Capítulo 18

– Quando um idiota é mais idiota, menos pra namorada

Elena estava ainda na casa de Samara, vendo o terceiro filme da tarde, agora 10 Coisas que Odeio em Você. Já estava no final, na parte em que Kat declama o poema sobre Patrick sobre as 10 coisas que ela odeia sobre ele.

Elena já havia visto esse filme milhares de vezes, e nunca entendeu muito bem como Kat demonstrou sua fraqueza com aquele poema, na frente de toda a classe, mostrando como ela era vulnerável por dentro. Elena nunca faria aquilo. Ela era uma rainha, e rainhas deviam ser fortes.

Samara estava deitada em seu colo, da mesma maneira que fazia quando as duas eram crianças. A única diferença era que Katherine não estava presente, já que, quando pequenas, as três eram inseparáveis. Ela tomava um pote de sorvete de chocolate, e se viam algumas lágrimas em seus olhos.

O telefone de Elena tocou, e Samara pegou-o na sua frente, vendo quem era.

– Caroline deveria estar no encontro com Klaus, e não ligando para você! – reclamou Samara pela ligação de Caroline, entregando o celular a Elena. – É bom que alguém tenha morrido para que ela interrompesse o encontro com o lindo do Klaus.

– Cruzes, Samara! – disse Elena rindo, antes de atender. – Car, você não deveria estar em um encon...? – ela deixou a voz morrer após ouvir uma Caroline desesperada falando no telefone rapidamente. – Oh meu Deus! – exclamou Elena, chamando a atenção de Samara. – Huhum. Entendo. Ok. Eu vou para aí agora! – Elena desligou, passando a mão pelos cabelos e olhando nervosa para Samara.

– O que houve? – perguntou Samara impaciente.

– Sammy... É o Kol. Ele sofreu um acidente de moto. E pelo o que a Car disse... É grave. – Samara colocou a mão na boca, em espanto e chocada.

– Oh meu Deus. – sussurrou ela.

– Ele está no St. Jude’s Hospital. Car está lá, junto com Klaus. Eles viram a hora do acidente. Car pediu para que eu fosse para lá. Você...?

– Claro! Só deixe eu tirar este uniforme e vamos!

– Samara, tem certeza...? Sabe... Isso pode causar polêmica. – disse Elena, meio receosa.

– Elena, - Samara olhou para Elena, decidida – Kol é nosso amigo. Muito antes dessa coisa de “amizade colorida”, nós já éramos amigos. E eu estou pouco me lixando para o que as pessoas vão pensar. Você chegou depois, não viu o jeito que elas me olharam.

– Ok, ok. Não está mais aqui quem falou. Vou chamar um taxi.

– Ok. – disse Samara, enquanto desparecia no closet. A gatinha de Samara, Julieta, entrou miando no quarto, subindo em cima da cama e deitando-se ao lado de Elena.

– Hey, Julie. – Elena nunca chamava a gata pelo nome completo, achava muito longo para uma gata. A gata ronronou enquanto Elena fazia carinho em sua cabeça, pedindo para a empregada pelo interfone para chamar um taxi.

Samara saiu do closet, vestindo uma calça jeans escura, uma blusa vermelha e um cardigã branco por cima. Tinha uma bolsa a tira colo de couro preta, e botas sem salto de camurça. Seus cabelos estavam com uma boina francesa vermelha, que Samara com certeza havia comprado em Paris no intervalo de inverno.

– Não deixe Julieta chegar perto dos pretzels, Elena. O taxi já está vindo?

– Já. Apenas mais cinco minutos e ele chega. – disse Elena, observando Samara andando quietamente até a penteadeira, passando apenas um gloss claro. – Você está bem? – Samara olhou Elena pelo espelho e deu um suspiro.

– Eu não sei.

A emergência do St. Jude’s Hospital estava uma correria. Kol havia dado entrada na emergência imobilizado na maca, sendo levado pelos paramédicos para o centro cirúrgico, e deixando Klaus e Caroline na recepção. Klaus tentava ligar Elijah, ou a menos sua mãe, e Caroline ligava para Rebekah e todos os seus amigos. Stefan, Tyler e Elena já estavam a caminho, mas ela não havia conseguido falar com Bonnie, já que quando ligava caía na Caixa Postal.

– Caroline! – soou a voz com sotaque forte de Rebekah atrás de Caroline. Rebekah vinha aflita, com uma calça de moletom da Nike preta, blusa de mangas cumpridas e um sobretudo por cima. Ela estava uma bagunça. Devia ter saído de casa do jeito que estava, apenas colocando um casaco por cima.

– Rebekah, graças a Deus! – Caroline abraçou a garota fortemente, enquanto Rebekah tentava se manter no controle.

– Onde está ele? Onde está Kol? – ela perguntou, olhando ao redor.

– Ele foi levado para uma cirurgia, maninha. – disse Klaus, chegando por trás de Caroline.

– Ah, Nik! – Rebekah caiu nos braços do irmão, e soluçou alto. Caroline viu que Tyler e Stefan chegavam e deixou os dois irmãos sozinhos, indo falar com os amigos.

– Como ele está? – perguntou Stefan assim que ela chegou perto.

– Não sabemos. Ele foi levado para o centro cirúrgico. Não deram notícias ainda. – Caroline olhou por trás de Stefan e arregalou um pouco os olhos. – Ah, não. Isso não é bom.

– O que há? – perguntou Tyler, esquecendo-se que estava um pouco zangado com Caroline por ela ter terminado o namoro.

– Samara. Isso com certeza vai cair na Garota do Blog. – respondeu Caroline e todos se viraram para as portas da sala de visitas, onde entravam uma Elena em uma mistura de roupas de Samara e o uniforme do colégio, e uma Samara vestida extremamente de forma francesa.

– Hey Samie. – recepcionou Caroline, se afastando dos garotos. – Está melhor?

– Huhum. – disse Samara vagamente, olhando em volta. Caroline olhou para Elena, como se perguntasse a garota “O que Samara está fazendo aqui??”. Elena apenas deu de ombros.

– Como ele está? – sussurrou Samara, a expressão de seu rosto indecifrável.

– Ele foi levado para a sala de cirurgias. Não tivemos mais notícias desde então. – respondeu Caroline e Samara assentiu.

Samara se afastou, indo falar com Rebekah, que a abraçou, chorando. Samara a consolava calmamente.

– O que houve com ela? Por que você a trouxe aqui, Elena? – sibilou Caroline silenciosamente para Elena, que estava ao seu lado.

– Não sei o que houve com ela! Mas ela que quis vir, Car. Eu não a forcei a nada.

– Isso vai parar na Garota do Blog.

– Com certeza.

Algumas horas haviam se passado. Klaus havia conseguido falar com sua mãe, avisando-a do acidente. Porém, havia tido uma forte nevasca em Toronto, e todos os aeroportos foram fechados por causa do gelo.

– Ok, mãe. Eu lhe mando notícias. – Klaus desligou o telefone, olhando para todos que estavam esperando na sala de espera. Uma enfermeira se aproximou.

– O responsável de Kol Mikaelson. – ela anunciou e todos se levantaram.

– Eu. Eu sou o irmão mais velho dele. – respondeu Klaus, se aproximando da mulher.

– Bom, Sr. Mikaelson, tudo ocorreu bem na cirurgia. E Kol já está fora de perigo. – ela disse e todos suspiraram aliviados – Ele teve traumatismo craniano, uma perna e um braço quebrado, e três costelas fraturadas. Ele está sedado no momento, mas pode receber pequenas visitas. Um a um apenas.

– Obrigada, enfermeira. – a enfermeira se afastou.

Um por um, os amigos e familiares de Kol foram visita-lo. Apenas Samara que ficou, sentada sozinha na sala de visitas enquanto seus amigos estavam no corredor do quarto de Kol.

Stefan e Tyler foram embora após a visita. Caroline e Elena tinham ido buscar um café para elas, Klaus e Rebekah na cafeteria, enquanto Rebekah contava a Klaus o que havia acontecido para Kol ficar bêbado. Samara foi até lá silenciosamente, não chamando atenção. E quando viu que ninguém prestava atenção nela, ela entrou.

Samara entrou silenciosamente no quarto de Kol. Seu braço e sua perna estavam engessados, e sua cabeça enfaixada. Ele estava bem mal mesmo.

Ela se sentou na poltrona ao lado de sua cama e fitou o rosto dele que havia a encantado no momento que o viu. Tinham arranhados nas bochechas, e um corte no lábio inferior e perto de sua sobrancelha.

Ela tocou a mão dele levemente. Mais arranhados. Ela se segurava para não chorar.

– Je t'aime, Kol. Só queria que você tivesse acreditado em mim. Aí não estaríamos nessa situação. – uma lágrima silenciosa desceu pelo seu rosto, e ela a limpou com força. Levantou-se da poltrona e beijou os lábios dele por uma ultima vez, e se dirigiu para a porta, saindo do quarto.

Ele abriu os olhos, sua visão um pouco embaçada. Mas ainda deu para ver uma figura de cabelos castanhos saindo pela porta. E uma palavra se formou em sua mente:

“Samara”