Dama Da Noite escrita por HanyouNee


Capítulo 49
Um Louco


Notas iniciais do capítulo

Prepare o seu coração, para as coisas que vou lhe contar... Odeio cantar essa coisa, mas é culpa do meu professor de matemática (era tipo o presságio de uma desgraça e.e). Feriados e fins de semana realmente me são um saco, atrapalha totalmente o ritmo de postagem ás sextas, mas aqui estou eu, na terça de madrugada, sem vontade de dormir mas sabendo que tenho uns 120580723981 trabalhos para fazer. A vida é bela, meus caros.



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–Qual o motivo de eu estar indo com você mesmo?

–Eu lhe disse, você está louco.

–Mas por quê?

–Por causa dos assassinatos.

Minha teoria era de que o inconsciente agressivo de Sebastian despertava enquanto eu não estava por perto. Para algumas garotas isso poderia até soar amável ou coisa assim, mas ele literalmente enlouquecia sem mim. E então pessoas acabavam sendo mortas, algumas de maneira brutal.

Relutante e ainda um pouquinho envergonhada pelos acontecimentos que se deram mais cedo, segurei a mão dele e a apertei. É o mínimo que posso fazer depois do que vai haver, logo, logo.

Quando chegamos, entrego todos documentos para a sra. Blackwood e ela me olha estranho ao vê-los, mas mesmo assim consente e me dá uma chave. Eu já tinha conversado com ela sobre o assunto, por isso as coisas estavam preparadas. Mas ainda sem dizer uma palavra, conduzo-o pelos corredores, abro uma porta e nos sentamos na cama de um quarto branco e comum.

–Então, o que estamos fazendo aqui?

Respiro fundo. Aquela parte seria a difícil. Me sinto uma droga. Não consigo deixar de pensar no porque de eu estar fazendo isso com ele. Mas penso que é para o melhor dele. Parece algo egoísta. E talvez o seja mesmo.

–Sebastian, este é... seu quarto agora. Você vai ficar aqui, o dia todo, durante os próximos meses, até que melhore. –E com isso quero dizer até que os nove meses se completem e o Guardião dele esteja pronto para reprimir esses surtos de agressividades irracionais.

–Não!

Eu apenas continuo falando como se não tivesse ouvido. Eu não quero ouvir. As palavras, a expressão, o tom de voz. Tudo nele me machuca agora. Eu estou o quebrando por dentro, pisando nos seus pedacinhos, ao mesmo tempo em que faço o mesmo comigo mesma por estar fazendo isso com ele.

–Amanhã tratei suas coisas para cá. Roupas, livros e o que mais você quiser. Tudo o que precisar. Você ficará aqui. Não há outra opção. –Egoísta e idiota. Claro que tem outra opção. Eu deveria largar tudo para ficar com ele, mas eu não acho que possa, afinal alguém tem de sustentar nós dois. É um pensamento idiota, mas é a ele que me agarro agora.

–Não, não, não. Não posso ficar sem você. Não vou matar ninguém. Vou ser bom, prometo. –Ele pede, me abraçando forte. Queria acreditar no que diz, mas ele não podia controlar aquilo. –Não me deixe aqui.

–Você precisa ficar. É o melhor a ser feito.

–Avery, não. Por favor, por favor...

–Não torne as coisas ainda mais difíceis do que já estão sendo. –Olhei-o direto nos olhos escuros e perturbados. –Eu também não gosto disso. Nem um pouco. Mas é a melhor opção que consigo ver agora. Não quero que você mate, que tenha ainda mais sangue em suas mãos. E se você fosse apanhado... Seria muito pior.

Quatro anos atrás ele me irritava e provocava, tinha um olhar altivo e orgulhoso, era dono de várias coisas, tinha poder. Foi certo tirar tudo dele? Nem ao menos perguntei “Ei, é isso que você quer?”. E outra vez me encontro aqui, sendo egoísta de novo. Agora ele é só um humano , é fraco e não tem nada legitimamente seu. Ele tem a mim. E eu o estou deixando.

–Faça uma coisa para mim, apenas uma, por favor. –Ele suplicou. –Venha me ver. Todo dia. Sempre que puder.

–Prometo. –Menti, para o tranquilizar.

Me levanto e caminho para a porta. Por enquanto ele está são, mas quando eu a fechar pode não estar mais. E nem eu. Quando ele se vira para me ver partir, ouvimos o barulho das correntes que eu havia lhe posto. Me sinto ainda pior. O olhar dele é um misto de confusão e angústia. Bato a porta, pensando que eu poderia me livrar daquele sofrimento.

Jean me espera do lado de fora, sério. Ele sabia da maior parte das coisas que estavam acontecendo. O garoto me abraça e os sentimentos que ocultei de Sebastian enquanto eu falava, aquelas palavras duras, saem de mim na forma de soluços e lágrimas constantes.

–Eu... e-eu... fiz o certo, não fiz?

–Você fez o que tinha de ser feito, maninha.

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Eu não estava cumprindo com minha promessa. Disse que iria vê-lo. Não fui. Nenhuma vez sequer. A senhora Blackwood me dava algumas notícias e eu as ouvia com atenção, sem saber se ela o faz para me torturar ou se está tentando apenas ser solidária. Ela me dizia que ele chamava pelo meu nome. Perguntava por mim, falava que queria me ver, ficava me esperando, olhando fixamente para a porta.

Com o passar do tempo, ela me disse que ele havia parado de falar, que agora apenas passava o dia todo sentando, encarando a porta, esperando. Me esperando.

Meus amigos questionavam porque não o viam comigo mais. Jean não dizia nada, embora ele soubesse, claro. Eu mentia dizendo que ele havia viajado. Mentiras, mentiras e mais mentiras, uma sobre a outra. É só isso o que digo ao meus amigos ultimamente. Isso me desagrada profundamente.

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Dois meses se passaram. A sra. Blackwood dissera que ele estava bem e que agora eu poderia vê-lo se quisesse. E, claro, eu fui. Apenas mais algum tempo para acabar com aquela tortura de dias vazios e sem propósito, em que eu chego no apartamento vazio, me deito e fito o teto ao invés de tentar dormir. Dúvidas e perguntas me atingiam em cheio. Eu me perguntei o que ele faria ao me ver.

O percurso até o quarto dele pareceu se estender mais e mais, só que consegui chegar. Hesito ao abrir a porta. Muita coisa girava na minha cabeça, pensamentos inquietantes. Andy os afastou e me incitou a entrar logo.

Com um misto confuso de emoções, giro a maçaneta e abro a porta devagar. As coisas dele estavam ali, o quarto não era mais o que eu me lembrava. Vasculho tudo com o olhar, á procura dele. Entro meio relutante e analiso as possibilidades de esconderijo, caso ele esteja se escondendo, mas não encontro nada. Isso até que afasto as cortinas.

–Ah, meu Deus, meu Deus. Como foi que não vi antes?! Eu devia ter procurado pelas correntes primeiro!

Andy tremula ao meu lado, fitando as janelas. Ele havia conseguido afastar as barras de proteção uma da outra, se livrara das correntes e passara por ali. Já devia ter pulado o muro e estar longe. Sabe-se lá como ele conseguira fazer uma coisa dessas.

–Procure por ele! –Digo á ela, antes de sair correndo do quarto. Como fui estúpida mantendo Andy perto de mim ao invés de a deixar cuidando dele. –Jean! Jean! –Grito, ao encontra-lo no corredor. –Sebastian fugiu! –Passo por ele, continuando a correr, ignorando a expressiva regra de não fritar no corredor. –Fique aqui, vou achar ele!

Vou indo por todos os lugares que passamos juntos, perguntando para qualquer um, se o viram, o descrevendo. Ninguém sabe, ás vezes pensam que sabem, me apontam direções, me olham estranho, sigo sem saber se as pessoas estão certas ou erradas, se realmente o viram ou se estão enganadas.

Quinze minutos depois de muito procurar e correr, meu celular toca. Ansiosa e apressada, primeiro eu me assusto, em seguida me atrapalho ao atender. Era um número desconhecido. Atendi, receosa.

–Avery. -Uma voz rouca e entrecortada soa no meu ouvido.

–Quem... quem é?

–Sou eu... Gabe...

Passei meu número para ele? Ah, sim... Foi quando nos encontramos na casa de meu pai, ele disse que estaria na cidade. Eu raciocino rápido, quase quicando de ansiedade.

–O que foi?

–Alguém... acho que um cara... foi rápido, não vi direito... Eu fui pego e... estava escuro... –Ele fala devagar, como se estivesse tentando se lembrar, o que me deixa mais ansiosa. –Eu fui... esfaqueado no peito...

–Onde você está? –Questiono-o. Ele praticamente me sussurra o endereço do hospital, com uma voz fraca. –Ah, meu Deus. Estou indo, Gabriel. –Desligo e começo a correr outra vez. –Tem como ficar pior? –Pergunto, para ninguém em especifico, talvez mais para mim mesma, antes de minha sorte agir e eu sentir um pingo no rosto. Chuva. –Ótimo...

“Achei ele” Andy me sussurra um pensamento, quase me matando de susto. Instruo ela a conduzi-lo para o hospital onde Gabe está, para que possamos nos encontrar lá. Meu Deus, Sebastian o esfaqueou, tenho quase certeza.

Quando chego no quarto de Gabe, encontro ambos ali. Os dois se viram para me olhar, como se eu fosse maluca. Nem quis saber o que viam, eu estava encharcada, sabia disso. Ele me diz que teria de fazer uma cirurgia, passara perto de ter uma artéria importante cortada. Como diabos ele podia estar tão... tranquilo mesmo após quase ter morrido?!

–Sebastian... –O encaro, com seriedade. Não estou feliz com a situação, nem um pouco.

–Tudo bem, eu entendo. Vou ir embora. Você não vai me ver mais. Vou parar de te causar problemas. –Ele passa pela porta e desaparece.

Gabe não estava entendendo. E nem poderia entender. Ele não sabia quem provavelmente quase o havia matado. Até eu fiquei levemente surpresa com a atitude de Sebastian e o que ele disse.

–Quem é aquele cara? –Pergunta.

–Meu... meu namorado. –Respondo, encarando o chão e a poça de água aos meus pés, com vergonha.

–Vocês brigaram?

–Acho que sim... É uma situação delicada.

–Vá atrás dele. Eu vou ficar bem.

Ele não precisava dizer mais de uma vez. Pedi desculpas e corri para a chuva, seguindo as instruções que Andy me dava para acha-lo. Em um beco pequeno, vazio e escuro, como era de se esperar, envolto pelas suas sombras, que faziam companhia para ele.

–Me deixe aqui.

–Não.

–Eu só causo problemas para você.

–Não.

–Devia me matar e acabar com isso logo.

–Sebastian...

–Me deixe. Eu vou morrer aqui.

–Olhe para mim, por favor.

Dois meses o tinham mudado, tanto quanto a mim também. Seus olhos continham dor e aquilo me atingiu com uma força brutal.

–Não diga isso. Não diga nada dessas coisas. Você é muito importante para mim, muito mesmo. E o que eu sinto é tão estupidamente incomensurável que nem consigo descrever.


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Notas finais do capítulo

Nossa, hein, altas tretas nesse capítulo. Estamos chegando no que eu digo ser o melhor capítulo dessa parte 03 e estou ansiosa para que isso ocorra. Mas agora... tenho que postar Ensine-me a Amar antes que um certo leitor me ensine como morrer e.e



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