A Dustland Fairytale escrita por Olivia Hathaway, Laradith


Capítulo 6
VI - Out here, the good girls die


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo da fic D: Espero que gostem!!!

E antes de lerem, uma perguntinha: quem aí lembra do VABR? Então, as meninas voltaram com o site (Anita está lá também)! Aqui o link:
http://vampireacademybrasil.org/ e no twitter: @StVladimir :DD



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A música, as pessoas, tudo ao nosso redor assumiu um tom ameaçador. Eu até olhei para um casal que estava se pegando não muito longe de nós com um olhar suspeito, como se eles fossem se separar e subitamente se transformar em Strigoi. Minha reação era ridícula claro, mas não pude evitar.

Por que, mesmo quando estávamos tentando só sair de férias e visitar a família de Dimitri, e quando tudo parecia estar entrando nos eixos, a verdade sobre a nossa natureza – e o nosso trabalho – tinha que interferir e nos acordar desse sonho com um doloroso tapa na cara? Isso era algum tipo de brincadeira?

“Temos que sair daqui,” foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Imediatamente, comecei a procurar por Viktoria, mas uma leve inclinação de cabeça de Dimitri me fez olhar na direção que ele estava apontando. Lá, do outro lado da boate, Viktoria estava dançando com um dos seus amigos – Alex ou Bogya, não lembrava o nome – e parecia alheia ao fato de que um Strigoi pudesse estar a meros metros dela.

Olhando de volta para Dimitri, percebi que ele esteve com os olhos nela o tempo todo. Eu não era a única que estava preocupada com Viktoria.

“E deixar todo mundo aqui?” Dimitri perguntou.

Pensei por alguns momentos. Ele estava certo. Por maior que seja minha vontade de agarrar Viktoria e Dimitri e correr dessa boate e dos perigos que ela representava, vários humanos – e alguns dhampirs – estavam ali em perigo. Nem eu nem Dimitri éramos pessoas influenciáveis pelo medo.

“Você tem razão,” eu disse, chegando a uma rápida conclusão. “Temos que caçá-los.”

Essa aparentemente não era a solução de Dimitri. Ele ergueu as sobrancelhas em surpresa. “Caçá-los? No meio de uma boate cheia?”

“O que você sugere? Esperar que o Blade e a sua turma aparecerem aqui para fazer o serviço? Não temos outra opção, camarada. A menos que você queira deixar esses desgraçados escaparem.”

“Claro que não,” ele disse. “Mas talvez começar uma luta no meio de uma pista de dança com inocentes, alguns possivelmente embriagados, não é o melhor jeito de lidar com a situação. Os Strigoi teriam uma infinidade de reféns. E provavelmente uma pilha de corpos mais tarde”

Ele tinha um ponto, mas quanto mais eu pensava sobre isso, mais a ideia fazia sentido. “Esse é o lugar perfeito para matá-los. Podemos atraí-los de algum jeito e os barulhos da luta seriam abafados, se conseguíssemos fazer isso em algum lugar isolado. É perfeito, Dimitri.”

“E você acredita que os atrairemos como?”

Eu já tinha uma ideia em mente, mas se o falasse aqui e agora, ele nunca concordaria. Então fiquei pensativa por um momento, e respondi. “Não sei, mas isso é conversa para depois. Por enquanto, precisamos tirar Viktoria e seus amigos daqui. Não importa se vamos ou não atrás de Vlad. Vários dhampirs jovens juntos e sem treinamento vão chamar a atenção” e serão atraídos quando nos vissem, pensei.

Dimitri assentiu e se levantou. Observei ele ir até Viktoria, pegá-la pelo braço e falar alguma coisa no seu ouvido. Ela ficou pálida, e chamou seus amigos – os que estávamos próximos a ela, na verdade – e passaram por nossa mesa, até a entrada da boate. Segui-os, com Dimitri logo atrás, até uma sessão mais privada da entrada, onde a musica não era exatamente tão alta e não chamava tanta atenção.

“O que foi?” Viktoria perguntou assim que todos nos reunimos.

Dimitri rapidamente explicou a situação a ela, e para a surpresa de ninguém, ela imediatamente disse, “Vou com vocês.”

Isso nos lançou num argumento sobre quais dos amigos de Viktoria poderiam vir conosco, e, para a decepção de todo mundo, exceto eu, Dimitri suspirou e disse, “Ninguém vem conosco.”

“Se você acha que vou deixar você lutar com um bando de Strigoi com somente a Rose como cobertura,” Viktoria disse, “está muito enganado, Dimka. Sem ofensa, Rose.”

“Não levei a sério,” murmurei, mas surpresa e curiosa do que ofendida. Embora Dimitri tenha derrotado centenas de Strigoi e tenha sido uma espécie de general Strigoi bem fodástico quando estava transformado, a única coisa que Viktoria via era seu irmão mais velho, indo para a batalha mais uma vez contra os Strigoi.

De um certo modo eu a entendia – afinal de contas, eu não suportava a ideia de Dimitri estar em perigo novamente – mas as circunstâncias não nos davam opções. E se ela estava prestes a se tornar uma guardiã, ela teria de aprender isso.

“E se você acha que vou deixar você lutar contra Strigoi altamente capazes e mortais, sem nem uma semana de treinamento, está terrivelmente enganada, Viktoria,” Dimitri disse. “Você seria esmagada por eles como um inseto. Ou transformada em algo pior que isso.”

“Eu acabei de te ter de volta, Dimitri,” Viktoria disse, com lágrimas nos olhos. “Não posso perder meu irmão de novo.” As pessoas ao nosso redor – a maioria amigos de Viktoria – pareciam subitamente muito interessados no papel de parede da boate. Até eu me senti como se aquele fosse um momento muito intimo para se presenciar.

“E eu não posso perder minha irmãzinha nem uma vez sequer,” Dimitri respondeu, suavemente. “Ou isso me mataria. Já vou me preocupar constantemente com Rose, porque ela vai estar no meio do perigo ao meu lado. Não vou conseguir me concentrar na luta se tiver que ponderar se você também está a salvo, Viktoria. Ficar aqui resultaria na mesma coisa que uma mordida de Strigoi.”

Viktoria queria ficar – eu podia ver nos seus olhos – mas quase ninguém suportaria se opor ao argumento que Dimitri apresentou. Meu coração se apertou ao ver o rosto dela. Parte tristeza, parte luto, e parte resignação. Ela sabia que seu irmão poderia não sair vivo daquela batalha, mas ela ia honrar seus desejos do mesmo jeito.

Ela seria uma ótima guardiã, um dia.

Me ofereci para levá-los até a saída, embora não houvesse perigo ali. Eu percebi que Dimitri queria um tempo sozinho, para fazer alguma coisa. Levei Viktoria e seus amigos até um café que ainda estava aberto – a um quarteirão de distancia – e a instruí para que voltasse para a casa com seus amigos.

“Rose, por favor...” ela começou, mas eu a interrompi.

“Não vou deixar que nada aconteça a ele,” eu disse. “Dimitri é tão importante para mim quanto minha própria família. Ele não vai escapar das nossas garras uma segunda vez. Prometo, Viktoria.”

Ela assentiu, e me abraçou forte.

“Tome cuidado você também,” ela sussurrou. “Não é somente com Dimka que estou preocupada. Você é minha irmã mais velha também, Rose.”

Emocionada demais para responder, apenas assenti.

Quando voltei à boate, ela estava ainda mais cheia, se isso fosse possível. E, se isso também fosse possível, tive dificuldades para encontrar Dimitri, mesmo com o seu tamanho e sua forma corporal. Finalmente, depois de dar duas voltas na pista de dança e ter a horrível sensação de estar sendo observada – embora eu soubesse que era somente uma paranóia por saber que existiam Strigoi não muito longe dali, como a náusea que eu estava começando a sentir me indicou – encontrei Dimitri atrás da mesa do DJ, falando com uma garota que eu não conhecia, e tentando se misturar na multidão. Claro que ele estava fazendo um ótimo trabalho em não se misturar.

Quando me aproximei, ele levantou o olhar e, ao me reconhecer, uma expressão de alívio se espalhou pelo seu rosto. Pelo o que eu havia visto, embora Dimitri estivesse completamente focado na mulher, também estava pensando em mim.

“Rose,” ele disse. “Essa é Annia. Annia, essa é Rose, a guardiã de quem te contei. Pode repetir tudo o que disse para mim?”

Annia era uma mulher poucos anos mais velha do que eu, mas parecia ter quatro vezes sua idade. Seus cabelos ruivos tinham um toque de branco neles – de estresse, provavelmente – e sua historia era ainda mais revoltante. E para o meu choque, ela era uma dhampir. Eu tinha visto humanos trabalharem para Strigoi e Moroi se transformando por espontânea vontade, mas nunca vi uma dhampir aceitando esse serviço sem ser forçada. Era chocante. Mas depois eu entendi por quê ela realmente estava com eles: Depois dos pais morrerem e Anniae seu irmão, Mika, ficarem seu casa e sem sobrenome para o qual recorrer, seu irmão havia se virado para a única alternativa que parecia ter sentido para ele: virar um Strigoi.

A imortalidade tirou um grande pedaço de Mika, entretanto: sua alma. Ele não via Annia como sua irmã, e pior, a obrigou a trabalhar para seus chefes e companheiros – os mesmos Strigoi que estavam na boate com Vlad. Ao ver dois guardiões entrando na boate como se pertencessem ao lugar, Annia havia visto em nós dois uma chance de escapar das garras dos Strigoi.

Ou assim ela afirmava. Eu não tinha ilusões sobre essa mulher, e ela poderia ser uma espiã deles. Porém... os olhos dela continham mais dor que uma simples compulsão seria capaz de infligir. Ela parecia exausta, velha demais, e seu pescoço estava tão machucado que ela constantemente passava a mão nas feridas, como se fosse uma agonia constante. Pelo jeito, ela havia sofrido demais nas mãos dos Strigoi.

Um olhar para Dimitri e percebi que ele se sentia do mesmo jeito que eu: tínhamos que livrar essa pobre mulher da sua situação. Mas tínhamos que ser cuidadosos.

“E você acha que pode nos ajudar?” perguntei.

“Strigoi fica em boate a noite completa,” ela disse, em um péssimo inglês. Não a julguei – duvidava que os Strigoi oferecessem um curso de língua como benefício de seus serviços.

“Então poderemos matá-los ainda hoje,” eu ponderei, olhando para Dimitri.

“Não dentro de boate,” ela disse. “Não aqui. Humanos perigosos, vão matar vocês junto. Fora de boate, em rua.”

“A rua está vazia mas não deserta,” Dimitri disse. “Não podemos matá-los no meio da avenida.”

Annia balançou a cabeça. “Não. Atrás da rua.”

Dimitri parecia confuso, mas entendi o que ela queria dizer. Parecia óbvio para mim. “Na saída dos fundos da boate,” eu deduzi, e Annia assentiu.

"Uma porta, sala onde Strigoi reunidos" sussurrou ela. Baixo o suficiente para os humanos não ouvirem, mas não o bastante para minha audição dhampir não perceber.

A música da boate pareceu cair em plano de fundo quando contemplei nosso plano – ou o plano que eu tinha em mente. Se isso desse certo, poderíamos matar os Strigoi ainda hoje e salvar Annia. Eu precisava ficar com Dimitri sozinha em algum lugar.

“Annia,” eu disse, “pode nos encontrar aqui daqui quinze minutos?”

Dimitri repetiu a pergunta em russo, e ela disse, “Sim. Quinze” E saiu apressada, entrando na multidão que estava a nossa frente.

Peguei a mão de Dimitri e o levei ao pequeno e abafado corredor que ficava atrás da mesa do DJ, onde vários quartos de suprimentos estavam. Entrei em um deles e fechei a porta, quase engasgando na sujeira e poeira que entrou pelo meu nariz.

Mas isso não importava. Tínhamos muitas coisas a discutir.

"Se você está querendo fazer o que eu estou pensando, esquecer" avisou Dimitri assim que ele fechou a porta. E o seu olhar confirmava que ele sabia exatamente no que eu tinha pensando.

"Por que não?" perguntei, cruzando os braços.

"Porque é algo estúpido e insano. Você seria morta em um piscar de olhos."

"Planos insanos são a nossa especialidade, " respondi. "É a única maneira de entrarmos lá e matá-los."

Dimitri me olhava como se eu fosse louca. "Não, Rose. Os guardasdeles reconheceriam que você é uma dhampir antes mesmo de você estar a cinco metros deles. Seu cheiro te denunciaria"

Um sorriso se espalhou pelo rosto quando percebi que ele não sabia todo o meu plano, ainda mais essa parte. Ele arqueou a sobrancelha, vendo isso. "Bem, aí que vem a melhor parte. Annia também é uma dhampir e trabalha para os Strigoi, mesmo que forçada. Se eu agir como uma meretriz de sangue que está louca para trabalhar com os Strigoi, eles não vão suspeitar. Nem Vlad e -"

"Não" cortou ele, e ele colocou as mãos nos meus braços. Parecia que ele iria queria me chacoalhar a qualquer momento, e depois me abraçar para me impedir de fazer tão loucura,e perceber o quão absurdo meu plano era. Eu me surpreendi com aquela perda de controle. "Eu não vou deixar você fazer isso. Você não conhece Vlad como eu e não sabe o que ele é capaz de fazer para extrair uma informação. Muito menos Sergey. Eu falei sério quando disse que eles são criativos com a tortura. E falo sério agora sobre não deixar você fazer isso. Não vou te perder nisso, Rose.”

"Mas eu preciso tentar" rebati, tentando não falar muito alto. Mesmo dentro daquela sala, eu suspeitava que poderia ter alguém - vampiro ou não - que pudesse ouvir no lado de fora. E eu precisava amolecer Dimitri. Tínhamos agora apenas poucos minutos. "E se eles me barrarem na entrada, já vai ser distração o suficiente para você atacá-los. Se eles estiverem dentro daquela sala, não terão tempo de escapar"

“O importante não é minha velocidade de ataque,” ele disse, e antes que eu pudesse interrompê-lo, ele continuou falando, dando um passo para frente e nos colocando ainda mais próximos, e pondo uma mão no meu rosto. “O que realmente me importa é a sua segurança. Eu não vou permitir que você se balance na frente deles como um pedaço de carne. Se existe um mínimo risco de que eles possam te descobrir e te matar antes que eu possa impedi-los, então não vamos executar esse plano”

“Precisamos fazer isso,” eu murmurei. “Não pela minha vida, mas pela vida de todas as pessoas dessa boate. Mesmo que sejam viciados e não tenham nada na vida, eles não merecem ser abusados por Strigoi. Você melhor que ninguém sabe que isso não é justo.”

“Golpe baixo,” ele disse, “Mas não vai funcionar dessa vez.”

“Se eu quiser ir em frente com o plano, você terá de me acompanhar,” eu respondi, optando pela única opção que me restava. “Se você quer que eu tenha uma chance de sucesso, tem de me ajudar. Do contrário, acabarei morta de qualquer jeito. Você não tem o direito de me impedir.”

“Tenho o direito de tentar. Eu te amo, Rose, e você não tem ideia do que te perder faria comigo. Não me faça encarar essa possibilidade de novo.”

Coloquei uma mão em cima da dele, que ainda estava no meu rosto. “Eu não faria isso se não tivesse outra escolha. Você me conhece. Preciso ajudar essas pessoas.”

Vários momentos se passaram, e Dimitri olhou fixamente nos meus olhos durante todo esse tempo. Finalmente, ele pareceu conceder um pouco. “Tudo bem,” ele disse. “Seguiremos em frente com algumas alterações.”

***

Annia acabou me emprestando uma peruca para melhorar o meu disfarce – loira, para piorar ainda mais a situação. Eu não tinha certeza se a cor ia combinar com o meu complexo de dhampir, mas tanto Dimitri quando Annia me asseguraram que eu estava parecida com uma típica garota da Califórnia, ao invés de uma guardiã sob péssimo disfarce. Tentei fazer uma piada sobre como meu novo look provavelmente faria Dimitri me largar em uma semana, mas ele parecia preocupado demais com o nosso plano e o que aconteceria dali pra frente.

Se eu fosse sincera comigo mesma, admitiria que também estava bem preocupada. Não somente pelo fato de que Vlad era um sádico e que tinha uma maleta de instrumentos de tortura para guardiões ousados demais – como eu – mas porque realmente, nosso plano tinha inúmeras chances de dar errado. Era uma roleta russa.

A ironia daquele nome não me passou despercebida.

Finalmente, quando já estava quase de madrugada e a maioria dos jovens estava na pista de dança, Dimitri, Annia e eu fomos até nossa sala de reunião improvisada e revisamos o plano. Antes de sairmos de lá, Dimitri me deu um beijo rápido, e sussurrou “Tome cuidado”, antes de voltar para dentro. Ele ficaria ali até que Annia e eu tivéssemos nos misturado na multidão, e então ele sairia, para não causar nenhum tipo de suspeita sobre nossa afiliação.

Feito isso, Annia me levou até uma mesa que ficava do outro lado da boate, no canto mais escondido e mais escuro. Eu deveria ter sabido que os Strigoi ficariam ali – afinal de contas, era o melhor espaço para vampiros sem alma socializarem. O lugar não me deixava com muitas opções de escapatória, mas se tudo ocorresse conforme o combinado, não ficaríamos muito tempo na mesa. E Dimitri estaria nos observando o tempo todo, para não nos perder de vista.

Repeti tudo isso mentalmente na minha mente enquanto Annia colocava uma mão no meu braço e me guiava pela multidão. Abaixei a cabeça e mantive meus ombros curvados, como se a musica fosse alta demais para os meus sentidos.

Quando chegamos à mesa, vi que havia somente um Strigoi sentado, com outros dois em pé, ao lado dele – guardas, provavelmente. Eles deram um passo a frente assim que me viram, com certeza tendo me reconhecido pelo meu cheiro. Não que houvesse algum problema – tudo era parte do plano.

Annia disse algo rapidamente ao Strigoi que estava sentado, nunca soltando meu braço. Ele manteve seus olhos em mim, me analisando – tentei manter minha expressão facial o mais normal possível. Agora eu sabia como animais se sentiam quando eram escolhidos para o abate.

O cara cortou Annia no meio do seu discurso, e se levantou, vindo até mim. Arregalei meus olhos de medo e dei um passo para trás, mas ele pegou no meu queixo antes que eu pudesse me desvencilhar de Annia. “Meretriz de sangue?” sua voz era dura e profunda, como gelo.

“Eu... só quero um pouco de diversão,” disse, separando os lábios como se lembrando da sensação das presas de Strigoi no meu pescoço. “Faz tempo que não tenho uma dose.”

“Uma dhampir bonita com você certamente teria vários... Moroi aos seus pés,” um dos guardas mencionou casualmente.

Gelei, e rapidamente criei uma nova desculpa. “Moroi são muito passivos. Eles não sentem prazer do mesmo jeito que vocês sentem. E faz tempo que não tenho uma dose da sua raça. Estava...”

“Sentindo saudade?” O Strigoi perguntou, e eu assenti, ansiosa.

Ele deu um risadinha e ia se virar para dizer alguma coisa para o guarda que havia se pronunciado quando uma voz fria – mais fria que a voz do guarda, mais fria que a voz de Andrey, até – disse, “Ela não tem Moroi aos pés porque é uma dhampir muito especial.”

O Strigoi olhou para quem estava atrás de mim – alguém que eu já sabia quem era – e perguntou “Muito especial como, Vlad?”

Meu disfarce já havia ido pro inferno. Lentamente, me virei – Annia havia largado meu braço quando nosso novo companheiro havia falado – e fiquei cara a cara com um homem Strigoi de uns trinta anos, com cavanhaque bem definido e olhos vermelhos, tão vermelhos que eu poderia discernir sua cor mesmo na escuridão da boate.

“Por que não o responde, Rose?” Vlad perguntou.


***

Ao dizer o meu nome, os dois guardas que estavam atrás do Strigoi da mesa imediatamente pegaram meus braços. Como estávamos no canto mais recluso da boate, eu não conseguiria me libertar dos dois a tempo de fugir – e sem criar um desastre. Além disso, a força que estavam aplicando em mim tornava impossível qualquer tipo de manobra. Eu mal conseguia movimentar meus cotovelos. Do ponto de vista de alguém que estava dançando, provavelmente parecia que eu estava passando mal e eles estavam me ajudando a ficar ereta. Nenhuma ajuda viria, a não ser uma: Dimitri.

E foi por isso que tentei, inutilmente, me livrar das mãos que me seguravam, sabendo que não conseguiria, mas tendo que forçá-los a me levar para outro lugar – um lugar onde Dimitri pudesse me ajudar a matar todos eles sem colocar vidas inocentes em perigo.

Vlad abriu um meio sorriso ao ver eu me debatendo sem sucesso, e o Strigoi que antes estava sentado na mesa, disse “Rose? Como em Rosemarie Hathaway?”

“Isso mesmo,” Vlad respondeu. “O que me deixa curioso é por quê, exatamente, você está aqui, e agora. Mas isso é uma conversa para um momento mais privado. E cuidarei de você mais tarde” seus olhos caíram em Annia. Ela se encolheu mais ainda de medo, e engoli uma onda de culpa que ameaçou me afogar. Ela sabia dos perigos que nosso plano tinha, mas nenhuma das duas havia previsto que Vlad fosse me reconhecer tão facilmente – e não somente a minha raça, mas minha identidade. E agora Annia iria pagar com a própria vida.

Os dois guardas me conduziram pela pista de dança, suas mãos agarrando meus braços e pulsos firmemente, até a sala fora da boate com paredes a prova de som, da qual Annia havia nos falado. Exatamente de acordo com as suas descrições, havia três Strigoi do lado de fora, casualmente sentados em mesas e fingindo beber cerveja – embora suas complexidades pálidas fossem o bastante para apavorar qualquer pessoa curiosa. Dentro da sala, havia dois sofás de couro, assim como uma cadeira de madeira dura, cujos braços continham correntes, algemas, e fitas de velcro, e um refrigerador.

Uma sala de lazer e interrogatório, então. Isso foi bem previsível.

O que eu não esperava ver, porém, era Sergey sentado em um dos sofás, casualmente inclinado sobre uma almofada, bebendo whisky. “Até que enfim, Vlad,” ele começou. “Achei que tinha encontrado algum problema no caminho-“

Sua voz falhou quando finalmente levantou o olhar e viu Vlad – e melhor, quem estava com Vlad. Os olhos de Sergey se arregalaram, e ele se ergueu do sofá. “O que significa isso?”

Sergey – ou assim Dimitri havia me informado – era um Strigoi que tinha relações econômicas com os humanos, que geralmente envolviam meretrizes de sangue e tráfico de substancias ilegais. O governo Moroi estava à procura dele, mas nunca haviam encontrado nada. Dimitri havia suspeitado do envolvimento de Sergey no esquema de Vlad, e vê-lo aqui hoje foi uma surpresa um tanto inesperada. De acordo com Dimitri, ele também era um sociopata.

“Você estava certo,” Vlad disse. “Encontramos problemas... no formato de uma dhampir muito curiosa.”

“Rose Hathaway,” o Strigoi da mesa murmurou. “Não acredito que fui enganado por uma maldita dhampir.”

“Não sou somente uma dhampir,” eu disse. "Sou a dhampir mais 'famosa' da Corte Moroi.”

Isso vez Vlad sorrir mais uma vez. Tentei recuperar um pouco da minha antiga bravura. Estar em uma sala com Strigoi psicopatas e um chefe do tráfico era uma experiência um pouco traumatizante, e eu estaria morta se não conseguisse os distrair por tempo suficiente até a ajuda chegar.

Bem, consegui chegar até aqui, eu disse. Agora preciso colocar meu plano em ação.


“Isso todos sabemos,” Sergey disse. “Só não esperava que a mulher do filho de Andrey fosse aparecer aqui tão repentinamente, e se jogar na nossa cara como um hambúrguer delicioso.”

“Talvez eu só precisasse de um pouco de diversão,” eu disse, tentando ainda esconder o meu choque por ouvir o nome de Andrey. “O filho dele pode não ter me dado o que eu estava precisando, Sergey"

O sujeito em questão veio até mim, e em um gesto rápido, me esbofeteou. O golpe mal meu deixou fora dos eixos, mas só de pensar em ser abusada enquanto dois guardas me seguravam fez minha raiva vir à tona.

“Você não é uma idiota, Rose,” Sergey disse. “Então nos responda. Por que veio até aqui?”

“Talvez gostasse de um pouco de poligamia racial,” eu murmurei, e recebi outro golpe como recompensa. “Soube de muitas coisas sobre você, Sergey, mas não sabia que era um covarde.”

“Certamente,” Vlad ponderou em voz alta, ganhando um olhar sujo de Sergey, mas nada além disso. Até mesmo Sergey tinha um senso de auto preservação quando se tratava de Vlad. “Rose tem razão. O que você acha que vai ganhar, batendo em uma jovem adorável com suas próprias mãos enquanto ela está indefesa?”

Vlad estalou os dedos, e os guardas me soltaram. “Agora,” ele continuou, andando lentamente de um lado para o outro, “Se tudo é verdade, e se minhas fontes realmente estiverem corretas, você e Dimitri Belikov dificilmente se separam. E eu duvido que você tenha vindo para uma boate no meio da Rússia, se vestido como uma meretriz de sangue barata – a propósito, o visual realmente cai bem em você – e se oferecido para mim, sem um plano reserva.”

"Eu já disse por que estou aqui"

Vlad estreitou os olhos. “Já vivi por mais de mil anos, Rose. E acredite em mim quando lhe digo que estou quase descobrindo o que você está tramando. Mas primeiro, preciso saber alguns detalhes. Detalhes estes,é claro, que você irá me dar. Afinal de contas, você sabe o que dizem sobre Vlad, o Empalador: se não for torturado por punição, será torturado por clemência. De um jeito ou de outro, você morrerá sobre a minha estaca*.”

“Se vou morrer de qualquer jeito, então o que adianta eu te dizer a verdade? Mentindo ou não, o resultado será o mesmo.”

Vlad continuou me circulando, e tive de resistir ao impulso de me virar e atravessar minha própria estaca pelo seu coração. Eu sabia não conseguiria, visto que ele era muito mais rápido e forte do que eu, e seu objetivo não me era me matar. Ainda. Portanto, usei isso como um mantra. Finalmente, ele parou atrás de mim e se inclinou pra frente. “Existem coisas piores que a morte,” ele sussurrou.

“Sim,” eu murmurei em resposta. “Como um Vlad wannabe. Você sabe o que dizem: cópias não passam de reflexos. Você pode ter uma bravura excepcional, mas no final do dia, não chega nem aos pés do Drácula original.”

Eu sabia que havia o pressionado demais quando senti suas mãos pressionando meus ombros, sua postura deixando claro que estava tentando esconder sua raiva. E que, se não obtivesse sucesso, me mataria ali mesmo.

Vlad me virou, e me olhou nos olhos. “Vou adorar te matar,” ele disse, em tom de conversação, deixando claro que a falta de controle que havia acontecido somente minutos atrás ainda estava enraizada nas suas emoções. “E melhor ainda... vou adorar te torturar durante semanas. E somente depois que você me contar cada segredo da Corte, e exatamente onde Vasilisa Dragomir está, vou aproveitar o que você tem para me oferecer inteiramente.” Com cada palavra, ele se aproximou mais de mim, até estar quase colado ao meu corpo, suas mãos pressionando fortemente meus ombros e me mantendo parada. “E quando eu te transformar em uma meretriz de sangue barata, e te fazer implorar pela minha mordida... ai sim, eu te matarei lentamente.”

Com suas palavras, meu coração despencava mais e mais, e ficava mais difícil controlar minha respiração. Só de pensar em dar todos os segredos da Corte, expor minha melhor amiga, e virar uma meretriz de sangue do Strigoi mais psicopata que já havia conhecido, era como se meu mundo desmoronasse a minha frente. Naquele momento, percebi que faria qualquer coisa para evitar esse destino.

E quando ouvi barulhos abafados do lado de fora, aproveitei minha oportunidade.

Assim que Vlad se virou para ver o que estava acontecendo, ergui meu joelho e o acertei na virilha. Mil anos de empalador ou não, um chute naquela região deixava qualquer um no chão, e embora Vlad tivesse limitado sua reação com somente um grunhido, eu sabia que ele estava debilitado. Os guardas – um deles segurando Annia - e Sergey vieram para cima de mim ao mesmo tempo, mas Vlad os dispensou rapidamente, murmurando algo sobre conseguir lidar com nós duas sem ajuda bruta.

Enquanto os guardas saiam da sala, fiquei em guarda, dessa vez completamente preparada para seus golpes. Para a minha surpresa, Sergey ficou ao lado de Vlad. Pelo jeito, sua lealdade era mais forte do que eu pensava. Ou talvez isso só fosse uma consequência do medo que sentia pelo seu chefe.

“A omelete já está pronta?” perguntei sarcasticamente, e Vlad abriu um sorriso convencido antes de avançar. Previ o primeiro dos seus movimentos – um soco rápido no lado direito do meu abdome – e desviei facilmente. O segundo foi mais rápido, o terceiro mais ainda, e seguimos esse ritmo por um momento, eu fazendo de tudo para desviar dos seus golpes, que eram cada vez mais perigosos e imprevisíveis, e ele brincando comigo, sabendo que minha guarda abaixaria.

Isso não quer dizer que não consegui acertar alguns chutes laterais e socos, também. Mas minha força não era nada comparada com a de Vlad, e embora eu tentasse usar meu tamanho como vantagem, isso era igualmente difícil, tendo em vista o fato de que ele não era tão mais alto do que eu, e seus movimentos era rápidos e graciosos.

Finalmente, depois de um sequencia impossivelmente rápida de soco, chute, soco, soco e chute, fiquei desorientada o bastante para Vlad simplesmente me acertar no queixo. Quando cambaleei para trás, ele me pegou pela garganta.

Vi estrelas conforme suas mãos me levantavam do chão, e embora o barulho de luta ficava cada vez mais intenso, e eu soubesse que isso só podia significar que Dimitri estava por perto, estava ficando cada vez mais óbvio que Vlad ia me matar antes que isso pudesse acontecer. Ele ia me matar antes que Dimitri pudesse me ajudar, e a pressa constante das suas mãos na minha garganta, e a ausência de chão embaixo dos meus pés me provaram isso.

Minha visão ficou turva, e conseguia ouvir a risada suave de Vlad enquanto ele me estrangulava, seus olhos brilhando como dois jasmins sob a luz do Sol. O filho da mãe era realmente um sádico.

Senti as mãos de Vlad tremerem levemente, e afrouxarem na minha garganta por um misero segundo. Recuperei a visão rapidamente, e vi que Annia havia pulado em Vlad e estava tentando distraí-lo com suas próprias mãos. Eu teria chorado se tivesse a capacidade de fazê-lo. Aqui estava ela, uma dhampir que mal sabia lutar, pulando nas costas de um Strigoi que tinha mais de séculos de idade, somente para me ajudar. Para que eu pudesse a ajudar, também.

E eu precisava cumprir minha promessa.

A brecha que ela me deu foi minúscula, microscópica, mas foi o bastante. Levantei novamente o joelho e – pela segunda vez no dia – desferi um golpe na virilha de Vlad, um lugar que ele realmente deveria proteger mais. Como da primeira vez, ele grunhiu, e, com seu aperto ainda mais frouxo, consegui escapar de suas mãos, dando um ultimo chute em seu estômago. Annia se desgrudou dele, e foi nesse momento que Dimitri entrou na sala.

Ou, melhor dizendo, a porta foi quebrada por Dimitri, e um corpo dos Strigoi – provavelmente um dos guardas – caiu aos nossos pés, com um buraco do tamanho exato de uma estaca no peito. Dimitri veio logo atrás, como um deus, e com a expressão mais feroz que já vi na vida. Ele não estava simplesmente emergido na luta – sua própria essência estava ali, junto com sua estaca. Era em momentos como esse que eu percebia como ele era diferente dos outros guardiões.

Dimitri imediatamente foi até Vlad, visto que ele era a maior ameaça da sala, mas Sergey rapidamente o atacou, e, com meu coração aos saltos, observei Dimitri entrar em combate com ele. Os dois eram rápidos e ótimos com os pés, mas Dimitri era Dimitri, e logo ficou óbvio que ele tinha a vantagem.

Infelizmente, eu não podia ficar observando a luta para sempre. Vlad ainda estava na minha frente, e, voltando ao presente, nos encaramos novamente.

“Você tem um anjo da guarda,” ele observou.

“Ou talvez você seja frouxo demais para se livrar de duas dhampirs de uma vez só. Gostaria de um intervalo?”

Minha voz estava rouca, e minha garganta doía com o estrangulamento pela qual fui vitima. Vlad sorriu – eu estava começando a odiar seus sorrisos –, percebendo que, embora eu me mostrasse corajosa, ele ainda tinha a vantagem.

Quando nos jogamos na batalha novamente, percebi que, embora eu estivesse machucada e tivesse que controlar minha respiração repetidamente, tinha mais vigor do que nunca para acabar com Vlad. Não por causa de Annia – embora ela fosse um grande motivo pela qual eu estava fazendo isso – mas porque Dimitri estava ali, ao meu lado, e eu sabia que se quisesse ficar com ele novamente, tocá-lo novamente, teria que ganhar essa luta. Saber que estávamos tão próximos, e ainda assim tão distantes, era horrível, e Vlad era um obstáculo palpável... um que eu faria questão de ultrapassar.

Ele também percebeu como minhas manobras mudaram. Dessa vez, seus golpes eram rápidos mas cuidadosos, e ele nunca se deixava chegar muito perto de mim. Duas vezes consegui abrir rasgos no seu rosto – que embora tivessem se curado rapidamente, ainda tinham-no feito perder sangue.

Me perdi na luta, na sensação de se movimentar em círculos e desferir golpes. Na rotina de avançar, retrair, bloquear, e repetir.

Até que, repentinamente, tudo foi aos ares.

Foi como um filme em câmera lenta: Dimitri acertou um golpe com a sua estaca no rosto de Sergey, e a ponta perfurou seu olho direito; Sergey gritou, um som alto e estridente que não deveria ter tirado minha concentração, mas tirou; Dimitri aproveitou a oportunidade e deu um passo a frente, pronto para acabar com a vida de Sergey.

E Vlad colocou as mãos em mim novamente.

Dessa vez, ele não fez questão de demorar ou se prolongar com ameaças de morte. Quando minha concentração foi quebrada, ele me acertou na têmpora, me deixando tonta por meio segundo, e agarrou meus dois pulsos, puxando-os contra seu peito com uma mão só e torcendo-os atrás das minhas costas. Com sua outra mão, ele enfiou seus dedos no meu cabelo e puxou minha cabeça para o lado, em um ângulo tão doloroso que me fez gritar de dor.

O som fez com que, por sua vez, Dimitri se desconcentrasse, e errasse o golpe. A estaca acertou o peito de Sergey à direita de seu coração, e embora fosse o bastante para deixá-lo incapacitado, ainda não foi o bastante para matá-lo. Dimitri retirou a estaca e se virou para nós, seus olhos rapidamente observando a situação, e se tornando cada vez mais frios conforme olhavam para Vlad.

“Solte-a,” ele disse.

“Largue a estaca,” Vlad murmurou, em um tom baixo, “eu odiaria ter de quebrar o pescoço de Rose com minhas próprias mãos. Mas se eu me lembro bem, você queria fazer isso uma vez, não é mesmo, Belikov?”

Para acentuar suas palavras, ele puxou ainda mais meu cabelo. Me recusei a gritar, mas meus olhos cheios de lágrima passaram toda a mensagem necessária.

“O que você quer?” ele perguntou.

“Que você largue a estaca,” Vlad respondeu amistosamente. “E depois, que você se renda à Sergey... isso é, depois que ele acordar, é claro. Tenho de admitir que estou surpreso com o que vocês dois fizeram hoje. Rose, quase passando pela minha segurança pessoal para chegar até mim e Sergey, e você matando sozinho todos os meus guardas, e ainda tendo a audácia de enfiar uma estaca no meu sócio. Muito engenhoso, mas inútil.”

Vlad ajeitou seu aperto no meu cabelo, e moveu suas mãos para a metade dos fios, ao invés das raízes. Uma ideia começou a se formar na minha cabeça.

“Inútil porque você prefere usar uma mulher inocente como escudo do que lutar como um homem,” Dimitri disse, inclinando a cabeça para o lado.

“Escudo? Rose Hathaway não é um mero escudo, Dimitri," Vlad continuou, “É algo muito valioso. Imagine a hierarquia de poder que uma mulher com essa força de vontade conseguiria criar no ranking dos Strigoi. Juntos, eu, ela e Sergey poderíamos trazer os Moroi aos nossos pés, e melhor ainda, ultrapassar até a política que Galina tinha com seus empregados. Você consegue imaginar isso? Você viu o estrago que ela fez com Galina!”

Infelizmente, eu conseguia. E finalmente percebi porque Vlad não havia me matado até agora.

Ele queria me transformar. Criar uma sócia que soubesse lutar, que fosse dura, sem escrúpulos, e teimosa..que fosse inteligente e cruel o bastante para colocá-lo no topo da lista dos mercenários Strigoi. Talvez até mais que isso. E ele me usaria como uma escada, onde ele pisaria quando quisesse para chegar ao alto do escalão. Seus planos eram praticamente os mesmos de Dimitri, quando ele foi um Strigoi.

A ideia me aterrorizava, e ao olhar nos olhos de Dimitri, percebi que, embora conseguisse manter sua expressão neutra, ele estava tão aterrorizado quanto eu. Pensar no que eu faria como Strigoi caso fosse transformada – e o que eu poderia fazer com Dimitri, Lissa, e todos a quem amava – era horrível demais para se contemplar.

“Sim, Rose Hathaway seria uma bela Strigoi,” Vlad continuou. “Eu até acho que seria uma bela companheira, caso estivesse disposta a arcar com os benefícios e deveres de tal.”

Quando ele encostou seu rosto contra o meu pescoço, mantendo seus olhos em Dimitri, percebi que até os homens mais arrogantes eram descuidados. Ao segurar meu cabelo no meio dos fios, ele me deu toda a abertura para simplesmente me arrancar do aperto dele, mesmo isso significando a perda de metade do meu cabelo.

Já que não era o tipo de mulher que era vaidosa ao extremo, foi exatamente isso que fiz. Quando Vlad se descuidou o bastante e se aproximou de mim, dei uma cabeçada na sua têmpora, e puxei minha cabeça para fora de suas mãos o máximo que pude. Uma dor insuportável tomou conta do meu couro cabeludo, e Vlad tentou me agarrar de novo, mas Dimitri já estava em cima dele, lhe dando uma cotovelada no rosto tão forte que o fez perder o controle completamente.

Quando cambaleou, Dimitri se preparou para dar o bote final, mas Vlad desviou. Em uma ultima tentativa, tirei minha estaca do meu bolso, com a cabeça latejando e sentindo gotas de sangue escorrendo pelo meu cabelo, e enfiei-a no ombro de Vlad. Ele gritou de dor, e me empurrou com uma força que me fez chocar com o braço da cadeira de madeira. Mais dor me acompanhou durante a queda, mas eu não tinha tempo a perder.

Dimitri também não tinha, e enquanto Vlad estava se preocupando com a estaca de prata saindo do seu ombro, usou da força bruta para empalar Vlad. Desorientado pela dor da estaca, Vlad tentou se defender, mas Dimitri havia se recuperado melhor e mais rápido dos golpes que havia levado. Em segundos, uma estaca prata estava saindo do coração de Vlad.

Olhei para a arma, e quando Vlad olhou para mim, espantado, coloquei minhas mãos nela e a virei com toda a força, fazendo-o gemer de dor. “Sabe como dizem: Quanto mais se empala, com mais dor se é empalado.”

Observei a luz se apagar dos olhos de Vlad, e finalmente, ele parou de se mexer.

Me virei para Dimitri, e ele ergueu uma sobrancelha. “Quanto mais se empala, com mais dor se é empalado? Que tipo de analogia é essa?”

Revirei os olhos, e coloquei uma mão na minha cabeça para parar o sangramento do meu couro cabeludo. Não havia ficado careca, obviamente, mas havia machucado bastante minha cabeça. “Nada,” respondi. “Só parecia certo para a situação.”


[*] Então, o Vlad fez apenas um trocadilho com o seu "nome" e com o do verdadeiro Vlad (O Drácula) que realmente empalava as pessoas. Esse Vlad da fic também empalava alguns dos seus inimigos, mas com uma estaca de madeira porque a prata faz mal pros Strigoi =P

Ps: se acharem erros, por favor nos avisem! Fizemos uma revisão bem rápida para postar aqui e creio que ainda tenham alguns erros...


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Notas finais do capítulo

Oi, pessoal! Como vocês estão?

Primeiramente, gostaríamos de nos desculpar por causa da demora na postagem desse capitulo. Nos enrolamos um pouco essa semana com estudos e tai, aí complicou tudo. .-.

Bem, esse capítulo é o mais tenso de toda a fic, aquele que tem as cenas de ação, e a conclusão de tudo (ou quase a conclusão de tudo, porque ainda tem o epilogo, claro!), e gostaríamos de saber o que acharam. As cenas de luta, principalmente, foram difíceis de escrever tentamos manter o teor de VA, mas colocar umas coisinhas nossas também. Então... por favor, feedback é muito apreciado o/

Também gostaríamos de agradecer pelo enorme carinho que vocês, leitores, tem com essa fic. Ela é somente uma short fic, mas os comentários, sugestões, e as reações que vocês tiveram com cada postagem nossa foram maravilhosos Muito obrigada mesmo!

E eu, especificamente, gostaria de agradecer a Laka pela sua recomendação a Feeh já havia te agradecido, mas eu não, portanto... MUITO obrigada, Laka! ♥♥♥ Fiquei muito feliz quando vi que você tinha recomendado nossa fic, e realmente espero que você esteja se divertindo lendo-a !

E, finalmente, gostaríamos de saber o que vocês acham que vai acontecer no Epilogo.. afinal de contas, não sei se já falamos isso, temos uma.. pequena surpresa vindo ai pela frente no Epílogo. E não, não é nada forçado nem do tipo, mas o que vocês acham que é? Deixem nos comentários, ok? ;D

Bem, pessoal, é isso. Nos vemos no próximo (e último D: ) capitulo!
Bjos,
Laradith