Pior Que Isso? Impossível... escrita por May-Swan


Capítulo 2
Capítulo 2 - Dois erros são somente o começo.




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A água furiosa era negra em todas as direções, não havia qualquer claridade que me orientasse para cima.

Mesmo assim tentei nadar em alguma direção, pensado que a sorte poderia me presentear com a superfície. Porém, como sempre, eu não estava com sorte. Meus músculos desistiam pela exaustão de dias sem comer ou dormi, o frio me entorpecia e o meu pulmão se contorcia pelo desejo de oxigênio.

Definitivamente, eu não estava com sorte.

Eu iria morrer e por mais que tenha odiado cada dia da minha vida nos últimos tempos eu não estava feliz por ela acabar ali...

Como Charlie reagiria a essa nova perda?

Quem seria capaz de ter tanta paciência para ter Alice como amiga?

Edward... Seria ele capaz de saber o quanto eu o amava?

Sim eu o amava, e lamentava por morrer sem nunca ter lhe dito isso.

Minha garganta foi inundada por águas gélidas.

Era o fim...


Capítulo I


Dois erros são somente o começo.


Já estava tarde.


O barulho constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Ao fundo podia ouvir o som da TV ligada, e não foi difícil imaginar Charlie apagando mais uma noite no sofá.


Fitei o retrato que ficava em cima do móvel ao lado da cama. Nele, Renée, Charlie e eu estávamos sendo banhados pelos raios de sol de Phoenix. Nosso sorriso deixava transparecer toda a felicidade que sentíamos naquele momento. De fato, aquela imagem ao som da chuva e da vida que Charlie e eu levávamos agora parecia algo irreal, ou até irônico.


Puxei o velho cobertor xadrez sobre a cabeça, em uma tentativa vã de não escutar a chuva... A TV... E a saudade gritante que sentia de Renée.


...


Acordei pela manhã desanimada para enfrentar mais um dia de aula. Na verdade, como Alice, minha melhor amiga para todos os efeitos, dizia eu nunca estava animada para nada. Mas o fato era muito simples: Se eu não esperasse nada da vida ela não me surpreenderia com nada, certo?


Vou explicar melhor: o universo inteiro caminha espontaneamente para a desordem. Então, sempre estamos nos esforçando para deixar tudo em seu devido lugar, suando a caminha para conseguir alcançar nossa felicidade. E para que? Se a vida tem o seu próprio curso de desordem e ninguém pode ter controle sobre ela?

O próprio universo conspira contra nós!

Então, não vou me jogar em felicidades momentâneas... Não vou esperar algo bom acontecer sabendo que as chances dele ser ruim são muito maiores.

Sim! Eu acredito na *Lei de Murphy e resumo minha vida em dias ruins e outros péssimos.



Desci as escadas em meio aos tropeços e percebi que a TV continuava ligada.


Me aproximei e parada diante do sofá, encarei Charlie que ainda dormia. Por um segundo, lembrei de como ele amava o seu serviço em Phoenix. Ele era um dos Policiais mais renomados da cidade, sempre estava inserido nos casos mais complexos de crime organizado e corrupção. Eu o via como um super-herói lutando contra os crimes da cidade grande, mas isso foi antes de Renée ter partido. Agora ele se limitava a ser chefe de policia da pacata Forks e a receber ocorrências de brigas em bares e alerta de urso nas proximidades da cidade.


Dei um longo suspiro e deixando para trás essas lembranças sair rumo à escola.


...


Escola, um lugar de aprendizagem e formação de indivíduos capacitados para a sociedade. Certo?


Errado!


É apenas um lugar em que as garotas se reúnem para conversar de moda, maquiagem e fofocar sobre qualquer assunto que difame a imagem de alguém. Além, é claro, de usar suas risadas escandalosas e forçadas para chamar atenção dos garotos. Esses, por sua vez, andam em bandos conversando sobre jogo e sexo. E claro, as risadas escandalosas e forçadas agiam sobre seus hormônios. Fazendo a escola se tornar pura SACANAGEM!


Eu não era de conversa e muito menos de sorrisos, então não tinha amigos e nem namorado. Entretanto, havia uma exceção:


Alice Masen.


Uma baixinha imperativa, tagarela, otimista e sonhadora que achou em mim um poço de paciência para suas conversas sem fim. Nada conseguia acabar com o seu bom humor, nem mesmo o meu pessimismo.



O estranho foi não vê-la correr em minha direção assim que cheguei à escola. Ela tinha essa mania, eu não conseguia me esquivar dela nem mesmo para ir ao banheiro. Quando deu o intervalo e não a vi no refeitório entendi o que havia acontecido: Ela não havia ido para escola.


Assim que o intervalo acabou e terminei de pegar os livros que iria precisar para a próxima aula no armário percebi que a ausência de Alice fazia uma luz de alerta piscar em minha cabeça. Ela não faltava aula nem quando estava doente. Fechei a porta do armário sentindo a preocupação tomar conta de mim e numa insensatez sem tamanho, abrir a boca para o Cullen que passava no corredor naquele momento.



–Você viu a Alice? –perguntei.


Edward parou e me fitou por alguns segundos, provavelmente estranhando minha atitude de lhe perguntar algo. Apesar de termos algo em comum: Alice. Nunca, se quer, havíamos trocado um aceno de cabeça.


–Não. –respondeu seco.


–Ela não foi a sua casa ontem? –como uma tola, insistir.


–Porque ela iria? –respondeu com outra pergunta deixando-me impaciente.


Eu que estava querendo respostas.


–Você bem sabe o porque. –falei arqueando uma sobrancelha, querendo insinuar o que ele estava cansado de saber.


Ele tentou reprimir um sorriso, antes de tornar a falar.


–Não, acho que não sei. –tentou parecer confuso.


Percebendo que o Cullen estava zuando com a minha cara bufei, virando-me de costas e desistindo daquela conversa.


–Espera, espera... – Ele se colocou em minha frente. Por fim, respondeu – Ela não foi em casa ontem, pelo menos não percebi nada.


As horas passaram, a conversa com o Cullen foi esquecida, só que a minha preocupação não. Então, quando o último sinal tocou corri para o estacionamento. Assim, que chegasse em casa ligaria para Alice e essa preocupação tola passaria.


Quando parei a camionete rente ao meio fio de casa percebi a Masen sentada do segundo degrau que dava para minha varanda, suspirei aliviada. Minha mania de esperar notícias ruins da vida estava me deixando paranóica.


Desci do carro e caminhei até ela.


–Perdeu aula de tipagem sanguínea hoje. –a informei.


–Não perdi nada então... Fiz o meu exame de sangue no hospital. –ela falou com a voz embargada, minha preocupação voltou quando percebi seus olhos lacrimejados.


– O que houve? – Perguntei receosa.


–Estou... Ferrada Bela. – O choro que ela parecia segurar, rompeu pela sua garganta - Estou grávida e completamente ferrada! – Falou entre as lágrimas


Minha respiração ficou suspensa e por vários segundos todas as palavras fugiram de mim. Apesar de não saber como agir eu a entendia completamente naquele momento. Ela estava se sentindo perdida, sentindo seus sonhos de ir para universidade se esvair com essa realidade, se dando conta que todos seus planos não valiam de mais nada. Mais uma vez a vida me mostrava que quem estava no controle era ela.


– Estou. Morta. Esquartejada. Queimada e enterrada. –ela falou entre soluços enquanto o meu silêncio prosseguia. Com mais choro ela continuou - Estou perdida, meus pais vão me matar, não sei o que fazer...


Dei conta que Alice esperava alguma reação minha. Puxei ar para meus pulmões e sentei ao seu lado, esperando que as palavras voltassem para mim.


–Ele já sabe? –por fim conseguir dizer algo.


Ela negou com a cabeça.


–Assim que comprovei com o exame vim direto para sua casa. – Ela recuperou o fôlego e se desmanchou ainda mais em lagrimas.


–Não se preocupe. –falei tentando parecer calma - vai dá tudo certo.


–Está sendo a otimista agora? –fitou-me com dúvida – Eu tenho 17 anos Bella, não sei cuidar nem de mim... Não tenho nada para oferecer a essa criança.


–E você vai ser pessimista justo agora? – Questionei. – Você não é assim. – Afirmei.


Deu certo, ela fechou os olhos e respirou fundo por algumas vezes até seu choro se tornar mais calmo.


–O que acha que devo fazer? –ela fitou-me.


Pensei por alguns minutos.


–Contar para ele. – Respondi convicta. – e depois para os seus pais.


–Estou com medo. –ela confessou voltando a ficar trêmula.


Evitando que ela desabasse em lagrimas novamente passei meus braços em sua volta e a abracei forte.


–Não precisa ter.


–Eu preciso de você. –Ela choramingou baixinho.


–Eu estou aqui e o que você quiser é só pedi...



Eu e minha maldita boca!


Alice e o Cullen não ter se prevenido foi o primeiro erro, o segundo eu estava prestes a cometer: meter-me no meio dessa história.


A pedido da Masen dirigir até a casa do seu namorado para chamá-lo, pois a mesma não estava em condições e não queria fazer alarde para o Sr. e Sra. Cullen.


Agora, não tinha como voltar atrás na minha palavra. Respirei fundo e toquei a campainha.


–Bella? –Edward, ao abrir a porta, estranhou minha presença em sua varanda.




Continua...



*Lei de Murphy: um adágio da cultura ocidental que normalmente é citada como: "Se algo pode dar errado, dará".




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Notas finais do capítulo

É incrível como se eu voltar ao capítulo verei mais 1001 erros a serem corrigidos...
Incrível como é ter a imaginação vagar por tantas ideias...
Incrível como fico animada com essa história mesmo sem ter uma editora, ou 100 leitores, ou R$ 1,00 de recompensa... (não tenho nem mesmo uma beta... RS)
Enfim, é incrível voltar a escrever e te ter aqui compartilhando esse momento comigo.

Então, comentem, favoritem para ajudar na divulgação e não me abandonem!

Bjos May-swan.



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