POV Ana.

Eu o vi entrar na ONG quase meia hora mais tarde, não falei nada, ele sentou na cadeira e apoiou os braços na mesa me olhando.
– Oi. - ele disse sorrindo.
– Oi, você quer deixar registrado que isso é por livre e espontânea vontade? - eu disse entregando a ele um papel para que ele assinasse, ele me encarou e segurou o papel encostando na cadeira e colocando os pés em cima da mesa, cerrei meus olhos. - é só assinar Antony! - eu disse irritada.
Ele riu e me encarou.
– Meu pai disse que eu sempre devo ler algo antes de assinar, fica quietinha se não vou ter que começar a leitura de novo. - ele piscou e voltou a leitura.
Suspirei alto e bati em seus pés que caíram no chão fazendo barulho, ele suspirou.
– Ok, vou assinar. - ele disse pegando a caneta e quando ele ir escrever, ele me encarou. - e se eu não assinar? - ele perguntou sorrindo.
– Assina, logo. - eu disse pausadamente, ele deu de ombros e fez um rabisco me entregando. - isso é sua assinatura? - perguntei chocada.
– É bonita né? Ninguém consegue copiar. - ele piscou cheio de si. Rolei meus olhos e me levantei da mesa, ele se levantou junto e parou na minha frente. - quantos anos você tem?
De repente as mãos dele estavam acariciando meu rosto e colocando meu cabelo pra trás, eu admito, jamais tinha sido tocada dessa forma, nem pelo meu namorado, Josh. O seu hálito estava doce, não tinha cheiro de cigarro, só de trident de morango e a voz dele era tão doce, apesar da sua idiotice, ele era tão lindo, você podia ver a beleza por entre os cílios.
– Ei. - voltei a realidade.
– Oi? - ele perguntou baixo.
– Sou sua assistente social. - me afastei dele.
– Beleza, mas quantos anos você tem? - ele perguntou sentando na berada da mesa.
– Dezessete. - ele me encarou e então sorriu.
Eu podia descrever com destreza como ele sorria, as covinhas que se formavam nas bochechas e seu sorriso transparecia nos olhos, a coisa mais linda que já vi. Ele conseguia sorrir com os olhos e seu corpo todo parecia um imã, ele era lindo. Um dos garotos mais lindos que já vi. Então ele tirou o chapéu e seus cabelos caíram sobre seus olhos, eram meio lisos e cacheados, lindos. Ele mexeu neles os colocando para trás e meus dedos coçaram para segura-los.
– O que foi? - ele perguntou corando ligeiramente.
– Não está acostumado com as pessoas te avaliando? - perguntei o encarando.
– Você não estava me avaliando, estava fazendo qualquer coisa menos me avaliando. - sorri de lado e então comecei a andar para fora da ONG.
– Vamos, você tem consulta com o psiquiatra. - sorri.
Ele suspirou alto e colocou o chapéu de novo, pensei em protestar, o cabelo dele era tão lindo... Daqueles cabelos gostosos de olhar. Não falei nada.
– Eu não sou louco. - ele sussurrou me seguindo.
– Veremos. - sussurrei abrindo a porta do meu carro para ele entrar.
Ficamos o tempo todo em silêncio, o Antony olhava a paisagem e eu não me atrevi a abrir a boca, até agora.
– O que aconteceu? - perguntei séria. Ele me encarou. - com você, o que aconteceu? - ele abriu a boca pra falar.
– Sou um jovem naturalmente problemático sem causa. - ele sorriu amarelo.
– Diga Antony, o que aconteceu... - ele fez uma pequena careta.
– Tony, me chame de Tony. - ele me corrigiu.
– O que aconteceu Tony. - corrigi minha frase.
– Nada. Porque está perguntando isso? - eu o encarei.
Tony mexeu no chapéu e encostou a cabeça no banco.
– Quando chegarmos, você me avisa. - então aquele era o fim, ele não iria dizer o que aconteceu e tão pouco conversar comigo. Ótimo Ana, ótimo.