Sussurros De Uma Suicida. escrita por Aprimorada


Capítulo 7
Capítulo 7- "Dor" - Primeiros Cortes.




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Estava tudo muito complicado, minha vida estava de cabeça para baixo, e isso me consumia muito, eu estava extremamente cansada daquele sofrimento, eu sabia que tinha motivos agora para chorar, mas eu não queria mais, eu queria sequer um momento feliz e eu não conseguia isso, eu continuava triste, mesmo fazendo de tudo para superar tudo aquilo. Tudo estava insuportável, não havia lugar para eu ficar, na minha casa, eram só discussões atrás de discussões, brigas e brigas, eu não aguentava mais ficar em minha própria casa e isso me entristecia ainda mais. Na escola era horrível, tinha que ficar sozinha, pois o pouco de colegas que eu tinha, se afastaram de mim, eu me via sozinha e perdida no meio daquela multidão e ainda ter que ver ele, o Lucas, tão feliz sem mim, me machucava ainda mais.

Passei dias e mais dias desgastantes, noites e mais noites mal dormidas, pensando em como aliviar essa dor dentro de mim, então comecei a pesquisar, e encontrei um tal de "cutting" "auto-mutilação", eu não entendia nada sobre isso, o pouco que sabia tinha lido em uma revista e tinha achado a maior idiotice, eu me perguntava: Como alguém pode fazer isso? Pode se ferir e dizer que ainda ajuda? Eu não entendia mesmo, fiquei lendo sobre isso durante horas, vi vários comentários, dizendo como fazer, como aliviava e tudo mais. E um que me chamou mais atenção, uma garota dizia:

" Me corto, porque não aguento o peso da vida. "

Isso ficou em minha cabeça, eu pensei em me cortar, mas até para isso, eu era covarde de mais, não tinha forças suficiente para me machucar, na realidade eu tinha medo, medo da dor que eu sentiria, medo de como meu corpo ficaria depois que eu me cortasse, eu simplesmente tinha medo, alias tinha medo de tudo. Então fiquei nesse impasse, não fiz nada para diminuir a minha dor e só continuei a reclamar da vida.

Eu estava estraçalhada, mutilada e quebrada por dentro, não sei bem o porquê, eu só me sentia sozinha e triste depois de tudo que havia acontecido. Levantei-me pela manhã e fui caminhando lentamente até o meu banheiro, me olhei no espelho e não me reconheci, eu estava pálida, abatida, sem vida e ao meu reflexo eu perguntei:

– O que houve com você?

Claro que eu não obtive resposta, mas ainda assim eu queria que meu reflexo me respondesse o que havia acontecido comigo, com aquela garota que distribuía sorrisos, que era tão feliz, talvez fosse somente uma fase ruim, somente isso, mas eu não conseguia entender.

Resolvi tomar um banho, alias um longo banho, me arrumei e sai de casa para escola, como sempre me maquiei, aquela maquiagem barata e forte, que conseguia esconder a minha tristeza, quem eu realmente era, coloquei meu sorriso falso no rosto. Essa situação já estava acontecendo há algum tempo, e ninguém notava que eu estava triste e que ao menos havia chorado a madrugada inteira, mas tudo bem, eu não queria mesmo que ninguém soubesse o quanto eu era fraca, inútil e sem valor. Eu passei aquele longo dia me sentindo vazia, e não sabia o que fazer para preencher o buraco de minha alma, eu fiquei relutando contra meus pensamentos, então tomei uma decisão que mudou a minha vida.

Voltei para casa e logo subi correndo para meu quarto, não falei com ninguém, então eu me tranquei no meu quarto, me joguei na cama, e chorei durante horas, e nada aliviou, nada passou, a dor continuou lá intacta dentro de mim. Eu não sabia mais o que fazer, não sabia mais como fazer aquilo parar, e continuei daquele jeito chorando, até que adormeci, só acordei com a minha mãe gritando:

– PAMELA ACORDA! JÁ SÃO 20h0min. A JANTA ESTÁ PRONTA.

Me levantei calmamente, lavei meu rosto e desci, o meu prato já estava na mesa e meus pais já estavam sentados me esperando. Minha mãe tinha essa mania, de querer jantar em família e era a pior coisa, meu pai sempre ficava com uma cara de merda e era insuportável ficar olhando para ele, meu irmão nunca estava lá, sempre estava na rua, então eu tinha que aguentar tudo aquilo sozinha. Minha mãe sempre sorrindo, até me dava enjoo ver aquela mentira, que estava estampada no rosto dela, eu via o quão ela estava triste, então ela começou a falar:

– Como foi seu dia?

– Foi bom – respondi com um desanimo. –

– Você fez o que? –sorrindo dizia ela–

– Nada de mais.

Ela parou de puxar a assunto, pois estava evidente que eu não queria conversa, terminei de comer e logo subi pro meu quarto, fiquei acordada mexendo no computador, creio eu que até umas 2h00min da manhã, somente esperando meus pais irem dormir, então em um momento de desespero, eu fui ao banheiro, tinha uma pequena caixa que tinha algumas lâminas que meu pai deixa para se barbear, peguei a caixa e tirei uma lâmina de lá, posicionei ela em meu braço e fiquei sem coragem e não consegui me cortar, eu continuei sentada no chão do banheiro, que estava tão gelado por sinal, e comecei a lembrar de tudo que até ali estava me magoando e comecei a chorar, chorei tanto que não me contive e em fração de segundos senti a lâmina sendo enfiada em minha carne e senti o sangue quente escorrendo de meus pulsos, eu continuei a chorar, não sabia bem se era pela dor do corte ou pela dor do meu coração, senti um alivio, me senti bem com aquilo, mas depois um arrependimento que me acompanha até hoje, uma dor que sei que corte nenhum resolverá. Sinto pena de mim mesma, por ter sido tão fraca, e ter feito algo que jamais irá me ajudar. Cortar os pulsos não resolve nada, meus problemas continuam, minha dor não passa, mas é um vicio, e ele nunca acaba. Depois de limpar o corte e lavar o rosto consegui dormi, o resto da madrugada.


 

 



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