Havia se passado duas semanas desde que Matt acordara do coma. Ele ainda não se lembrava de mim, o que era bem doloroso. Nossos amigos diziam que ele era o meu namorado, mas ele falava que não, que não era homem de uma só. O jeito que ele me olhava ainda estava lá, mas escondido, mascarado. Hoje, Alex resolveu fazer uma social, já que meus pais viajaram e iriam ficar, duas semanas fora. 

Na sala, estavam Calli e Nate em um sofá agarradinhos, já que aquele dia estava mais frio que os outros. No outro sofá, meu irmão e sua namorada do mesmo jeito. Já eu, estava toda encolhida na cadeira reclinável. Matt não havia chegado, disse que se atrasaria um pouco. Enquanto isso, resolvemos começar sem ele. A música tocava baixo no aparelho de som. As comidas em cima da mesinha de centro da sala. Bebidas na cozinha. Casais se beijando, quase sempre. Ver eles naquela chamego todo, me lembrava quando era eu e Matt assim. Em pensar que poderíamos está assim agora, se eu não fosse burra a ponto de duvidar do que ele sentia por mim, murmurei. 

Derrepente a campainha toca. Alex levanta e vai atender. Quando ele volta para sala, vejo que sua expressão é diferente. Ele direcionou seu olhar para mim como se tivesse com pena de mim. Franzi o cenho, não entendi o porque daquele olhar. Matt adentra a sala, todo lindo como sempre. Sorrio discretamente ao vê-lo, mas logo aquele sorriso some. Uma ruiva entra logo atrás dele. Eu conhecia ela de algum lugar. Ela é a Anne, a vadias das vadias da escola, disse meu inconsciente. Quando ela me viu, lançou um sorriso debochado, de superioridade, abaixei o olhar. Matt cumprimentou a todos, menos a mim. Aquilo estava me torturando mais. O desprezo dele, é como se ele não gostasse de mim. Ai meu Deus! 

- E aí, começaram sem mim, foi? - perguntou ele - Trouxe uma amiga.

- Amiga não, quase namorada. - disse a ruiva

Matt revira os olhos.

- Já disse, que eu não namoro. No máximo você é uma parceira de transa. - disse ele se sentando na cadeira a minha frente

A menina deu de ombros e se sentou no colo dele. 

A conversa fora fluindo entre nós, ou melhor, entre eles. Eu não estava muito afim de falar, e nem de ficar ali. Estava me sentindo meio que excluída daquele grupo. Olho de soslaio para Matt, e vejo ele e Anne aos beijos. Aquela cena fez meu coração apertar, diminuí. Não aguentei aquilo e me levantei da cadeira. Pedi licença a todos, dizendo que estava passando mal, com um pouco de dor de cabeça e que social pra mim já tinha dado por hoje. Vi o jeito que Calli olhou pra mim, ela sabia que era mentira minha. Subi as escadas e fui para o meu quarto, me jogando na cama e deixando que cada lágrima acumulada durante essas duas semanas saíssem. 

- Cass. - ouço Calli me chamar - Amiga.

- O perdi mesmo, Calli. O perdi para sempre. - disse ao choro - É uma dor horrível, sabe? Não sei explicar. Só sei que dói e muito. Vê-lo ali, com aquela menina. Em pensar que podia ser eu. - as lágrimas caíam - Não aguento, Calli. Não mais. Tinha esperança de isso ser temporário, coisa de dias, mas não. Duas semanas e nada. Ele não lembra quem eu sou e nunca vai lembrar. É isso que me mata por dentro. Vê que perdi o amor da minha vida.

- Cass...

- Ele pode ter esquecido de mim, mas eu não esqueci dele. Nunca vou esquecer. Lembro de cada detalhe dele. Os sorrisos dele. Sabia que ele tem mais de um? - solto uma risada sem humor - Um é quando ele está tímido. Sei isso é quase impossível, mas já o vi tímido. O outro é quando ele está nervoso. Outro quando ele aprontou algo. O outro é quando ele está feliz mesmo. São tantos amigas e eu lembro de cada um deles. Lembro do toque dele em mim, o jeito que ele me olhava. O modo como me beijava, como me acordava. - sorrio - A mania dele de dizer quatro ''eu te amo'' durante o dia todo. - suspirei - Eu perdi isso. Mas pra um lado, eu fico feliz por ele. Fico feliz dele está com a gente, bem, forte. Fico feliz por ele está feliz. Mas sinto muito amiga, não sou forte quando o assunto é ele e nunca vou ser. 

- Ai Cass! - me abraça - Pretende fazer o que agora, minha amiga?

- Ir embora. - digo - Pretendo me mudar para Nova Iorque e ficar com uma tia lá. Fazer faculdade lá, seguir minha vida. - respondi

- Não! Cass! - grita ela - Por que isso? 

- Não vou suportar ver ele com outra. - disse com uma voz baixa

Ela suspira e me olha.

- Pretende ir quando?

- Amanhã mesmo, na parte da tarde. 

- Vou sentir sua falta. - disse ela chorando - Sinto tanto por você amiga.

- Eu sei, mas volta lá pra baixo. Vai se divertir. Vou tentar dormir um pouco. 

Ela assente e vai.

Ao fechar a porta, caio no choro de novo. Vou largar tudo isso, tudo que conheço. Ai Matt, espero que seja mais feliz agora. Espero que um dia possa se lembrar de mim e sorri com isso. Eu te amo, mesmo longe e mesmo não lembrando de mim, eu te amo e sempre vou te amar, digo em voz alta.