Because, I Love You. escrita por


Capítulo 6
Perdidos.


Notas iniciais do capítulo

Me deu um insight e eu resolvi escrever, estava inspirada :)



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Olhei em volta mais uma vez, eu não conhecia aquele bairro, acho que tinha me perdido.
- Hurum. - pigarrei  O Tony tirou o chapéu do rosto e me encarou, como se sugestivamente perguntasse o que eu queria. - estou perdida. - admiti. 
- Logo se vê. - ele murmurou irritado. 
- Todo mundo se perde uma vez na vida Antony! - parei o carro em uma rua deserta, já se pasava das três da tarde, eu estava com fome e tinha perdido a aula, ótimo. 
- Todo mundo não assistente social. - ele abriu a porta do carro. - eu não me perco! - ele sorriu ironicamente e bateu a porta do carro, pulei no banco. 
Qual é? Quem nunca se perdeu no primeiro dia de emprego? Tudo bem, não é o meu primeiro dia de emprego, mas era o meu primeiro dia sendo assistente social dele. Eu podia, não podia?
- Ei! - sai do carro e o segui, Antony estava sentado no meio fio e tinha acabado de acender um cigarro, puxei o mesmo de sua mão. - não pode fumar. - eu o adverti. 
- Você é sempre chata assim? - ele perguntou mal humorado. 
- Na maioria das vezes. - sussurrei irritada. Ele me encarou. 
- Ah qual é? Você nunca fumou? - ele perguntou tirando outro tipo de cigarro do bolso. 
- Não! - gritei assustada. 
- Um baseado? Nunca? - ele me mostrou, bati em sua mão, o baseado rolou no chão e antes que ele pudesse pegar caiu dentro do bueiro, sorri. 
O Antony me encarou e sua expressão passou de choque para vermelhidão em cinco segundos, achei que ele ia gritar comigo, ele apenas sorriu e contou baixo até cinco.
- Não grite. - ele sussurrou. - Não grite. Você me deve setenta e cinco reais. - ele afirmou irritadiço. 
- Você ia fumar! - eu disse o encarando. - você quem me deve um obrigado. 
- Eu ia. - ele se levantou. - e você não tem nada haver com isso. - Antony saiu irritado indo em direção ao meu carro e sentou no capô com força. 
- Garoto... - eu murmurei parando na sua frente. 
- Faz um favor pra mim? - ele perguntou escorregando do capô e me encarando.
- O que? - perguntei curiosa. 
- Fica lá ó. - ele apontou pro outro lado da rua. - bem longe de mim. - ele me empurrou. 
- Esse é o meu carro! - eu disse alto. 
- Tudo bem, só me deixa em paz! - ele disse mais alto ainda. Sentei do seu lado no capô do carro e suspirei alto. 
A presença do Tony era inquietante, parecia que ele queria dizer algo, mas nunca dizia, ficava sub-entendido. 
- Olha... - ele bateu no capô e jogou a cabeça pra trás.
- Um minuto de silêncio. - ele sussurrou. 
- Precisamos sair daqui. - eu desci do capô. 
- Você nem sabe onde está! - ele disse dando a volta no carro e me empurrando pro lado. 
- O que você vai fazer? - perguntei atônica. 
- Dirigir, não está obvio? - ele entrou no carro e fechou a porta. - você não vem? - ele perguntou sorrindo ironicamente pra mim, dei a volta e entrei no banco do passageiro. 
- Você tem carteira? - perguntei quando ele acelerou o carro. 
- Não, mas faz alguma diferença? - o encarei chocada e ele piscou entrando em uma avenida movimentada. 
- Eu posso tomar uma multa Antony, pare esse carro! - ordenei. 
Ele parecia não me ouvir, seus dedos tamborilavam no volante e ele cantarolava baixo uma música da Maria Gadú. 
- Eu estou falando com você. - eu disse o olhando.
- Eu estou te ignorando. - ele parou no farol. 
- Ainda podemos chegar para sua consulta... - eu disse olhando o relógio.
- Eu não sou louco. - ele disse segurando o volante com força. 
- É só uma consulta. - afirmei baixo. 
- Eu não quero ir nessa consulta, eu já fui outras vezes. Eles vão falar a mesma coisa: "Ele é um jovem desequilibrado que não encontra o seu caminho na nossa sociedade, devemos tentar introduzi-lo nela... Olha temos ótimas vagas aqui, os remédios não são fortes, você só precisa assinar ele formulário e família dele autorizar e ele pode ficar aqui por quanto tempo o tratamento dele durar..." - Tony sussurrou baixo pra mim. - já fui internado uma vez. 
- Eu não vou assinar nenhum formulário Tony. - eu disse incrédula. 
- Psiquiatras são persuasivos Ana. - e pela primeira vez ele disse meu nome. Me encostei no banco quieta, não tinha palavras para falar nada. Nem queria também. 
Então assim o silêncio se estabeleceu por um longo momento, dirigimos por quase uma hora sem qualquer destino, Antony tinha razão. Todos queriam provar o quanto ele era louco, só por ser diferente. 
- Não tenho a mínima ideia de onde estamos Ana. - ele parou o carro em uma rua deserta. 
- Você dirigiu tudo isso para não saber onde estamos? - perguntei indignada. 
- Eu nem sei como você conseguiu chegar lá Ana Schultz! - ele repetiu meu nome com certo nojo. 
- Eu estava seguindo as placas. - murmurei irritada. 
- Placas. - ele rolou os olhos. - você segue placas. 
- Elas estão aqui para indicar o caminho! - bati a mão no banco do carro com força. 
- É claro! - ele gritou. - e se tiver uma placa dizendo que é para você pular do penhasco que aquele é o caminho para Hogwarts, você pularia? - Antony disse ironicamente. Suspirei irritada. 
- Ogro! - eu disse virando o rosto para a janela. 
- Não adianta me xingar, me empresta o seu telefone. - ele estendeu a mão. 
- Eu não trouxe. - eu disse baixo. 
- Você não trouxe o seu celular? - ele gritou irritado. 
- Não! - eu disse o encarando. 
- Meu Deus! - ele murmurou muito irritado. 
- Oh santo Antony, cadê o seu celular? - perguntei ironicamente. 
- Eu não tenho celular, odeio qualquer tipo de meio de comunicação que pareça pra mim um chip onde qualquer pessoa pode te achar. - balancei a cabeça em sinal de curiosidade. 
- Você é o único adolescente no mundo que não tem celular. - ele sorriu ironicamente. 
- Eu sou um jovem normal Ana! Normal. - ele repetiu pausadamente. 
- Não, com certeza não! - virei o rosto pra janela de novo. 
- Ok! - então ele tentou ligar o carro, o motor funcionou alguns segundos e logo em seguida parou. Antony tentou mais duas vezes e nada, na terceira eu gritei:
- Chega! - ele me encarou assustado. 
- O que? Eu quero sair daqui. 
- Não vai funcionar mais, deixa o motor ficar quieto por alguns segundos. - ele soltou o volante. 
- Isso se essa lata velha funcionar de novo. - ele murmurou. 
- O que? - perguntei alto. 
- Esse carro, eu nem sabia que ele ainda existia. - ele deixou a cabeça cair no volante. 
- Ótimo, então saia dele! - ordenei. 
- Com prazer. - Antony saiu do carro fechando a porta com força, tranquei a mesma e fiquei o olhando ir embora.
Eu tinha duas chances, ou ir com ele ou ficar e esperar meu carro pegar. A segunda alternativa era mais segura, porém sabe lá Deus que horas que meu carro voltaria a pegar. Abri a porta do carro, saltei dele e ativei o alarme correndo atrás do Antony. 
- Me espera! - gritei quase o alcançando. 
- Ué, não vai ficar dentro do seu carrinho? - ele perguntou acendendo um cigarro. 
- Não. Vamos procurar ajuda. - eu disse puxando o cigarro de sua boca e pisando no mesmo. 
- Qual o seu problema com o meu cigarro? - ele perguntou irritado. 
- Faz mal a saúde. - eu o olhei. 
- A saúde é minha! - ele gritou. 
- A sua fumaça pode atacar a minha asma. - eu sorri.
- Você é insuportável. - ele apressou o passo. 
- Ei? - gritei. Ele olhou para trás. 
- O que? - ele perguntou rispidamente. 
- Primeiro as damas. - passei na sua frente, ouvi um suspiro pesado atrás de mim. 
O silêncio prevaleceu na primeira meia hora de caminhada. 
- Vamos parar. - pedi já respirando pesado. 
- Porque? - ele perguntou sério.
- Estou cansada. - afirmei. 
- Tá. - eu sentei no meio fio respirando pesado. 
- Compra uma água pra mim? - pedi. Tony me olhou. 
- Minha carteira ficou no carro, me dá dinheiro? - ele me encarou.
- Minha bolsa também ficou no carro. - afirmei indignada. 
- Só pode ser brincadeira. - ele disse irritado e sentou do meu lado. - hoje não é o meu dia. 
- Nem o meu. - sussurrei irritada. 
- É tudo sua culpa. - ele disse tirando o chapéu e coçando a cabeça.
- É culpa das placas. - eu disse baixo, em seguida caímos os dois na risada. 
- Isso só não é melhor do que eu caindo no seu capô. - ele me encarou, retribui o olhar e acabei sorrindo. 
- Com certeza. - Tony riu e olhou pro chão, encostei a cabeça nas suas costas. 
- Deve ter um telefone público por aqui. - ele disse baixo.
- Talvez. - sussurrei em esperança, ele levantou e estendeu a mão pra mim. 
- Vem? Eu te levo nas costas. - eu sorri. 
- De cavalinho? - perguntei animada. 
- Só até aquela esquina. - ele cerrou os olhos pra mim, sorri de lado e me levantei subindo nas suas costas, assim fomos procurar um telefone público. 


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Notas finais do capítulo

É noís de novo, u-u



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