Sirius Black

             O Final de domingo foi estranho. Nós chegamos no final do almoço, e as meninas estavam lá, comendo. Sentamos perto delas. Foi estranho ver Lily cumprimentar James amigavelmente. Depois de ter comido um pouco, Hillian que estava a minha esquerda sussurrou no meu ouvido "Preciso falar com você". Ai, meu Merlin, o que ela quer? Por que temos que conversar? Suspirei, e concordei. Vamos ter que ter essa conversa de qualquer jeito, então que seja.

Com isso, falei pro pessoal que ia com a Hilly no corujal pra ela enviar uma carta, ninguém desconfiou porque as normas da escola desde 5º ano eram que alunos devem ir em dupla a todos os lugares, para segurança contra o idiota do Voldemort. Apenas James lançou um olhar significativo para mim. Ao invés vez disso, fomos pra uma saleta escondida atrás de uma tapeçaria no 3º andar. Essa é uma das melhores coisas de ser um Maroto: ter conhecimento de locais "secretos'' em Hogwarts. Tinha um sofá, ela parou na frente dele.

Ela me encarou, e logo ficou vermelha. Eu engoli a seco. Era exatamente por isso que eu não queria me envolver com ela. Como vamos ser amigos agora? Como vamos nos tocar fraternalmente sabendo da química que temos? Como vou poder agir como antes, com outras garotas, sabendo que eu quero Hi...? Sabendo que o beijo dela é melhor do que de todas?

—Sobre o beijo...- Comecei. Mas parei, pois não sabia o que dizer. Senti minha bochecha corar, algo que nunca havia acontecido antes por um motivo como esse.

—Ah, desculpe por aquilo... não resisti- Disse ela numa voz mínima. Também parecia sem saber como falar.

—Oh, ah, foi bom na verdade- Não ia dizer que era o melhor, ia parecer mentira para ela.

—Eu também gostei- Admitiu com um sorriso. Sorri um pouco. Ela me encarou séria.

—Sirius, eu realmente.... gosto de você— Completou ela num sussurro, e abaixou a cabeça. Ela parecia triste e desconfortável por admitir.

Isso mexeu comigo. Lá estava a minha melhor amiga, a garota mais legal, a rockeira rebelde que não tinha relacionamentos com os alunos de Hogwarts porque queria encontrar um motoqueiro trouxa, ou um astro do rock. Ela estava ali, admitindo que gostava de mim...de verdade. Fiz a única coisa que vinha na minha mente: Dei um passo até chegar nela,  levantei a cabeça dela com a mão e a beijei. Beijei de um jeito novo e especial, como nunca tinha beijado antes. Até porque nunca havia sentido aquilo antes, foi louco, simples assim. Ela retribuiu o beijo, agarrando-me pela gola da minha camisa, me fazendo sentir o coração disparar como nunca. Sim, estou falando muito essa frase "como nunca." Talvez porque nunca tenha sentido o que sinto por Hillian, seja o nome que for do sentimento.

Soltei-a e a olhei, ela ainda estava muito perto de mim. Seus olhos pareciam brilhar mais que nunca.

—Hilly, eu também gosto de você de verdade... mas não sei se sou algo bom para você- Admiti, sem folego depois do beijo. Minha mão esquerda segurava seu ombro direito.

Ela olhou para mim, parecia um pouco nervosa.

—Eu sei que você acha que não é bom para mim- Ela disse devagar, finalmente, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— Mas eu...eu a-gosto disso assim Sirius Black- Ela disse pausadamente passando a mão em meus cabelos. Um arrepio passou por mim quando ela fez isso. Eu não sabia o que fazer. Tudo que eu queria era beija-la novamente, beijara-la por todas as vezes que eu quis e não o fiz nos últimos tempos.

—Eu sei que você é um galinha, e que as meninas ficam em cima de você. Sei também que ainda não superou a mor... o que aconteceu com a Cristine- Continuou. Pausa, ela continua com a mão no meu cabelo. Meu coração ia a mais de um milhão agora. 

— Mas eu quero você Sirius Black, sempre quis, eu acho, mas só agora está realmente claro. - Com isso ela me beijou suavemente. Meu coração acelerou freneticamente. Retribui o beijo, torcendo para que nunca tivesse que me separar dela. O beijo foi tão natural, tão sincero.

—M-mas Hillian, eu não seria um bom namorado....- Disse depois do beijo. Minhas mãos seguravam o seu quadril. 

—Eu sei- Ela falou sorrindo, como quem ia aprontar.

— Não vamos namorar....- Contou, numa voz marota, digna de James Potter.

—Não? - Questionei. Ok. Não entendo mais nada agora. Garotas e suas lógicas loucas.

—Não... para os outros. -Ela disse, dando um sorriso malicioso. Um estalo ocorreu na minha mente.

—Quer dizer escondido? - Perguntei, começando a entender a ideia. Sorri. Ela assentiu.

—Sim, vocês não fazem isso com Remus?- Ela disse, num tom meio sonso.

—Bem, eu não namoro Remus, né? Eu só o ajudo quando ele está doente- Respondi, fazendo graça.... Ela sabe que eu e James ficamos com Remus, mas ela acha que nos apenas fazemos companhia a ele na Ala Hospitalar, não que perambulamos por Hogwarts e muito menos que Moony tem um pequeno probleminha peludo. Hillian riu. Seu riso soou como música para meus ouvidos.

— Sim, não vamos contar pra ninguém, até saber onde isso pode ir.... Se nos sentirmos confortáveis assumimos o namoro, se não.... Acho que aos poucos voltaremos ao que éramos antes- Ela disse confiante. Nossas mãos agora estavam entrelaçadas e eu sentia uma corrente elétrica ali.

Gostei da ideia. Claro, vai ser difícil guardar segredo para o Prongs, mas era melhor do que um monte de críticas em cima de nós. Assim posso ver se dará certo, é melhor que essa situação de sentimentos que estamos há um ano.

—Tudo bem-Concordei, sorrindo.

—Tudo bem- Ela repetiu, rindo. E nos beijamos. Agora ela agarrava meu cabelo, enquanto eu segurava sua cintura firmemente. Ela abriu um pouco a boca, dando passagem para a minha língua, e eu comecei a explorar lá dentro, nossas línguas se tocavam como se estivessem numa batalha sem fim. Sentia a minha respiração, assim como a dela, ambas muito descompassadas. Meu coração parecia estar no ritmo de corrida mortal. Nunca o senti tão disparado. Tudo o que eu queria era compensar o tempo perdido. 

Passamos o resto da tarde naquele sofá, grudados, conversando sobre o que teríamos pela frente naquele ano, nos acariciando e nos beijando da forma que eu secretamente queria a muito tempo. A verdade é que o plano era bem ruim, a chances de eu estragar tudo eram gigantescas, mas eu só queria estar com ela mesmo. 

Só voltamos para a Torre da Grifinória na hora do jantar. Nossos amigos esperavam por nós. Lily perguntou o porque de tanta demora, com aquele olhar acusador que ela olha pra gente há alguns meses já. Hilly disse que depois tinhamos ido conversar, o que passou como normal para todo mundo. Afinal desde do nosso quinto ano que costumamos nos esconder em algum lugar do Castelo para desabafar. 

No inicio todo mundo achava estranho, achava que a gente tava se pegando (como o mundo da voltas, não é). Mas a gente só ficava sentado tendo conversar profundas, ou então tentando fazer o outro se sentir melhor, quando tudo estava muito pesado.... Depois pareceu que todo mundo entendeu a nossa conexão. 

Engoli a seco de pensar o que vai ser quando eles descobrirem que agora as coisas mudaram. E não pude deixar de perceber como eu estava louco para poder mostrar que havia mudado. É esse plano já nasceu estragado mesmo.