melhor agora - o moreno deu um sorrisinho.

– Você acha?

– Sim, sim! Aconteceu alguma coisa?

Kirino olhou para o teto. Aconteceu? Ele não tinha certeza, ele só sabia de uma coisa.

Ele se sentia realmente mais leve.