My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 24
Tudo Errado


Notas iniciais do capítulo

Hey! Mais um capítulo. Que rumo será que a fic vai tomar depois do capítulo anterior? Dúvidas vão começar a ser esclarecidas. Espero que gostem e boa leitura! :DD



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Tinha amanhecido. Eu estava na porta, dentro de casa, só olhando o céu azul. Não queria arriscar ficar fraca novamente me expondo ao sol. Tony ainda dormia lá no quarto. Eu passei a noite inteira só olhando para ele. Depois de um tempo eu saí e fiquei zanzando pela rua. Voltei quando o sol estava prestes a nascer. E agora estava parada ali pensando.

Algum tempo depois resolvi sair para comprar algo para o Tony comer. Tinha uma padaria não muito longe dali, eu iria e voltava rápido. Podia me esforçar um pouquinho. Eu já estava de roupa, então saí. Eu tentei andar o mais rápido possível, mas não tão rápido porque tinham pessoas pela rua.

Cheguei à padaria e comprei um saco de pão, comprei queijo e presunto e algumas bolachas doces que eu sabia que o Tony gostava. Comprei também um suco de caixa e fiz o caminho de volta para a cabana. Quando estava mais perto, passei a correr, estava começando a me sentir mal. Eu cheguei e entrei nas pressas. Larguei as coisas em cima da mesa e me sentei no chão.

Era engraçado que só o sol parecia fazer efeito sobre o meu corpo. Quando eu ficava exposta a ele, eu me sentia cansada e enjoada. Era como se o sol não me quisesse lá fora, porque ele esbanja vida e eu morte. Me deitei e fechei os olhos. Nem percebi que o Tony tinha aparecido ali. Ele se ajoelhou ao meu lado preocupado.

– Joy, o que aconteceu? – Ele perguntou.

Eu abri os olhos e só balancei a cabeça. Eu não tinha ficado exposta por muito tempo, então já estava ficando melhor.

– Você saiu nesse sol?

– Eu fui comprar umas coisas pra você comer. – Eu disse.

Ele viu as coisas em cima da mesa depois balançou a cabeça de um lado para o outro e sorriu. Eu me levantei, mas percebi que não estava tão bem quanto pensava. Que droga que o sol fazia com os vampiros, viu.

– Eu só preciso... – Eu comecei a dizer, mas parei na mesma hora.

Tony ficou sério, e eu fiquei envergonhada. Tentei me levantar novamente, mas fiquei tonta.

– Você precisa de sangue, eu sei. – Ele falou.

– Não, não preciso. Vou ficar bem.

Ele ficou em silêncio me observando. Eu estava muito constrangida. Tony foi até o quarto por um instante, e me deixou sozinha. Eu praguejei comigo mesma por estar nessa situação. Quando ele voltou, eu fiquei rígida. Podia sentir o sangue dele mais forte que antes. Ele se aproximou e eu vi um corte em seu pulso. Arregalei os olhos.

– O que você está fazendo? – Sussurrei.

– Anda Joy. – Ele disse. – Bebe.

Ele colocou o pulso próximo ao meu rosto. Minhas presas cresceram imediatamente. Tony se assustou e se afastou um pouco, mas depois se recuperou e continuou decidido. Eu virei o rosto. Não podia fazer aquilo com ele. Tony segurou meu queixo e virou para olhá-lo.

– Você tem que ir embora, devem estar preocupados. – Eu falei com a voz rouca.

– Eu vou ficar o dia inteiro com você se não beber logo. – Ele disse.

– Você não sabe o que está dizendo.

Eu vi o sangue escorrendo pelo pulso dele. Minhas presas continuavam lá, prontas para se cravarem na pele dele.

– Joy, faz isso logo. Você precisa.

Eu precisava e não ia conseguir resistir mais. Mas me esforcei um pouco e recolhi os dentes pontudos. Tony franziu a testa.

– Eu vou beber, mas sem morder você. – Eu disse. Ele suspirou, mas aceitou.

Eu segurei o pulso do Tony e o levei até minha boca. Comecei a chupar o sangue. Tão quente e tão gostoso. Minhas presas queriam crescer e entrar nas veias dele, mas eu não deixei. Beber assim era estranho e mais devagar. Como se um humano bebesse água como um cachorro. Mas eu estava começando a me sentir melhor. Afastei o braço dele e me levantei.

– Você não tomou quase nada. – Ele falou.

– Já é o bastante. Estou ótima. – Eu disse.

Eu fui até o armário no quarto e peguei alguns curativos. Limpei o corte que o Tony tinha feito no pulso e enfaixei. Ele ficou me olhando, enquanto eu não tinha coragem de olhar nos olhos dele.

– Tem uma geladeira ali. – Ele disse. – Guarda essas coisas lá.

Eu dei um sorriso de leve concordando.

– Joy, acho que tem coisas que precisamos... esclarecer, não é?!

Eu balancei a cabeça. Realmente precisávamos falar sobre coisas, sobre descobertas que essa noite juntos tinha trazido...

Eu esperei, imaginando que ele fosse dizer algo, mas nós dois ficamos em silêncio. Senti que ele tinha ficado constrangido e eu fiquei também.

– É só que... essa noite... – Ele começou a dizer.

– Não foi o que você esperava... – Eu meio que afirmei.

Ele me olhou com um pouco de medo e receio.

– Não, Joy, é só que... – Ele não soube como explicar.

– Tony, eu sei.

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro e passou as mãos pelos cabelos.

– Eu não sei por que isso está acontecendo agora. – Ele disse.

Concordei. Não pude evitar dar um sorriso debochado. Levantei as sobrancelhas.

– Uma vida inteira de certezas que desmoronaram em uma só noite. – Falei.

Mas pensando um pouco mais, vi que não tinha sido em uma noite apenas. Desde que eu fui levada pelo Marcus tudo mudou. Foi mudando dia após dia.

Tony não disse mais nada e nem eu. Ficamos um tempo, cada um, com os próprios pensamentos.

– Eu tenho mesmo que ir. – Ele falou.

Ele disse para nos encontrarmos na noite seguinte de novo. Eu concordei. Depois ele saiu, um pouco incerto sobre como devia se despedir, apenas deu um beijo em minha testa. Eu fiquei sozinha na cabana.

Eu não podia sair antes do anoitecer. Então fui para o quarto e me deitei na cama. Ainda podia sentir o cheiro do Tony espalhado por lá. Fiquei deitada olhando para o teto e minha cabeça numa luta de confusão. Pensar no que tinha acontecido entre mim e o Tony na noite passada tinha clareado bastante minha cabeça. E a do Tony também, ao que parecia.

E depois, beber o sangue do Tony, a que ponto eu tinha decaído? Isso era completamente errado. Ele não deveria se submeter a isso só porque eu precisava. Eu era uma vampira agora, mas ele continuava sendo um caçador. Se descobrissem o que tinha acontecido, ele poderia ser banido, no mínimo.

As horas foram passando e finalmente anoiteceu. Eu dei uma última olhada para a cabana, saí e tranquei a porta. Eu teria que ficar com a chave. Coloquei no bolso da calça e comecei a seguir o caminho de volta para o covil.

Quando estava perto de chegar, comecei a ficar nervosa. Fazia um dia inteiro que eu não via o Marcus. E quando eu saí de lá, o clima tinha ficado pesado entre nós. Mas eu não podia fazer nada. Uma hora eu teria que voltar mesmo. Quando percebi, já estava parada na entrada. Tinham vários vampiros saindo. Eles se afastavam de mim rápido. Eu os ignorei e entrei.

Lá no grande salão tinham alguns vampiros se preparando para ir caçar. Eu estava tão frustrada que se tivesse uma estaca naquele momento, mataria o primeiro vampiro que minha mão encontrasse.

Não pude evitar procurar o Marcus por ali, mas não o vi. Não sei se fiquei grata ou decepcionada. Quando estava indo para o meu quarto, vi aquela vampira vadia que estava transando com o Marcus no dia anterior. Ela lançou um sorriso debochado para mim e depois começou a falar algo para outros perto dela. Me segurei mais uma vez para não avançar e acabar com ela.

Eu saí do salão e fui para o quarto. Entrei e fiquei encostada na porta por um minuto. Olhei ao redor do lugar. Quando meu olhar chegou até a cama, não consegui deixar de pensar quando fiquei com o Marcus ali. Dei um grito baixo de frustração. Não quis me sentar na cama, então sentei no chão mesmo e me encostei na parede.

Eu confesso que fiquei esperando o Marcus aparecer a qualquer momento lá no quarto. Mas o tempo foi passando e nada dele. Pensei em ir até o quarto dele, mas eu ainda tinha meu orgulho e não ia me humilhar indo lá.

Para meu alívio, muitas horas depois, quando estava perto de amanhecer, ele veio. Ele entrou no quarto e fechou a porta. Fiquei nervosa no mesmo instante. Quando eu olhei no rosto dele, vi que tinha manchas de sangue. Ele tinha saído para se alimentar, e parecia que tinha bebido muito sangue. Fiquei séria. Ele me olhou de cima, sua expressão vazia.

– Teve um bom dia? – Ele perguntou.

– Ótimo. – Respondi com desdém.

Ele balançou a cabeça concordando.

– Consigo sentir o cheiro daquele caçador em você. E do sangue dele também.

Ainda bem que minha pele não demonstrou, mas eu teria ficado vermelha se pudesse. Não consegui continuar olhando para ele, estava constrangida. Mas notei um tom de irritação na voz dele e me obriguei a encará-lo. Dei um sorriso cínico.

– É, tivemos uma noite bem agitada. – Falei.

Vi a expressão dele mudar para raiva. Ele cerrou o maxilar e chegou mais perto de mim. Eu me levantei do chão para ficar cara a cara com ele.

– Espero que você tenha aproveitado bastante, pois foi a última vez que você saiu daqui. – Ele disse.

Eu fiquei sem fala. Arregalei os olhos sem acreditar no que ele estava falando. Estava indignada. Eu abria e fechava a boca sem conseguir falar. Me recuperei quando vi ele sorrindo.

– Você ficou louco? – Falei. – Eu vou sair quando eu quiser e você não vai me impedir.

Ele riu.

– Vamos ver. – Ele disse e se afastou.

Eu sabia que não teria chance. Mas não ia aceitar aquilo tão facilmente. Comecei a apelar.

– Eu vou ficar com fome? – Perguntei.

– Se for preciso, vai.

– Você não pode fazer isso, Marcus! – Eu estava quase gritando.

Ele só ficou me encarando, rindo da minha cara. Eu não consegui segurar minha língua.

– Você está com ciúmes, não é?! E sabe que essa é a única forma de me impedir de ver o Tony.

Ele arregalou um pouco os olhos, ficou surpreso com a minha ousadia. Até eu tinha ficado surpresa quando aquelas palavras saíram de minha boca. Ele demorou a voltar a falar.

– Ciúmes? – Ele falou baixo. – O que você está querendo dizer com isso?

Eu apertei os lábios. Idiota, pra que eu fui falar aqui. Idiota! Fiquei calada.

– Não sei o que você pensa que está acontecendo entre nós, caçadora, mas me deixa esclarecer as coisas.

Me preparei para o que ele ia falar.

– Você só ocupou umas noites onde eu não tinha o que fazer e estava com preguiça de sair para pegar alguém.

Eu certamente não tinha me preparado para aquilo. Não podia dizer o quanto tinha ficado arrebatada com as palavras dele. E nem eu entendia ainda porque elas tinham me atingido como um raio. Eu não tinha nem voz para dizer coisa alguma em minha defesa. Mas eu também não saberia o que dizer.

– Foi só isso, caçadora. – Ele falou. - Espero que não tenha se iludido.

Marcus ficou me observando por mais um momento, mas foi o primeiro a desviar o olhar. Ele se afastou de mim e foi em direção à porta. Deu uma última olhada para mim e eu pensei que ele fosse dizer algo mais, e não sei se aguentaria ouvir mais nada, mas não, ele só saiu. E eu continuei em completo choque com as palavras dele, que pareciam estar me sufocando por dentro.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? E esse final? Digam tudo! Mandem REVIEWS, REVIEWS!!! :DD