Friends With Benefits escrita por gingerabbit


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Obrigada pelos comentários, que bom que gostaram! Fiquei ansiosa para ver se gostariam do segundo capítulo, então aqui está ele. Espero que gostem ainda mais!
Beijos, Morango.



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 Naruto acordou com um cheiro reconfortante: cerejas e torradas. Abriu os olhos lentamente e viu pela janela acortinada que já estava no meio da manhã. Olhou em volta e, lentamente, as lembranças voltaram a sua mente ainda sonolenta e, com elas, as lágrimas aos olhos. Não se permitiu deixá-las rolar. Tentou distrair-se observando o quarto: suas roupas, secas, limpas e passadas estavam esticadas numa cadeira e então ele reparou que usava apenas boxers. Sakura... Era bom o jeito que ela cuidava dele. Era quase como ter uma mãe... Observou a mistura de rosa e branco no quarto. Onde ela teria dormido?

Vestiu-se uma camiseta e foi até a cozinha, onde encontrou a kunoichi terminando de por a mesa.

-Bom dia, Sakura-chan! –disse, com a maior alegria que pode, forçando um de seus sorrisos enormes.

-Bom dia, Naruto... Dormiu bem? Ia te acordar, mas você estava dormindo tão pesado! Acabei agora de fazer o café da manhã.  Fiz ovos, torradas... Bom, tem um monte de coisa ai. Queria que tomasse um café da manhã decente ao invés daqueles seus ramen esquisitos. Vai acabar ficando doente, viu? Um ninja tem que se cuidar e...

Sakura só tagarelava por um motivo: estava com medo de dizer algo.

-Sakura-chan. Sakura! – ela parou, olhando para ele de olhos arregalados. - Eu vou ficar bem. Eu prometo.

A mulher de cabelos cor-de-rosa simplesmente assentiu, com um singelo sorriso no rosto, contrastando com os olhos preocupados. Naruto virou de frente para o balcão, fingindo que preparava leite, tentando disfarçar as lágrimas que insistiam em voltar.

- Onde você dormiu? Não lembro de ter ido pra cama, nem tirado minhas roupas nem nada.

Era estranho ouvir Naruto falando sério e sem gritar. Sentia falta de suas risadas escandalosas.

- Eu não estava com muito sono ontem, então fiquei no sofá... E, hm, existem algumas vantagens em ter  uma força sobre humana e ainda ter trabalhado como enfermeira.  Pus você na cama e tirei suas roupas sem você nem ter acordado. – Não conseguiu disfarças um sorriso vitorioso. Era bom saber que era boa em algo. Nunca mais seria uma pária irritante.

-E porque não está no trabalho?

- Eu liguei para o hospital dizendo que não ia. Eu tenho muitas folgas sobrando, sabe. Shishou ficou satisfeita com meu pedido e transferiu meus compromissos para outros médicos. E desde quando é tão questionador?

Ele virou o rosto e lhe deu um sorriso fraco.

-Ai, Naruto, não gosto que fique assim. Me diz o que posso fazer pra te deixar feliz? – disse Sakura, com uma expressão triste no rosto.

- Você está me ajudando muito mais que deveria. O resto não tem como mudar, Sakura.

Ela não podia falar nada. Sabia melhor do que ninguém o que seu melhor amigo sentia.  Sabia o que era não ser o bastante para alguém, sabia da dor que ele teria de agüentar. Sakura demonstrou isso apoiando sua cabeça nas costas do loiro e o abraçando como nunca tinha feito antes. Queria que ele soubesse que ela daria o seu melhor  por ele, como ele tantas vezes fizera por ela. Pagaria promessa com promessa.  Prometeu a si mesma que faria Naruto sorrir de novo.

Ele tentava a custo segurar as lágrimas, que já lhe transbordavam os olhos. Será que um dia alguém poderia amá-lo? Segurou as mãos de Sakura, que jaziam em seus peito, confortando-o.

-Sakura-chan, eu não quero voltar pra lá. Por favor, me deixa ficar aqui um tempo? Eu prometo que te ajudo com tudo, com as compras, com a limpeza, com a comida, com as contas, tudo. Por favor, não me faz voltar pra lá. Você é a única pessoa que eu tenho. Não me deixa sozinho.

Não se surpreendera com o pedido, afinal. Sabia o quanto o loiro amava Hinata e sabia que sua dor seria maior que seu orgulho. E a mulher dos grandes olhos verdes não suportava mais ficar sozinha com suas lembranças.

-Você sabe que pode ficar o tempo que quiser. Eu vou adorar ter você aqui.

Naruto suspirou, tirando um peso dos ombros.

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Naruto se recuperava lentamente.  Seus sorrisos se tornavam cada vez menos forçados e Sakura se sentia bem em saber que recompensava o amigo por tudo que ela o fez passar. O loiro a tinha feito ficar com sua cama. Ele insistira que poderia dormir no sofá, mas a kunoichi  sabia que tudo o que Naruto menos queria era ficar sozinho com seus pensamentos. Por isso conversavam, viam filmes ou faziam qualquer tipo de coisa para ocupar o tempo até que ambos estivessem exaustos demais – e mesmo assim tinha que fingir não ouvir os sonhos agitados do moço ou seu choro baixinho, que ele soltava ao acreditar que Sakura tinha dormido.

Por isso Sakura se esforçava para fazer Naruto feliz. Estava tentando fazê-lo a aprender a cozinhar. Já tinha alugado quase todos os filmes da locadora da rua de baixo. Lia para ele, quando ele estava com insônia ( se sentia esquisita fazendo isso, mas quando Naruto  finalmente adormecia com um sorriso no rosto, valia a pena. Sempre seria uma criança, afinal!). Jogavam twister, brincavam de ficar sem piscar e treinavam. Muito.

Sabia que Naruto pegava leve demais com ela e isso a incomodava. Não queria que tivesse medo de machucá-la – ela sabia se cuidar. Por isso se esforçava mais e mais para tentar atingi-lo. Se decepcionava ao ver que ele estava só fingindo.

- Ai, Sakura-chan, dessa vez você machucou!

O riso dele voltava aos poucos. Era impressionante como o mundo parecia ser melhor quando ele soltava uma de suas risadas escandalosas. Mas isso passava. E quando passava, a dor voltava. Naruto passou por muita coisa nessa vida... E ele não merecia. Ele era a melhor e mais doce pessoa do mundo. Mas, será que se não tivesse passado por isso tudo, ele seria esse Naruto inigualável?

A  dor profunda e clara do amigo fazia a kunoichi refletir sobre como ela se acostumou a própria dor: ela era parte de Sakura, estampada nos opacos olhos verdes, presentes em seus raros momentos solitários, causa de sua insônia e trabalho excessivo. Não deixaria que isso acontecesse com Naruto, o homem escandaloso, de riso fácil e encantadores olhos azuis. ‘’Um homem com alma de menino’’.

Os dias foram se arrastando, metade alegres, metade dolorosos, até que, finalmente, Sakura teve que voltar para o trabalho.

- Você tem certeza que não tem problema, Naruto? Eu posso falar com a Shishou. Shizune é mais do que capaz de cuidar de tudo sozinha e... –os olhos verdes expressavam uma preocupação tão grande que fez Naruto pensar em que estado lastimável deveria estar.

- Tá tudo bem, Sakura-chan. Eu prometo que não vou ficar triste de novo. Vou sair pra treinar, fazer umas compras pra cá... Sério, não precisa se preocupar, ‘ttebayo. – Abriu um sorriso tão grande e tão bem ensaiado que, se Sakura não o conhecesse tão bem, acreditaria ser genuíno.

Lançou-lhe um último olhar preocupado e se esticou para dar um beijo na testa do loiro.

-Se precisar de algo, mande alguém me chamar. O hospital deve estar vazio hoje e...

-Vai logo. – disse Naruto, rolando os olhos.

Sakura franziu as sobrancelhas. Definitivamente não queria deixar o loiro sozinho.

.................

Depois de treinar algumas horas, tão concentrado que nem o mais insistente pensamento poderia atrapalhá-lo, Naruto foi até a cidade: precisava de mais roupas novas (ainda não entraria em seu apartamento), mantimentos e comida. Muita comida. Sakura sempre o surpreendia com refeições deliciosas que seu grande apetite não poderia deixar passar. Ela assistia tudo com um adorável sorriso no rosto. Ficava tão feliz quando Naruto elogiava sua comida! E logo depois seus olhos se apagavam: ele sabia que ela se lembrava de Sasuke, de quando faria de tudo para ganhar uma mísera palavra dele.

 Naruto fingia não ver como os olhos dela corriam para o foto do time sete sempre que estava distraída, como às vezes ficava surda, perdida em pensamentos sobre o que nunca seria. Naruto prometeu trazê-lo de volta e o nunca cumprira. Ela ainda sentia dor e a culpa era dele.

Balançou a cabeça para livrar-se dos pensamentos desagradáveis. Ele o traria de volta. Tinha prometido a ela. Nem que custasse sua vida, ou a eternidade – o que viesse primeiro. Sorriu. Como poderia deixar de ter fé? Sakura confiava nele. Pediria à baa-chan uma missão de resgate assim que terminasse as compras! Sakura era tão boa pra ele. Era uma forma de agradecer-lhe por tudo: trazendo-lhe o brilho dos olhos de volta. Passou em uma banca de jornal, planejando comprar um livro de receitas: faria o jantar para Sakura-chan hoje, afinal, ela voltaria cansada do trabalho.

Então viu a notícia, por cima da cabeça de uma velhinha que folheava o jornal do dia. Uma foto de Hinata e Neji, formais, dignos e belos como um Hyuuga deve ser, ladeando Hizashi, seguida pelo título:

HYUUGA HIZASHI ANUNCIA CASAMENTO ENTRE HYUUGA HINATA E HYUUGA NEJI.

Não foi capaz de ler a nota que vinha abaixo, a visão turva por causa das lágrimas. Voltou correndo para o apartamento de Sakura e bateu a porta atrás de si, com uma força estrondosa.

Seria assim afinal. Ela se casaria. Ela QUERIA casar. Era seu dever, seu destino. Essas foram as palavras dela. Nenhum de seus sonhos aconteceria. Não teria filhos de cabelos negros, nenhum deles carregaria os olhos de lua que tanto o encantaram. Hinata nunca seria sua, bem como nunca foi.

Deixou as poucas lágrimas caírem lenta e dolorosamente. Sofreria o quanto tivesse que sofrer, até lavar completamente aquele amor de seu peito – o que acreditava que nunca aconteceria, mas essas seriam as últimas lágrimas que deixaria cair pela Hyuuga –e era interessante pensar em como elas lembravam da chuva daquela noite, o brilho dos olhos de Hinata. Ela seria feliz. Era o que bastava, não era? Ela não o amava o suficiente para lutar contra seu destino por ele. Ele a deixaria partir em paz.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Não gostou? Odiou? Sugestões, elogios e caneladas são muito bem vindos! Comenta (:



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