Na manhã seguinte, Caspian dormia tranquilamente em seu quarto quando foi despertado pelas sirenes do castelo. Ele pulou da cama as pressas, se dando conta do que havia acontecido, e se vestiu. Depois correu pelos corredores, logo encontrando com Pedro.

_O que aconteceu Caspian? _perguntou o rei preocupado.

_Não sei, mas já vamos descobrir... _Caspian andou as pressas em passos firmes rumo à sala principal.

Edmundo os encontrou na virada do corredor assim que saiu de seu quarto:

_O que está acontecendo? Por que soaram os alarmes?

_Venha conosco Edmundo... _disse Pedro.

_Estamos sendo atacados? _disse Lucia se unindo aos outros.

_Não sabemos. _respondeu Pedro. _Onde está Suzana?

_No quarto...

_Vá chamá-la Lucia... _ordenou Pedro.

Lucia se virou e correu em direção aos aposentos da irmã mais velha. Quando entrou, Suzana estava se vestindo, e prendendo os cabelos.

_O que está fazendo Suzana? Não ouviu os alarmes?

_Sim, ouvi. O que está acontecendo? _disse franzindo a testa.

_Não sabemos, por que ainda não saiu do quarto?

_Estava me vestindo...

_Precisava passar batom? _Lucia disse em tom firme.

_Ora, não enche Lucia... _Suzana se levantou e andou em direção a porta.

_Suzana?

_O que é?

_Seu arco...

_Ah. Claro... _ela revirou os olhos e procurou seus objetos de batalha. _Pronto, agora podemos ir... _disse a mais velha.

_Ui... _Lucia bufou e passou pela porta.

Caspian encontrou o capitão que logo foi lhe passando as informações.

_Temos péssimas noticias senhor...

_Relatórios... _Caspian dizia enquanto prendia metade dos cabelos com uma borrachinha.

_Recebemos informações do norte. _dizia o homem andando ao lado do rei com uma pilha de papeis. _Parece que a região está tomada por gelo, e neve... Por toda parte. Os navios não conseguem atravessar a grossa camada de gelo que cobriu o mar.

_Gelo e neve? _questionou Ed.

_Estamos no outono... Não deveria fazer tanto frio a menos que... _Pedro concluiu... _Ah não...

_A feiticeira... _Edmundo disse o que ninguém teve coragem.

_Como? _Pedro franziu a testa se indignando. _Estávamos com tudo controlado...

_Alguma coisa deu errado... _Edmundo completou.

_A questão é... _Caspian franziu a testa estando extremamente transtornado. _Quem poderia ter trazido a feiticeira de volta?

_A feiticeira voltou? _Lucia deu um berro no final do corredor.

Todos se viraram e a encararam. Suzana e Lucia correram até os homens, que logo seguiram em frente.

_O que vamos fazer agora senhor? _perguntou o capitão.

_Chamem Cleveland... _ordenou. _Vamos precisar dele...

_Já ordenei que fossem buscá-lo senhor...

_Ótimo. Os outros venham comigo... Por favor... _ele se dirigiu aos reis e rainhas.

Todos seguiram Caspian até a sala principal onde poderiam discutir melhor a questão. Sem mais demora assim que chegou ao castelo, Cleveland se dirigiu a sala principal onde todos estavam reunidos com o rei. Ele entrou as pressas à sala, e foi logo dizendo assim que todos o olharam:

_Eu soube do ocorrido senhor, o que pretende fazer?

_Junte os soldados... _ordenou Caspian. _O rei Pedro, os conduzirá até o norte para averiguar a situação.

_Farei isso imediatamente... _Cleveland se curvou e logo deu meia volta indo rumo à porta.

_Cleveland? _chamou o rei. _Onde está Agnes? _ele esperou a resposta com a boca entre aberta.

_Não veio comigo senhor... Eu não venho de casa.

_Tudo bem... _Caspian piscou algumas vezes. _Pode ir agora.

Assim que Cleveland se retirou os olhares de Edmundo e Suzana se voltaram para ele. Edmundo foi quem perguntou:

_Por que perguntou por Agnes?

_A habilidade dela com a espada responde sua pergunta? _disse Caspian.

_Ah, claro! _ele riu. _Desculpe, eu esqueci!

_Mesmo assim, estamos todos aqui, por que precisa dela? _disse Suzana um pouco enciumada.

_Agnes é o braço direito do pai, Cleveland. _ele não queria ter que se explicar, mas já que foi fuzilado com perguntas. _Ele é o meu braço direito. Com ele fora, posso contar com Agnes.

_Ainda insisto que estamos aqui... _continuou Suzana. _Foi pra isso que nos chamaram...

_Agnes conhece bem os soldados, na ausência de Cleveland, é a ela que eles respondem. Depois de mim é claro... _ele continuou com a explicação cansativa e desnecessária.

_Não importa. _disse Lucia invocada com as perguntas da irmã. _A questão é, o que vamos fazer? Se Jadi voltou, é uma questão de tempo até Nárnia ser totalmente tomada por ela de novo...

_Precisamos agir rápido... _disse Pedro se levantando. _Eu vou me unir a Cleveland... Edmundo, voce fica com o Caspian, Suzana e Lucia.

_Tava demorando... _Edmundo revirou os olhos. _Era questão de tempo até ele começar a me dar ordens...

_É sério Edmundo... _Pedro o repreendeu. _Não é hora de brincadeiras.

_Não foi uma brincadeira, só estava pensando alto.

_Vai logo Pedro, essas discussões idiotas não ajudam nada. _disse Lucia franzindo a testa.

Pedro confirmou com a cabeça e um gesto com os dedos dizendo para Edmundo ficar de olho. Depois pegou sua espada e escudo e saiu porta fora. O restante permaneceu na sala com Caspian, que levou as mãos à cabeça, baixando o rosto na direção da mesa pensando no que fazer.

_Fica calmo Caspian. _disse Lucia. _Agente vai resolver. Confie no Aslam...

_Eu confio Lu... _respondeu erguendo o rosto mantendo as mãos no pescoço. _O que me preocupa é como ela voltou... Não consigo pensar em uma resposta concebível.

_Vamos descobrir... _Suzana se levantou. _Lucia e eu vamos cuidar disso...

_Até que enfim uma atitude digna da rainha gentil... _resmungou Ed.

_Cala a boca Edmundo... _reclamou Suzana.

_Tudo bem, Ed e eu vamos atrás de Agnes. _Caspian se levantou. _Vamos precisar dela para organizar o restante dos soldados. Ela os conhece melhor do que eu...

_Vamos nessa... _levantou-se Ed.

Assim todos saíram imediatamente da sala de reuniões. Cada dupla seguiu para um lado distinto. Lucia e a irmã foram atrás de respostas para o regresso repentino de Jadi. Enquanto Edmundo e Caspian iriam atrás de Agnes no vilarejo, para resolver o caso dos soldados. Assim que os dois chegaram, encontraram o lugar vazio, apenas com as pétalas das flores espalhadas pelo chão. Eles se entre olharam achando aquilo muito estranho. Mesmo que ainda fosse cedo, o lugar já deveria estar cheio de trabalhadores cuidando de suas tarefas diárias.

_Cadê todo mundo? _Edmundo olhou ao redor.

_Não to gostando disso... _Caspian apertou os olhos observando tudo com os olhos e ouvidos atentos.

_Devíamos bater em uma das casas. Ver se tem alguém...

_Vamos até a casa de Cleveland, talvez Agnes esteja lá... _o rei olhou para trás encarando Ed.

Assim ambos se aproximaram da residência humilde do soldado, onde vivia apenas sua esposa. Eles bateram, e esperaram. Então Jasmine atendeu a porta, com o olhar um pouco assustado, mas ao ver que se tratava de seu rei, ela abriu por completo a porta de sua casa.

_Senhora Burdick... _disse Caspian. _Podemos entrar?

_Claro senhor... _respondeu com voz tremula. _Não repare na humildade do nosso lar... _ela andou até a mesa. _Querem um chá?

_Não obrigado. _respondeu Caspian olhando ao redor.

_O que aconteceu? Sabe pra onde foi todo mundo? _questionou Ed.

_Todos estão escondidos majestade... _respondeu a mulher ainda tremendo andando em direção ao sofá... _Estão com medo...

_Por quê? Do que exatamente se escondem? _continuou Ed enquanto Caspian andava até a escada e olhava para o segundo andar.

_À noite, assim que partiram, um vento frio tomou a cidade. _ela explicou. _Alguns dos moradores que ainda estavam nas ruas, simplesmente sumiram. No meio de uma neblina cinza, e muito, muito fria.

_Frio... _Edmundo encarou Caspian.

_Onde está Agnes senhora Burdick? _perguntou Caspian se aproximando.

_Agnes saiu para ver o que estava acontecendo. Pedi que ela ficasse dentro de casa, mas ela não me deu ouvidos. _suas mãos voltaram a tremer. _Ela se afastou no meio da neblina. Depois eu não a vi mais...

_Acha que ela foi pega senhora? _questionou Ed ao ver o nervosismo da mulher.

_Tragam minha filha de volta... _ela implorou com olhos molhados segurando as mãos de Caspian. _Minha Agnes sempre serviu ao senhor com amor, e dedicação meu rei. _se mostrou humilde baixando a cabeça. _Que Aslam não permita que nada de ruim lhe aconteça...

_Escute senhora Burdick... _Caspian ergueu o rosto da mulher. _Eu prometo que trarei sua filha pra casa em segurança. Mas me diga, preciso saber se ela estava preparada.

_Com armas o senhor quer dizer?

_Sim...

_Estava com sua espada... _ele sorriu com a voz tremula. _Ela nunca larga aquele objeto, como se ele fosse parte dela. Agnes pegou suas coisas, e saiu. Estava pronta para uma boa briga.

_Ótimo! _Caspian sorriu. _Sua filha é a guerreira mais corajosa e bem preparada que conheço senhora Burdick. Herdou os talentos do pai! _Edmundo olhava curioso para o rei. _Tenho certeza que vamos achá-la logo...

_Obrigado meu senhor... _a mulher sorriu curvado a cabeça. _Que Aslam lhe acompanhe!

Caspian sorriu, então fez sinal para que Edmundo o seguisse para fora da casa. Já do lado de fora eles conversaram.

_Acha mesmo que ela está bem? _questionou Ed.

_Eu espero que esteja... _Caspian o encarou apreensivo.

_Vamos continuar procurando ou vamos voltar?

_Talvez ela esteja por perto, pode ter saído pra procurar alguém. Talvez Cleveland. Ele disse que não estava em casa então não estava aqui quando aconteceu...

_Certo, vamos procurar pelo vilarejo...

_Se não estiver aqui voltamos pro castelo. Com mais soldados podemos encontrá-la...