My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 23
Sendo Humana


Notas iniciais do capítulo

Gente, milhões de desculpas por postar tão tarde. Ganhei um Xbox e acabei viciando nesse troço, kkkkkkkk' Aí esqueci que tenho uma vida aqui fora. Mas enfim, mais um capítulo para vocês. Espero que gostem e boa leitura! ;DD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335400/chapter/23

Acho que eu nunca contei tanto o tempo. Queria que as horas passassem logo para eu poder me encontrar com o Tony. Eu ficava imaginando no que aquele encontro iria dar. De vez em quando me pegava sorrindo para o nada. Eu parecia uma garotinha sonhando com o namorado. Mas no meu caso, eu era uma vampira, ex-caçadora, sonhando com um caçador. Não tinha como não rir da minha situação.

Eu sabia que ainda era dia, e faltavam algumas horas até a noite. Mas não conseguia parar quieta, nem sabia com o que me distrair. Resolvi sair do quarto e andar pelos corredores ali no lugar. Fui andando e andando. Eu nunca tinha “explorado” totalmente aquele covil, então fui vendo tudo com detalhes.

Depois de descer uma escada, tinha outro corredor. Eu olhei de longe e vi duas portas. Me concentrei para ver se ouvia algum barulho. Algum vampiro estava ouvindo música, e no outro quarto pareciam que tinham dois, e eles estavam... transando. Revirei os olhos e continuei caminhando. Em todos os outros corredores que eu vi, tinham portas, quartos. Eu nunca tinha percebido.

Eu cheguei até o grande salão. Tinham dois vampiros se agarrando. Eles pararam quando me ouviram e ficaram assustados. Eu fiquei olhando sem muito interesse. Eles saíram apressados, lançando olhares fulminantes para mim. Eu fiquei sozinha e olhei ao redor. Vi a cadeira que o Marcus estava sentado quando eu cheguei naquela noite. Fui ate lá e me sentei. Encostei minha cabeça e fiquei assim por um tempo.

Comecei a pensar nas coisas. Lembrei do que o Marcus tinha tido para mim, “Se você não se afastar dele, vai acabar com uma estaca cravada em seu coração”. Eu não deixei que ele visse como aquilo tinha me deixado abalada, mas tinha. Depois disso sempre tinha algo cutucando minha mente, dúvidas. Mas eu estava tão empolgada em ver o Tony, que deixei as preocupações para depois.

Depois de um bom tempo ali, estava começando a ficar novamente inquieta. Foi quando comecei a ouvir gemidos. Me concentrei no barulho e eles foram ficando mais focados. Com certeza eram gemidos. De uma mulher. E de vez em quando de homem. Franzi a testa quando percebi que vinham do corredor onde dava para o quarto do Marcus. Me levantei da cadeira e comecei a ir naquela direção.

Eu tentei fazer o maior silêncio possível. Abri a primeira porta e fechei bem devagar. Caminhei lentamente até a porta do quarto dele e parei. Definitivamente os gemidos vinham lá de dentro. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Senti algo se remexer dentro de mim, raiva? Cerrei o maxilar.

– Oh, Marcus... – A mulher gemeu.

Eu toquei a maçaneta da porta, que estava destrancada e abri. Os dois vampiros se assustaram e se afastaram quando me ouviram. Vi primeiro o Marcus sem roupa, olhando para mim com uma expressão misturada de raiva, constrangimento e graça. Depois olhei para a vampira e meu choque e ódio não poderiam ter ficado maior. Era aquela vampira com quem eu tinha brigado. Eu arregalei os olhos. Se antes eu não acreditava no que ouvia, agora eu não acreditava mesmo no que via. A vampira deu um sorriso estúpido para mim. Eu estava morrendo de vontade de atacar aquela vadia, mas me segurei.

– O que você quer aqui? – O Marcus perguntou.

Eu voltei a olhar para ele. Vi algo brilhar em seu olhar. Não consegui falar nada. Eu estava com raiva e constrangida. E nem sabia por que tinha ficado tão mexida ao ver aquela cena. Parecia que eu estava com... ciúmes. Fiquei com mais raiva por isso.

– Você está surda, queridinha? – A vampira se intrometeu. – Não está vendo que está nos atrapalhando?

Nossa, como eu senti vontade de pular em cima dela e arrancar sua cabeça fora. Mas não ia me rebaixar a tanto. Mordi minha boca por dentro para me segurar e não falar nada. Eu olhei para o chão e tentei controlar minha voz. Quando falei, olhei bem nos olhos do Marcus, esperando que ele visse meu ódio.

– Me desculpem. – Eu praticamente cuspi as palavras. Depois fechei a porta e saí dali.

Eu fui andando muito rápido até o salão. Olhei de um lado para o outro e fui em direção à saída. Não me importava se ainda era dia, eu precisava sair dali naquele momento. O sol ia me deixar fraca, mas eu conseguiria sobreviver, tinha certeza. Abri a porta e vi o sol brilhando lá fora.

– Isso é suicídio. – Ouvi a voz do Marcus atrás de mim.

Continuei de costas para ele e calada.

– Se você sair agora vai estar mais vulnerável do que nunca.

– Eu só não vou passar por essa porta se você me forçar pela nossa ligação. – Falei. – Caso contrário, você será o primeiro a saber se eu morrer, tenho certeza.

– Isso te excita, não é?! – Ele se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido. – Eu te forçar a fazer qualquer coisa.

Eu me virei e fiquei cara a cara com ele. Eu ainda estava com raiva, mas com ele tão perto de mim, senti uma agitação por dentro. Mas eu não iria ceder naquele momento. De jeito nenhum.

– Eu te odeio. – Eu falei sem muita confiança, mais parecia uma criança birrenta e saí pela porta. Ainda dei uma olhada para trás e vi ele com a expressão séria e o maxilar cerrado.

Quando o sol bateu em minha pele, senti um pouco de ardência. Não era nada sério, só como se o sol estivesse muito, muito quente, mesmo no fim do dia. Acho que minha pele de vampira era mais sensível.

Fui caminhando e depois de um tempo comecei a encontrar pessoas. Elas estavam em todas as ruas, em cada esquina que eu virava. Todos aqueles corações batendo, bombeando sangue pelo corpo, o cheiro maravilhoso que eu sentia mesmo sem respirar. E aquele sol batendo em meu rosto, começando a me deixar fraca. Cada passo estava ficando mais difícil. Eu me sentia enjoada. Me obriguei a continuar andando. Uma mulher esbarrou em mim.

– Oh, me desculpe. – Ela falou. – Você está bem?

Eu só tinha olhos para o pescoço dela. O sangue pulsando, tão quente. Ela estava tão perto de mim. E tinham muitas outras pessoas ao nosso redor. Eu me forcei a sair daquele torpor.

– Sim, estou bem. – Eu falei e saí rápido de perto dela.

Eu cheguei até a praça aonde ia me encontrar com o Tony, mas essa hora ela estava cheia de mães e crianças. Tentei passar despercebida e caminhei até a árvore. Eu estava tão ruim que não sabia se conseguiria subir. Olhei de um lado a outro e comecei a escalar a árvore. Com muita dificuldade consegui me sentar o mais alto possível. Senti até um alívio com a pequena sombra que fazia ali. Ouvi um coração batendo calmo. Olhei para baixo e tinha um menino, criança, olhando para cima, para mim. Eu estava ruim demais para dar até um sorriso, então ignorei.

Começou a anoitecer, finalmente. As pessoas foram desaparecendo aos poucos. Eu pensei que me sentiria melhor quando a noite caísse, mas continuava fraca. Quando já não tinha mais ninguém na praça, o silêncio reinou. Eu tive vontade de voltar para o covil, não podia encontrar o Tony desse jeito. Eu precisava de sangue. Foi aí que ouvi alguém se aproximando e praguejando.

– Droga, droga, droga! Puta estúpida! Mas foi bem feito pra ela... – Era um homem falando.

Quando ele foi se aproximando, eu comecei a sentir cheiro de sangue. Mas não o sangue dentro dele, um sangue exposto. Não consegui me segurar e pulei da árvore. O cara levou um susto quando me viu. Ele olhou para cima e depois para mim, franzindo a testa. Ele era nojento, tinha cheiro de suor e suas roupas estavam sujas.

– Sai da minha frente, vadia. – Ele falou.

Eu continuei parada. Ele tirou uma faca do bolso e apontou para mim. E eu vi que era dali que vinha o cheiro de sangue. Aquilo só atiçou minha vontade.

– Você matou uma mulher. – Eu afirmei.

Ele arregalou um pouco os olhos e depois se aproximou mais de mim com a faca.

– E eu vou fazer o mesmo com você se não sair da minha frente.

Eu não estava com paciência, e não sabia se conseguiria lutar com ele se ele escapasse. No segundo seguinte a faca dele estava caída longe e ele estava imobilizado em meus braços. O coração do cara tinha disparado. Minhas presas cresceram e eu mordi seu pescoço. Ele soltou um grito de surpresa e dor. Tentou sair de meus braços, ele quase conseguiu, mas começou a perder as forças.

Depois de algum tempo eu sabia que ele já estava quase morto. Mas eu não me importava. E não era uma questão de não conseguir me controlar. Era porque eu não ligava mesmo para ele. Alguns minutos depois bebi a última gota de sangue que restava. O corpo dele caiu no chão inerte. Eu fiquei olhando o ainda por um tempo. Percebi como não estava me sentindo arrependida nem nada. Ele mereceu o que recebeu.

Eu lambi a mordida do pescoço dele e ela desapareceu. Depois peguei o corpo e levei para um lugar mais distante. Encontrei uma lixeira daquelas grandes num beco e joguei o corpo lá dentro. Eu estava me sentindo ótima. Voltei para a árvore e me sentei para aguardar o Tony. Limpei todo o sangue da minha boca, não queria que ele se assustasse.

Ele chegou algumas horas depois. Eu ouvia o coração dele batendo um pouco nervosamente. Fiquei quieta onde estava. Ele subiu na árvore e se sentou na minha frente. Ficamos só nos olhando por uns minutos.

– Vamos para um lugar. – Ele falou.

Eu nem fiz perguntas. Nós descemos da árvore e eu fui seguindo ele. No meio do caminho ele segurou minha mão. Eu senti vontade de sorrir, mas agi como se aquilo fosse natural. Nós chegamos até uma pequena cabana que parecia abandonada. Ele tinha a chave e abriu a porta. Ascendeu uma luz e eu entrei com ele. O lugar era muito simples, e tinham apenas dois cômodos. Ele me olhou.

– Foi o único lugar que eu consegui para que a gente possa... ficar sozinhos. – Ele falou.

Eu apenas balancei a cabeça. Nós ficamos em silêncio, sentia que ele estava tenso e eu também. Eu andei até o outro cômodo e vi que era um quarto. Tinha uma cama de casal, um pequeno armário e algo que parecia uma geladeira. Voltei para a sala, Tony olhava o chão. Me aproximei mais dele. Percebi que ele ia dizer alguma coisa.

– Não. – Eu sussurrei. Ele olhou para mim. – A gente conversa depois. Vamos só... ver se isso ainda funciona...

Eu tinha medo do que ele poderia falar, e do que eu teria que falar também. Eu só queria me jogar nos braços dele e me entregar ao calor da sua pele e descobrir se meu passado ainda poderia se encaixar com o meu presente. Queria descobrir realmente o que estava sentindo. E queria me vingar de certa pessoa, esse pensamento passou pela minha cabeça. Cheguei mais perto do Tony.

– Joy, tem coisas... – Ele começou a falar, mas eu o interrompi com um beijo.

(Música de cena: Before It Explode – Bruno Mars)

Tudo foi voltando à tona. Eu me sentia como antes de virar uma vampira. Uma simples humana, beijando um humano. Eu voltei a me sentir vulnerável ao beijar o Tony, mas era bom para variar um pouco. Ele segurou minha cintura e eu coloquei os braços ao redor do pescoço dele.

Sem esperar muito, puxei sua camisa para cima. Depois ele segurou a minha blusa e tirou também. Ele já estava sem fôlego pelo beijo, eu esqueci que ele precisava respirar. Dei um tempo para ele, mas alguns segundos depois voltamos a nos beijar. Tony colocou a mão na minha calça e começou a abrir o zíper. Eu ajudei, ele era tão humanamente lento que estava me deixando agoniada. Depois tirei a calça dele também.

Nós fomos andando e esbarrando nas coisas até chegar ao quarto. Nos sentamos na cama, ainda aos beijos. Tony agarrou meu sutiã e abriu. A peça caiu no chão e eu fiquei com os seios expostos. Ele começou a depositar beijos pelo meu pescoço e desceu até meus seios. Deu beijos carinhosos e devagar. Estava me deixando nervosa. Eu puxei a cabeça dele para cima e voltei a beijá-lo.

Finalmente ele tirou minha calcinha e fez o mesmo com sua cueca. Ele agora estava deitado por cima de mim. Ele estava ofegante. Vi quando ele pegou algo no bolso de sua calça que estava caída na cama. Ele parecia constrangido e incerto. Me mostrou e eu vi que era camisinha. Eu franzi a testa. Com o Marcus não precisávamos usar aquilo. Mas o Tony era humano, então eu não sabia. Ele me olhava em dúvida e agonia.

– Coloca logo. – Eu falei. Ele nem esperou.

Ele voltou a me beijar, e lentamente eu senti o membro dele penetrando minha intimidade. O Tony era tão calmo e tão carinhoso. O sexo com ele era diferente demais do com o Marcus. Era tão... humano. Eu não conseguia deixar de pensar assim. E tinha algo mais, um sentimento estranho rondando dentro de mim. Eu tinha me preparado a vida inteira para aquele momento, eu sempre soube que ficaria com o Tony. Mas ali, me entregando a ele, eu não sabia dizer o que parecia estar errado.

Mas não era exatamente o momento certo para ficar filosofando, não é?!

Ainda nos movimentando, eu virei o Tony e deitei ele na cama, comigo sentada por cima dele. Ele ficou um pouco surpreso, mas não reclamou. Eu me movimentava para cima e para baixo, e me sentia poderosa. Alguém tinha que estar no comando, e era eu naquele momento. Com o Marcus eu estava mais para uma aprendiz. Mas com o Tony, eu tinha que ser mais do que isso. Não sei se gostava ou não...

Um tempo depois o Tony soltou um gemido alto chegando ao ápice. Eu saí de cima dele e deitei ao seu lado. Ele estava ofegante e suava um pouco. Era estranho. Fiquei olhando para o teto. Soltei um suspiro só para... fazer algum barulho. Senti a mão do Tony em minha barriga. Me virei para olhá-lo. Ele tinha um leve sorriso no rosto, mas não parecia tão sincero. Eu retribuí. Ficamos só assim por um bom tempo.

– Joy, sobre o que eu estava tentando dizer antes... – Tony começou a falar.

Eu sabia que tinha alguma a ver com sexo, e consequentemente com outras pessoas. Deu para perceber que o Tony não era mais o cara virgem de antes de eu virar vampira. Estranhamente eu não me importei. Claro, porque eu também não era. E eu preferia não ter que falar sobre aquilo, mas não tinha jeito.

– Quando você foi embora, foi péssimo. – Ele continuou. – Não posso ser idiota a ponto de mentir, seu irmão sofreu muito. Ele se transformou em outra pessoa. Até a Erika dizia que não reconhecia mais o Jason. Mas eu também sofri. E a Ally. O Jason se trancava no quarto com a Erika, o resto do pessoal não sabia o que fazer direito, então não ficavam lá com a gente. Eu e a Ally ficávamos sozinhos na casa. Eu a peguei chorando várias e várias vezes. Eu fui confortá-la, tentar arrumar uma distração para nós dois. E um dia simplesmente a gente...

Ele parou de falar. Mas nem precisava continuar. Eu tinha entendido tudo. E para minha surpresa não foi choque nenhum ouvir aquilo. No fundo eu sempre soube que a Ally sentia algo pelo Tony, mas ela sabia que eu e ele tínhamos uma “relação”, por isso nunca falou nada, e eu também nunca toquei no assunto. Eu fiquei calada.

– Talvez tenha sido só para preencher o vazio que cada uma estava sentindo, eu não sei... – Ele continuou falando.

– Tony. – Eu disse. – Não precisa dizer mais nada. Não importa.

Ele franziu a testa em dúvida.

– Muita coisa aconteceu nesse tempo, eu sei. – Eu falei. – Mas vamos só... deixar pra lá...

– Uma hora vamos ter que falar sobre isso. – Ele disse. - Além do mais, posso ver em seu rosto que você está se sentindo exatamente como eu...

Eu concordei e ele deu um beijo em minha testa. Algum tempo depois eu vi que ele tinha adormecido. Me afastei um pouco dele e fiquei o observando dormir. Por algum motivo aquele momento não foi como eu sempre achei que seria. Fechei os olhos com força querendo poder dormir também e esquecer os problemas. Mas, é claro, não consegui.

Então passei o resto da noite observando o cara ao meu lado se perder em sonhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaaaaah! E aí, o que acharam? Qual rumo a estória vai tomar agora? O que vocês querem que aconteça? Kkkkkk' REVIEWS, REVIEWS! :DD