Aos poucos eu e Nagumo já estávamos bem próximos de alguma forma, isso me deixava feliz, mas eu tentava disfarçar.

Eu me formei primeiro que Nagumo, que reprovara e ficara um ano atrasado de todos.

Nós quatro, eu, Nagumo, Hiroto e Midorikawa alugamos um apartamento quando saímos do instituto. Eu trabalhava em uma livraria, Hiroto era um tipo de cientista e Midorikawa designer de moda, o que eu achava muito estranho. Nagumo mudava de emprego todo dia, para ser mais direto, ele era demitido todo dia de um trabalho.

Eu estava sentado na cama, em MEU quarto, sem ter que dividir ele com ninguém, isso era maravilhoso, ninguém para reclamar das minhas tralhas. Era um Domingo, calmo até agora. Hiroto e Midorikawa haviam saído para comprar algo para comermos e Nagumo estava no quarto dele estudando para uma prova que teria no dia seguinte, mas eu ainda duvido muito que ele esteja estudando mesmo.

Alguém bate na porta.

– Entra logo, imbecil.

A porta se abriu e eu pude ver a criatura de cabelos vermelhos entrando em meu quarto.

– O que é? - Perguntei irritado para Nagumo.

– Nada não, só queria saber se você ainda estava vivo.

Ele continua na porta me olhando, o que me irritava muito. Apesar de eu gostar muito de Nagumo, a presença dele me irrita, principalmente quando ele esta calado apenas me observando.

– Fale logo o que você quer e vaza.

Ele entra no quarto fechando a porta.

– Eu preciso de uma ajuda sua.. - Fala ele meio sem graça.

Eu me assustei um pouco, tipo, como assim Nagumo pedindo ajuda para mim? Ele sempre foi tão orgulhoso, isso realmente foi algo inesperado.

– Para?

– Nada não! - Ele cora e sai correndo para fora.

Eu o sigo o segurando pelo ombro.

– Que maldição, Nagumo! - Falei irritado. - Se você esta precisando de ajuda eu vou ajudar.

Ele me olhou meio desconfiado e depois suspirou.

– Tem uma coisa que eu não estou entendendo.. - Disse ele ainda sem jeito.

– Que matéria que é?

– Física..

Suspirei.

– Ok, vamos lá, que eu TENTO te ajudar.

Nós fomos para o quarto dele. Me sentei na cama junto a ele.

Ele pega um caderno e me mostra o conteúdo. Eu tomei o caderno dele e comecei a pensar em um jeito de explicar para que o Nagumo entenda. Ele fica quieto olhando para mim.

– Então? - Disse ele depois de alguns minutos.

Suspirei.

– Eu realmente não sei explicar de um modo que você entenda, Nagumo. - Respondi calmo.

– O que você quer dizer com "um modo que eu entenda", apenas explique de qualquer jeito!

Pela primeira vez na vida, Nagumo parecia realmente preocupado com uma prova.

– Ok, ok. - Suspirei novamente. - Você esta vendo isso aqui? - Perguntei mostrando um numero.

– O que tem?

– Você fez errado. - Disse circulando com um lápis que eu não tenho ideia da onde surgiu. - Esse numero fica aqui. - Disse refazendo a questão.

Nagumo me olhava atentamente, até eu perceber que ele não estava olhando para o caderno, mas sim, para mim o que me fazia corar um pouco.

– Preste atenção aqui, Nagumo! - Chamei a atenção batendo o lápis no caderno.

Ele volta a olhar para o caderno.

– HARU-CHAN, FUU-CHAN! PAPAIS CHEGARAM!

Hiroto havia gritado isso lá da sala, ele tinha um grito tão alto que eu e Nagumo demos até um pulo, o grito dele dera de ouvir ali do quarto de Nagumo.

Desde que compramos o apartamento, Hiroto fica com essa mania de "brincar de casinha", ele disse que ele era o pai, Midorikawa a mãe e eu e Nagumo os filhos, isso era ridículo, ele é o único que brinca, apesar de agora, ele ser mãe e o Midorikawa pai já que o Midorikawa odiou a ideia de ser comparado a uma mulher.

Eu e Nagumo ignoramos o grito dele e continuamos o que estávamos fazendo.

– Ok, Nagumo. Agora faça essa aqui. - Disse apontando outra questão.

Entrego o caderno e o lápis para o Nagumo, ele parecia ter aprendido já que estava facilmente resolvendo a questão.

A porta se abre.

– Ei, vocês dois! Não viram que o pai de vocês chegou, não? - Perguntava o ruivo de olhos verdes.

Eu e Nagumo olhamos para Hiroto que fazia uma pose de superior.

– Venham almoçar, crianças! - Mandava ele.

– Já vamos. - Respondeu Nagumo.

Olhei para ele que também me olhou e depois virou o rosto.

Hiroto olha desconfiado para nós.

– Hmm.. E papai pode saber o que vocês dois estão fazendo ai?

– Estudando. - Respondi.

Ele nós lança mais um olhar antes de sair.

Após ele fechar a porta, eu e Nagumo suspiramos.

– Quando ele vai parar com esse negócio de papai? - Perguntou Nagumo.

– E eu que sei? - Perguntei em resposta. - Agora termina de resolver isso que eu estou com fome.

Ele obedeceu e me entregou o caderno com a questão resolvida. Estava corretamente respondida.

– Bom, vamos? - Perguntou Nagumo se levantando.

Me levantei também e descemos juntos para a cozinha.

Hiroto e Midorikawa já estavam saboreando o almoço que eles mesmo haviam comprado.

– Querido, as crianças chegaram. - Falou Hiroto de boca aberta.

Midorikawa continuou saboreando seu almoço ignorando tudo a sua volta.

Eu e Nagumo nos sentamos de frente para eles um do lado do outro. Olhando para os nossos pratos que davam água na boca.

Depois do almoço, Hiroto foi o primeiro a terminar, se levantando ele começou com a brincadeira novamente.

– Não esqueçam de escovar os dentes crianças. - Falou ele meio sarcástico. - E amor, você também, não quero beijar ninguém com bafo. - Disse ele se retirando.

Não dava para saber se Midorikawa estava vermelho de vergonha ou de bravo, mas ninguém se arriscaria a perguntar isso.

Nagumo tirava da mesa e lavava a louça, enquanto eu a enxugava e guardava. Depois disse nos sentamos no sofá, eu liguei a TV.

Nagumo se levantou.

– Aonde vai? - Perguntei.

– Estudar mais um pouco. - Respondeu ele.

– Você não vai estudar o dia inteiro vai? Relaxa um pouco.

Ele voltou a se sentar do meu lado, na televisão, só estavam passando programas bobos que é o que geralmente se passa aos domingos.

Percebi novamente que Nagumo estava me olhando, nos encaramos um pouco até ele se aproximar de mim me fazendo corar.

Eu senti os lábios do Nagumo junto aos meus, isso era estranho, eu estava muito surpreso por do nada, Nagumo resolver me beijar assim.

– Seria muito legal se não fizessem isso em público.

Nós levamos um susto e nos afastamos rápido para ver quem era. Midorikawa estava parado com uma toalha nos ombros e com o cabelo molhado.

Eu abaixei a cabeça de tanta vergonha.

– Eu vou estudar.. - Falou Nagumo sem jeito se retirando.

Midorikawa se senta no sofá um pouco longe de mim. Eu ainda estava com a cabeça baixa, morrendo de vergonha, por que diabos Nagumo tinha que fazer uma coisa dessa em um lugar tão visível, dei graças a Deus pelo Midorikawa ter visto não o Hiroto, como Midorikawa não estava nem ai com ninguém provavelmente não iria contar isso para Hiroto, PROVAVELMENTE.

Eu estava tão irritado com Nagumo mas não podia deixar de estar feliz, apesar de não ter certeza do motivo para o qual ele fez isso, eu podia manter esperanças que Nagumo sinta algo por mim parecido com o que eu sinto por ele.

Eu continuava de cabeça baixa para Midorikawa não perceber meu sorriso, enquanto ele mudava de canal entediado.