A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 11
Capítulo 11 - Regras idiotas


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários, eles me deixaram muito feliz mesmo. Me perdoem pela demora e por não respondê-los, estou com muito pouco tempo!
Espero que gostem!



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-Não quero ser estraga-prazeres, mas tem algo que preciso conversar com você, Bree. Posso falar outra hora também, se quiser. A conversa está agradável e interessante, não quero estragar isso.

-Tudo bem, Carlisle. Pode falar, o que foi? – perguntei curiosa.

O loiro demorou um pouco a responder, o que atraiu a atenção de todos os presentes na sala. Todos estavam em silêncio, quando Carlisle respirou fundo outra vez e disse, numa voz séria:

-É sobre os Volturi. Bree, eles querem ver você.

(...)

O ambiente ficou tenso imediatamente, e eu também. Senti meus ombros se retesando, e imagens de Jane me torturando e Felix me matando povoaram minha mente rapidamente. Fiquei apavorada, como há muito não ficava.

Edward, que conseguia ver tudo o que eu pensava, disse cauteloso:

-Bree, pare de pensar nisso.

-Não consigo – sussurrei, minha voz ficando mais apavorada à medida que eu imaginava Felix quebrando meu pescoço.

O leitor de mentes saiu do sofá e correu até mim, pondo as mãos nos meus ombros e os sacudindo levemente.

-Fique calma. Não sabemos se é o que vai acontecer, se é assim que vai terminar.

-Consegue ver outro final? – rebati assustada. Os olhos vermelhos de Jane me perseguiam.

-Jasper – pediu uma voz preocupada, que reconheci sendo a de Esme.

Eu já soube o que aconteceria, antes de Jasper controlar o ambiente e uma onda de calma me invadir. Fiquei inspirando profundamente, várias vezes, mesmo meus pulmões não precisando do oxigênio. Era simplesmente uma tática para acalmar, desde humana.

-Desculpe – murmurei envergonhada, sentindo os olhares de todos sobre mim.

-Não se preocupe – Edward sorriu, soltando meus ombros gentilmente. – Não vamos desistir de você tão facilmente.

-Eles vão ter uma briga se tentarem, eu garanto! – Emmett emendou, empolgado e fazendo um sinal de positivo para mim.

-Eu normalmente brigaria com ele por ser tão desafiador, mas desta vez vou apoiá-lo – Esme abriu um sorriso acolhedor, deixando seu rosto ainda mais belo.

-Eu também – concordou Rosalie, com um leve sorriso.

Alice afagou meus ombros, apesar de não ter dito nada. Seus olhos estavam desfocados, e concluí que ela estava atenta à decisão dos Volturi. Eu já ia dizer algo, agradecer pelas palavras, quando quem eu menos esperava se pronunciou:

-Você é uma irmã mais nova boa para brigar e encher, por isso também não vou deixar encostarem em você.

Encarei Jasper, surpresa. Ele deu de ombros.

-Não sou tão horrível quanto pareço.

-Te protegi por muito tempo, para deixá-la agora. Pode contar comigo – Fred falou, me surpreendendo também.

-Bree, admito que as chances são pequenas, mas não pense que iremos simplesmente entregá-la para morrer. Vamos lutar por você – continuou Carlisle.

-Por que vão arriscar suas vidas por mim? – perguntei, sem entender. Eles iam lutar contra os Volturi? Por mim? Por quê?

Foi Alice, do meu lado, quem respondeu, saindo subitamente do transe.

-Porque é uma de nós, é uma Cullen. E tenho novidades – emendou, disparando os olhos para Carlisle.

-O que eles decidiram?

-Estão um pouco ocupados, o nome deles está comprometido. Os vampiros estranharam a falta de ação dos Volturi, sendo que um bando descontrolado matou centenas de pessoas em pouco tempo e não fizeram nada quanto a isso. Eles já mataram outros bandos por muito menos, e com esse só agiram quando nós os matamos.

-Então estão ocupados tentando recuperar a boa pose, e apagar essa falha da história – concluiu Carlisle, parecendo aliviado. – Quanto tempo?

-Uma semana, pelo menos – respondeu Alice, com um largo sorriso.

 -Uma semana? Para quê? – eu e Fred perguntamos ao mesmo tempo, sem entender porque todos pareciam mais tranquilos.

-Eles vão levar uma semana para te procurar de novo – disse Edward. – Até lá, temos algum tempo para planejar uma saída sem confrontos.

-Precisaremos de bons argumentos, mas a sorte está ao nosso favor. Os Volturi estão preocupados com essa história toda, por isso as chances de eles serem “compreensivos e bondosos”, perdoando a Bree, são maiores. Se fizerem isso vão sair como os pacíficos e corretos – concluiu Alice, revirando os olhos.

-Isso é bom, vai nos ajudar. Mas e quanto a Jane?

A pequena Cullen fechou a cara.

-Ela está me preocupando um pouco. Teremos que ficar atentos, Jane está com raiva e pode tentar matar a Bree se os Volturi a liberarem. Se isso acontecer, ela será cuidadosa e fará de tudo para não atrair a culpa para eles.

-Jane é boa nisso – observou Carlisle, frustrado.

-Se ela tentar, estaremos lá para impedi-la – assegurou Jasper. – Vamos todos.

-Concordo, Jasper.

Ficamos em um silêncio pensativo, até que me pronunciei:

-Então posso ficar sem medo de morrer por uma semana?

-Sim, querida – respondeu Esme.

-Ah, mas isso é ótimo! – soltei, aliviada, fazendo todos olharem para mim outra vez. – Ah, desculpe.

-Pare de se desculpar por tudo! – Rosalie me repreendeu, tranquila.

-Desculpe. Não, não foi o que...

-Pare de ser chata, Rose – disse Alice, se levantando. –Eu e Jas precisamos caçar, alguém quer ir conosco?

-Eu vou – Edward também se levantou, seguido de Esme. – Fred, gostaria de ir também? Sei que você já caçou, mas tenho muita curiosidade sobre esse seu dom e gostaria de tentar lutar – propôs, desafiador.

-É claro – o outro topou, imediatamente.

Após se despedirem, saíram Alice, Jasper, Edward, Fred e Esme do quarto. Rosalia e Emmett também saíram, provavelmente queriam passar algum tempo juntos. Carlisle foi o único que ficou, mas apenas para dizer:

-Fique tranquila essa semana, Bree. Aproveite e não fique preocupada. Prometo que iremos tomar conta de você, e faremos o possível para salvá-la.

-Obrigada, Carlisle – disse, do fundo do coração.

 -Já vou indo, também preciso caçar. Até mais tarde – sorriu e saiu, fechando delicadamente a porta.

Assim que me vi sozinha no grande quarto, vasculhei o closet até achar algo não chamativo e troquei de roupa, colocando uma calça jeans, botas e uma blusa azul de mangas longas. Eu queria sair, dar uma volta e quem sabe encontrar o Seth?

Não sabia por que, mas queria muito vê-lo novamente e não faria isso com as mesmas roupas do dia anterior. Não que eu ligasse, afinal nunca tive mais do que poucas mudas de roupa a vida toda. Mas como todos os Cullen estavam sempre impecáveis e arrumados, eu não queria ser a ovelha negra da família.

Família. Minha Família. Os Cullen.

Como a península de Olympic está quase sempre debaixo de uma cobertura de nuvens, o dia não estava muito claro. Já era pouco mais que sete da manhã, e uma chuva fina caía do céu. Eu não sentia frio, mas acabei pegando um agasalho apenas para não manchar a blusa e deixar Alice desapontada.

Saí de casa, cobrindo meu cabelo com o capuz do agasalho. Fiquei aliviada ao respirar fundo e não sentir nenhum cheiro humano por perto, seria muito ruim acontecer um imprevisto justo agora que as coisas pareciam um pouco mais calmas. Corri até a fronteira quileute, e ao chegar novamente chamei Seth. Para o meu alívio, ele apareceu segundos depois, na forma humana.

-Bree? – perguntou, parecendo um pouco confuso e satisfeito ao mesmo tempo.

-Oi, Seth – cumprimentei timidamente. –Desculpe incomodá-lo. Sam passou meu recado?

Ele assentiu, sorrindo.

-Agora há pouco. E não se preocupe, você não incomoda.

-Ah. Obrigada – murmurei, ainda mais tímida.

Fiquei sem saber o que dizer, e ele também não. Após alguns segundos tensos e silenciosos, decidi quebrar o silêncio:

-Você está ocupado?

-Não, por quê? – perguntou curioso.

-Gostaria de dar uma volta comigo? – chamei, totalmente envergonhada. – Não sei direito o que vim falar para você, acho que só queria conversar.

Ele demorou meio segundo para responder.

-Claro – e sorriu.

Sorri de volta, e Seth ficou me olhando, paralisado. Antes que eu pudesse perguntar o que era, ele disfarçou a expressão e perguntou:

-Onde quer ir?

-Eu não sei... algum lugar que não seja dos territórios demarcados. Isso poderia dar um grande problema.

-É verdade – concordou, e ficou pensativo por um segundo. – Ah, já sei!

-Onde?

-Se seguirmos a linha que separa os dois territórios, tem uma montanha no final. É um lugar muito bonito, tem vista para o mar. Fica bem no meio de La Push e o território dos Cullen – disse animado, e fui incapaz de não ficar animada também. Seth era contagiante!

-Então vamos!

Fomos andando devagar, pois ele estava na forma humana, mas não me importei. Não tinha pressa, apenas queria aproveitar a companhia dele. Para a minha surpresa, não ficamos sem assunto por muito tempo. No começo, estávamos tímidos e quietos, então tentei iniciar um diálogo amigável:

-Obrigada por ter me defendido, mais cedo. Mesmo que não era uma luta para valer, obrigada.

-Pensei que ele estava te matando, e fiquei preocupado – admitiu.

Não consegui segurar as minhas palavras.

-Por quê?

Seth me encarou por um momento, para depois responder olhando para frente.

-Não sei. Simplesmente fiz.

Eu não soube o que dizer, por isso repeti:

-Obrigada.

Para não ficarmos em um silêncio constrangedor outra vez, perguntei por que ele estava em Vancouver à noite, e ele confessou que estava me vigiando. Afinal, se eu matasse algum humano, Seth seria o culpado por ter me deixado passar.

-Desculpe por isso – murmurou, constrangido. – Eu não teria deixado outro vampiro passar.

-Então, por que me deixou passar? – perguntei curiosa.

Aconteceu o mesmo de segundos atrás: ele me encarou e depois virou, constrangido.

-Não sei também. Só senti que você estava falando a verdade, e confiei em você.

Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, Seth mudou de assunto, perguntando se eu estava gostando dos Cullen. A partir daí foram surgindo os assuntos; a luta dos dois bandos, o que aconteceu para eu me tornar da família, que não tinha me visto pois estava em outro lugar, e algo que me surpreendeu: ele havia matado Riley!

-Está falando sério? Você matou Riley?!

-Assim você me ofende – brincou, e depois continuou contando – Sim, fui eu. Só é uma pena não poder dizer que acabei com ele totalmente sozinho, porque tive uma pequena ajuda de Edward numa hora – resmungou, frustrado e me fazendo rir. – Mas tirando esse momento, fui eu quem o matou.

-Então você e Edward se dão bem?

-Não somos muito amigos, mas confesso que ele é o vampiro que mais me dou bem. Tivemos uma boa sintonia nos ataques, e ele foi até legal.

-Para um vampiro – brinquei. – Ao que parece, são poucos os vampiros e lobisomens que não tentam se matar.

-Ah, também não é assim. Vivemos em paz há muitos anos, sabia? E até conseguimos conviver surpreendentemente bem nos treinos e nas lutas.

-Mas nada de amizade ou um contato mais próximo – concluí, pesarosa. – Parece uma regra.

-Bom, nós somos uma exceção à regra então – disse ele, alegremente.

Pisquei, surpresa.

-O que quer dizer?

-Até agora nós nos demos bem, não é?

-Sim, mas... somos amigos?

Ele deu de ombros, parecendo envergonhado.

-Acho que já te considero uma amiga, ou quase isso, mas entendo se...

-Não – eu o interrompi. – Não foi o que quis dizer. Acho que também já te considero um amigo, ou quase isso. Só me pergunto se os outros vão aceitar nossa amizade. Não é algo muito comum.

Novamente, Seth deu de ombros.

-Não ligo se não aceitarem. Não somos crianças, e a vida é nossa. Qual é o problema de sermos amigos?

-Queria que fosse fácil assim, que não tivesse uma espécie de regra impedindo – suspirei.

-Alguém precisa mudar isso, não é? – disse sorrindo.

Eu o olhei, surpresa com a tranquilidade do garoto e com sua fé que tudo iria dar certo. Sua presença me confortou, e por fim acabei concordando.

-É, tem razão. Alguém precisa mudar esses preconceitos idiotas.

Chegamos ao final do caminho, onde estava a tal montanha, e nos sentamos na borda. Nossos pés estavam suspensos no ar, com o mar milhares de metros abaixo de nós, onde as ondas encontravam as paredes rochosas da montanha. O sol já estava alto no céu, deixando as águas brilhantes.

Ficamos ali, sentados vendo o mar, por várias horas. Conversamos o tempo todo, ele contava como era sua vida e eu como era a minha. Claro que ambos evitamos assuntos “proibidos”, como táticas de luta de algum dos lados ou algo que pudesse ser usado em uma futura guerra entre vampiros e lobisomens. Mas fomos sem preocupações ou problemas, simples amigos conversando.

Lá era bem alto, por isso nada de nuvens para cobrir o belo sol que batia em mim com frequência. Toda vez que acontecia Seth olhava para mim e para minha pele brilhante, e fazia algum comentário engraçado e nada ofensivo. Me fez rir várias vezes, com o jeito tranquilo de ser. Não me arrependi em nenhum momento de estar lá, mesmo que fosse, de certa forma, errado.

No fundo eu sabia que não era certo. Vampiros e lobisomens eram inimigos por natureza, mesmo que em algumas ocasiões acabavam sendo quase pacíficos um com o outro. No entanto, já era uma tradição manter a maior distância possível entre as duas espécies. Fiquei pensando nisso, enquanto conversávamos e o tempo passava.

Seth era um garoto muito legal, engraçado e divertido. Ele não tinha preconceito contra vampiros, e tudo o que Emmett ou Jasper diziam parecia não se aplicar a Seth. Nervoso? Perigoso? Impulsivo e facilmente irritável? Eram adjetivos que eu nunca usaria para definir o quileute, mesmo com poucas horas de convivência.

Ele me fazia bem. Me fazia esquecer dos problemas, dos Volturi e de minha possível morte dali a uma semana. Quando eu estava com Seth, nem lembrei da vida difícil que tivera, do buraco grande que era a falta de Diego, e de como tudo podia a qualquer momento acabar.

Pela primeira vez desde que entrara para a família Cullen, não pensei no meu tempo de vida ou em como doía lembrar de Diego.

Como algo que me faz tão bem pode ser errado?


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