Hillian

        Acordei sem entender por um instante onde eu estava. Ai senti a respiração de Sirius no meu ouvido e percebi que havia dormido ali. Logo depois veio as lembranças da noite anterior: Tia Dô estava morrendo.

Eu devo ser amaldiçoada, só pode. Primeiro a minha mãe me ignora completamente desde que eu escolhi ficar. Eu era uma criança, tinha só 8 anos. Pra ela a separação pode ser fácil – afinal ela já tem mais de 3 mil anos – mas pra mim foi traumático não ter mais contato com a minha própria mãe e meus outros irmãos. Às vezes me pergunto se ela simplesmente não esqueceu de mim. Afinal são tantos filhos, netos e responsabilidades, vai ver que ela só esqueceu. Esse pensamento não é exatamente mais positivo, mas pelo menos tira um pouco o peso da responsabilidade dela.

Depois, Aretha, minha irmã mais velha. Ela cursou Hogwarts e se casou com um bruxo. Por muito tempo teve uma vida normal aqui. Virou minha mãe e minha amiga. E confesso que ainda estou em choque dela ter ido embora sem ter se despedido de mim. Meu coração pesado as vezes se pergunta se não foi outra coisa. Já li aquela carta tantas vezes a ponto de achar que não foi minha irmã que escreveu, de ser um truque, algo que os Comensais podem ter feito. Até para Charlus escrevi a respeito. Ele pediu para me acalmar, que ele iria investigar. Mas no fundo não sei se é só negação ou minha intuição avisando. Ser abandonada não é legal. 

E agora, Dorea. Minha mãe havia se mudado de Londres para Grodric’s Hollow quando eu tinha uns 8 meses de vida. Fomos para um casarão, para ter mais espaços para as crianças e na nossa frente ficavam os Potters. Dorea e Charlus foram pais tarde, eles tiveram o James por um milagre. Dorea sempre gostou de criança e logo eu e meus irmãos vivíamos na casa dela. Ela amava passar tempo com a gente, e logo o James e nós parecíamos ser da mesma família.  Eu e ela sempre tivemos uma relação especial, e desde que minha mãe foi embora ela assumiu algumas reponsabilidades maternas e virou uma segunda mãe. Ela conversou comigo sobre meninos (ok, minha irmã e o Robert também), ela me incentivou a tentar coisas novas, e a estudar para ser curandeira. Ela morrer agora, era tirar de mim a última referência maternal da minha vida.

Resolvi que era melhor parar de pensar e que está na hora de todos se levantarem, mesmo sendo apenas seis da manhã. Virei então pra acordar Sirius. Ele estava dormindo tranquilamente, eu perdi uns minutinhos olhando ele, depois me aproximei de seu rosto e selei meus lábios nos dele. Ele acordou e começou a retribuir, as coisas começaram a ficar mais intensas – nossas bocas dançavam num ritmo frenético e nossas mãos tentavam acompanhar, ele então começou a dar beijos no meu pescoço e desceu para meu busto, enquanto me virava, ficando em cima de mim. Eu fui também fui beijando seu pescoço, e meus dedos enrolavam o cabelo dele. Era uma sensação maravilhosa e eu queria mais. Mas a gente se animou e sem querer Sirius bateu a cabeça na cabeceira da cama, fazendo um barulhão.

Claro que eu, Hillian Abati Hundoph fiquei vermelha quando Remus olhou de forma acusadora e sonada pra gente, mas Sirius deu um sorriso muito safado pra ele, que me obrigou a bater nele. Ele acha o que? Sou uma garota de respeito! Mas tenho que admitir que no fundo, eu não queria ter parado. De repente tudo estava quente demais. 

James e Lily dormiam juntos, James deitado com a cabeça no colo de Lily e ela deitada sobre ele. Tava fofo e engraçado de se ver, mas também era uma ótima oportunidade de bagunçar. Sirius, Eu e Remus trocamos um olhar maroto. James já havia aprontado tanto para cima de mim, e ali estava uma oportunidade de vingança. Dei um sorriso maléfico.

Contamos até três, enquanto chegávamos perto deles e então gritamos:

—Aguamenti!

Os dois acordaram gritando, mas quando perceberam como haviam adormecido, ficaram vermelhos. Sirius e Remus caíram na gargalhada, o que fez Peter e Frank acordarem.

— Que droga foi isso? - James perguntou, vermelho, não de raiva mas sim encabulado. Pelo visto o feitiço virou contra o feiticeiro, como diz a expressão trouxa.

— Vimos uma oportunidade pra revidar suas brincadeiras idiotas, Veado- Disse Sirius. Ele, por algum motivo que desconheço, chamava James de Veado sempre pra provoca-lo.

— É CERVO! E não teve graça nenhuma! - James respondeu, bravinho. Em geral, ele sempre respondia isso. Sabe é como os apelidos deles: eu aceito e não questiono. Se fosse importante, eles já teriam me contado.

Reparei que Lily estava vermelha, havia pegado o lençol para se cobrir, com o uniforme molhado a sua roupa intima acabava ficando a mostra. Ela estava bem sem graça. Mas vi que ela deu umas boas olhadas para o peitoral de James.

— Então... Prongs, o que você pretende fazer? - Disse Peter, como sempre ele não sabe manter o espírito divertido.

— Eu não sei ainda- Ele disse, sua voz quebrando. Fuzilei Peter, ele tem o dom de ser inconveniente. Ele sentiu o olhar e engoliu em seco.

— Talvez fosse melhor você ir visita-la- Lily sugeriu, ainda embrulhada no lençol.

— É, talvez nós possamos falar com Dumbledore, pra que nós possamos ir vê-la no próximo fim de semana, afinal já somos todos maiores de idade, certo? - Falei, afinal se James for eu também vou.

— É uma boa ideia Hilly- Ele disse, feliz, apesar de tudo.

— Bem que tal irmos comer agora, hein? - Disse Peter, esfomeado como sempre. Ele só pensa em comida. Nunca entendi o porquê os meninos ficaram tão amigos dele. Ele parece se aproveitar de como os outros três são inteligentes e fortes. Mas eu também nunca tive coragem de expor meus sentimentos em relação a ele. Não cabe a mim julgar.

— Ok, meninos, vão para o banheiro- Lily falou, sem graça mas autoritária.

— Por quê? - Sirius questionou, ele e os outros encaram a ruiva sem entender.

— Alôooo! Eu estou toda molhada! - Ela falou, gesticulando para o corpo. O lençol estava ficando molhado também, e dava para ver que seu sutiã era branco, ou seja, logo, daria para ver coisas demais...

James não conseguiu não olhar. Quando percebeu o que fazia, virou o rosto, todo vermelho.

— Vamos- Ele falou para os outros meninos. Vi Lily, secando com o olhar o peitoral do meu irmão, então ela viu o meu olhar malicioso, e foi sua vez de corar. Ela começou a se levantar, mas tropeçou, James que estava entrando então no banheiro, percebeu o que acontecia e a segurou, fazendo que ela cair em cima dele. Os meninos olharam pela porta do banheiro, e todos nós começamos a rir.

Não sei quem estava mais vermelho, mas nenhum dos dois fez questão de sair da posição em que se encontravam, até Remus limpar a garganta, para chamar a atenção de Lily. Ela saiu correndo, e fui atrás dela. É acho que minha amiga não vai segurar a barra de fingir que não está a fim do meu irmão por muito mais tempo.

Quando cehgamos no banheiro do nosso vestiario, vi que ela estava com uma cara de desespero. 

— Lily, foi um acidente, não é para tanto - Eu falei, ajudando ela a se secar. Ela olhava para mim, quase que em choque. 

— Hi, eu.... ai meu Merlim.... -Ela tava quase chorando. Coloquei minha mão nos ombros dela, e fiz ela se apoiar na cuba da pia.

— Eu sei, Lily. Tá tudo bem - Eu disse olhando para minha amiga.

— Sabe?

— Sei

— Como eu deixei isso acontecer? - Ela parecia não acreditar. Sorri, minha amiga tá apaixonada por James. A profecia se cumpriu

— Desde quando a gente manda no que sentimos Lily? Você acha que eu queria me apaixonar por Sirius? - Falei, ela me olhava desesperada

— O que eu faço?