– Gostou? – Ele perguntou ofegante. Me sentia muito constrangida para dizer qualquer coisa, virei pro lado e fechei os olhos. Senti ele se aproximar de minha orelha e sussurrar – Sakura... – Ele se moveu sobre mim e colocou seu joelho entre minhas pernas, forçando contra minha intimidade, o que me fez soltar um baixo gemido – Eu quero fazer você se sentir mulher.

– Não! – Foi tudo muito rápido, Madara estava jogado no chão e meus braços continuavam parados, sem reação. Eu não sentia raiva ou ódio, apenas medo. Soltei minha respiração que eu não lembro de ter prendido e me movi para a ponta da cama, de onde eu podia ver ele ajeitando as roupas e coçando a cabeça – Me desculpa...

– Sakura – Sua voz saiu firme, e mesmo de costas, eu sabia que ele não sorria, não que isso fosse anormal vindo dele ou de qualquer Uchiha, eu só acho, que não gosto nem um pouco do rumo que as coisas estão tomando, ele foi mais áspero que o normal, enquanto fala comigo ou com qualquer um. Eu não gosto disso – Me desculpe – Não conseguia acreditar no que via quando ele se virou, tive que limpar os olhos para ter certeza. Madara estava chorando – Sakura me desculpa, eu não sei onde estava com a cabeça, quando eu te vi beijando Itachi eu não sei o que deu em mim... Ciumes, inveja, eu não sei. Mas eu sei que não quero que você fique brava comigo ou qualquer coisa do tipo. Eu realmente sinto muito.

– Idiota – Agora quem não consegue mais conter as lagrimas sou eu – Não se desculpe depois de beijar uma garota ou ela vai achar que você não gostou – Fiz questão de dar um ótimo sorriso, mas não conseguir ver sua reação, afinal, minha visão estava embaçada pelas lagrimas que insistiam em cair. Funguei o nariz e limpei meus olhos. Madara fazia a mesma coisa. Ele se sentou ao meu lado na cama e um silencio irritante se instalou.

Ainda não sei o motivo de tudo isso, tomara que seja apenas ciumes como ele mesmo disse, ou então não sei como vou reagir. Não que eu saiba nesse momento, é claro. Madara é como um irmão, não como Itachi, nem como Sasuke. Um irmão diferente, que eu com certeza não esperava que fosse me beijar, e, por Kami, muito menos que eu fosse gostar. Chega, o que eu estou pensando? Preciso dar um jeito nisso o mais rápido possível, prolongar esse assunto não vai ajudar em nada.

– Se você quiser eu posso esquecer tudo o que aconteceu aqui – Resolvi quebrar o silencio. Olhei pra ele, que me encarava estupefato. Opa, acho que falei alguma coisa errada, e como se lesse meus pensamentos Madara se adiantou.

– Esquecer? Eu não posso simplesmente esquecer, fingir que nada aconteceu sim, agora esquecer nunca – Parece que eu feri o orgulho dele ou alguma coisa assim, eu vi isso no fundo dos seus olhos. Ele arrumou a postura depois de respirar fundo. Agora ele estava serio, quando ele fica desse jeito é realmente assustador – Sakura, eu não sei porquê subi hoje no seu quarto, muito menos porquê te beijei, e sinceramente, se você não tivesse me empurrado, porra, eu não faço a menor ideia de até aonde eu teria ido. Mas eu não vou esquecer, eu não posso esquecer, não o meu primeiro beijo.

Meu Kami, primeiro beijo? Ele vira para o lado totalmente constrangido. Coloco a ponta dos dedos de leve nos meus lábios. Ele está mentindo, só pode, não tem como aquilo ter sido o primeiro beijo dessa criatura, como? Foi tão bom que... Faz com que eu me sinta tão... nojenta. Tão puta.

Abro a boca para tentar falar alguma coisa, mas não sai nada, olho pra ele de soslaio, corado, muito corado. Nunca pensai que veria Uchiha Madara tão corado em toda a minha vida. Ele levantou quase pulando.

– Sakura, desculpe, mas a gente pode continuar essa conversa depois? Ótimo, até mais tarde – Ele saiu em disparada porta a fora. Me deixando com cara de bosta dentro do quarto. Que bom. Mas enfim, não posso fazer nada agora, amanhã vou apenas fingir que nada aconteceu e terminar de esclarecer umas coisinhas com ele.

Deito na cama e fico um tempo olhando pro teto, quando a minha porta é aberta bem devagar e uma cabecinha morena entra meio insegura.

– Sakura-Nee – Ele chama chorão – Eu não consigo dormir – Estendo os braços e ele vem correndo pro meu colo.

– O que foi? Teve algum pesadelo? – Ele nega com a cabeça enquanto eu começo a fazer cafuné em sua cabeça – Quer dormir aqui essa noite?

– Uhum – Eu levanto, apago as luzes e deixo apenas um abajur com a luz mais fraquinha ligada. Deito e ele se aninha em mim como um gato. Puxo o cobertor que nos cobre. Fica parada um tempo só olhando para sua face. Ele está crescendo, já não tem mais feições de criancinha. Logo ele será um adolescente, como Itachi e eu iremos reagir a essas mudanças. Meu Kami, Sasuke está crescendo, ele já tem uma namorada, aposto que só age como criança perto da família. Sei que ele é inocente, muito. Inocente mas não idiota.

Abraço ele bem forte, e beijo a sua testa. Começo a afagar seus cabelos fofos e com cheiro de Johnson's Baby. Ele adormece bem rápido, e eu que estou com sono sei que logo irei acompanhar ele. Mas não antes que alguém batesse na porta.

– Pode entrar – Digo meio que sussurrando para não acordar Sasuke. A porta é aberta e por ela passa Itachi que parece aliviado ao ver um amontoado por debaixo do cobertor.

– Então ele está aqui – Itachi fecha a porta devagar para não acorda-lo. Ele senta na ponta da cama e parece meio pensativo – O que aconteceu?

– Ele não conseguia dormir.

– Algum pesadelo? – Sempre tão preocupado. Ele se deitou ao lado de Sasuke, minha cama é maior que uma de solteiro e menor que uma de casal. Mesmo não conseguindo ver direito, sei que ele está quase caindo da cama.

– Não, acho que só não queria dormir sozinho – Fui um pouco mais pra trás e puxei Sasuke junto. Itachi se acomodou e começou a fazer cafuné junto comigo. Sorri meio boba, ele é tão delicado. Quantos garotos dessa idade deitam junto com o irmãozinho que não consegue dormir direito? Uchiha Itachi é realmente único – Ele está crescendo.

– Serio? Eu não acho – Ele estava falando serio, ele realmente estava falando serio. Meu Kami, que irmão coruja – Parece que ele ainda tem 6 anos. Ele nunca vai crescer.

– Itachi! Ele já tem até uma namorada, durante quanto tempo você acha que vai poder continuar com isso? Uma hora ou outra ele vai parar de falar que está tendo pesadelos. Vai parar de vir deitar comigo no meio da noite. Vai parar de fugir dos banhos da Kaa-sama e sabe-se lá o que mais. – Ele me olha perplexo, mas também acho que me deixei levar e falei de mais. Ele abraça Sasuke com possessão, acho que vai morrer sem ar entre nós dois. Rio.

– Ele vai ser pequeno pra sempre, não vai crescer nunca, não pra mim – Apenas sorrio e reviro os olhos. Não adianta insistir com esse cabeça dura, uma hora ou outra ele vai aceitar. Nós ficamos em silencio durante um tempo. Não era um silencio constrangedor, na verdade, era muito comodo e confortável. Poderio ficar assim pra sempre: No silencio da noite, ouvindo a respiração de Sasuke, acariciando seus cabelos junto com Itachi, batendo meus dedos nos deles de vez em quando, com a luz do abajur que hoje tinha cor de velas.

Fechei os olhos gravando esse momento com muito cuidado nas minhas memórias. Já esqueci de tantos anos e vida, quero que esses pequenos momentos entre família durem para sempre.

– Porque está sorrindo assim? – Abro meus olhos e me viro para Itachi devagar, quero lembrar bem do rosto dele também, quero lembrar que gosto do jeito que a luz alaranjada ilumina sua pele branca. Quero lembrar do jeito que seus cabelos ficam enquanto ele deita de lado. Quero lembrar do calor que aumentou assim que ele se deitou conosco.

– Por nada – Fecho os olhos de novo e acho que vou dormir a qualquer momento. Sinto uma mão grande começar a brincar com meus cabelos. Não abro os olhos. também quero lembrar dessa sensação.

– Sabe – Ele começou meio inseguro – O que aconteceu hoje, ou melhor, o que não aconteceu. Me desculpe ok? Eu não deveria ter deixado que esse tipo de coisa acontecesse, imagina o que pode acontecer se cair no ouvido do Otou-sama que a gente se beijou. Não quero nem pensar.

– Me desculpa também, por ficar parada sem fazer nada. Se eu tivesse armado um barraco tenho certeza de que conseguiria trocar o desafio.

– Mas você não achou que conseguiria fazer isso naquele momento, não é mesmo? – afirmei com a cabeça – Ninguém teve culpa, ok? Só achei que você tivesse se sentido ofendida, vamos apenas fingir que nada aconteceu, por que realmente, NADA aconteceu – Me lembrei de Madara, ele que merecia essas desculpas, eu não fiquei ofendida, mas acho que ele sim. Me lembrei também da expressão de Itachi enquanto fingia que me beijava, ele sim parecia ofendido.

– Mas você que parecia ofendido, não eu – Ele me olhou surpreso. Não me diga que – Itachi, você queria ter me beijado na sala? – Ele virou o rosto meio corado.

– É errado querer beijar alguém que se goste? É errado querer beijar a minha irmã. Então porquê você tem que ser essas duas coisas? Sei que esse contato entre nós é errado, mas sinto como se fosse incrivelmente certo. – Ele me puxa para mais perto, mesmo que com Sasuke entre nós seja difícil não é impossível.

– Devo levar isso como uma confissão? – Digo brincalhona enquanto sinto sua respiração em meu rosto.

– Com certeza. Sakura, eu te amo, mais do que como minha irmã, gosto de você como mulher. Nós somos irmão, mas não de sangue, é uma barreira a se enfrentar? É, mas não é impossível de se ultrapassar.