KRISTEN P.O.V

            Depois que eu contei tudo para o Orégano ele parecia ter enlouquecido. Eu sei que essas desilusões machucam, por experiência própria, mas ele não estava agindo como uma pessoa desolada, ele estava insano. Eu vi o ódio no seu olhar, eu mesmo considerando ele um banana fiquei com medo. Quando ele começou a me perseguir eu realmente fiquei com medo, por sorte eu consegui escapar, porque eu tenho aquela “atração” para que as coisas darem errado, que eu poderia ter caído na escada ou coisa parecida.

            Agora eu estava com um pouco de remorso, eu tinha feito tanta coisa para ele, coisas ruins, coisas que quando aconteceram comigo eu senti a dor. Na verdade, dor foi uma coisa que nunca passou. Eu achei que estaria anestesiada por todos esses anos, mas ficar com o Orégano foi especialmente doloroso, se a Victoria não tivesse se rendido em tão pouco tempo eu não sei se teria aguentado legar essa mentira a diante. Eu sentia tanta repulsa pelo Michael que somente os “genes” da minha mãe devem ter me segurado para não passar mal toda vez que tinha que estra com ele.

            Agora isso já era passado, eu estava no carro do Laurent, que se disponibilizou a me dar uma carona para o aeroporto. Em pouco tempo chagamos, a única pessoa que eu tinha para me despedir era o Laurent, que afinal sempre foi um bom amigo. Estava torcendo para que desse tempo de embarcar antes que o Orégano descobrisse que eu tinha desligado os cabos da bateria do carro dele. Me dirigi ao balcão da empresa aérea do meu voo para a Austrália e pedi:

            – Você poderia trocar esse voo para a Austrália por um voo para Los Angeles?

            – Um momento, vou consultar o sistema!

            Minutos depois eu estava com minha passagem na mão, esse tinha sido meu melhor plano, eu fiquei com o Orégano, afastei a Victoria dele como o “Sr. Orégano” me pediu. Em troca eu consegui as passagens, mas eu escolhi Austrália, pois Renée não me deixaria ir para L.A. Mas como tudo o que eu queria, e o meu coração implorava, era ir para lá, então troquei a passagem. Não só a passagem como também todo o intercambio e a vaga na faculdade. Eu ficaria na casa da Alice. Até aí eu tinha tudo esquematizado, o que aconteceria depois eu não sabia.

            Entrei no avião e me acomodei, estavam preparando as coisas para levantar voo, as aeromoças começavam a dar as explicações, então me lembrei de desligar o celular. Ao tirá-lo do bolso vi que tinha uma mensagem não lida. Era do Orégano então apaguei sem ao menos ler. Não queria mais perder tempo com isso, agora eu estava indo em busca do meu amor. Eu estava como uma fugitiva, mas não importava, eu fugiria para o fim do mundo se eu pudesse vê-lo novamente.

MICHAEL P.O.V

            Tentei várias vezes ligar o meu carro, mas ele não funcionava de jeito nenhum, como eu não entendi de mecânica fui obrigado a acionar o seguro, quando a equipe de reparo chegou já tinha se passado duas horas da saída da Kristen, nem adiantava segui-la hoje.

            Meu pai teria que me dar explicações quando voltasse, e a Kristen, nos voltaríamos a nos ver um dia, e ela iria lamentar por ter feito isso comigo.

Então mandei uma mensagem para deixá-la ciente:  “Ainda vamos nos ver, por enquanto eu esperarei, mas um dia eu terei minha vingança!”.