Sussurros De Uma Suicida. escrita por Aprimorada


Capítulo 8
Capítulo 8 - "Dor" - Magoa.




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A partir daqueles cortes, parecia que tudo era motivo para novos cortes, eu não conseguia me conter. A cada dia que passava, eles aumentavam e foram ficando mais frequentes, eu estava perdida e não tinha noção do que estava havendo. Tudo me magoava, tudo me deixa triste, e eu não sabia porque isso acontecia, porque o motivo de tanto magoa dentro de mim, eu ficava me perguntando.

As vezes parecia que eu tinha superado tudo, que eu estava bem, mas do nada, eu me entristecia, eu chorava, meu peito ficava tão dolorido, que até ficava difícil de respirar. Eu realmente estava tão exausta daquilo, daquele vazio dentro de mim, daquela dor que estava me consumindo. Eu só queria entender o motivo de tanta dor, o motivo de eu chorar tanto, de eu não conseguir ser feliz. E por mais que eu procurasse em cada vestígio de vida, em cada grão de areia, em cada vento soprado, eu não achava, por mais que eu implorasse por isso. Eu continuava a sofrer, a me lamentar, a chorar todas as noites, continuava a abafar o choro no travesseiro, eu continuava por mais que eu não tivesse forças, eu permanecia ali, quebrada, mutilada, estraçalhada, mas eu permanecia, apesar de não aguentar mais o peso que me puxa pra trás, apesar de doer tanto, ao ponto de eu querer morrer, eu continuava.

Eu não sabia o que era mais difícil se era continuar a vagar por aqui, mesmo tendo morrido por dentro, ou era ver que ninguém notava minha presença, notava o quanto eu estava mal. Creio eu que o pior era ninguém notar, é horrível viver assim, sabendo que ninguém nota você, que ninguém se importa, é tão, mais tão doloroso, se ver perdida nesse mundo, olhar para o lado e não ver se quer uma pessoa para ti ajudar.Eu só queria alguém ali, alguém pra me dar uma força, mas não tinha NINGUÉM, não estou sendo dramática, eu estava realmente sozinha.

Passei dias e mais dias assim, faltando pedaços, eu tentava me controlar para não me cortar, mas com o vazio que eu sentia era impossível me conter. Algumas noites seguidas, eu sentei no chão do banheiro já de madrugada chorando, e com a lâmina fazia corte em meus pulsos. Meu pulso começou a ficar irreconhecível e esconder todos aqueles cortes se tornou uma missão.

Me recordo bem, teve um dia na escola, estava muito calor, e lá estava eu com uma blusa segunda pele, de manga cumprida,varias pessoas me diziam: "TIRA ESSA BLUSA.." e eu só dizia com o maior sorriso no rosto que estava doente, que não estava com calor, coisa tão clichés e eles acreditavam, ou pelo menos fingiam acreditar. Meus pulsos coçavam, ardiam, as vezes imploravam por novas cicatrizes e com meus olhos já transbordando eu tentava me manter forte ao meio de todo aquele tormento. Coitada de mim, pensava que aquilo era só uma fase, mas eu me iludi, aquilo, isso é pra vida toda, por mais que eu tente esconder, apagar, sempre terá essas cicatrizes que me mostraram o quanto fui inútil.


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