Minha passagem para Nova Iorque estava comprada. Tinha ligado no dia seguinte, para a minha tia de lá, perguntando se podia morar com ela. Ela achou a ideia ótima. Já meus pais não. Eles me perguntavam o motivo dessa minha decisão, mas eu sempre desconversava. Meus pais sabiam da falta de memória de Matt, até me perguntaram se isso de eu ir morar com a minha tia, tinha a ver com isso. Menti, falei que não. Que lá as chances de me dar bem no futuro são maiores. Eles caíram nessa, ou pelo menos eu acho que caíram.

Depois daquela social em minha casa, eu vi poucas vezes o pessoal. Já Matt eu vi menos ainda e essas vezes em que o vi, ele parecia diferente. Quando me olhava parecia está se torturando, sei lá. Parecia está querendo algo, falar algo. É coisa de sua cabeça, Cass, dizia meu inconsciente. Não o vi mais com a tal Anne. Calli me disse que ele que terminou o que eles não tinham na verdade. Ela e os outros não entenderam, mas ficaram felizes. Não queriam uma garota como a Anne no nosso grupo. 

Dois dias depois...

Cá estava eu, aos prantos, me despedindo de Calli e dos demais. Estávamos no aeroporto, esperando chamar meu voo. Calli estava pior que eu, chorava mais que duas de mim assistindo O Diário de Uma Paixão.

- Ai amiga, tem como você mudar de ideia não? - perguntou chorosa

- Não. - disse com a voz baixa e embargada

''Voo 2482, com destino a Nova Iorque, prepare para o embarque em vinte minutos.''

- Essa é a minha deixa. - falei olhando para todos ali

Alex foi o primeiro a me abraçar. Foi com tanta força que achei que iria quebrar meus ossos.

- Vou sentir sua falta, Cass. - disse ele ainda me abraçando

(Again - Bruno Mars)

''Hands over my head (Mãos sobre minha cabeça)

Thinking what else could go wrong (Pensando o que mais poderia                dar errado)
          Would of stayed in bed (Poderia ter ficado na cama)
          How can the day be so long? (Como o dia pode ser tão longo?)''

 

Depois foi Nate, Kristen, que eu peguei certo gosto por ser minha cunhada e Calli, que chorava sem parar. Pegando minhas malas mandei tchau a eles e partir. Antes, olhei para trás, com a esperança de vê-lo, mas não. Ele não havia ido se despedir de mim. Aquilo fez com que uma lágrima caísse. Respirei fundo e entrei no avião. Lá dentro eu começo a pensar em tudo que vivi em Denver. Tudo me levava a Matt. Como nos conhecemos, nossa primeira briga, o primeiro beijo. A primeira vez. Aquelas lembranças era as únicas coisas que eu ainda tinha dele em mim, além do amor que sentia por ele.

''Never believed (Nunca acreditei)
          That things happen for a reason (Que as coisas acontecem por uma razão)
          But how this turned out (Mas como isso acabou)
          Removed all my doubts so believe (Removidas todas as minhas duvidas, então acredite)
          That for you I'd do it (Que por você eu faria isso)

All over again (Tudo outra vez)

Do it all over again (Faça tudo de novo Fazer Tudo isso de novo)''

Custei a acreditar que pela primeira vez na minha vida quando finalmente encontrei esse tal de amor, as coisas não saíram como eu um dia imaginei. Achei que seria tudo diferente. Achei que teria meu ''viveram felizes para sempre'', mas como a realidade não condiz com a ficção, ainda mas se ela for esses típicos finais felizes de contos de fadas. Como vou seguir em frente agora? O que farei? Me perguntei isso nas últimas semanas. Querendo saber como vou conseguir pensar, viver, agir depois de tudo que aconteceu. 

''All I wnt through led me to you (Tudo o que eu passei me levou a você)

So I'd do it all over again (Então, eu faria tudo novamente)

For you (Para você)

I missed the first train (Eu perdi o primeiro trem)

Stood out in the rain all day (Fiquei na chuva o dia todo)''

Só espero que Matt esteja bem, feliz. Não suportaria saber que ele não sorrir mais. Sei que posso sofrer com isso, mas pensei que enquanto eu estiver em Nova Iorque, perguntarei ao meu irmão como Matt está. Ela pode lembrar de você, Cassie, disse meu inconsciente. Já havia perdido as esperanças em relação a isso. Eu deveria me conformar que o havia perdido, agora para sempre. Mas é difícil quando uma parte de você quer lembrar de cada detalhe, cade qualidade e defeito da pessoa. Meu cérebro lembrava de cada sorriso dado, de cada olhar compartilhado, cada toque trocado. Cada ''eu te amo'' dito. Isso é o que me torturava mais. 

''Little did I know (Mal sabia eu
          When I caught the next train (Quando eu peguei o próximo trem)

There you were to sweep me way ( Lá você estava a varrer-me o caminho)

Guess tha's what I waited for (Acho que é o que eu esperava)''

Da janela vejo Nova Iorque, desembarco e logo encontro minha tia. Ela sabia de toda a verdade. Quando me viu, ela logo se prontificou a me abraçar e sussurrar um ''vai ficar tudo bem, espere''. Sei que ela disse aquilo só para me acalmar, me deixar menos triste, mas eu sabia que lá no fundo não ficaria nada bem. Fui em silêncio até a minha nova casa. Minha tia me mostrou o quarto em que ficaria. Joguei minha mala em qualquer canto e pedir para ficar sozinha, ela compreendeu e saiu, fechando a porta em seguida. Olhei em volta com lágrimas nos olhos. Me deitei na cama e ela logo caíram como se fossem cachoeiras. Não queria segurá-las, queria mesmo chorar. Queria mesmo sofrer naquele momento. 

''Never believed (Nunca acreditei

That things happen for a reason (Que as coisas acontecem por uma razão)

But how this turned out (Mas como isso acabou)

Removed all my doubts (Removidas todas as minhas duvidas)''

Quando dei por mim, não havia mais lágrimas ali. Já havia chorado todas. Mas aquela vontade ainda pairava em mim. Pegando meu cel, eu vejo a tela de fundo e sorrio. Pela primeira vez em semanas eu conseguir sorrir. Ver o sorriso dele, mesmo que por uma foto me fazia sentir bem. Me fazia me sentir protegida. Me fazia sorrir. Espero que seja feliz, Matt.

''That for you I'd do it (Que por você eu faria isso)

All over again (Tudo outra vez)

Do it all over again (Faça tudo de novo Fazer Tudo isso de novo)''

Fazia exatamente uma semana inteira que eu havia me mudado. Não havia ido a escola ainda, pois tinham que arrumar uma papeladas. Não saía, preferia ficar em meu quarto, lendo, vendo um filme ou algo do tipo. Minha tia foi ao meu quarto mais cedo, dizendo que não era para eu esperá-la para o jantar. Sentada em meu quarto, com as costas encostadas na cama, eu lia meu livro. Escuto uma barulho lá fora, de primeira pensei que seria minha tia, mas logo lembrei do que ela me dissera. Saí do meu quarto e desci as escadas. Olhando em tudo aqui embaixo não vejo nada. Deve ser algum gato arteiro lá fora. Dou de ombros e subo novamente. Ai abrir minha porta, levo um susto. O que ele fazia aqui? 

- Matt? - pergunto surpresa

Ele apenas me olhou e lançou um sorriso lindo a mim. Me derreto na hora. Mas logo ele para de sorrir, o que me deixou um pouco assustada. Ele se levanta de minha cama e se coloca em pé ao lado da mesma. Sem tirar os olhos de mim ele caminhava em minha direção.

- Achava mesmo que eu me esqueceria de você para sempre? Achava mesmo que depois de tudo que passamos juntos, eu me esqueceria de nós? Achava mesmo que um dia eu iria conseguir ser feliz sem você, minha linda? - naquela hora eu já chorava - Eu escutei o que você disse a Calli no quarto no dia da social. De começo, achei que isso de nós termos namorado, era uma brincadeira do seu irmão. Mas depois de escutar tudo aquilo naquele dia, eu vi que não era. Você dizendo que tinha me perdido para sempre e que não suportaria me ver com outra, aquilo me fez ver o merda que eu fui me esquecendo do mais importante na minha vida. Me esforcei a lembrar de ti nas últimas semanas, mas nada ajudava. Nada funcionava. - pausou - Quando eu te olhava me sentia no dever, na obrigação de lembrar de você. E quando não conseguia, isso me matava por dentro. 

Ele parou de andar e respirou fundo.

- No dia de sua viagem, eu de início não queria ir te ver lá. Não queria que você sofresse me vendo ali sem lembrar quem você era. Mas logo depois eu vi como se eu precisasse ir naquele aeroporto. - abaixou o olhar - Mas foi tarde. Quando cheguei lá, você já tinha partido. Todos me olhavam com pena. Aquilo me deixou mais nervoso. Com mais raiva e ódio de mim ainda. Nessa última semana eu fiz de tudo pra lembrar de você. E sabe como eu conseguir? - neguei chorando - Estava em meu quarto, vendo clipes de minhas bandas preferidas no meu notebook, quando olho para o canto direito da tela e vejo o seguinte nome ''True Love - SOJA". Quando li aquele nome eu sentir vontade de escutar a música e olha que nem curto reagge. Quando dei play na música e ela começou a tocar, foi como se tivessem ligado o meu botão de memória na mesma hora. Tudo veio em minha cabeça, a nossa primeira briga, nosso primeiro beijo e a parte boa, - sorriu malicioso - a nossa primeira transa. E claro e as outras também vieram junto. - dei um passo e parou centímetros de mim. Segurou meu queixo - Eu te amo, minha linda. Sempre te amei e sempre vou amar. - e me beija.

Denver, Colorado, maio de 2017.

Então, essa é a minha história de amor. Não é nada meloso, nem muito dramático. Mas eu acho que não respondi o porque de eu está sozinha na cama, não é? Simples, o meu noivo, deve está preparando o café como sempre é de costume. Eu não sei cozinhar. Já ele, é um tremendo chefe de cozinha. Eu me formei em Literatura, já ele é advogado. Estranho, mas é. Me levanto da cama, visto a camisa dele que estava jogada no chão e saiu do quarto. Descendo as escadas, sinto o cheiro de waffles vindo da cozinha. Parando no batente da porta, me deparo com a cena mais linda, sexy, atraente da minha vida. Meu noivo vestindo apenas uma cueca boxer preta. 

- Apreciando a gostosura que sou, minha linda? - pergunta Matt se virando com um sorriso filho da puta nos lábios

Ele larga tudo que estava fazendo e vem em minha direção.

- Talvez! - respondo

Ele sorri mais sacana ainda e me puxa pela cintura, fazendo nossos corpos se colarem.

- Já disse o quão gostosa você fica vestindo só a minha camisa? - disse ele roçando seus lábios nos meus de leve

- Não hoje. - respondo com um quase gemido. Ele sorri contra meus lábios e o morde

- Fico louco também em saber que por debaixo da minha camisa, você não está usando absolutamente nada. - sussurra rouco

Na hora eu gemo sem ele fazer nada, só por conta de sua voz.

- Que isso?- ele ri - Não fiz nada e já está gemendo, minha linda?

- Cala a boca e me beija logo, moreno. 

- Com o maior prazer, linda. - e me beija

Nossos beijos sempre são intensos. Não tem jeito.

- Eu te amo. - sussurra contra minha boca

- Eu te amo. - faço o mesmo

''I'm still into you...''

 Fim...