A Chave Do Segredo - Dark Mystery escrita por Cristina Abreu


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey!!! *foge dos tiros, das pedras, de tudo*
Mais uma vez eu tenho que me desculpar... Demorei mil anos para postar!!! Desculpe, desculpe!! Mas como estou de férias... Tive que aproveitar um pouco fora do computador, né? Enfim, eu passei uma semana - praticamente - na casa da minha da minha amiga xD (e é claro que vocês não querem saber disso)
Primeiro: eu tenho dois agradecimentos em especial a fazer
1º - Muuuuuuuito obrigada, Bella Guerriero pela recomendação! Eu pirei quando vi, sabia?! Amei demais! Obrigada, obrigada!
2º - E muito obrigada, Vinicius Kitahara por ser meu editor!!! Nem preciso dizer que você é perfeito, não é mesmo?? - mas não fique convencido.
Segunda coisa... São três avisos:
1º - mudei algumas coisinhas no capítulo 1 e no capítulo 3. Nada que vá interferir no que vocês já leram, então...
2º - Seiya Nanami, você havia me perguntado há algum tempo quantos anos eles tinham... Esqueci-me do Derek naquela hora, acredita?? Bem, o Cameron, a Megan e a Lauren tem 17 anos. Nosso amado assassino tem 19, mesmo que esteja (como você verá) na mesma turma da Lauren - sim, ele repetiu >
3º - O Nyah! anda comendo "minha pulação de parágrafos", ou então dando mais do que deveria. Não é minha culpa e por mais que eu tente, não consigo arrumar. Alguém, por algum acaso, saberia como eu faço isso?
E terceira coisa... Boa leitura! Sei que o capítulo ficou enorme, mas... Acho que vocês vão gostar (você não, Vinicius, eu sei), porque uma certa pessoa aparece hehe



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Capítulo 10


Londres, Inglaterra.


Dias atuais.

Lauren.


Acordei abraçada com Cameron. Havíamos adormecido no sofá depois de termos assistido a dois filmes românticos.


Ergui minha cabeça e notei Brooke adormecida aos meus pés. Sorri para ela, e me afastei de Cameron, retirando seu braço que me envolvia a cintura. Pisei no chão frio com os pés desnudos e corri para ir tomar um banho. Logo Came também acordaria e com certeza também tomaria o seu.

Demorei uns bons trinta minutos debaixo da água quente, antes de desligar o chuveiro e me por para fora. Todos os vidros estavam embaçados e o banheiro tinha um leve cheiro de rosas, o cheiro do meu sabonete.

Enrolei a toalha ao meu redor e escovei os dentes, abrindo a porta em seguida e indo para meu quarto. As roupas que eu separara antes de entrar no chuveiro estavam em cima da cama. As apanhei e fui para o banheiro novamente, saindo do mesmo com uma calça jeans Skinny escura, uma camiseta regata rosa clara e com um par de sandálias rasteiras. Meus cabelos escuros e molhados estavam presos em um coque.

Desci as escadas, voltando para a sala. O sofá estava vazio.

Franzi a tez e fui até a cozinha para ver se Cameron estava lá. Nada. Nenhum sinal do garoto.

— Procurando alguém? - sussurrou ele, agarrando-me por trás.

Corei e me afastei rapidamente. Meu coração estava acelerado pelo susto.

— Me assustou! - exclamei.

Ele riu e veio para mais perto de mim, dando-me um selinho.

— Desculpe-me. Não tive essa intenção.

Sorri para ele e me inclinei. Suas mãos seguraram minha cintura e nossos lábios se encontraram. O beijo que começou delicado ficou mais urgente com o passar dos segundos. Nossas línguas se encontraram, explorando mais a boca um do outro.

Novamente me desvencilhei, indo para o outro lado da bancada.

— Quer comer alguma coisa? – perguntei, nervosa.

— Claro. Só vou tomar um banho antes.

Assenti e fingi estar ocupada demais pegando alguma coisa para comermos. Ele saiu da cozinha e eu ouvi seus passos subindo a escada. De fato, voltei a me concentrar em preparar alguma coisa para nós.

Coloquei duas fatias de pão na torradeira, peguei leite, iogurte de morango e uma caixa de cereais. Depois coloquei sobre a mesa duas tigelas, duas colheres e dois copos.

Bem, fora o melhor que eu conseguira arrumar.

Esperei que Cameron descesse novamente para começarmos a tomar nosso café da manhã. Logo ele estava na minha frente com os cabelos negros molhados e sem camisa, deixando seu peitoral exposto.

Desviei o olhar, corando.

— Foi o melhor que eu pude fazer. – murmurei, coçando o braço.

— Está ótimo. - pelo tom de sua voz eu podia deduzir que ele sorria.

— Sente-se. - falei e puxei minha própria cadeira, já me sentando e me servindo.

Despejei o iogurte na tigela junto com o cereal e pus-me a comer. Meu olhar estava fixo em minha comida.

— Laury? - Cameron chamou.

Obriguei-me a voltar meu olhar para seus olhos, deixando-me levar pelo azul profundo e belo de águas profundas.

— Sim? - respondi um pouco atrasada.

— No que está pensando? Está quieta...

— Em nada. - respondi rápido de mais. - Estou só... saboreando.

— Saboreando? - ele riu. - Fala sério!

— É verdade. - tá, não era verdade. Mas uma resposta como: pensando em como você é lindo seria muito constrangedora. - Acredite se quiser.

Cameron ergueu uma sobrancelha negra. Seu rosto demonstrava claramente que ele não acreditava em uma só palavra minha. Eu precisaria inventar uma mentira melhor.

— Só estou imaginando como as coisas ficarão quando eu voltar para a escola. - falei a primeira coisa que se passou em minha mente, mas não era mentira.

— Não se preocupe. - sua mão quente apertou a minha. - Vou estar lá.

Assenti e aproximei mais minha cadeira da dele, apoiando o rosto em seu pescoço enquanto Cameron passava os braços ao meu redor. Beijei sua nuca e fechei os olhos, inspirando profundamente o cheiro de água de colônia.

Ficamos abraçados assim por um longo tempo. Tudo estava tranquilo, na mais absoluta paz. Parecia que ninguém havia sido morto, que eu não era uma pessoa procurada por dois seres contraditórios e que esses não queriam me matar.

Mas não era essa a realidade. A verdadeira estava bem perto. E nem os braços superprotetores de Cameron poderiam me proteger. Nada atrasaria o meu destino. Tudo já estava devidamente programado, quer me agrade ou não.

E com certeza não me agradaria em nada.


Enquanto Cameron lavava os pratos - o que se dispôs gentilmente a fazer -, subi e entrei no meu quarto, deitando enviesada em minha cama.


Meus pensamentos pairavam no ar. Eram tangíveis.

Tanta coisa acontecera em tão pouco tempo. Toda a minha vida mudara e com certeza mudaria ainda mais.

Fechei os olhos e tentei não pensar mais nas tragédias que me ocorrera. Tentei concentrar minha mente em algo calmo para que me tranquilizasse e para que me aquecesse por dentro, dando-me uma falsa paz.

Pensei nos olhos de Cameron materializando-os na minha cabeça. O azul intenso lembrava a águas cintilantes de um lago, ou até do próprio mar. Um lugar que me dava conforto. Um lugar que me pertencia.

Quando dei por mim, era levada por essa água a caminho do sono. Não dormi tanto noite passada. Não queria sonhar ou ter pesadelos. Mas agora o sono me era cobrado.

Felizmente não tive nenhum sonho. Nenhuma decisão de vida me era sentenciada. Meu sono foi tranquilo como não tinha sido há dias.


Acordei ao que pareciam horas mais tardes. Assim que abri meus olhos, pude fitar os dele que me observavam atentamente.


Mas não eram mais azuis. Eram olhos negros.

Pisquei fortemente e a negrura foi substituída pelos olhos claros de meu namorado. Franzi a testa confusa, mas a imagem não mudou. Os olhos negros que vira antes deviam ter sido apenas minha imaginação, nada a mais.

Came sorriu a me ver desperta e deu um beijo estalado em minha bochecha.

— Finalmente a bela adormecida acordou! - ele exclamou.

— Por quanto tempo fiquei apagada? – perguntei, ainda sonolenta.

— Algumas horas. - deu de ombros.

Espreguicei e ele riu.

— Que foi? - aproximei-me mais.

— Nada, minha gatinha sonolenta. - Cameron sorriu e me envolveu, com prazer, em seus braços.

Aconcheguei-me mais, buscando todo o calor que ele podia proporcionar. Um pequeno sorriso despontou em meus lábios.

— Você pode ficar hoje também? – perguntei, manhosa.

— É claro que sim. Se quiser eu já me mudo para cá. - propôs.

— Muito engraçadinho, meu amor. - revirei os olhos, mas ele não pôde ver.

— É um talento. - sussurrou.

— E exibido! - completei rindo. - Agradeço a proposta, mas não. Obrigada. Não te suportaria por muitos dias.

Ele fingiu estar ultrajado.

— Obrigado. - disse fingindo rispidez. - Mas vai ter que me suportar por hoje.

Suspirei.

— Faço o sacrifício. - ri.

Cameron apertou mais seus braços em volta de mim e me deu um selinho.

— Te amo. - falei. - Muito obrigada por estar aqui.

— Não precisa agradecer. - uma curta pausa. - E eu também te amo.

Inclinei meus lábios para os dele e selamos aquele momento com um beijo. Esse tinha mais urgência, comparado aos outros. Nossas bocas estavam famintas uma pela a outra.

Seu corpo pressionou-se mais contra o meu, e sua mão desceu a alça de minha camiseta. Nossos lábios se separaram, mas ele traçou uma linhas de beijos em meu ombro.

Minhas mãos deslizavam por seu peitoral definido; eu me sentia embargada pelo cheiro dele. Cameron preenchia minha mente de modo que eu quase não pensava mais em nada. Quase.

— Cameron... - sussurrei.

Ele não ergueu a cabeça, continuou me beijando.

— Came... - minha voz não tinha força de vontade.

Ele voltou a beijar meus lábios, impedindo-me de falar. Suas mãos aos poucos subiam mais minha camiseta regata.

Ah, que se dane” pensei.

Ergui os braços e logo a camiseta jazia no chão.

Mas não permiti que nada mais acontecesse. Empurrei Cameron para o lado e desci da cama em um rompante.

Apoiei-me na escrivaninha, respirando pesada e rapidamente.

— Não. – droga. Eu mal me convencia. Tentei novamente, falando com a voz mais convicta. - Não!

Cameron também estava sem fôlego, e seus olhos, que deveriam ser frios, estavam exalando calor e desejo. Desviei o olhar já que isso não ajudava a me concentrar.

— Droga! - ele falou. - Desculpe, Laury.

Dispensei suas palavras com um aceno de mão.

— Não posso. Não agora. - eu ainda estava relutante, querendo voltar correndo para seus braços.

— Entendo. Fui eu quem começou... - Came balançou a cabeça. - Não sabia no que estava pensando, sério. Desculpe-me.

— Esqueça. - aos poucos fui recuperando meus batimentos cardíacos normais.

Vi que continuava apenas de combinação e peguei minha camiseta do chão, vestindo-a logo.

Não me aproximei mais, até que todo o resquício de paixão se esvaísse de mim e dele. Quando isso aconteceu só restou constrangimento. Meu rosto estava flamejante. E ele sorriu a me ver vermelha, e hesitando abriu seus braços. Permitir me aconchegar neles novamente e escondi meu rosto em seu pescoço.

— Tudo bem, né? - perguntei me sentindo boba.

— É claro que está. - ele sussurrou.

Assenti e enterrei mais meu rosto em seu pescoço, querendo desaparecer do quarto.

— Por que não volta a dormir? - ele perguntou. - Ainda me parece cansada.

— Tudo bem. – aceitei, mas sabia que seria difícil deixar o sono chegar a mim novamente.

Cameron ajeitou os travesseiros e eu me recostei neles. Fechei os olhos. Tentei respirar com tranquilidade.

— Vou ligar para meus pais dizendo que vou ficar aqui hoje também. - ele começou a se levantar, mas depois se inclinou para mim e sussurrou:

— Durma bem.

Essa não era sua voz. Esse timbre era mais aveludado, mais sedutor. Parecia-se com a voz do outro. De Derek.

Abri os olhos instantaneamente, mas Cameron já se retirara do meu quarto. Pude apenas ver sua silhueta descendo a escada. E eu me refestelei nos travesseiros, pensando que tinha enlouquecido de vez.


Dormi por mais algumas horas, e quando acordei estava totalmente descansada. Olhei em volta, mas Came não estava lá. Instantaneamente fiquei confusa e mordi o beiço, levantando-me em seguida. Cameron não estava no corredor, então desci a escada depressa. Ele também não estava na sala.


Comecei a questionar se ele tinha ido embora quando um barulho veio da cozinha.

— Came? - chamei, minha voz ainda estava um pouco rouca.

— Já acordou? - perguntou ele da cozinha.

Fui para lá me abraçando. A cena com a qual me deparei era engraçada. Meu namorado estava com um pouco de farinha na cara e com um prato com panquecas na mão.

Segurei o riso e me aproximei, limpando a farinha de seu rosto.

— Sim, já acordei. - sorri. - E você estava cozinhando?

Ele assentiu, corando levemente.

— Espero que tenha ficado bom.

Meu sorriso se alargou.

— Tenho certeza de que ficou. - sussurrei. - Obrigada.

Um largo e radiante sorriso cresceu em seus lábios.

— Não foi nada, meu amor. – falou e me deu um selinho.

Arrumei a mesa e nos sentamos para almoçar. A sala de jantar parecia tão vazia agora, diferente da vez em que Megan viera aqui e nos enfartamos de pizza. Tudo estava tão silencioso.

Suspirei profundamente, subitamente triste.

— O que foi? - perguntou Came.

— Estou com saudades deles. Dos meus pais. - expliquei.

— Por agora vai sentir. Mas logo vai melhorar. - me assegurou.

— Eu sei. - revirei os olhos. - Megan sempre me diz isso, tanto que quase já se tornou o mantra zen dela.

— Ah! Por falar daquela garota - ele sorriu, mas continuou implicando. -, ela ligou faz alguns minutos.

Levei um pedaço de minha panqueca com molho à boca, e assenti.

— Mais tarde retorno a ligação.

Ficamos em silêncio então. Depois de comermos Cameron lavou os pratos enquanto eu falava com minha amiga histérica.

— Estou bem. - repeti pelo que me parecia a quinta vez.

— Mesmo assim, fiquei preocupada. Ia te ligar a noite, mas mamãe falou que era melhor deixá-la em paz. - Megan bufou. - Não gostei de te deixar sozinha.

— Sério, não tem problema. Cameron passou a noite aqui - corei. - e vai passar de novo hoje.

Ela engasgou.

— Hein? Tá falando sério?

— Sim. - revirei os olhos.

— E? - perguntou. Pude perceber que pelo tom da sua voz estava sorrindo. Um sorriso malicioso.

— E nada. - mas minha voz tremeu.

— Ah, meu Deus! - ela gritou. - O que vocês...

— Nada. - repeti sem elevar a voz. - Nada.

— Por enquanto eu vou aceitar seu “nada” como resposta, mas quero os detalhes depois. E nem adianta negar. - Megan disse e eu suspirei, rendendo-me.

— Tudo bem. - murmurei à meia voz.

— Sabia! - gritou feliz. - Sabia, sabia, sabia...

— Tá. Já sei que você sabia, agora para. - irritei-me.

— Parei. - riu. - E já que você está mesmo bem, se está falando a verdade...

— Eu estou. - interrompi e revirei os olhos.

Inclinei-me para trás, vendo que Cameron já estava acabando de lavar a louça e eu não queria mais estender aquela conversa.

— Então, mais alguma coisa? - apressei em dizer.

— Não, nada. Só queria saber quando você volta para o colégio. - sua voz soava blasé.

— Na segunda. Não tem porque voltar amanhã, então só volto na semana que vem. - afirmei. Amanhã seria uma sexta-feira, e não seria louca de voltar amanhã. Não tinha um motivo.

— Tem certeza? Digo, não precisa mais de algum tempo...?

— Não. Na manhã de segunda-feira vou estar ai para te buscar. - falei.

— Com Cameron? - perguntou mal-humorada.

— Provavelmente. - dei de ombros.

— Ótimo. - ela gemeu. - Mas vou avisando, ele que não diga nada demais, porque senão acerto a mão na cara dele...

Eu ri.

— Não posso controlar o que ele diz. A boca é dele e não minha, eu apenas aprecio os lábios dele. - dei outra risada quando ouvi o grunhido de Megan do outro lado da linha. - Mas não entendo vocês.

— É simples, vou explicar: ele é um idiota.

— Não é muito diferente de você. - eu disse, sorrindo.

— Não tenho como contestar isso. - Meg suspirou. - Bem, então é tudo. Vou desligar e estou te aguardando na segunda. Idem seu relato.

Dessa vez quem grunhiu fui eu.

— Que seja. Conto na segunda-feira.

— Mas é claro que vai contar. - ela disse.

Bem, quando eu voltasse teria uma nova surpresa. Uma que me faria esquecer os lábios doces de Cameron.

***

Entrei na sala.

Todos olhavam a garota que perdeu os pais. A pena estava estampada em seus olhos.

Senti meu rosto corar, mas não era de vergonha e sim de raiva. Não queria que sentissem pena de mim, não precisava disso. No entanto, em meio a todas as pessoas que me olhavam com pesar, vi outra que tinha o olhar em mim também. Mas não era de pena.

O olhar do garoto de pele morena clara - cujo qual eu não conhecia - era o único que não espelhava os dos outros.

Analisei-o bem e por pouco meu queixo não caiu, tamanha era sua beleza. Seus cabelos eram negros e curtos, e brilhavam com a luz das lâmpadas fluorescentes. Eu até me imaginava tocando-os e sentindo sua textura, que parecia macia como veludo e lisa como seda.

Seus olhos eram oblíquos e também negros. Agora uma expressão de deboche estava estampada em seu olhar malicioso. Se eu olhasse mais a fundo poderia ver que chamas também eram refletidas em seus olhos soturnos. Chamas que pareciam queimar dentro de si.

O nariz era afilado e reto, totalmente perfeito. Sua boca era carnuda, com lábios vermelhos e cheios, que agora se abriam em um sorriso enquanto olhava para mim e via que eu correspondia esse olhar.

As maçãs do rosto eram altas e o queixo quadrado. Notei que ele tinha covinhas ainda – o que eu achei que era fofo.

O garoto vestia roupas escuras: uma calça jeans - que, com certeza, era importada – preta e um suéter de cashmere azul marinho. Os tênis também eram importados e negros. Por fim uma jaqueta de couro preta jazia estendida no encosto da cadeira.

Ele era alto, qualquer um podia perceber, mesmo ele estando sentando. Devia ter 1.90m de altura. E musculoso. Muito. A camisa colava em seu peito e mostrava claramente seu peitoral definido.

Realmente era um colírio para os olhos. Totalmente apetitoso (não, na hora nem eu mesma me assustei com o adjetivo que usara).

Observei-o por meros segundos – que me pareceram horas -, mas sua imagem já estava gravada em meu consciente. Senti um puxão e desviei meus olhos do garoto, voltando-me para Megan, que estava frustrada e indo em direção a ele.

Isso me despertou. O que diabos ela estava fazendo?

Franzi a testa e a acompanhei, parando bem de frente ao lindo garoto. Esse se inclinou em nossa direção, mas não olhou para Megan. Seus olhos negros estavam me fitando.

Olhos que eu conhecia muito bem.

— Sim? - perguntou ele com os olhos ainda focados em mim.

Seu timbre de voz era forte e baixo. Voz que eu também conhecia muito bem.

— Este lugar é meu. - disse Meg. - O que está fazendo aí?

— Ahn, perdão, mas não tem seu nome entalhado na cadeira. E nem um mapa da sala, então...

— Não importa. - cortou Meg. - Sento aí desde que vim estudar aqui, do lado direito de Laury.

Seu dedo indicador apontou para a minha carteira, do lado da do garoto.

— Do lado da Laury! - disse meu apelido com sarcasmo. - Agora é que não saio mais daqui!

Novamente ele me olhou e nossos olhares se encontraram. Seus olhos negros me aprisionaram e me deram a sensação de estar caindo na escuridão.

Senti meu rosto corar, e com muita dificuldade consegui desviar o olhar.

— Muito bem, o que está acontecendo aqui? - perguntou a professora de Inglês.

— Ele roubou meu lugar! - acusou Megan.

Marie, a professora, revirou os olhos.

— Deixe de ser criança, Megan. - disse ela. - Sente-se na outra fileira.

Megan e eu nos viramos para olhar onde Marie apontava. Era longe demais da minha.

— Você pode se separar um pouco de Lauren. - o olhar de minha professora preferida caiu em mim. Seus olhos não demonstravam pena e sim preocupação.

Meg abriu a boca para dizer algo, mas o olhar severo da professora a impediu, então ela relutantemente foi para a carteira a duas fileiras de distância, e eu segui para a minha ao lado do garoto.

— Muito bem, tudo resolvido. - sorriu Marie que já estava indo para a sua mesa, mas parou e se virou para meu mais novo colega, perguntando:

— Qual é o seu nome?

— Derek. - respondeu com um sorriso.

— Seja bem-vindo, Derek.

O nome me congelou. Derek? O garoto com o qual tenho lidado? Mas era claro que aquele menino só podia ser Derek. Engoli em seco e fiz uma careta. Pelo canto do olho vi Megan olhando para ele com ódio e depois para mim com preocupação.

Se eu não estivesse tão nervosa, teria revirado os olhos e lhe perguntado mais tarde o que ela achava. Se Derek, além de sarcástico, lindo, talvez gótico - por causa das roupas - e rico - com certeza -, era alguém frio, perigoso e que queria me matar.

Mas não agora. Não com o que eu conhecia, porque ele era de fato tudo isso mesmo. Ele realmente era tudo isso.

Olhei novamente para Derek - que também me olhava abertamente, sem tentar esconder. Ele me parecia apenas um garoto de dezessete anos, normal e lindo.

Mas como eu já tinha descoberto ele não era normal. Derek queria, e talvez conseguisse, acabar com a minha vida.

Pena que o coração não leva a sério. Pena que ele se apaixona.


O sinal tocou e rapidamente recolhi meu material, querendo sair de lá o mais rápido possível. Tentei não lançar mais nenhum olhar para Derek, que eu podia perceber que ainda me olhava.


Juntei-me à Megan e saímos da sala. Não trocamos nenhuma palavra até estarmos bem longe dessa.

— Acha que é ele? - perguntei quando chegamos ao corredor.

— Eu não sei. Mas é muita coincidência. - sussurrou ela. - Além do fato de que ele me irrita.

Suas palavras conseguiram arrancar de mim um riso nervoso.

— Pensei que o Cameron te irritasse. - falei.

— E irrita, mas esse Derek faz o Came parecer um anjinho. - revirei os olhos, mas logo voltei a ficar séria.

— Tudo bem, quem te irrita não me importa. O que importa é o que esse garoto de fato é. Parece normal, mas ficou me olhando a aula inteira.

Senti um arrepio percorrer minha espinha. Derek ficou me olhando em todos os cinquenta minutos de aula. Era como se me despisse com os olhos. Eu devolvera o olhar, mas sempre que o olhava uma chama acendia dentro de mim. Era como se ele tomasse controle dos meus sentimentos.

Balancei a cabeça para dispersar os pensamentos. Foquei-me no presente.

— Bom, vai ver é um garoto normal que te achou bonita. - Meg deu de ombros.

— Acho que não. - mordi o beiço. - O que você acha de eu tocar no assunto?

Megan parou e me olhou como se eu fosse louca. Bem, talvez fosse.

— Nem pense nisso. Ele vai achar que você é maluca, se ele não for mesmo um assassino.

— Mas se ele for... - ela me interrompeu.

— Se ele for também não vai falar nada. Claro, tem exceções como, por exemplo, se ele for burro. - Megan olhou bem para mim. - Mas não acho que seja.

— Derek já me ajudou uma vez. - lembrei. - Talvez ele não queira mais me matar.

Minha melhor amiga deu uma risada curta e sem humor algum.

— Pelo que você me contou, não acho que Derek tenha se desviado dessa missão. Pense bem antes de falar com ele.

Assenti e olhei nervosamente para os lados. Cameron ainda estava preso em alguma aula, e não tinha nenhum sinal de Derek. Ou assim eu esperava. Talvez ele estivesse ocultado nas sombras.

— Ou talvez, ele está apenas atrás de você. - sussurrou uma voz em meu ouvido.

Virei-me abruptamente e dei de cara com Derek. Ele tinha um sorriso maravilhoso estampado no rosto e me encarava com intensidade. Respirei fundo e pisquei, querendo me afastar.

— Como sabe no que eu estava pensando? – perguntei, nervosa.

Ele riu.

— Então estava mesmo pensando em mim? - retrucou com mais um sorriso. - É, sou mesmo inesquecível.

— Você é um idiota. - a voz de Megan chegou até mim ao mesmo tempo em que ela me puxava para trás. - Dê o fora.

— Ei, calminha. - Derek deu outra risada, debochando de Meg. - Só estou conversado com a Laury.

Senti meu rosto corar.

— E acho que ela pode conversar comigo. - continuou ele. - Não é mesmo, meu docinho?

Meu docinho. Foi como Derek me chamou na festa em que fiquei bêbada. Senti um dèjá vù e gelei, ao mesmo tempo em que tentava respirar fundo. Assenti uma vez.

— Está vendo? Ela quer conversar comigo, então não se intrometa. - ele falou radiante.

Megan me lançou um olhar achando que eu, de fato, estava louca. E agora não tinha mais dúvidas. Falar com alguém que me queria morta era algo a mais do que a insanidade.

— Ei, Lauren. - gritou Cameron.

Olhei para o lado e o vi correndo ao meu encontro.

— Oi, Came. – sussurrei, desconfortável.

Cameron me deu um beijo e passou o braço por minha cintura, desculpando-se pelo atraso.

— Desculpe, fiquei preso em Química e... - parou de falar quando percebeu que não estávamos sozinhos. - Quem é esse?

Seus olhos azuis se estreitaram olhando bem para o garoto à sua frente. Pelo seu rosto percebi que não tinha gostado nada de ver-me ali com ele.

— Derek. - apresentou Megan, arqueando as sobrancelhas.

O rosto de Cameron ficou pálido e seus lábios contraíram-se. Instintivamente me puxou mais para ele e inclinou-se em minha frente.

— Olá. – murmurou, seco.

Derek apenas assentiu, com os olhos em fendas. Ao que parecia nenhum dos dois tinham gostado um do outro.

— Então... - falei rapidamente, querendo sair de lá o mais rápido possível. - Vamos, Came? Temos aula de Geometria...

— Vamos. - ele assentiu.

— Nos vemos... depois. - falei para Derek.

Ao ouvir minha voz o sorriso debochado e sedutor dele reapareceu.

— Na verdade, também vou para essa aula agora. - falou me olhando atentamente. Tentei não demonstrar nenhuma emoção.

— Ahn... - murmurei, xingando mentalmente.

— Quem sabe não teremos mais tempo para conversar? - ele falou piscando os olhos negros. - Não tivemos muito tempo na aula de Inglês...

— Acho melhor irmos agora. - interrompeu Cameron impaciente. - Ou vamos nos atrasar.

— É, vamos. - sussurrei e olhei para Megan. - Nos vemos depois.

Meg franziu a tez e assentiu. Eu tinha certeza de que ela queria ficar conosco, mas sua próxima aula era Cálculo.

— Boa sorte. - falou simplesmente e deu-nos as costas.

Suspirei e encarei os dois. Essa aula não seria nada fácil.


Entramos e rapidamente nos sentamos. Por sorte o professor ainda não chegara. E por azar Derek sentou-se à minha direita e Cameron à minha esquerda.


Notei que todos os alunos conversavam. E o assunto era óbvio: Derek. As garotas estavam entusiasmadas e flertavam de longe, jogando os cabelos para trás, dando piscadelas. Os garotos não demonstravam qualquer emoção, a não ser ciúmes por verem as namoradas tão atiçadas pelo novato.

Revirei meus olhos e me encostei à cadeira, deixando a mochila de qualquer jeito em cima da carteira. Fechei meus olhos e respirei fundo, tentando bloquear os murmúrios de meus colegas. Ao menos eu não era mais o assunto do dia e podia ficar grata com isso.

— Lauren... - ia dizendo Came.

Abri meus olhos e vi o que impedira ele de falar. Um de seus amigos estava gritando para ele se juntar aos outros.

Dei um sorriso e indiquei com a cabeça a rodinha.

— Vá. Pode ir, estou bem. - falei.

Ele olhou-me com dúvida, passando seu olhar entre mim e Derek.

— É sério, pode ir. Não tem problema, vou ficar bem. - repeti.

Com relutância Cameron levantou-se e foi até seus amigos, que riam. Mas constantemente lançava olhares em minha direção, tremendamente preocupado.

— Achei que ele não ia mais embora. - falou a voz baixa e sedutora de Derek.

Respirei fundo e contei até dez, depois me virei e encarei seus olhos negros.

— Ele é meu namorado. Não tem de sair de perto de mim. – falei, ríspida.

Derek dispensou minhas palavras com um aceno, sorrindo para mim.

— Mas se ele ficasse com você o tempo todo, como outra pessoa poderia se aproximar e te conquistar? – perguntou, aproximando-se.

— Ninguém vai me conquistar. - não gostei do modo como minha voz falhou. - Amo Cameron.

— E como você pode ter certeza de que o ama se não teve outras experiências com mais ninguém?

— Ele não é meu primeiro namorado. Já tive outras experiências. - minha voz demonstrava frustração. - E ele foi o único que amei.

— Isso foi porque você nunca teve alguém como eu.

— Convencido. - sussurrei mais para mim mesma, mas ele ouviu.

— Sim, eu sou. Porque sei que a faria mulher. Sei que você ia gostar de ter alguém como eu, que não está com você apenas por pena. - Derek contra-atacou.

Minha mão coçou. Eu tinha vontade de ferir aquele rosto lindo; apenas uma marca do que uma mulher poderia fazer com alguém impertinente. Mas ao invés de feri-lo, respondi entre dentes:

— Já sou uma mulher e Cameron não está comigo só por pena. Ele também me ama. Aliás, você não acha que está um pouco... Hm... Como eu posso dizer gentilmente? Idiota demais comigo, acho que isso serve, mesmo que estejamos apenas no primeiro dia de aula? – fui ignorada.

— E ele já lhe tinha dito isso antes do acidente com os seus pais? - perguntou inclinando-se ainda mais para mim.

— Poucas vezes, mas disse... E como diabos você sabe do acidente? - questionei, querendo ouvir a resposta de seus lábios, mesmo que já a soubesse.

Derek jogou a cabeça para trás e riu. Uma risada gostosa que me fez perder um pouco da fúria que eu sentia.

— As notícias correm rápido por aqui, Lauren. - ignorei o fato de gostar do som de meu nome em seus lábios. - Todos sabem o que aconteceu.

Murmurei qualquer coisa desconexa e fingi coçar o braço. Onde estava o professor que não chegava? Por que logo hoje teve que se atrasar?

— Acho que é sorte o professor ter se atrasado. - falou ele como que respondendo aos meus pensamentos.

Concentrei meu olhar nele, mas não consegui transpassar a barreira de sarcasmo em seu rosto; não havia mais nada lá. Nenhum sentimento de culpa, nada que o demonstrasse um assassino.

— Sorte para quem? – respondi, estreitando os olhos.

— Para nós dois, é claro.

— É claro. - ecoei com uma pontada de ironia em minha voz.

— Assim, podemos nos conhecer melhor. - continuou e se aproximou ainda mais. Lancei um olhar para Cameron que tinha em seu rosto uma fachada furiosa, mas não dizia nada.

— Não quero lhe conhecer melhor. - disse e me afastei um pouco mais.

Mas ele se aproximou ainda mais de mim, quase ficamos cara a cara.

— Tenho certeza de que quer. Certeza absoluta. - suas palavras foram ainda mais baixas do que de costume e seu hálito refrescante me embriagou.

Não podia negar que me sentia atraída por ele. Derek era lindo e charmoso, ao mesmo tempo em que era irritante. Senti-me inclinar para ele. Nossos lábios quase se tocando, quase lá. Só faltava mais um centímetro...

Afastei-me abruptamente e peguei minha mochila, correndo para fora da sala. Não podia fazer o que estava a fazer. Não podia beijá-lo. Fui ao banheiro e depois de checar que todas as cabines estavam vazias, lavei meu rosto, me segurando na pia.

O que eu pensara em fazer? Com certeza estava mais louca do que eu pensei. Beijar Derek... um aluno novo que queria me matar e ainda por cima na frente de Cameron! Céus, só uma pessoa insana para fazer isso.

Respirei fundo e sentei no chão, encolhendo os joelhos próximos do peito. Meus ouvidos zuniam, e eu abaixei a cabeça.

O que faria agora? Voltar para a classe estava fora de cogitação. Provavelmente o professor já havia chegado e não me deixaria entrar, fora que eu faria de tudo para não ficar perto de Derek por algum tempo.

Decidi então que esperaria pela próxima aula em meu carro. Lá não haveria Derek, Cameron ou nada do tipo que me deixasse confusa. Eu poderia ter um tempo com meus pensamentos, esclarecê-los. Só o que eu precisava era de um tempo comigo mesma.

Antes de sair do banheiro verifiquei se não havia nenhum inspetor e andei tranquilamente pelo corredor, caminhando em direção ao estacionamento. Em poucos minutos já estava abrindo a porta e me aquecendo, sentada no estofamento de couro, ouvindo algumas músicas e cantando baixinho, totalmente desafinada.


Fazer isso acabou me acalmando e me permitiu voltar quando o sinal bateu. Felizmente, tive a sorte de não encontrar Derek encanto caminhava novamente pelo corredor, dessa vez apinhado de gente.


Megan me esperava na porta de minha sala com a testa franzida, olhando para todas as carteiras. Caminhei até ela e a puxei pelo braço, fazendo-nos sermos encobertas pelos outros alunos.

— Por que você não estava na sala? - perguntou.

Olhei-a e contei tudo o que aconteceu. No final sua boca estava entreaberta.

— Cuidado para não babar. - brinquei, mas eu mesma não tinha ânimo para tal fim.

— Não pode me despejar uma coisa dessas e me pedir para não ter nenhuma reação. - Megan deu de ombros. - E por que você não o beijou?

— Você ainda me pergunta por quê?! - ralhei. – Primeiro: eu não o conheço. Segundo: estou com o Cameron. E terceiro: você queria que eu o tivesse beijado?!

— Bem, não. Mas ele não é de se jogar fora. Se não fosse pelo sarcasmo, seria uma boa opção de namorado para você. Bem melhor do que o Cameron.

— Você é muito confusa, sabia disso?

— Uma garota precisa manter-se aberta a todas as possibilidades. – movimentou os ombros. Dei um olhar enviesado para ela, que entendeu e se calou. Mas depois continuou, seguindo por um caminho de fatos que eu não queria relatar.

— E isso me lembra - falou. - que você ia me contar o que aconteceu com o Cameron.

Respirei fundo e assenti, começando a falar.


Megan deu um gritinho.


Estávamos na sala, no que seria nossa aula de História. Eu acabara de lhe contar o que tinha acontecido entre Cameron e eu. Ou o que não aconteceu.

— E você se afastou! Meu Deus!

Olhei para o professor ao mesmo tempo em que ele olhou para nós. Corei e fingi estar fazendo anotações.

— Sim, lógico. O que você queria que eu tivesse feito?

Seu olhar já deixava a resposta implícita.

— Meg! - corei ainda mais.

— Não vem com “Meg!”. - ela riu. - Bem, mas ele foi fofo. Digo, ficou com você e tudo o mais.

Concordei, sorrindo. Cameron só deixara minha casa hoje de manhã. Ficou comigo todo o final de semana, mesmo tendo sua mãe contra.

“— O que você acha que estamos fazendo?”, ele havia perguntado para a mãe.

Corei ao me lembrar de sua última conversa com ela. Creio que a mãe dele não tem mais uma boa imagem de mim.

— Mas ele foi embora hoje. – falei, sussurrando.

Megan sorriu.

— Já estava na hora. - sussurrou de volta. - Pensei que ele ia morar com você.

Revirei os olhos, mas não disse nada. O professor agora nos olhava severamente. Esperei um pouco, escrevendo um pouco mais de baboseira. Quando seu olhar finalmente voltou para o livro que lia, me inclinei mais para minha amiga.

— Não iria reclamar. - sussurrei.

— É, eu sei que não. - agora ela revirou os olhos. - Ei, já que agora você está livre... por que não vai dormir lá em casa? Pode levar a Brooke.

— Tudo bem. - aceitei de bom grado. - Mas não hoje ou essa semana. Temos testes.

Meg gemeu quando falei das provas. Já havíamos esquecido que as teríamos, mesmo tendo nos avisado alguns dias atrás, antes de toda essa confusão.

— Ok. Semana que vem, que seja. - deu de ombros. - Droga, esses testes vão acabar comigo.

Assenti, totalmente de acordo. Precisaria me preparar essa semana, como se eu estivesse com cabeça para isso.

— Senhoritas! - falou o professor. - Têm alguma coisa para comentar sobre a matéria? - suas negras sobrancelhas estavam arqueadas.

Balancei a cabeça negativamente, seguida por Megan. O professor apenas respirou fundo e continuou a leitura, mas ficou atento a nós, de modo que não conseguimos mais conversar o restante da aula.


O sinal bateu e rapidamente recolhi meu material, indo para fora. Era o intervalo agora, e teria que me explicar para Cameron. Esperava que ele não tivesse visto o quase beijo.


Fomos para o refeitório onde Came já nos esperava.

— Oi. - sussurrei e me inclinei para frente, dando-lhe um selinho.

— Oi. - retribuiu, mas seu olhar era questionador.

Nós dois olhamos para Megan, que ainda nem se sentara. Ela parou puxando a cadeira e revirou os olhos.

— Vou pegar a comida. - murmurou. - Fiquem à vontade.

Enquanto ela se afastava, Came se voltou para mim.

— Então...?

— Desculpe ter saído daquela maneira, mas... - fiz uma curta pausa. Ao que parecia, ele não tinha visto Derek se inclinar para mim e quase me beijar. - estava com dor de cabeça. E ainda estou.

Seu olhar questionador foi substituído por um de preocupação.

— Mas já estou melhor. Sério, não se preocupe. - acrescentei rapidamente.

Ele assentiu, e me puxou para mais perto.

— Que lindo esses dois pombinhos. - falou alguém às nossas costas.

Viremo-nos e demos de cara com Derek, que se sentava.

— O que está fazendo aqui? - perguntou Cameron, com rispidez.

— O refeitório está lotado, então pensei que não teria problema se me sentasse aqui com vocês. - disse ele.

Respirei fundo e lhe dirigi um olhar reprovador, mas não fiz mais nada.

— Tudo bem. - murmurou Cameron. Seus braços me apertaram mais contra si e eu tinha dificuldades para respirar. Ouvi Derek rir.

— Ei, não precisa matar a garota. - falou. Meu namorado afrouxou um pouco o aperto e o ar voltou aos meus pulmões. Corei e pigarreei.

— Acho que vou pegar a comida com Megan. - eu lhes disse. - Já volto.

Levantei e fui quase correndo até a fila. Megan já tinha pegado a comida e já voltava.

— Laury... peguei para nós duas. - torceu o nariz. - O Cameron que vá pegar a sua.

— Ahn... tudo bem, obrigada. Mas será que não tem outra mesa? - lhe perguntei esquadrinhando o local.

— Não... acho que não. - respondeu também olhando em volta. - Mas o que tem de errado com a nossa mesa?

— Derek está lá. - respondi.

— Com Cameron? - perguntou com os olhos brilhando. Apenas meneei que sim, e ela fez um sinal para irmos para nossos lugares.

Fiquei confusa, mas ela logo explicou:

— Não vou perder isso por nada.


Mas eu perdi.


Dei um jeito de sair despercebidamente junto com outros alunos quando falei que precisava ir ao banheiro. Não queria mais ouvir vozes brigando. Queria apenas um pouco de paz.

Novamente parei no estacionamento. Sentei-me no capô do carro e apreciei o sol fraco dessa manhã.

Quase mais ninguém estava aqui. A maioria prefere comer lá dentro, junto de outros, mas alguns ainda queriam a paz que eu mesma procurava.

Pena que tudo tinha um tempo curto de duração.

— O que você quer? - perguntei mal-humorada. Tinha percebido uma movimentação sutil atrás de mim e pela minha visão periférica vi cabelos negros e uma jaqueta de couro.

— Posso lhe fazer companhia? - Derek perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Sem querer ofender, mas eu prefiro ficar sozinha. - respondi me afastando um pouco.

— Sabia que a solidão não é agradável? O melhor é ficar perto de alguém. - Derek disse, mas não se moveu para se aproximar de mim.

— Na verdade, adoraria ficar sozinha agora. E além do mais, esse alguém precisa ser você? - retruquei.

— Sim. - respondeu. - Tenho tudo o que você precisa...

— E tudo o que eu não quero. – completei, corando. - Ora, vamos. Por favor... pare com isso e me deixe sozinha, tudo bem?

— Não. Gosto da sua companhia. E aposto que gosta da minha também.

Sim, eu gostava. Mas não tinha chance de eu admitir isso. Nem para mim mesma.

— É, claro. Adoro sua companhia. – disse, sarcástica. - Minha cara já mostra o quanto eu gosto de você.

— Suas bochechas estão coradas. É, a resposta é sim. Você gosta de mim. - falou e apoiou uma mão em meu joelho.

Olhei para sua mão como se fosse arrancá-la e não me permiti gostar do calor que ela trazia.

— Tira sua mão daí. - falei.

Derek não a tirou.

— Preciso repetir? - irritei-me.

— Ei, calma. - falou finalmente me privando de seu toque, mas a sensação permaneceu por mais tempo.

— Obrigada. - murmurei.

— E então, no que veio pensar? – perguntou, mudando de assunto.

— Não é da sua conta. - respondi, mas um sorrisinho brotou em meus lábios. - Aliás, como foi que você saiu de lá?

Derek riu e eu me preenchi com o som gostoso de sua risada.

— Megan e Cameron estavam discutindo. - deu de ombros. - Foi fácil me misturar com a multidão e vir até aqui.

— E como sabia que estava aqui? – questionei, semicerrando os olhos.

— Era aqui ou no banheiro feminino, e bem, eu não iria lá. Tenho alguns limites.

Eu duvidava.

— Obrigada pela dica. Na próxima vez, vou para lá. - sorri. Derek também sorriu, mostrando seus dentes brancos e perfeitos.

Ouvimos o sinal bater nessa hora, e eu me levantei de prontidão.

— Você vem? - perguntei. – Se não vamos perder a aula...

— Você não quer matar aula? Tem coisas mais divertidas do que um monte de baboseiras.

— Essas “baboseiras” farão parte do meu futuro. - ralhei, mas concordei comigo mesma que a ideia era tentadora.

— Um futuro chato. – contra-atacou.

Dei de ombros.

— Mas vou ter um futuro. Diferente de você, se não estudar.

Derek riu, mas balançou a cabeça negativamente.

— Meu futuro é estar junto com você, Lauren.

Gelei, mas não demonstrei. Empinei meu queixo e dei-lhe um olhar superior.

— Não mesmo. - e virei-me para voltar para a escola. Mas não andei muito. Derek me agarrou pela cintura e me virou contra seu corpo.

— Não tenha tanta certeza, meu docinho. Fomos feitos um para o outro. - sussurrou em meu ouvido.

Arrepiei-me e me desenlacei de seus braços.

— E como você tem certeza disso? – perguntei, corada e gelada.

Ele não respondeu, apenas me deu um sorriso astuto que ao mesmo tempo dizia tudo e nada.

— Vou me atrasar, se você não vem... problema seu. - cocei o braço.

— Vamos, Laury. Vamos nos divertir um pouco. - implorou.

Olhei para o chão, mordendo o beiço. Eu queria ir. E antes de pensar mais, respondi, contra minha vontade, um “sim”.

— Ótimo. - sussurrou ele, contente.

— No seu carro ou no meu? - perguntei arqueando uma sobrancelha e lhe dando um sorriso côncavo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? Fiquei sem postar duas semanas, mas acho que o tamanho desse capítulo recompensou, não é mesmo??? (não me matem pelo tamanho do mesmo, eu imploro)
Caso achem algum erro... Não hesitem em me dizer. As atrocidades que venho encontrando estão me assustando. Sério.
Mil perdões por não ter respondido os reviews! Mas como eu disse... Aproveitei bem essa semana (e espero aproveitar essa também, porque é a última *chora*) para sair... Mas logo os respondo, ok?! Não se esqueçam de deixá-los! Quem quiser recomendar também... *faz carinha inocente*
Beijos, Apple Pies! Nos vemos nos comentários!!! :3



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