Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 29
Inception.


Notas iniciais do capítulo

Oi. Tudo bem, meu bem?
É o seguinte, o texto de hoje talvez soe meio esquisito. Ele é. Mas eu me apaixonei por ele, quem sabe não aconteça com vocês? Vai saber...
Peço encarecidamente que dessa vez os reviews sejam de interpretações de vocês sobre o conto, mesmo que sejam rápidas. É sério. Nunca estive tão insegura com um texto antes. Não importa o que tenham me dito até então.



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Olhando para a foto em que metade do seu rosto se misturara ao fundo, sorriu. Pensava que aquele fundo era tão bonito que era bom se misturar a ele. Além disso, era uma foto bonita. Estava certa de que tinha dito isso aos outros, mas não podia ter certeza de que a tinham ouvido, porque The Smiths tocavam Asleep alto demais, e estavam todos meio altos, falando ao mesmo tempo, sem querer dizer nada.

Tornou a olhar para a foto, notando quantas rugas o tempo lhe tinha costurado na face. Lembrava da mãe. Estava se tornando parecida com a velha. Tempos antes, teria se ofendido, mas agora começava a gostar da ideia, porque a mãe era bonita, e ela nunca se considerara assim.

A garganta começava a secar, e ela aliviou a sensação com o copo abandonado no parapeito. A música começava a enlouquecê-la, e ninguém sequer se deu conta quando a desligou, sorrindo soturna. Tão cedo fez-se silêncio, porém, começou a se sentir entediada. Buscou pela sala alguém que parecesse como ela, deslocada, e não viu ninguém.

Mirou a janela, e esbarrou em alguém que fumava, sem se dar ao trabalho de se desculpar. Aliás, tinha decidido que não mais pediria desculpas. Se tivesse culpa, ficaria com ela, e não daria ao outro chance de des-culpá-la. Ninguém tinha poder para isso. Perdão também não pediria, porque a palavra parecia religiosa demais. Passaria a dizer “sinto muito”, quando realmente sentisse, e aquele não tinha sido o caso.

Também não tinha sido o caso de dizer ao pai que sentia muito mais cedo, quando ele lhe censurara o uso do palavrão. Por certo que estava evitando palavras chulas, mas algumas eram expressivas demais para abandonar de uma vez, como tinha acontecido. Além disso, odiava censuras que não as de si própria. Na verdade, odiava até aquelas que ela mesma se empunha, mas sobre essas tinha menos pulso para controlar.

O pulso, por sinal, doía pelos cortes que a garrafa em cacos lhe tinha feito. Não, não havia sido de propósito, poderia jurar, sem mentir, embora ninguém fosse acreditar. O sono começava a tornar as pálpebras pesadas, e ela piscou lentamente, tentando acalmar o coração vazio que, leve demais, acelerava.

Quando abriu novamente os olhos, olhou para a fotografia em sua mão, em que, segurando uma foto de metade de seu rosto, olhando para a janela e cercada de fumaça, ela sorria, sem saber por quê.


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Notas finais do capítulo

É isso ai. Ah, sim, e desculpe pelo título em inglês. Não consegui pensar em nada melhor. A propósito, espero você, por ai, qualquer dia. Só, por favor, me deixe saber o que é que você acha. Senti sua falta.

(Para os leitores fantasmas, façam um esforço dessa vez. Só dessa vez. Eu tô careeeeeeeente)



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