Depois de uns quinze minutos eu sai do banho, coloquei um short, uma camiseta e meu moletom por cima, dei uma secada nos cabelos e os deixei bagunçados. Catei a bagunça do meu quarto e levei pra cozinha, deixei na pia e subi pro quarto. Dylan estava esparramado na cama, ele vestia uma calça de moletom e uma camiseta regata.

- Está com frio não? – Eu o pergunto enquanto vou até minha bateria e me sento no banco.

- Hmm, eu estou com frios nas pernas apenas, isso é normal? – Ele pergunta se sentando e franzindo o cenho pra mim.

- Hmm, vindo de você é normal sim - Eu digo rindo e ele revirou os olhos e me mostrou a língua. – Mas olha, eu sou diferente, não sinto frio nas pernas. – Eu disse mostrando minha perna, ele sorriu.

Ficamos um minuto em silêncio, peguei minhas baquetas e o olhei. Girei a baqueta na mão direita e pisei uma vez no pedal e bati uma vez no prato.

- Cara, um dia você tem que me ensinar a tocar isso! – Dylan diz todo alegre. – Você me ensinou a tocar guitarra, eu lhe agradeço, mas está na hora do menino aqui aprender a tocar bateria. – Ele apontou para si mesmo e eu gargalhei. Ele me olhou confuso e de cenho franzido.

- Sério? – Eu o perguntei. Ele assentiu. – Dylan, eu adoraria te ensinar, mas você, hãn, como posso dizer... Não tem muita coordenação motora para isso. – Eu disse coçando a nuca e dando um sorriso torto.

- Hmm, você tem razão... Já pensou se eu acabo enfiando uma dessas baquetas no meu olho? – E nós gargalhamos. – Não seria legal, cara! Então ficarei só com a guitarra mesmo. – Eu sorri e comecei a tocar Dead Memories do Slipknot. Não gosto dessa banda, confesso, mas o solo de bateria dela é simplesmente... WOW!

Depois de uns dois minutos a campainha tocou.

- Deve ser a Anna. – Dylan disse assim que eu parei de tocar. – Você vai atender e eu vou me esconder para assustá-la. – Ele riu divertido, eu neguei com a cabeça e desci para atender a porta.

Abri a porta e me deparo com Anna, ela usava uma camiseta branca escrita em preto “Books are better than Boys”, usava uma calça jeans e um all star branco, seu cabelo estava solto e ela usava uma touca e seus óculos cobriam seus olhos azuis. Ela estava simples, porém muito linda.

- Hmm, é, oi. – Ela disse tímida enquanto olhava para seus tênis.

- Oi, entra. – Eu digo sorrindo e abrindo passagem para que ela entre. – O Dylan está lá em cima, pode subir. – Eu digo fechando a porta e subindo as escadas logo atrás dela. Andamos em silêncio até o meu quarto, Anna abriu a porta e Dylan enrolado nos lençóis pulou em sua frente a assustando. Ela deu um pulo pra trás e se agarrou ao meu braço, Dylan tirou o lençol da cara o embolou e o jogou em qualquer canto do quarto, bagunçou os cabelos e sorriu.

- Oi Anninha. – Ele disse indo até ela pra abraçá-la, ela o olhou furiosa, soltou de meu braço e deu um lindo tapa no braço do Dylan, chegou a ficar vermelho, quase tive pena do meu amigo. Ele começou a rir.

- Idiota. – Anna disse e o empurrou pro lado indo se sentar na minha cama.

- Acho que você pegou pesado – Eu sussurro pra ele que estava do meu lado olhando confuso pra Anna.

- Você acha? – Ele coça a nuca e me olha, eu apenas afirmo com a cabeça.

Ele vai até ela, eu sento do lado esquerdo de Anna e Dylan do direito.

- Que foi? – Ela pergunta olhando pra gente. Eu incentivo o Dylan com a cabeça, para que ele peça desculpas.

- Hum, ér, foi mal pelo susto – Ele sorri torto.

- Tudo bem, não foi nada. – Ele a olhou sério. - É só que, eu não gosto de levar susto, mas tudo bem. – Ela diz sorrindo logo depois. – Aaah e foi mal pelo tapa – Ela disse rindo e apontando para o lugar que ainda estava um pouco vermelho.

- Não vou mais te assustar, afinal seus tapas doem. – Ele disse rindo e Anna riu junto, eu os fiquei olhando. Anna fazia muito bem ao Dylan, isso é ótimo. Ele tocou o nariz dela e eu sorri.

O celular de Dylan começou a tocar, ele o tirou do bolso, olhou o viso r e sorriu igual idiota. Ele levantou e foi até a janela atendendo.

- Estranho... – Eu digo a mim mesmo.

- O que é estranho? – Anna me pergunta curiosa.

- É que ele nunca sorri assim, estranho... – Ficamos em silêncio para podermos ouvir a conversa, mas só ouvíamos Dylan.

- Aham. Tudo bem. Saudades também. Então amanhã a gente se vê. Tchau. – Ele desligou deu uma suspirada e olhou pra trás vendo a gente o encarar, podia jurar qe ele ficou corado, então ele sorriu e veio até a gente.

- Quem era? – Eu o perguntei, vencendo minha curiosidade.

- Hum, hãn... Não era ninguém, sabe? – Eu e Anna o olhamos confuso, ele soltou um suspiro frustrado. – Ninguém muito importante, mas enfim. Vamos fazer o que? – Ele pergunta mudando de assunto. Eu sabia que ele não iria dizer, e forçar saber só iria irritá-lo então deixei de lado.

- Hum, vocês estão com fome? – Dylan me olhou, um olhar que dizia “Você ainda pergunta”, Anna assentiu. – Então vou pedir a pizza, uma deve dar né?

- Cara, eu acho que não, porque com a fome que eu estou eu como uma pizza sozinho. – Ele diz batendo em sua barriga, eu nego com a cabeça e Anna ri.

- Okay, duas pizzas. Uma de calabresa e uma de quatro queijos, ok?

- Pode ser. – Eles disseram juntos.

Eu pedi as pizzas e o entregar disse que dentro de uns quarenta minutos a ela chegava.

- Ok, agora que pedimos o mais importante – Disse Dylan. – Faremos o que?

Eu sorri, eu tinha em mente o que fazer. Fui até o canto do meu quarto e peguei dois violões.

- Vamos cantar! – Eu digo empolgado. Entrego um violão pro Dylan.

- Que música? – Ele me pergunta.

- Famous for nothing – Eu digo piscando e ele ri. A uns dois anos atrás eu e o Dylan cantamos essa música num festival, bom, a gente não foi tão bem, ficamos em quarto, mas tudo bem.

- Senhorita poderia, por favor, se sentar ali no banco? – Dylan perguntou a Anna. Ela se levantou e se sentou. – Pronto parceiro? – Dylan perguntou subindo em cima da cama e ficando em pé e me estendendo o braço. Eu segurei e fiquei em pé também.

Comecei a tocar os primeiros acordes e logo Dylan me acompanhou.

Cuz I'm Famous for nothing

I love my fame

so let's talk more about me

I got no shame,

my sex tape is coming out next week

Eu e Dylan começamos a cantar e nós fingíamos que a cama era nosso palco.

I'm so crazy

Cuz it's good for the ratings

so take another picture for US Weekly

calling my friends

You call 'em paparazzi

Dylan desceu da cama e foi até a Anna que balançava a cabeça e acompanhava a música com a gente. Dylan chamou Anna pra levantar do banco, ela riu e se levantou.

Turn up the lights, cameras a go

Get out the way

cuz I'm famous for nothing

Out every night,

My life's a show

I'm getting paid

cuz I'm famous for nothing

I can't act, can't dance, can't write, can't sing

No, I can't do anything

Turn up the lights, I love the dough

cuz I'm famous for nothing.

Nós três cantamos o refrão juntos, a voz da Anna era linda, ela sorriu se divertindo. Dylan era o mais ousado, ele ficava rebolando igual sei lá o que, confesso que tinha medo dele acabar quebrando o quadril, ele era uma comédia.

Oh oh oh oh

Cuz I'm famous for nothing

Cantou o Dylan. Nós ficamos empolgados cantando a música em meio a sorrisos e risadas, nós estávamos nos divertindo. Eu desci da cama e fui até eles, ficamos fazendo caretas enquanto cantávamos. Depois, nós dois subimos de novo na cama e Dylan chamou a Anna com a cabeça, ela olhou meio tímida e eu assenti com a cabeça e sorri e ela tirou o tênis ficando só de meia e subiu.

I got the life, too bad they know,

Get out the way

cuz I'm famous for nothing

Out every night,

My life's a show

I'm getting paid

cuz I'm famous for nothing

I can't act, can't dance, can't write, can't sing

No, I can't do anything

Turn up the lights, pile up the dough

cuz I'm famous for nothing.

Nós cantamos a última parte de música os três juntos e caímos na cama sentados e rindo.

Nós ficamos contando outras músicas até a pizza chegar.

-x-

- Estava uma delícia. – Dylan disse limpando a boca com um guardanapo. Sobrou meia pizza, dois pedaços de calabresa e dois de quatro queijos.

- Cara, a gente come muito – Eu disse a ele, eu sentia que estava a ponto de explodir.

- Acho que não vou comer de novo por uma semana. – Anna disse deitada no chão do quarto. – Sinto que vou explodir – Ela disse se sentando.

- Aqui está sujo – Eu digo apontando para o lado de sua boca. Ela sorri tímida e passa a língua e depois seca.

- Saiu?

- Hãn, é... – Eu digo em transe. – Saiu sim. – Eu digo depois de alguns segundos. Olho no relógio ao lado da minha cama que marca onze e quinze da noite.

- Meninos, eu tenho que ir. – Anna diz assim que vê a hora em seu celular. – Está tarde e apesar deu morar ao lado, minha mãe disse pra eu não chegar de madrugada. – Ela diz entortando os lábios.

- Mas já? – Dylan pergunta, como se fosse ainda nove e meia da noite, ela apenas murmura um “aham”, nós a acompanhamos até a frente de sua casa para que ela não fosse sozinha, Dylan insistiu apesar dela dizer que não precisava. Ela nos deu um tchau e nos agradeceu e entrou em casa.

- Seus pais não vão dormir em casa? – Perguntou Dylan assim que entramos no quarto.

- Não, geralmente quando eles saem à noite eles não dormem em casa. – Dylan me lançou um olhar malicioso e eu apenas fingi vomitar enquanto ele ria.

- Quer jogar um pouco? – Ele diz apontando para o videogame.

- Vamos jogar um pouco, mas você vai perder. – Eu digo rindo.

Nós ligamos o videogame e colocamos Mortal Kombat, eu era o Sub-zero e ele o Raiden. Não preciso nem dizer que eu ganhei todas, a última eu o deixei ganhar por pena. Depois de umas meia hora jogando nós desligamos e fomos nos deitar.

- Boa noite, cara. – Dylan me disse.

- Boa noite. – Eu fechei meus olhos e cai num sono profundo.