Eskalith escrita por haru


Capítulo 22
Confuso


Notas iniciais do capítulo

Depois de 7 anos finalmente consegui voltar para essa fanfic! Tanta coisa aconteceu! Desculpe a todos que seguiam a história em 2013, dessa vez ela finalmente vai ser finalizada! Pensava tanto nessa fic, vocês nem imaginam. Espero que gostem! OBRIGADA!



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Já havia se passado uma semana desde que Suzuno estava morando em meu apartamento. O fato dele as vezes parecer distante e as vezes me provocar com beijos ou comentários maliciosos me faziam sentir cada vez mais raiva e confusão. A época de provas chegando, todo mundo estressado, e minha mente só sabia pensar em uma coisa: Suzuno Fuusuke.

As pessoas falavam comigo, os professores palestravam sobre suas matérias, porém era como se nada acalmasse minha mente. Eu sentia um frio na espinha só de pensar nele. E vê-lo todos os dias estava me deixando maluco. A minha vontade de tocá-lo era tão insana que praticamente não conseguia pensar em mais nada, nem mesmo no turbilhão de perguntas que eu tinha sobre ele.

— Você anda esquisito – disse Fuusuke enquanto estávamos sentados na mesa jantando – Quero dizer, não que você já não fosse um baita esquisitão, mas ultimamente você está ainda mais estranho!

Olhei para o prato de macarrão – que aparentemente era a única coisa que a gente sabia fazer naquela casa – por uns instantes antes de responder.

— Você chamando alguém de esquisito é realmente hilário!

— Parece que você se arrependeu de ter me trazido para — Suzuno baixou a cabeça pensativo – Esta com pena de me mandar embora?

— Eu não tenho pena de você, seu imbecil! – Respondi irritado – O que eu sinto é uma coisa bem mais complicada.

— Ah, lá vem você com essa história de sentimentos... tinha até me esquecido que você é apaixonado por mim.

Olhei para ele incrédulo. “Apaixonado? É uma palavra meio diferente do que eu estava pensando” pensei comigo. Apenas resmunguei em resposta.

Apesar de ser incrivelmente confuso ter convivido com Suzuno nos últimos 20 dias, eu estava feliz por ele parecer estar se recuperando. Aparentemente ele estava se alimentando e voltando a ter a mesma aparência – não desnutrida – de antes. Estava indo às aulas e seus cabelos voltaram a ter o mesmo brilho de quando o conheci. No entanto, ainda havia hematomas em seus braços e pernas, e suas olheiras pareciam mais escuras. Me perguntava se ele dormia mal, se tinha sonhos estúpidos e sombrios como os meus, ou se ele estava com alguma abstinência. Nunca mais tocamos no assunto daquela festa. Tudo o que eu sabia sobre ela era que nunca acabava. Não importava a hora que passasse por lá, sempre havia pessoas entrando e saído e muito barulho. Aparentemente ninguém achava isso suspeito.

— Ué, você ficou calado? – Ele perguntou parecendo surpreso.

Olhei bem fundo nos olhos dele antes de responder. Os olhos azuis que ora são terrivelmente hipnotizantes ora são muito irritantes. As vezes era apenas os dois ao mesmo tempo. Olhei também para seus lábios, e em seguida seu pescoço. Estava louco para beija-lo.

— O que quer que eu diga? Acho que você gosta de me ouvir falando sobre esses “sentimentos”, né? – Perguntei, xingando ele em meus pensamentos.

Ele baixou a cabeça de novo.

— Então ainda sente alguma coisa por mim?

— Sinto muitas coisas por você, Suzuno – Respondi rispidamente, empurrando meu prato de macarrão para o lado – Inclusive, sinto bastante raiva também.

Suzuno me lançou um olhar meio confuso, ao mesmo tempo, parecia tentar parecer indiferente a conversa.

— Com raiva?

— Sim! Você é meio... – Suspirei – complicado, sabe? Não sei o que você quer, ou o que você sente, e isso é bem irritante.

— Você também é bem irritante, Haru – ele ainda brincava com o resto de macarrão no prato – Sabe, você... Arg! É meio lerdo, sabia?

— Talvez eu fosse menos lerdo se você parasse de bancar o cuzão que não sabe o que quer – respondi. Nesse momento, já estava tão atordoado que nem dei ouvidos aos meus próprios pensamentos, falei apenas o que sentia – Se você não ficasse me beijando e depois fugindo de mim, talvez eu não estivesse sem saber o que eu tenho que fazer.

Ele ficou quieto, fitando o prato de comida sem demonstrar qualquer emoção. Eu não conseguia saber se Suzuno tinha medo ou se ele simplesmente não gostava mesmo de mim. Porém, por mais desanimado que eu estivesse, ainda não havia desistido de fazê-lo meu. Na verdade, minha raiva era exatamente essa: não conseguia saber o que eu poderia fazer para ele ser realmente MEU. Cada passo que eu dava, Suzuno apenas me deixava mais confuso. E ao mesmo tempo que eu estava louco para avançar em cima dele, ainda tinha receio. Talvez, um medo de sua reação? Um medo dele se irritar com algo e voltar para aquele lugar ou de sair de meu apartamento e não voltar mais.

Eu sabia que o medo é a pior coisa que poderia sentir se quisesse mesmo conquistar algo. E sabia também que Suzuno tinha medo de algo, talvez até de várias coisas. Não sabia exatamente do que, entretanto, estava disposto a descobrir.

O idiota se levantou em silêncio e foi para a sala. O sofá ainda estava no hall de entrada do prédio, dificultando bastante a passagem para a escada. Porém, claro que nenhum de nós teve “coragem” para subir tantos degraus com aquela coisa empoeirada e pesada – afinal, meu apartamento ficava no terceiro andar e tinha um número considerável de degraus para subir até ele.

Esperei alguns minutos antes de ir até a sala. Suzuno estava deitado no colchão foleando algum livro. Como sempre, ele puxava um assunto comprometedor e depois simplesmente saia e aquilo morria ali. E isso me dava nos nervos. Ele me deixava sozinho com um turbilhão de pensamentos e sem saber o que fazer. Enquanto isso, sentia meu sangue cada dia mais quente.

— Suzuno!

Ele me olhou de relance.

— Você sabe que eu GOSTO de você, então por que você simplesmente não me diz se pretende me corresponder ou não?

O outro rapaz virou o rosto para a parede por alguns segundos, parecendo não saber com que expressão olhar para mim. Lentamente larga o livro que estava olhando e se senta no colchão.

— Você não entende, Haruya – falou, sem olhar para mim.

— Obvio que não entendo! Você é idiota? Como vou entender alguma coisa se você não me diz, não deixa nada claro, está sempre fugindo de mim.

Suzuno continuou olhando para longe do meu rosto, apesar de parecer estar sério com a conversa. Pude notar que suas mãos pareciam tremer e ele tentava disfarçar mexendo nelas.

— Do que você tem medo? – Perguntei, me aproximando um pouco.

— Eu não acredito que alguém realmente é capaz de GOSTAR de mim – finalmente respondeu – E eu não consigo, ok? Lidar com essas coisas! As pessoas são decepcionantes, dizem gostar quando na verdade é alguma outra coisa que elas querem. Eu não gosto tanto assim de seres humanos, Haru. Não sei lidar...

— Que porra você dizendo?

— Você só está obcecado por mim por mim agora, mas e depois? – Ele se levanta e vem em minha direção – E depois que você me conhecer? Depois que você ter o que você quer? O que vem depois?

Agora ele olhava em meus olhos com um olhar hostil. Era pesado, e intimidador. Estremeci um pouco quando ele se aproximou ainda mais, ficando cara a cara. Podia sentir sua respiração, e ela foi o que me fez perceber que ele estava mais nervoso do que sua postura parecia indicar.

— Você tá com medo porque também está gostando de mim? – Perguntei dando um passo pra trás – Está com medo que eu magoe você?

Ele fez uma careta e depois sorriu.

— Eu não consigo gostar de ninguém! Não se ache tanto! – Respondeu – Você acha que gosto de você só por que vim morar aqui depois de você me incomodar e praticamente implorar para que eu...

Antes que ele terminasse, agarrei-o pela camisa. O que eu planejei inicialmente era lhe dar um soco, mas ao invés disso, eu o beijei. Antes que tentasse se soltar, o agarrei o mais forte que pude o puxando ainda mais perto enquanto segurava seus cabelos. Não importava para mim o que ele dissesse, eu só estava interessado naquele momento no que ele fazia. Convenci a mim mesmo que tudo o que Suzuno falasse sobre mim que não fosse um “sim, eu gosto de você” era apenas balela e enrolação. Eu tinha que pensar isso. Era isso que me fazia não deixar inseguranças e medos tomarem conta.

E pareceu que Suzuno não era muito verdadeiro com palavras, porém, se ele quisesse mesmo me afastar, eu poderia saber isso se ele realmente tentasse. Coisa que ele não fez.

Pelo contrário. Suzuno correspondeu ao meu beijo como se ansiasse por aquilo tanto quanto eu. Ele me agarrou de volta e me puxou com tanta força que quando me dei conta já estava em cima dele no colchão no chão.

Parei por um instante e olhei para ele. Foi a primeira vez que Suzuno parecia estar nervoso, talvez envergonhado. Era uma expressão que ainda não tinha visto ele fazer, e eu gostei. Não consegui não sorrir quando o vi ali, deitado de baixo de mim, parecendo estar tão ansioso para aquilo quanto eu.

Ele me puxou de volta e começou a beijar meu pescoço. Pude sentir seu coração batendo tão forte que nem prestei atenção em como o meu estava tão acelerado quanto. Depois de tanto tempo esperando um momento como esse, finalmente eu estava ali, exatamente onde eu queria estar: sobre o corpo de Suzuno Fuusuke.

Não queria enrolar mais. Quando ele parou de beijar meu pescoço, tirei sua camisa e abri o botão de sua bermuda. Suzuno tremia bastante, mesmo assim, me lançou um olhar excitante enquanto passava a mão em meu tronco. Tirei minha camisa e tentei ignorar qualquer coisa que minha mente tentasse me dizer sobre meu corpo.

Torci para que ele não se incomodasse com minhas manchas, ou não pensasse nada esquisito de minha aparência. Já havia ficado sem camisa perto de Suzuno antes, porém, naquela ocasião, em que seus olhos seguiam suas mãos enquanto ele as passava pelo meu corpo, um certo medo pareceu crescer em mim. Uma insegurança. Mas não o suficiente para acalmar o fogo que estava sentindo.

E esses sentimentos se tornaram menores quando minhas mãos voltaram para a bermuda de Suzuno e vi que ele estava excitado como eu. Foi como se algo despertasse em mim, um desejo ainda mais forte, que provavelmente não consegui evitar de sorrir maliciosamente para Suzuno, que me retribuiu com um olhar meio que de raiva.

— Era isso que você queria, né? – Perguntei a ele.

Suzuno ruborizou como nunca tinha visto antes. E virou o rosto. Foi algo muito bonitinho.

Finalmente tirei sua bermuda. Suzuno usava uma cueca azul. Eu, por outro lado, raramente usava roupas intimas. Foi então que me peguei pensando que quando tirasse a bermuda, estaria completamente nu. Talvez eu devesse ter colocado uma porcaria de uma cueca aquele dia, mas quem saberia, né?

O corpo de Suzuno, apesar de ainda estar mais magro e pálido que de costume, era esbelto. Ele não tinha manchas e sardas como eu, porém havia os hematomas. Procurei não pensar muito neles, apenas comecei a beijar seu corpo e fui descendo lentamente até que Suzuno me afastou com seus braços.

— O que foi? – Perguntei confuso.

Ele virou o rosto, que ainda estava muito vermelho.

— Eu... – Ele parecia muito nervoso – Eu nunca fiz...

— Hã?

Suzuno começa a se mexer para que eu saia de cima dele. Me sento ao seu lado no colchão, segurando suas pernas para não escapar.

— Fiz alguma coisa errada? – Perguntei, tentando não parecer um idiota.

Ele coloca a mão no rosto.

— O que foi? – Perguntei de novo.

— Eu nunca fiz isso, Haru! – Ele falou rápido ainda com uma mão tampando o rosto – Nunca fiz isso com outro HOMEM! Eu não sou gay!

Agarrei seus braços, forçando ele a tirar a mão do rosto e olhar pra mim.

— E daí? Você quer ficar comigo, o que tem de mal nisso? – Insisti – Não é como se eu já tivesse transado com outro cara também, ok?

— É? Por que você parece bem gay desde que te conheci!

— Mas é você quem fez isso comigo, Suzuno – Falei, soltando um de seus braços e colocando a mão em seu rosto.

Dava para ver que Suzuno tentava manter uma posta indiferente sobre o fato de estar praticamente nu comigo, mas estava tão nervoso que mal conseguia falar direito. Era provável que ele não tinha o costume de se sentir daquele jeito, numa posição onde ele não estava no controle. Ou pelo menos, era isso que eu estava pensando, já que presumi que quem estava controlando tudo era eu.

Como se existisse tal coisa.

— Ah, você tá nervosinho? – Perguntei sorrindo um pouco – Deixa eu te relaxar um pouco...

Coloquei minha mão em sua cueca e comecei a acaricia-lo. Não sabia exatamente o que estava fazendo, mas como eu acharia bom se fizesse comigo, deduzi que era uma ideia boa. E Suzuno segurou meus braços quase que por impulso e começou a apertar, meio sem saber como reagir. Foi extremamente gratificante ver ele tão excitado e ao mesmo tempo tão perdido. Era como se eu pudesse fazer o que eu quisesse naquele momento. E o que eu queria?

Bom, várias coisas.

PORÉM...

— Pare! – Ele pediu.

E eu parei.

O silêncio me castigou nos minutos que se sucederam. Lá estava eu, apenas de bermuda e meias, de joelhos no colchão onde Suzuno Fuusuke dormia na minha sala, com minhas mãos pousadas em suas pernas, enquanto o mesmo me olhava bravo e encolhido.

Era difícil lidar com esse cara. Cada passo que eu dava para frente, era 3 que Suzuno dava para trás. E quando nossos corpos esfriaram, tudo pareceu incrivelmente vergonhoso.

Lancei um olhar para ele antes de me levantar, tentando mostrar que eu estava bravo, mas também sem entender qual é a dele. O cara apenas balançou a cabeça, fazendo uma cara de nada. Foi então que eu pensei que a ÚNICA conclusão possível era que Suzuno provavelmente não era apenas virgem quando se tratava de dormir com homens, mas num contexto geral. Para falar a verdade, eu não sabia nem a idade dele ainda. Tudo que eu sabia sobre ele era que media 1,72cm de altura, estava com alguns problemas pessoais e provavelmente tinha algum problema com drogas ou coisa do tipo, e que cursava Psicologia. Ou pelo menos, essas eram as coisas que ele nunca havia negado.

— Tudo bem... – Falei, caminhando até a cozinha – Foi divertido.

— Você é um escroto! – Ele resmungou, agarrando sua camisa – Aposto que tudo isso é uma grande brincadeira pra você!

Parei e olhei de novo para ele, dessa vez ainda mais confuso.

“Como assim EU sou um ESCROTO? Ele brinca com minha cara e depois solta uma dessas!?”.

— Suzuno, você é virgem, tudo bem... na verdade, eu também sou. Não precisa ficar bravo por causa disso... – Falei, tentando permanecer calmo.

Suzuno balançou a cabeça.

— Você... Nagumo Haruya – começou a falar enquanto vestia novamente suas roupas – você me deixa perturbado!

— O que?

— Não entendo como alguém pode mexer tanto comigo, sabia? Eu não CONSIGO entender você!

— De que caralhos você tá falando??

O calouro se levanta desajeitando, ainda sem a bermuda.

— Você me deixa assim, com vontade de ficar com você, ao mesmo tempo, eu queria sair correndo daqui e nunca mais olhar pra tua cara – Ele falou, olhando para mim.

Seu rosto não era necessariamente de raiva. Ele só parecia realmente confuso. Há um tempo eu já havia chegado à conclusão de que Suzuno era confuso, porém, temia que sua confusão não fosse apenas um tipo de charme em sua personalidade, mas sim um problema. Parecia que quanto mais eu tentava me aproximar, mais ele pensava que eu estava armando alguma coisa contra ele ou coisa do tipo. Pensava que eu estava brincando ou fazendo algo que ele não queria, mesmo que ele visivelmente quisesse.

— Isso não é culpa minha, Suzuno – Falei, tentando permanecer calmo enquanto reprimia meu desejo de gritar com ele – Isso é uma coisa sua, você sabe, né? Você que esta com medo! Mas tudo bem, se você ta muito nervoso ainda não quero que se sinta pressionado a fazer nada.

Na verdade, eu queria muito pressionar ele até ele fazer tudo o que eu queria. Porém, as palavras saíram da minha boca sem eu nem pensar nelas. Pelo menos, diferente das últimas vezes em que falei sem pensar, não saiu apenas um monte de merda e palavrões. E no final das contas, eu não queria apenas transar com Suzuno, eu queria que ele realmente gostasse de mim.

Mas parecia que era uma tarefa difícil entrar no mesmo mundo que esse maluco.

E ele apenas ficou parado me olhando. Seu rosto que antes parecia estar ficando bravo agora parecia apenas meio tristonho. Ele caminhou lentamente até mim e encostou a cabeça nos meus ombros.

E eu fiquei ali, parado, sentindo o perfume dos seus cabelos. Que era bom, apesar de estarmos usando o mesmo xampu.

Até aquele momento, eu não conhecia praticamente nada sobre o cara de quem eu estava me apaixonando. Não sabia o que ele havia passado e as coisas que já havia lidado. É complicado entrar para o mundo de outra pessoa. É complicado conquistar um coração que há muito tempo se recusava a sentir alguma coisa.

E naquela noite, eu apenas levei Suzuno até meu quarto e o deitei na minha cama. Tirei a paciência nem sei de onde e apenas o deixei dormir ali, ao meu lado. Mas não dormi, fiquei a noite toda imaginando o que tínhamos feito. Lembrando de suas mãos passando pelo meu corpo e de como ele me olhava. Só esperava que um dia pudesse finalmente entender o que ele quer e o que ele sente.

Mas não seria tão fácil assim.

Se passaram dois dias desde aquilo. Suzuno parecia mais frio e distante, mas de alguma forma, mais gentil. Ele cozinhou, o que era bom para ambos já que claramente fazia isso melhor do que eu. Não reclamou quando ofereci carona para ele para voltar pra casa depois da aula, e não brigou quando eu demorava 5 minutos no banheiro – enquanto ele ficava lá uma eternidade toda vez que entrava. Mesmo assim, ele não expressava quase nada, e parecia estar sempre pensativo.

No terceiro dia, ele não foi para a faculdade. Não disse o porquê, apenas não o vi lá. Estava sentado no banco que ele costumava sentar para fumar, matando tempo, quando avistei uma figura conhecida passando pelo campus apressado.

Era Fubuki Shirou.

Vê-lo mesmo que a distância me fez lembrar do desenho na parede da antiga livraria, onde Suzuno costumava ficar. E isso fez meu estomago se retorcer. “O que esse cara tem haver com Suzuno?”, me perguntei enquanto me levantava. “Se Suzuno nunca teve um relacionamento homossexual antes, por que então ele tinha um retrato desenhado de um cara da faculdade?”.

E então fui atrás dele, tentando não chamar muita atenção. Tudo o que eu sabia é que Fubuki era da mesma turma de sociologia que Shigeto e Suzuno (cheio de grisalhos nessa turma, hem?), será que eles se conhecem de lá? Será que é por isso que Suzuno não costuma frequentar essas aulas? Será que o que eles tiveram era algo recente?

De repente comecei a me sentir enraivecido. Poderia aquele rapaz de aparência tão doce na verdade ter alguma coisa a ver com o Suzuno fazer algumas coisas tão prejudiciais a si mesmo?

Apesar de pensar que Fuusuke não ia mais aquele lugar nojento desde que foi para minha casa, ainda tinha a sensação de que ele se machucava, se cortava de propósito. Por que eu nunca perguntei a ele sobre isso? Ah claro, por que ele só ficaria mais bravo comigo.

Fiquei tão distraído com meus pensamentos que nem notei o quão rápido estava andando. Quando me dei conta, estava parado no meio do corredor, e Shirou estava parado olhando pra mim um pouco assustado.

— Algum problema? – Perguntou ele.

Apertei os punhos, tentando esvaziar um pouco a cabeça.

— Sim – Respondi – Quero saber qual relação você tem com Suzuno Fuusuke.

Fubuki me olhou confuso, e balançou a cabeça.

— Nunca falei com ele – respondeu o branquelo – Por que essa pergunta?

Dei uma boa olhada pra cara dele. “Como assim NUNCA falou com ele?”

— A gente tinha uma aula juntos uma vez na semana – ele continuou – mas ele só foi uma ou duas vezes e nem nos falamos.

— Eu não acredito em você! – Exclamei perplexo.

— O que foi? – Fubuki ainda continuava confuso, mas parecia estar ficando um pouco irritado.

Agarrei ele pela camiseta, olhando bem fundo nos seus olhos cinzentos.

Fubuki me encarou de volta, como se quisesse me mostrar que não tem medo de mim. Coisa que a pouco tempo atrás era mais do que suficiente para me fazer socar um cara. E talvez eu até tivesse feito isso, se não fossemos interrompidos por outro cara, que chegara por trás de mim e colocara a mão em meu ombro, antes de dizer:

— Nenhum de vocês conhece Suzuno Fuusuke.


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Notas finais do capítulo

Deixa um comentário pra eu saber o que vocês acharam, please!! Qualquer critica, sugestão, xingamento ou.. quem sabe... elogios, são MUITO bem vindos! Obrigada por ler!



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