Garen ouvia os sons da batalha que acontecia à sua volta. O som frio de lâminas se chocando e o ecoar de armas de fogo sendo disparadas. Soldados das duas facções caiam um após o outro. Estava reunido com os principais guerreiros de Demacia, discutindo o que fazer.

– Não podemos continuar com isso, já perdemos homens demais! – disse Lux, quase gritando para ser ouvida entre a barulheira em volta.

– Nós perdemos muitos, mas eles também. Devemos continuar, a vitória está próxima, Noxus vai cair! – bradou Xin Zhao em resposta.

– As perdas já são grandes demais Xin, não podemos arriscar mais as vidas dos nossos soldados. Já conseguimos o que queríamos, recebemos o relatório de que nossos homens infiltrados já pegaram as informações do exército noxiano. – Lux argumentou.

– Mas podemos acabar com isso hoje! Mostrar que Demacia é mais forte! – disse Xin sem desistir.

– Chega! – Bradou Jarvan IV – Lux tem razão, o único propósito dessa batalha era diminuir as defesas de Noxus para nossos espiões agirem. Conseguimos o que queríamos, vamos nos retirar.

– Mas senhor... – Xin tentou argumentar, mas foi interrompido por Jarvan:

– Não quero ouvir contestações, apenas sigam as ordens. Vão!

Todos se apressaram a seguir as ordens de Jarvan e começaram a comandar a recuada das tropas. Garen percorreu o caminho até seu esquadrão numa velocidade impressionante, deve ser um dos guerreiros mais rápidos de Valoran. Ele ordenou a recuada e suas tropas começaram a se retirar do campo de batalha junto às outras. Como o comandante da tropa, foi ficando para trás para dar cobertura a seus homens, até que os exércitos já não estavam mais misturados. Noxus não parecia querer recuar, mas Garen, Lux, Xin Zhao, Jarvan e Poppy derrubavam cada noxiano que se aproximava, forçando o exército inimigo a aceitar o movimento demaciano.

Quando Garen finalmente ia se recuperar algo cruzou seu caminho rápido como um raio. Garen parou e assumiu postura de defesa, procurando o possível inimigo.

– Quem está ai? – gritou ele, os olhos se movendo freneticamente para todos os lados – Apareça covarde.

Foi nesse momento que uma adaga voou na direção da sua cabeça, ele rapidamente se jogou pro lado, desviando do ataque.

– Covarde? – uma voz feminina soou – Vocês criam uma distração para roubar informações de nosso exército e nós somos covardes? Vocês demacianos me dão nojo.

Garen olhou para de onde vinha a voz. Ele teria gostado do que viu, se ela não fosse uma inimiga. Uma mulher com longos cabelos ruivos, eles desciam soltos pelas suas costas até a altura da cintura. Usava uma roupa escura composta por um top que deixava seu belo corpo à mostra e uma calça, com incontáveis lâminas presas na cintura e nas pernas. Era linda. Ela continuou com a voz fria:

– Que tal fazermos assim: você me devolve o que roubaram e eu te dou uma morte rápida e indolor.

– E se eu não aceitar? – falou ele com um tom ameaçador enquanto se levantava.

– Então sua morte será tão dolorosa que você continuará sentindo dor mesmo quando chegar ao inferno e eu matarei cada um dos seus aliados até conseguir o que quero. – Respondeu ela, seca. Garen sorriu.

– Ah... É uma pena que os planos não estejam comigo, teremos que tentar a segunda...

Antes que ele pudesse terminar de falar, a ruiva saltou pra cima dele com suas lâminas cortando o ar. Ela pôs uma delas, que mais parecia um facão em seu pescoço e outra gêmea por trás de sua cabeça. Ela era um pouco mais baixa, por isso precisou ficar nas pontas dos pés.

– Eu não tenho tempo pra isso mauricinho, onde estão os planos?

– Você terá que se esforçar mais pra descobrir. Ah! – respondeu ele enquanto girava sua espada obrigando ela a se afastar.

Ela começou a correr em círculo em volta dele lançando adagas nos pontos não protegidos por sua grande armadura. Ele girou sobre seu eixo desviando as adagas com sua larga espada. Tudo acontecia tão rápido que olhos não treinados não seriam capazes de distinguir os movimentos dos dois. A mulher então voou novamente na direção dele, dessa vez para suas costas, rapidamente girou como um ciclone forçando Garen a pular para longe para não ser acertado. Sem perder tempo ela continuou a lançar mais e mais adagas sobre ele que só tinha tempo de se defender. Os ataques eram incessantes e nos seus olhos verdes intensos, Garen podia ver que ela estava se divertindo. Ele estava começando a se preocupar, nunca havia encarado uma guerreira tão habilidosa e a qualquer momento outro noxiano poderia aparecer para ajudá-la, ai então, provavelmente seria seu fim. Ela mantinha o ritmo das lâminas e sempre que Garen conseguia fazer com que ela se afastasse ela jogava mais adagas e voava sobre ele novamente. Se ele era rápido, ela era ainda mais. Foi quando uma voz conhecida gritou:

– Irmão!

Era Lux, a irmã mais nova de Garen. Sem perder tempo ela lançou uma esfera de luz onde os dois duelavam. Ao mesmo tempo do outro lado do campo de batalha uma voz masculina gritou:

– Katarina! Cuidado!

A ruiva então, como fez com Garen várias vezes, voou em direção a seu aliado. Se livrando dos ataques de Lux. A esfera de luz distorceu a imagem na área onde foi lançada, dando tempo para Garen fugir com sua velocidade impressionante.

– Talon, não atrapalhe! – bradou Katarina para o homem com quem estava. E começou a correr em direção aos irmãos demacianos, lançando adagas em sua direção.

– Não pense que você vai se divertir sozinha, maninha. – e Talon saiu atrás de Katarina, quase tão habilmente quanto ela, enquanto sua risada sombria soava no ar.

Garen desviava de todas as adagas que Katarina lançava sem nenhuma dificuldade. E Lux lançava mais e mais esferas de luz na direção dos inimigos, até que uma explodiu, próximo a eles. Talon urrou, e nesse momento um circulo de lâminas se formou, enquanto ele se tornava invisível. Katarina sorriu e correu mais rápido na direção dos irmãos. Garen então pulou para cima dos inimigos girando sua espada. Katarina desviou do ataque e nesse momento as lâminas de Talon voaram na direção de Lux enquanto ele aparecia na sua frente encarando-a. Garen voltou desesperado ao socorro da sua irmã, mas Katarina novamente surgiu do nada na sua frente. Foi quando Lux lançou uma esfera de luz em Talon. A esfera o atingiu e ele não pôde mais se mover e dele saiu uma segunda esfera que acertou Katarina, que também não pode mais sair do lugar. Garen então pegou sua irmã nos braços e bateu em retirada o mais rápido que pode, deixando os assassinos noxianos pra trás, gritando, odiosos em suas prisões de luz.

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Quando finalmente chegaram ao quartel general de Demacia, Garen e Lux foram imediatamente indagados por Poppy:

– Onde vocês estavam? Porque demoraram tanto? – perguntou ela num tom quase de desespero. Visivelmente estava preocupada.

– Nós fomos atacados por dois assassinos noxianos enquanto voltávamos. Mas está tudo bem, eu dei uma lição neles. – respondeu Lux num tom risonho. – Não foi, mano?

Garen não respondeu, apenas olhou para Jarvan, sério. Os dois eram amigos de infância, entendiam um ao outro como ninguém. Imediatamente consentiu com um movimento curto de cabeça, sabia que algo perturbava o amigo. Garen, ainda em silêncio, saiu, andando devagar e apensar cumprimentando com um olhar a irmã, Xin Zhao e Poppy. Enquanto se afastava, ouviu os aliados conversarem entre si:

– O que ele tem? – perguntou Poppy.

– Ele só precisa descansar. – respondeu Jarvan – A batalha de hoje não foi fácil.

Mas Garen não tinha cabeça para isso, a única coisa que conseguia pensar era:

– “Katarina... o nome dela... é Katarina”.