Over And Over escrita por Factory Girl


Capítulo 2
I DON'T need a new bodyguard!


Notas iniciais do capítulo

Olá vocês!! Eu sei, demorei um bocado pra postar o primeiro capítulo, me desculpem. Entrei hoje especialmente para isso. É que ando sem tempo e, bom, não deu tempo, apesar de eu já estar com o capítulo pronto e maravilhosamente revisado pelo meu amigo Shae aka. Solidão, de eu sequer abrir o Nyah! para atualizar.
Mas nada disso importa, porque eu estou aqui agora, e com um capítulo razoavelmente enorme hahahahaha.
O segundo já está pela metade, mas não posso prometer datas porque não sei que tipo de obstáculos podem vir a aparecer, mas saibam que eu vou continuar a história ok?
Então, sem mais delongas, boa leitura! Vejo vocês lá embaixo...



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9 meses antes, Manhattan, Nova York...
 

- Quantas vezes eu vou ter que repetir? Eu não preciso de um segurança novo! Eu estou bem com Matt...! – protestei pela décima vez desde que Elijah fora ao meu encontro às compras no SoHo e praticamente me arrastara de volta ao nosso apartamento em Upper East, ameaçando utilizar da força caso eu não o fizesse por “livre e espontânea vontade”.

Eu sabia que ele não o faria, porém. Pelo menos não na frente de todos. Dependente como nossa “família” era de manter as aparências, Elijah nunca arriscaria um escândalo no meio de um shopping, e nem eu sentia a necessidade de manchar ainda mais minha imagem com as dondocas, das quais eu, precisava admitir, morria de medo.

Era por isso que tínhamos esperado até estarmos a 25 andares do nível da rua, sem que qualquer fresta de luz natural passasse por entre as cortinas pesadas que cobriam as paredes, quase todas substituídas por vidro, nos dando uma falsa impressão de privacidade. Por que falsa? Simples: era impossível estar em privacidade total naquela casa, não só pelas câmeras que “enfeitavam” cada uma das quinas do teto, como também pelos seguranças, adejando cada porta e cada passagem.

Com as câmeras eu já estava acostumada. Elas estavam ali, registrando cada movimento meu desde que eu me mudara pra cá, mas os seguranças... Esses eram novidade, e eu não podia evitar me sentir sufocada com tanta gente na sala quando aquela era uma discussão que deveríamos ter sozinhos.

Elijah era o mais velho dos cinco filhos de Mikael Mikaelson, prefeito da cidade de Nova York, assim como seu pai antes dele, e o pai de seu pai, e toda a linhagem dos Mikaelson, desde o primórdio dos tempos. Ele assumiria aquele posto algum dia, mas por enquanto, o congresso era o suficiente.

A família era constantemente atacada por palavras e escândalos plantados pela oposição, mas ultimamente os ataques haviam passado de meras afirmações para algo mais físico, vindo de um inimigo mais determinado do que os democratas.

Há um mês e meio, Mikael autorizara algo muito complexo para o meu entendimento tardio, mas que tinha algo a ver com a distribuição de drogas no Bronx. O problema era que, quem quer que comandasse isso, não tinha gostado, e há exatos 32 dias, invadiram nosso apartamento.

Nenhum de nós estava em casa, e os responsáveis haviam sido pegos graças às câmeras de segurança, mas Elijah insistia que não estávamos seguros, e agora contávamos com um séquito de 16 seguranças e 3 guarda-costas.

- Sim, você precisa! Elena, ele estava se aproveitando de você! – insistiu, me fazendo arquejar enquanto entrava na sala de estar, revirando os olhos e atirando os braços para o alto em uma expressão clara de frustração.

- Não, não estava! Elijah, eu caí e ele me ajudou a levantar! Meu Deus, ele só estava fazendo o que você o paga pra fazer! Preferia que ele tivesse me deixado no chão?! – bradei, rindo sem humor.

Sim, tínhamos muitos guarda-costas. Elijah, por si só, tinha 2. No meu caso, porém, encontrar um único e solitário deles se provara um problema maior do que eu poderia imaginar. Ter um segurança, por si só, já era algo que não me deixava realmente confortável. Na verdade, eu detestava ter alguém me seguindo aonde quer que eu fosse, entrando nos lugares antes de mim, vigiando cada passo que eu desse. Era enervante, e eu protestara, afirmando que ficaria bem sem alguém cuidando de mim. Não fui ouvida, nem uma vez sequer, e Elijah insistia em me manter sempre acompanhada.

O problema era que, exigente como era, nenhum deles era bom o suficiente para ele. Todos tinham defeitos, tais como, galanteios inapropriados, que só ele ouvia; insinuações exageradas, que só ele percebia; ou então, sua mais nova acusação: toques abusivos.

- Não, eu preferia que ele tivesse feito o que eu o pago para fazer sem se aproveitar de você! – gritou de volta, e revirei os olhos, cruzando fortemente os braços contra o peito.

- Pela vigésima vez, Matt não se aproveitou de mim em momento algum, assim como, em momento algum, o Número 1 tentou me paquerar, e, em momento algum, o Número 2 propôs que tivéssemos um caso! – Meus novos companheiros iam e vinham com tanta frequência que eu sequer tinha tempo para guardar seus nomes antes que fossem postos na rua, então eu apenas me referia a eles como números. Número 1, Número 2, Número 3, Número 4, Número 7... Eu ainda me lembrava de Matt porque era o atual, e eu gostava dele e de suas tentativas de me fazer rir.

Querer lembrar o motivo pelo qual cada um deles havia sido dispensado também era demais para minha memória atarantada, então eu costumava pegar quaisquer números ao acaso para citar como exemplo no meio de discussões como essa. Era a quarta vez essa semana que brigávamos por aquilo.

- É claro que não! Isso porque, quem insinuou um caso foi o Número 4, e quem paquerou você foram o 3 e o 7 – disse, me fazendo sibilar de raiva. É claro que ele se lembrava de quem tinha feito o que! E de seus nomes também. E de seus rostos também. E provavelmente de suas fichas criminais também! A maneira como Elijah parecia se fixar naquilo, se esforçando para memorizar cada um deles e, sem dúvidas, arquivando seus dados, era quase doentia.

Mas é caro que quem visse sua compulsão por minha segurança já poderia imaginar que nosso relacionamento não era dos mais normais.

- Tudo bem, eu desisto! Você quer demitir Matt? Vá em frente! Demita o garoto, eu não me importo! Mas você precisa parar de ver coisa onde não tem, ou então vamos ficar nisso pra sempre! – bradei, dando-lhe as costas com um ultimo olhar cheio de fúria, caminhando em direção ao corredor, até a porta de meu quarto, a passadas largas e pesadas, fazendo todo o barulho que podia com meus saltos finos, como se isso pudesse ampliar meus atos. Bati a porta com força ao entrar, só pra ter certeza de que ele sabia que não devia vir até mim tão cedo.

Atravessei o grande cômodo branco e azul mais tranquilamente, tentando acalmar minha respiração ofegante depois de mais uma briga, chutando meus sapatos em um canto qualquer pelo caminho e me atirando no centro da cama gigantesca, afundando um pouco na roupa de cama branca como a neve, e fofa como a mesma, encarando o teto, acompanhando os complicados arabescos em azul escuro contra o fundo, imaculadamente branco, como quase todo o restante.

Era enervante, na verdade, toda aquela brancura. Era pra isso que os toques de azul serviam. Para amenizar a sensação de estar em um quarto de hospital, ou presa em um manicômio.

Apesar de tudo, era assim que eu ainda me sentia, vez ou outra. Presa. Iludida com a vista do Central Park, proporcionada pela imensa parede de vidro translúcido que ocupava toda a face esquerda da cobertura. Quando me mudara eu não tinha deixado de perceber que não havia janelas aqui. Não no meu quarto, mas na casa toda. Não do tipo real, que você abre para sentir a brisa da manhã soprar em seu rosto e ouvir os pássaros cantarem, ou no caso, os carros buzinarem. Todas as janelas eram feitas de vidro, blindado e impenetrável, proporcionando utilização da luz solar, agora oculta por nuvens cinzentas, e uma visão perfeita da maravilha viva e verde que tende a ser o Central Park, quando visto da Park Avenue. A falta de janelas que abrissem costumava ser desesperador para mim, mas com o passar dos anos se tornou algo realmente fácil de ser ignorado.

Agora, porém, ao virar a cabeça no travesseiro para observar a incomum paisagem alaranjada, proporcionada pela virada de estações, das árvores incontáveis logo do outro lado da rua, fui tomada por uma sensação desesperadora ao perceber que, apesar de vê-la, através do vidro mais espesso já inventado, eu não era capaz de senti-la.

Quase que inconscientemente, me levantei, caminhando sem olhar em volta até estar completamente grudada na parede, minha mão repousando, inerte, sobre o vidro, escorregando devido ao suor na palma. Forcei-me a mantê-la ali, focalizando cada pequeno detalhe que conseguia enxergar lá embaixo.

Um casal correndo com roupas combinando. Uma babá com um carrinho de bebê e uma outra criança ao seu lado. Um garoto passeando com vários cães de diversas raças, vindo bem de encontro a ela, tentando controlar um cachorro de porte grande que tentava correr atrás de alguma coisa que eu não podia ver...

bang, eles se chocaram! O garoto e a babá. Eles caíram, ambos com a bunda no chão. Não consigo ver se estão rindo ou apenas sem fôlego pelo choque. Ele se levanta, lutando um pouco para recuperar o controle dos cães, cerca de meia dúzia deles, segurando forte as correias em uma só mão enquanto oferece a outra para ajudá-la a levantar. Ela aceita, e se põe de pé rapidamente, voltando-se para o bebê no carrinho cor de rosa, fazendo pequenos movimentos com os braços na tentativa de acalmá-lo. O garoto deve ter dito algo, porque ela se virou para ele abruptamente, apoiando a criança no colo, puxando a outra pela mão para que não se perca no meio das pessoas que continuam a passar.

Os dois passam alguns instantes conversando, antes de ela se voltar para o caminho que estava seguindo, fazendo com que ele faça o mesmo. Mais alguns segundos de conversa. E eles seguem pelo percurso da babá juntos, um ao lado do outro, o neném de volta ao carrinho, os cachorros agora sob controle, e a mão da criança maior sempre grudada à dela. Eles andam até que eu os perca de vista, no meio das pessoas e das árvores, que encobria as áreas de passagem completamente.

Sorri, sozinha na solidão de meu quarto. Mesmo sendo mais ou menos como uma gaiola, pelo menos aqui não tinha câmeras, e eu estava autorizada a fazer o que bem entendesse no único espaço ali onde eu sabia sem sombra de dúvida que tinha total privacidade. Então eu sorri.

Não sabia bem o porque. Provavelmente por conta dos dois, lá embaixo, conversando agora, muito provavelmente, rindo, discutindo o resultado do ultimo jogo entre os Mets e o Yankees*...

Talvez algo mais surgisse daquilo. Daquele encontrão não programado às 10 da manhã de uma terça-feira. Talvez eles se tornassem grandes amigos, e um dia, quem sabe, viessem a se apaixonar um pelo outro. Então eles iniciariam um relacionamento, e dariam tudo de si para que desse certo... E daria! E, alguns anos, ou mesmo meses depois, ele faria o pedido, ela diria sim, e eles seriam as pessoas mais felizes de todo o universo, naquele pequeno instante de certeza do amor que sentiam um pelo outro. Mais um ano, e então eles se casariam. Mais um ano, e teriam filhos. Uma década, e estaria contando essa história para eles; como se conheceram em uma terça, no meio de agosto, logo na entrada do parque, cada qual com seu respectivo emprego, e de como eles caíram, e ele se oferecera para ajudá-la a se por de pé...

Era um belo futuro. Simples, já que nenhum dos dois devia ter muito dinheiro; e cheio de controvérsias, já que havia uma possibilidade de que nada disso acontecesse realmente. Mas ainda assim, será que era pedir demais? Porque, Deus, porque, eu não podia ser como aquela garota? Tão jovem, tão livre, tão independente e desimpedida... Porque não podia ser eu a ter um belo futuro pela frente?

A resposta era realmente simples: Eu não era aquela garota. Eu era Elena Gilbert Mikaelson. Tinha 23 anos, e era esposa do congressista Elijah Mikaelson. Eu não era independente; não era livre; não era desimpedida e, certamente, não era mais assim tão jovem, apesar de ter certeza de que qualquer um me contradiria caso eu viesse a dizer algo do tipo em voz alta.

Era verdade, realmente. 23 anos não era algo muito extraordinário, e eu ainda poderia realizar muitas coisas, porque a vida ainda se estendia, longa e plena à minha frente.
Sim, eu poderia. Não fosse por todo o restante, que me impedia de sequer ir até o outro lado da rua sem alguém em meu enlace.

Eu não era livre. Estava ciente disso desde o momento em que chegara aqui, há 6 anos. Eu sempre estaria presa a Elijah, fosse por gratidão e falta de recursos para morar em qualquer outro lugar, como tinha sido o caso em meu primeiro ano com ele, ou pelos laços do matrimonio, durante os últimos 5.

Era melhor do que ter morrido de inanição, porém, ou ser obrigada trabalhar em um bordel durante todo esse tempo para me manter viva.

E era por isso que eu não reclamava. Não tinha o direito. Eu vivia em uma cobertura de frente para o Central Park, com um cartão ilimitado no bolso para usar sempre que quisesse. Tinha 3 empregados à minha disposição, à qualquer hora do dia ou da noite, e meu próprio quarto, onde dormia quase todas as noites. Elijah vivia me enchendo de presentes, talvez para tentar compensar sua ausência em prol do trabalho no congresso, talvez para tentar me conquistar, algo que sabia não ter conseguido completamente durante todo o tempo em que estávamos juntos. Eu realmente não sabia, mas aceitava todos eles com sorrisos convincentes, e, muitas vezes, verdadeiramente felizes. Ele estava se empenhando, de seu próprio modo, mas estava, e aquilo significava muito para mim, por algum motivo que eu nunca fora capaz de desvendar.

Cruzei novamente os braços contra o peito enquanto dava meia volta, encarando meu quarto.

Era maior do que o necessário, mas eu nunca reclamei. Não gostava muito dele de início, por conta de sua aparência de quarto de hospital, mas com as reformas que eu empreendera pelos anos tinha ficado realmente bom. O teto todo era preenchido por arabescos confusos azuis escuros contra o branco do teto, e a parede atrás da cabeceira de metal branco, moldado para que parecesse vários galhos de árvore sobrepostos apontando diversas direções, era do mesmo tom de azul, assim como a calçadeira de veludo macio ao pé da cama.

As cortinas, grossas e pesadas, possuíam um ou dois tons a menos, e sua cor se misturava ao verde em um tom de azul totalmente novo. O chão era coberto por um carpete marfim espesso, mas grande parte dele era ocultado pelo tapete circular de pelos brancos e fofos, que tomava quase metade do especo total, passando por debaixo da cama e se estendendo até a parede à frente desta, a mais ou menos 5 ou 6 metros, onde havia um escrivaninha de vidro contra a pequena porção de parede/aquário iluminado, com pequenas prateleiras dentro da parede larga, adejando ambas as laterais. “Aquário” porque todo o centro, do chá ao teto, era substituído pelo tanque de vidro cheio d’água e recheado de peixes de cores vivas e vibrantes. “Pequena porção” porque essa parede só ocupava a área de cerca de 2 metros e meio, apenas o espaço necessário para a escrivaninha e as prateleiras, bem no centro do quarto, marcando a divisão com o closet, que possuía facilmente o dobro do tamanho da área da cama, com cabideiros, gavetas, prateleiras e portas de correr ocupando completamente as paredes e duas largas pilastras revestidas com espelhos adejando no centro, calçadeiras revestidas em azul ciello contornando-as, oferecendo apoio.

Entre prateleiras, gaveteiros e cabideiros, portas duplas brancas e simples levavam à suíte imensa e à sua banheira de hidromassagem, usada apenas quando me sentia cansada ou deprimida, como hoje... Ou qualquer outro dia. Não importava, eu adorava aquela banheira, e a aproveitava sempre que podia. Isso era um fato.

Olhei rapidamente para meu notebook aberto, ligado em cima da escrivaninha espaçosa e longa. Não havia nada que eu quisesse fazer ali. Um desvio imediato para o telefone sem fio ao seu lado foi feito por meus olhos, mas também não havia para quem eu quisesse ligar... Então, sem nada para fazer, voltei, relutantemente, à minha posição anterior na cama, deslizando para fora de minhas calças jeans e tirando o blazer vermelho, ficando apenas com a camiseta longa branca me cobrindo, como uma camisola, me arrastando para debaixo dos cobertores macios e aconchegantes, apertando um comando ao lado do abajur na mesinha de cabeceira para que todas as luzes se apagassem, fechando os olhos, torcendo, do fundo de todo o meu ser, para conseguir ter algumas horas de sono. Não era sempre que eu conseguia essa proeza. Na maioria das noites, eu simplesmente me revirava na cama até pegar no sono, e então despertava logo em seguida, aos berros, lutando, como lutara antes para chegar à inconsciência, para voltar à realidade e assim fugir do que tanto me assombrava no mundo dos sonhos.

Fechei os olhos e esperei. Esperei. Esperei. Até que não precisei esperar mais, e então eu não estava mais em meu quarto. Estava presa pelo cinto de segurança, aprisionada na estrutura de metal retorcida e completamente submersa, lutando por ar, forçando minha garganta a soltar gritos surdos, que eram rapidamente substituídos por litro e mais litros de água, sendo sufocada aos poucos...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?? Só pelo Prólogo eu já tive uma ideia da quantidade de leitores que devem ler esse capítulo, e posso dizer que foi BEM mais do que o número de reviews que recebi...
Agora, que vocês já começaram a ver a história de verdade e coisa e tal, será que eu mereço um comentário?
Até a próxima atualização estrelinhas!!



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