- Você luta bem... mocinha – Anunciou o velho senhor, arfando – Não imaginei que você fosse tão poderosa quanto dizem.

 Lucy deu um meio sorriso para Virgo e Caprico que estavam ao seu lado, prontos para partir em um novo ataque caso necessário.

- Ele vai te adorar... – Com as costas da mão, limpou o suor que encharcava-lhe o rosto, o que fez o estomago da Lucy revirar. Tudo naquele homem parecia podre. – Você será o presente perfeito para meu pequeno Tomoki-sama! – Dizendo isso, caiu em gargalhadas.

- Pare de falar asneiras! – Disse a loira, já  de paciência esgotada – Se não quiser se machucar mais, diga o que esta acontecendo! Por que me atacou? O que pretende usando magia tão baixa como a Confusão?  O que você quer com a Fairy Tail?

 Lucy cerrou suas mãos em punhos. Estava irritada, bastante. Tudo indicava que aquele velho homem era o real culpado por tudo aquilo. Pela dor e pelas lágrimas que ela derramara. Apesar de, no fundo, saber que realmente sentia algo pelo Natsu, tinha quase certeza de que o sentimento não era recíproco e o garoto apenas dissera aquelas palavras pelo efeito da magia. Sentia-se usada, enganada e agora entendia que a culpa não era do Dragon Slayer do fogo e sim daquele sujeito repugnante.

- O que você quer com a Fairy tail?! – Tornou a perguntar, agora ainda mais irritada e impaciente.

- O que eu quero com a Fairy Tail...? – Novamente, ele soltara aquela risada gélida e repulsiva que, a contragosto, preenchia os ouvidos de Lucy com seu som oco e fúnebre – Ora, menina... Com a Fairy Tail eu não quero nada.  Acredito que a pergunta certa seja “O que eu quero da Fairy Tail...”

- Lucy-sama, - começou Caprico, olhava atentamente para os olhos vidrados do homem que devoravam, com tamanha fúria, a loira de maneira perturbadora – Permita-me acabar com ele. O levaremos até a guilda onde lá, poderá ser melhor interrogado.

- Não... – Negou Lucy, os nós de seus dedos já estavam vermelhos de tanta força com a qual ela fechara as mãos em punhos – Ele vai me dizer, aqui e agora. Não é um pedido.

 O humor sádico que dançava na face do homem, sumira dando espaço a uma estranha expressão séria.

- Mocinha impertinente você, não? O Tomoki-sama vai adorar  ter-lhe na coleção dele... - Ele fez uma pausa, pigarreou e prosseguiu – Digamos que um certo alguém me encomendara novos brinquedos. E advinha no que estou pensando? Miniaturas exclusivas dos feiticeiros mais importantes da guilda mais poderosa de Magnólia!   

- O que?! – Lucy pouco entendera. O que ele queria dizer com “encomenda”?

- Cansei de você. – Disse, o som de sua voz soou como uma ameaça.

- Lucy- sama! – Gritou Caprico.

- Hime! – Chamou Virgo.

Ambos os espíritos celestiais saltarem em direção à garota quando raios de energia de várias cores foram lançados diretamente a Lucy.

- Que falta de sorte. – Disse o homem. Sua voz, antes rouca e cansada, agora parecia jovial, animada – Mas eu já avisei que magia celestial não funciona comigo.

 Foi tudo o que precisou dizer. Antes mesmo de sequer o raio aproximar-se da Heartfilia, as imagens de Virgo e Caprico tremularam até sumir. Lucy poderia ter feito algo, poderia ter esquivado ou usado o chicote o qual Virgo a presenteara, mas sentia seu corpo pesado. Não conseguia mover um único músculo do lugar. Alguns diriam que ele estava em choque, afinal não é assim que ficamos quando o pânico nos consome? Mas a verdade era um tanto mais complicada. O raio a atingiu e tudo em seguida ficou ofuscado por um véu multicolorido, até seus sentidos sumirem e sua visão apagar por completo.

- Boa noite, Lucy Heartfilia. – Foi a ultima coisa que a garota ouvira antes de desmaiar.

                                          ***

- Estava uma delícia! – Anunciou Natsu, ao terminar de dar a ultima garfada em seu prato de costelas.

- Sir, peixes são ótimos, sir! – Anunciou Happy, apalpando sua enorme barriga azul que, cheia, mais parecia uma bola de voley.

- Há-há, estava realmente bom! – Concordou Gajeel, sentado de maneira despojada no banco aveludado do restaurante – E você não queria vir! – Ele passou a acariciar a cabeça de Lilly, que de início o fuzilou com o olhar, mas logo se entregou as caricias e começou a ronronar – O que me diz, Natsu, sente-se melhor?

 O Dragon Slayer do Fogo não respondera de início. A comida funcionara como um entorpecente e neste meio tempo em que desfrutava do almoço, esquecera-se de sua situação atual. Tudo voltara a sua cabeça com tamanha velocidade, que o deixara tonto. Antes de tomar uma decisão, Natsu sabia que não poderia pensar somente em si e no que queria. Mas, afinal, o que ele queria? Fechou os olhos. Pensou em Lucy. Seus lindos olhos castanhos, seu sorriso animador e divertido, seus cabelos loiros semelhantes a fios dourados. Natsu surpreendeu-se. Começou a sentir uma pontada aguda dentro de si, um calor reconfortante, que preenchia-o e aquecia-o completamente.  Não pode deixar de sorrir. Lentamente e relutante, apagara a imagem de Lucy em sua cabeça e começara a formar outra. Olhos azuis serenos e cabelos de uma brancura semelhante a da neve... Agora pensava em Lisanna. Seu jeito gentil, sua doçura.  Uma nova onda de emoções o atingiu. Desta vez não era aquele calor latente que pulsava dentro de si, mas sim uma sensação de paz e ternura. A mesma que Natsu sempre sentia quando estava perto de Strauss. Tornou a abrir os olhos.

- Natsu, você esta com dor de barriga? – Perguntara Happy.

- Não seja tolo! – Respondeu Lilly – Ele provavelmente estava pensando...

- O Natsu... pensando? – Happy caiu em gargalhadas seguido por Gajeel – Milagres acontecem!

- Há-há, muito engraçado – Ironizou Natsu, levantando-se do banco de veludo – Preciso ir. – Depois de pagar a quantia necessária a Gajeel ele correu até a porta.

- Boa sorte! – Gritara o Dragon Slayer do aço, mas era tarde demais, Natsu já saira pela porta principal do restaurante, deixando Lilly, Happy e Gajeel para trás.

                                            ***

- É só isso que você aguenta? – debochou a garota de cumpridos cabelos verde-água. Novamente ela batera palma e um círculo mágico surgiu no chão. Gray esperou as vinhas o atacarem novamente, mas desta vez o que emergiu do círculo foi uma espécie de arbusto. Seus galhos formavam uma estranha forma humanoide – Aclamação rondônica. Venha a mim, besta da grama! – A criatura rugiu e partiu para cima do Ice Maker.

- Ice make... Sword! – Usando sua magia, Gray criara, através do gelo, uma longa espada que reluzia em sua mão. A criatura avançou e o mago da Fairy tail partiu a seu encontro. O monstro de grana rugiu novamente, mas desta vez, de sua boca, fora lançada uma rajada de espinhos que o acertaram em cheio. Gray cambaleou. Onde os espinhos o atingiram, sentia uma estranha dormência em seu corpo. Lutou para ficar acordado, mas seus olhos pesavam a cada segundo mais.

- Isso! – Comemorou a mulher, pulando de um lado para o outro – Tomoki-sama ficará feliz!

- Líriva, – Gray ouviu uma nova voz, esta de um homem – Capturou-o?

- Mas é claro! Pensou que eu não era capaz...?

 O Homem não respondeu, aproximou-se do Ice Maker caído e tocou seu rosto.

- Gray Fullbuster, seu destino em breve será o mesmo de Lucy Heartfilia. – Ele gargalhou baixo, em seguida recitando algumas palavras, as quais Gray não compreendeu com clareza. Então, um clarão colorido ofuscou seus olhos .

- Captura completa. O próximo... Natsu Dragneel. – Foram as ultimas palavras que o mago da fairy tail escutou, quando perdeu seus sentidos e mergulhou em um sono obscuro e profundo.