Entre A Lâmina E A Espada escrita por Shiota


Capítulo 9
Capítulo 8 - Quebrando o gelo


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooooi gente!! Sei que demorei de novo, mas já foi bem menos do que da última vez xDD é que to entrando no final do semestre na faculdade e ta tudo uma loucura. também to umas viagens marcadas e to tendo que ajeitar tudo. Enfim, trouxe o novo capítulo :)) A história desenrola-rá um pouco mais agora, espero que gostem. Boa leituraa~



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Thresh estava no salão principal da grande cabana, onde Ashe, a líder dos avarosianos, ficava. Um rastro de homens caídos marcava o caminho por onde ele havia vindo. Os últimos poucos soldados avarosianos continuavam, bravamente, tentando impedi-lo de avançar mais, mas eles eram derrotados, um após o outro, pelas correntes do monstro.

Thresh levantou sua foice para render o último dos soldados e quando a fria lâmina estava prestes a encontrar seu alvo, a investida foi interrompida: duas longas adagas cruzadas sustentavam o ataque. O soldado demorou alguns segundos para perceber que ainda estava vivo.

– Vá! Saia daqui! – Disse Katarina entre os dentes.

O soldado, sem perder tempo se afastou cambaleando. Katarina forçou suas adagas para cima, obrigando Thresh a recuar. Ele a encarava com sua terrível expressão fantasmagórica.

– Ora que sorte a minha te encontrar por aqui. Isso vai me poupar bastante trabalho. – Disse ela para a criatura.

Thresh se manteve em silêncio. Ele apenas a observava, enquanto os dois giravam lentamente em um círculo imaginário, um de frente para o outro.

– Acabou a diversão, monstro. Agora você vai me dizer o que fez com meu pai ou...

Ela não teve tempo de terminar de falar, pois Thresh partiu para cima dela violentamente. Katarina rolou para o lado, desviando do ataque. Thresh então começou a girar suas correntes. Ele desferiu contínuos ataques à distância contra ela, que habilmente os evitava.

– O que fez com meu pai?! – A foice de Thresh passou a poucos centímetros de seu rosto. – O que você quer com ele?! – As correntes se movimentavam tentando acertá-la. – Onde ele está?! – Mas os ataques apenas continuavam, incessantes e Thresh ainda em silêncio.

Katarina se lançou para trás, se afastando dele. Sem obter as respostas que queria, ela passa uma lâmina na outra produzindo um barulho metálico.

– Muito bem. Se você não vai falar por bem, terei que partir para um método mais desagradável. – Ela girou uma das adagas na mão e assumiu postura de batalha. – A violência resolve tudo.

Thresh soltou uma gargalhada estrondosa e voltou a atacar. Katarina continuou evitando os ataques, se aproximando do monstro. Quando chegou perto o suficiente, projetou um golpe contra ele, abrindo um corte no tórax. Os dois pararam, se encarando. Um breve silêncio se seguiu, Thresh olhou para o corte em seu corpo. Suas roupas negras estavam rasgadas, mas nada se via por entre elas, apenas um vazio escuro. Ele contorceu a face em algo parecido com um sorriso enquanto voltava a encarar Katarina, soltou outra gargalhada e recomeçou a atacá-la. Katarina desviava das correntes, fazendo mais e mais cortes no corpo de Thresh, que parecia não se importar com isso. Os dois dançavam uma valsa de lâminas no grande salão mal iluminado pela luz da lua que entrava por grandes vitrais que iam do chão até o teto. Os ataques não paravam, Katarina mantinha seu ritmo frenético e apesar de não parecer, ela sabia que o monstro estava sendo prejudicado pelos danos que ela causava, pois foi recuando até que ficou encurralado contra uma grande coluna de madeira. Sem perder tempo, ela paralisou a mão que segurava a foice com uma de suas adagas e posicionou a outra contra o pescoço sem pele da criatura.

– Agora chega de brincadeira. Responda à minha pergunta: onde está meu pai?! – Katarina falava pausadamente. O tom de sua voz demonstrava perigo.

Thresh nada falou. Lentamente, levantou a lanterna que segurava com a mão livre até a altura de seu rosto. Uma luz verde brilhou e o salão foi tomado por uma névoa esverdeada. A imagem de um homem se formou entre a névoa. Katarina podia ver através dele. Uma voz familiar se ouviu.

– Katarina? É você? – Os olhos dela se arregalaram. Um nó se formou em sua garganta. – Filha? Você está aí?

– Pai! – Ela se virou em direção à imagem e então viu seu pai. Ele parecia não estar entendo nada. Estava nu e tateava o ar, como se não pudesse ver.

– Está escuro, onde você está? – Ele disse.

– Pai! Estou aqui! Eu vim te levar de volta! – Ela correu até e ele e quando tocou sua mão, a imagem desapareceu. A névoa foi dispersada e a luz esverdeada se apagou, deixando o salão iluminado apenas pela luz prateada da luz novamente.

Katarina paralisou, com a mão estendida onde havia tocado seu pai. Tudo estava tão quieto que podia ouvir sua respiração. Por causa do frio, fumaça saía da sua boca. Então ouviu uma respiração que não era a sua, uma respiração pesada que mais parecia um grunhido vinda de trás dela.

– Já viu a própria alma? – Uma pausa. – Gostaria de vê-la? – Thresh falou em seu ouvido.

O coração de Katarina quase parou. Aquilo tinha sido um truque, e ela havia caído. Sabia que não poderia escapar do ataque de Thresh, mas não podia deixar de tentar. Ela se jogou para frente num movimento desesperado, por um momento até achou que tinha conseguido, mas seu corpo já estava envolto por uma corrente. Thresh puxou a corrente e, como se flutuasse, se aproximou dela. Os olhares se encontraram. Ele estava se divertindo, ela podia ver. Após encarar sua vítima, com um rápido movimento, ele a lançou no ar. Katarina se chocou de costas contra uma parede e caiu no chão. Antes que pudesse se recuperar, já estava presa novamente. Thresh se aproximou devagar, as correntes o obedeciam como se fossem extensões de seu braço. Elas levantaram Katarina, que tentava inutilmente se libertar. Thresh chegou bem perto e finalmente falou:

– Sorte sua? – Sua voz causava náuseas, um mal estar tão incômodo que um homem fraco aceitaria morrer para parar de ouvi-la. – Eu vim em busca de uma alma só, mas encontro uma outra de ótima qualidade como a sua... Acho que a sorte aqui é minha. – Ele riu e levantou a lanterna em frente à ela. Uma luz verde começou a brilhar na lanterna e Katarina sentiu suas forças sendo drenadas. Mas não era só sua energia que estava sendo roubada. Sua felicidade... Sua mente... iam deixando-a cada vez mais rápido. Suas lembranças passavam como um filme enquanto eram sugadas pela luz da lanterna. Ela viu seu pai e sua irmã quando ainda era criança, viu Talon e todas as outras pessoas que conhecia e com quem se importava. Viu seu dias passando, viu seu treinamento duro, viu as inúmeras batalhas que ajudara Noxus a vencer. Um grande vazio tomava conta de seu coração. Um frio congelou seu estômago. Então ela viu algo que não esperava ver, seus olhos se encheram d’água involuntariamente, seu coração apertou. Uma lágrima rolou devagar pelo seu rosto enquanto ela via aquela imagem deixando-a. Por quê? Por que doía tanto? Porque ela se importava tanto com aquilo? Porque ele apareceu ali? Porque um demaciano? Porque Garen?

Thresh gargalhou.

– Essa é a sensação de perder quem se ama. – Ele disse rindo. – Relaxe e deixe acontecer. – Ele gargalhava, deliciando-se.

Amor? Katarina já não lembrava mais. Não entendia porque, mas estava triste. Aquela era a pior sensação do mundo. Ela precisava de ajuda, não aguentava mais. Sua visão começou a escurecer, as pálpebras pesavam. Não havia escapatória... Mas ela não queria... Reuniu toda a força que lhe sobrava e sussurrou entre os lábios:

– Socorro... – Inútil. Muito baixo. Ninguém a escutaria. Era o fim.

E quando ela não sentia mais nada e sua consciência estava prestes a lhe deixar, seu corpo caiu no chão, as correntes estavam frouxas à sua volta. Ela tentou ver o que estava acontecendo. Olhou para cima e viu um homem com uma grande armadura azul com dourado, ele segurava uma espada enorme em uma das mãos. Ela já havia visto aquele homem... Em algum lugar... Ele era... De Demacia...! Ele era... Garen!

Suas lembranças e sentimentos voltaram todos de uma vez em um turbilhão.

– Está machucada? – Garen havia se virado para ela. Estava abaixado, apoiado em um joelho, mantendo-a sentada. Em seu rosto, uma clara expressão de preocupação.

Katarina não conseguia responder, estava confusa e lhe faltava energia. Em seu íntimo, uma estranha vontade de ter o homem à sua frente em seus braços a perturbava e ela fortemente a repreendia. De jeito nenhum faria aquilo. Corou de leve. Ridícula! Nunca havia se sentido tão ridículo na vida. Com um curto movimento de cabeça, fez-se entender que estava bem. Garen sorriu aliviado. Ela odiava aquilo. Porque ele era tão sincero? Ele não entendia que aquilo era um absurdo?

Com cuidado, Garen a encostou em uma coluna e se voltou novamente para Thresh. O observou com cuidado.

– Mas o que diabo é você?

Thresh não respondeu. Ele produzia sons que lembravam rosnados. Seu rosto fantasmagórico estava mais distorcido ainda em uma expressão assustadora de ira. A luz da lanterna havia se apagado e a corrente na outra mão estava quebrada no meio. Garen havia o impedido de coletar a alma de Katarina. Não podia acreditar... Odiava intromissões. Ele tinha de pagar... Thresh soltou a corrente quebrada enquanto uma nova surgia se enrolando em seu braço. Sem demora, lançou um ataque contra Garen, que apartou o golpe e o contra-atacou. Com sua espada erguida, ele avançou em direção a Thresh. Os dois começaram uma violenta batalha. Os dois desferiam golpes atrás de golpes tentando ferir de qualquer forma seu oponente. A espada se chocava com as correntes produzindo faíscas e sons metálicos que ecoavam pelo salão. Garen continuava atacando, avançando contra Thresh, que começava a ter dificuldade em revidar. Ele teria que acabar logo com aquilo, antes que fosse tarde demais.

Inesperadamente, Thresh se afastou para trás, tão rápido que mais parecia que flutuava. Voltou a atacar Garen, mas agora à distância, desferindo um golpe de corrente seguido de outro e de outro... Garen aparava os golpes e valentemente tentava diminuir a distância até o monstro. Correntes giravam e ricocheteavam no ar, era impossível dizer quantas eram e onde começavam ou terminavam. Katarina assistia a tudo sem conseguir se mover, seus músculos não respondiam. Garen avançava lentamente, se aproximando sempre que havia uma abertura. Thresh desferia mais e mais golpes, incansavelmente, mantendo Garen ocupado até que, de repente, todas as correntes caíram sem vida no chão. Como um reflexo, Garen avançou velozmente contra Thresh com sua espada erguida. Estava prestes a acertar seu alvo quando um grito o fez parar. Olhou para trás e viu Katarina erguida no ar por uma corrente que lembrava uma cobra apertando sua presa. Tinha sido uma armadilha. Thresh era cheio de truques. Sem pensar duas vezes, Garen correu para salvar Katarina, mas uma parede espectral surgiu à sua frente. Ele estava tão rápido que não teve tempo de parar e se chocou contra a parede. Uma gargalhada de Thresh vibrou o ar enquanto Garen sentia seus músculos enrijecerem. De repente, ele se movia tão lentamente que parecia não se mexer. Olhou em volta apenas com as pupilas e viu Thresh vindo em sua direção, uma robusta corrente era arrastada atrás dele. Garen tentou sair dali, mas seu corpo não se movia como ele queria. Thresh ergueu a corrente, girando-a no ar e a lançou contra Garen, que sentiu o forte impacto e foi jogado contra a mesma coluna onde havia deixado Katarina, caindo pesadamente no chão em seguida. Sentiu seus músculos voltarem a responder, procurou sua espada e a viu caída a seu lado. Esticou o braço para pegá-la, mas uma corrente veio se arrastando pelo chão e se enrolou em seu corpo. Ele foi erguido ao lado de Katarina, que havia desmaiado por causa dos apertos da outra corrente. Ele tentava se livrar, movendo os membros sem parar, mas era preso cada vez mais forte até que só sua cabeça e pés estavam à vista. Thresh se posicionou em frente aos dois e ergueu sua lanterna.

– Últimas palavras? – Disse ele e a habitual luz verde brilhou.

Garen sentiu sua força sendo drenada em um fio brilhante que saía dele à lanterna. Outro fio havia se formado entre ela e Katarina. Ele tentava se livrar sem desistir, mas seu corpo ficava cada vez mais fraco. Olhou para o lado e viu uma lágrima rolar pelo rosto inconsciente de Katarina, não podia fazer nada e aquilo era o que mais o fazia sofrer. Uma lágrima também desceu pelo seu rosto até chegar à boca, sentiu um gosto salgado e fechou os olhos. Aquela era a pior dor que já havia sentido. Pensou que era o fim, se sentiu um inútil, Katarina iria morrer por sua causa. Fraco. Impotente. Que tipo de guerreiro ele era? Não conseguia proteger ninguém... Não conseguia proteger nem a si mesmo. Sua consciência começou a deixá-lo e quando estava prestes a desmaiar, ouviu uma voz feminina.

– Pare!

Ele reuniu suas últimas forças e abriu os olhos. À sua direita, no topo de uma grande escadaria no meio do salão, estava uma mulher. Seus cabelos eram brancos como a neve, seus lábios, vermelhos como sangue e seus olhos refletiam o azul da aurora. Estava vestida com uma roupa colada e sua cabeça estava parcialmente coberta por um capuz. Em uma das mãos segurava um grande arco que parecia ser feito de gelo, ela o ergueu à sua frente e puxou a corda, sem nenhuma flecha junto a ele. O ar à sua volta se agitou, balançando seus cabelos. O capuz caiu para trás enquanto uma enorme fecha de gelo tomava forma encaixada no arco. Ela soltou a corda e a flecha foi lançada. Quando se chocou contra Thresh, um vento gelado baixou mais ainda a temperatura em volta. As correntes que prendiam Garen e Katarina se soltaram e os dois caíram no chão. Thresh também estava caído, sem conseguir se mover, atordoado pelo o ataque. A consciência de Garen começou a voltar, ele tinha uma incrível capacidade de se recuperar de danos mais rápido que qualquer um. Ele rapidamente se levantou e pegou Katarina nos braços, correu em direção à arqueira que já descia as escadas. Quando os dois se cruzaram, ele falou ofegante:

– Muito obrigado Ashe.

Ela olhou para Katarina desmaiada em seus braços e disse:

– Espero que haja um bom motivo para trazer uma noxiana à minha aldeia. – E continuou descendo as escadas com o arco erguido, disparando flechas de gelo contra Thresh, agora de tamanho normal, mas que ainda surgiam do nada.

Thresh não conseguiu evitar as flechas, seu corpo se movia lentamente. Ashe continuou os ataques, se aproximando cada vez mais. De repente, ele lança sua lanterna em direção a ela, que rola para o lado e volta a disparar mais flechas, mas elas se chocaram contra uma proteção espectral em volta dele. Thresh gargalhou e lançou suas correntes contra Ashe, que conseguiu evitar os primeiros ataques, mas foi acertada e lançada para trás. Uma corrente prendeu seu tornozelo. Sentada no chão, ela posicionou o arco, mas a corrente a puxou e levantou no ar. Ela deixou um grito de surpresa escapar enquanto era balançada de um lado para o outro.

Garen, de cima da escadaria, escutou o grito de Ashe e olhou para ver o que estava acontecendo.

– Ashe! – Ele gritou. Deveria ir ajudá-la, mas Katarina precisava de ajuda.

– Vá... – Ela havia acordado.

– Katarina! – Ele olhou para ela sorrindo. – Você está bem?

– Estou. Vá salvá-la.

– Não vou te abandonar de novo.

– Eu vou ficar bem. Agora ela que precisa da sua ajuda.

Ele a encarou, ela sustentava seu olhar. Sem pensar nas consequências daquilo e apenas atendendo à vontade que tomava conta de seu ser ele a beijou. Seus lábios se encontraram e os dois sentiram o calor um do outro em meio àquele frio de Freljord. Eles ficaram ali alguns segundos, queriam continuar juntos, mas não havia tempo. Garen afastou seu rosto do de Katarina, a encarou por pouco mais de um segundo e partiu para socorrer Ashe.

Katarina estava paralisada. Uma tempestade de sentimentos a perturbava. Pensava em todas as consequências que aquilo poderia trazer. Como seria possível? Uma noxiana e um demaciano juntos? Pior ainda! Uma nobre de uma das famílias mais bem sucedidas de Noxus e guerreira de elite e um dos comandantes do exército real de Demacia! Impossível de se imaginar... Impossível de acontecer! Mas havia acontecido. E no fundo ela não se importava com tudo aquilo. Seu íntimo apenas ansiava para encontrá-lo novamente. Subitamente, os pensamentos de Katarina foram interrompidos por uma voz familiar.

– Até que enfim achei você. – Era Talon. Ele estava de pé ao seu lado.

Katarina sentiu um frio na barriga. Talvez não existisse pessoa pior para aparecer naquele momento. Mas ela não o deixaria perceber nada. Sem cerimônia, levantou-se e falou como se já esperasse que ele aparecesse:

– Já não era sem tempo, Talon.

Ele estreitou os olhos, encarava-a pesadamente.

– O que você está fazendo aqui? Os avarosianos são aliados de Demacia. Esse é um território inimigo.

Katarina relaxou um pouco, aparentemente Talon não havia chegado a tempo de vê-la com Garen.

– E desde quando um território ser inimigo me impediu de entrar? – Ela desceu alguns degraus da escadaria, se esforçava para as pernas não fraquejarem. – Ouvi que uma criatura da Ilha das Sombras estava por aqui e vim averiguar. É a mesma que sequestrou meu pai. Precisamos... – Talon a interrompeu.

– DuCouteau não é mais nosso maior problema agora.

– O que?! Ele é como um pai para você também! Você já esqueceu o que ele já fez por você?

Talon se aproximou devagar e entregou à ela o papel que recebera de Evelynn. Ela o leu rapidamente e falou:

– Mas o que significa isso?

– Pelo o que parece, Swain aproveitou que estávamos fora para fazer alguns movimentos. – Katarina começou a ler o papel novamente, como se esperasse que o que estava escrito nele mudasse. Talon continuou. – Temos que voltar Katarina. Temos que fazer tudo o que pudermos para impedir o Alto Comando de promover Swain.

Katarina pensou um tempo. Ela sabia que teria que voltar, aquilo era mais importante. Ela poderia ir dali, naquele momento, mas algo dentro dela exigia-a que desse a notícia à Garen. Mas não poderia despistar Talon, então teria que recorrer à outra estratégia. Se virou de costas e disse:

– Não vou abandonar meu pai.

Talon aumentou o tom de voz.

– O que?! Você sabe que DuCouteau nos mataria se descobrisse que deixamos Swain assumir o poder sem tentar impedi-lo!

– Você não se importa com ele como eu. Você não entende.

Talon se ofendeu. Quase gritando, falou sem pensar:

– Você não quer ficar por seu pai! Você quer ficar por ele! Pelo demaciano!

Katarina gelou. Ele sabia. Ela teria que disfarçar.

– O que disse?

– Você pensa que eu não sei? Evelynn me contou tudo! Eu sei que você estava viajando com o demaciano. O que foi? Se apaixonou por ele? Que piada! A filha do grande general DuCouteau apaixonada pelo mais popular militar demaciano. O que vocês vão fazer? Fugir para outro país? Ninguém aceitaria isso!

Katarina voou em cima dele, posicionando suas adagas em volta de seu pescoço. Ela disse séria:

– Nunca questione minha lealdade. Você jamais saberá o que eu aguento por ela.

– Lealdade?! – Seu tom era de deboche.. – Primeiro sai com um demaciano e agora vai derramar sangue do seu sangue. O que vem depois? Vai entregar segredos noxianos a ele de dia dos namorados?

– Você não é sangue do meu sangue!

– Ah! Agora não sou mais seu irmão? Que cômodo! Então vamos, me mate. Me mate e fuja com seu príncipe encantado num cavalo branco!

Katarina o encarava com ódio. Nunca conseguiria machucar Talon. Mesmo adotado, ainda era seu irmão. Ela baixou as adagas e se virou, descendo a escadaria e se afastando dele. - É isso? Então você vai fugir do seu problema? Essa não é a Katarina com quem eu cresci. Você se tornou fraca!

– Chega! – Katarina lançou dardos contra Talon, mas ele desapareceu e o ataque acertou a parede. Ela não sentia mais sua presença, estava sozinha outra vez.



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Garen chegou tão veloz que Thresh quase não o notou. Com um golpe de sua espada ele quebrou a corrente que prendia Ashe e rapidamente se lançou no ar, girando sua arma em torno do seu próprio corpo e desferindo um poderoso golpe que jogou Thresh para fora da cabana. Do lado de fora, uma nevasca caía, prejudicando a visibilidade. Garen foi atacado por correntes que não podia ver de onde vinham. Ele se defendia e procurava por Thresh. Ashe saiu da cabana com seu arco na mão, a corda puxada. Ao soltar a corda, um gavião de gelo saiu voando, como se tivesse sido disparado, por onde ele passava, a nevasca cessava, possibilitando a visão. Thresh foi revelado e Ashe, sem perder tempo, começou a disparar nele. Garen correu e passou a combinar seus ataques com os dela, que habilmente não errava nenhuma flecha. Thresh foi obrigado a recuar até ser encurralado contra um abismo. Os ataques pararam.



– Muito bem monstro, fim da linha. – Disse Ashe.

Thresh olhou para trás, uma grande queda livre terminava nas águas geladas do oceano. Ele olhou para Ashe e Garen, distorceu o rosto em uma careta de ódio e pulou. Garen tentou impedi-lo, mas era tarde demais. Os dois correram até a beirada do abismo e olharam para baixo em busca de Thresh, mas nada viram. Se olharam por pouco tempo antes de voltarem correndo para a grande cabana.

No salão, Garen e Ashe se deparam com Katarina vindo em direção a eles, andando lentamente. Ashe apontou uma flecha para ela, mas Garen se colocou à frente e apenas pelo olhar, ela entendeu que ele pedia para não atacar. Katarina chegou em frente aos dois e, ainda em silêncio, entregou o papel que recebera de Talon à Garen. Ele, confuso, pegou o papel e leu. Ao terminar, olhou ainda mais confuso para Katarina, que continuou séria, encarando-o. Ashe pegou o papel da mão de um Garen sem reação pelo o que tinha acabado de ler e estudou seu conteúdo:

"Noxus orgulhosamente anuncia a todos que interessar a promoção ao título de Grande General de Jericho Swain, atual General, em razão da vitória contra Demacia na batalha de Kalamanda. A cerimônia de posse ocorrerá no centro da cidade de Noxus no dia 17 do Mês do Sol, às 20 horas. Na ocasião ainda ocorrerá a execução do Príncipe de Demacia, Jarvan IV, vencido e capturado em batalha.

Expedido em: Dia 11 do mês do Sol. Assinado: Alto Comando Noxiano.”

Ashe pegou no ombro de Garen e disse:

– Melhor me acompanharem até meus aposentos. Temos muito o que conversar.

E os três subiram a escadaria em silêncio.


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Notas finais do capítulo

E aí?! O que acharam? espero que tenham gostado. Não esqueçam de deixar suas reviews, elas são muito importantes pra mim :)) e vamos que vamos ^_^