Imprinting escrita por Nessie Black Halloway


Capítulo 36
Deslizes


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Capítulo novo... mas ainda não é o último!
Espero que gostem e estou ansiosa pra saber o que vocês acharam!
Boa leitura! :)



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Renesmee Cullen's POV


Aro não chegou muito perto. Sua expressão era tranquila, como se realmente estivesse ali para uma conversa entre amigos – o que causava uma reação completamente contrária em meu corpo.

Eu agarrava-me com força nos pêlos do pescoço de Jacob, tinha a sensação que cairia de cima dele a qualquer momento. Eu concentrava-me para manter o foco em Aro, mas não fora uma boa ideia, considerando o pânico que ele me causava com aqueles olhos em vermelho-sangue.

Depois de uma tentativa difícil e até então impossível de impedir os poderes de Jane – o que eu ainda não havia entendido como fizera -, tudo o que eu menos queria era uma “conversa” com Aro. Se ele havia impedido Jane de me matar, o que ainda queria?

Meus pais estavam ansiosos, isso eu podia perceber. Tia Alice havia se aproximado de mim e Jacob um pouco mais, e tinha a expressão preocupada também.

– Como sempre, a proteção ainda é a relação principal entre os Cullen. – Iniciou Aro, percebendo a posição de meus pais à nossa frente.

– Essa é a ideia de família – disse papai em um tom oposto à sua expressão.

Aro sorriu e juntou as mãos, entrelaçando os dedos.

– Certamente – concordou. – Bella, sua... filha cresceu tanto! Impressionante! É... Renesmee, estou certo?

Estremeci ao ouvir meu nome.

– Sim – respondeu ela. – Ela logo vai completar sete anos, então não vai mais crescer.

– Sim, sete anos – ele falou em pausas, como se analisasse as palavras – Eu me... pergunto se realmente ela será como o outro híbrido, residente do Brasil. Inofensivo, não ameaçador...

– Você pode ver, Aro – pronunciou tia Alice, e pousou a mão sobre minha perna. – Faltam apenas meses, e ela ainda será assim.

Ele deu dos passos e sorriu para mim de forma maliciosa.

– Posso falar com você, senhorita Cullen?

Todo o sangue do meu rosto sumiu e foi para algum outro lugar do meu corpo. Aro estava com uma das mãos estendida, convidando-me a ir até ele. Senti todos os olhares voltados para mim.

Ele queria experimentar meu poder outra vez, certamente para conferir se ainda era o mesmo, se ainda era confiável. Bom, pelo menos do modo como eu estava – completamente esgotada -, ele não perceberia diferença.

Minhas mãos fecharam-se em punho quando considerei a segunda intenção de Aro. Jane havia descoberto o ponto crucial que me atrairia até ela – Jacob. E se ele quisesse isso também? Ver minhas lembranças e descobrir tudo sobre mim? Saber dos meus pontos fracos e assim ter uma razão para que uma híbrida não fosse... cabível no mundo dos vampiros? E ainda mais, tentar de alguma forma atingir os que eu amava?

A prova para os Volturi que eu não traria problemas era Nahuel – o outro meio-vampiro que morava no Brasil -, mas como Aro dissera, ele ainda tinha dúvidas. E eu não estava convencida de que eles haviam desistido de procurar evidências que me sentenciassem à morte. O fato de metade de mim ser imortal ainda os afetava em muitos aspectos. Muitos.

– Quero apenas cumprimentá-la – disse ele, percebendo a tensão entre nós. – Afinal, ela nem precisa falar, não é?

Papai deu uma olhada rápida para minha mãe, e virou-se para vir até mim. Jacob rosnou em protesto.

O que devo mostrar-lhe? – pensei, desesperada por uma resposta.

Meu pai pegou-me pela cintura, e enquanto me colocava no chão murmurou baixo e rápido o suficiente para que apenas eu ouvisse – ou pelo menos para que Aro não ouvisse. Minha audição de vampira foi muito útil.

– Ilha de Esme, Jacob e os lobos. Não pense.

Como? – minha mente processou todas as lembranças só em ouvir os nomes. Como eu não pensaria nos meus últimos momentos na ilha, na amizade que eu fizera com Seth e Andressa, e em Jacob... quando Aro era, além de um leitor de mentes, um sugador de memórias?

Mesmo relutante, decidi me concentrar e fazer o que papai dissera. Afinal ele lera as intenções de Aro, e isso era uma vantagem.

Ficar de pé não fora uma boa ideia. Eu podia sentir o chão balançar sob meus pés como um bote a flutuar no mar agitado. Lutei para permanecer, ou melhor, para demonstrar que estava bem.

Meu pai deixou o braço em volta da minha cintura enquanto me levava até Aro. Isso foi bom, porque eu não sabia quanto tempo minhas pernas aguentariam sozinhas. Jacob bateu as patas no chão atrás de nós, inquieto.

– Você não parece muito bem. - Disse Aro. – Está tensa, criança?

Abri a boca para dizer um não convincente o suficiente, mas meu pai sabia que eu não era uma boa mentirosa, e antecipou-se:

– Ela teve um dia cheio. Não é todo dia que um Volturi tenta matá-la – ele manteve a voz um pouco humorada.

– O pior já passou – Aro fechou a expressão, meio desapontado. – Jane irá responder por isso, não se preocupe.

Ele falava como se jamais houvesse pensado em algo contra mim.

Aproximamo-nos um pouco mais, e Aro estendeu mais a mão para mim. Eu não a peguei. De repente lembrei que, daquela forma, ele estaria usando o poder dele sobre mim, e assim saberia de todas as minhas memórias.

Com mais confiança, pousei minha mão em seu rosto e concentrei-me. Mostrei-lhe as lembranças mais óbvias, mais comuns na visão que ele tinha sobre minha vida. Meus pais, minha família de vampiros, momentos felizes. Afastei as lembranças de Jacob para o canto mais escondido e protegido da minha mente, embora o rosto dele tentasse sair dos escombros e me fazer falhar. Empurrei-o mais para dentro, escondendo com ele todas as memórias relacionadas com os lobos e a Ilha de Esme.

Mas por mais que eu me esforçasse, toda aquela tensão, a presença de Aro a me pressionar, a minha quase morte com Jane há poucos minutos me fez sentir o que eu menos queria – medo. Toda a coragem que eu tivera quando passei na frente de Jacob para tentar protegê-lo desapareceu, e agora eu estava temerosa tal qual uma humana completa. Como se não bastasse, senti minhas sensações tremerem por meu corpo e atravessarem minha mão no rosto de Aro. Tirei-a rapidamente.

Aro arqueou as sobrancelhas, com a mesma expressão da primeira vez que eu o tocara.

– Mas isso é... mais... impressionante ainda! – Ele sorriu, perplexo. – Sensações, sentimentos... pareceu tão... real!

Enquanto eu pensei que ele não perceberia alteração nenhuma no meu poder, meus próprios sentimentos me traíram, entregando-me.

Aquilo era muito estranho. Afinal, eu me esforçara para imaginar e sentir o escudo a me proteger, inclusive isso abatera minhas forças, e agora o que eu estava sentindo simplesmente fluiu e atravessou meus limites, fazendo com que Aro sentisse também.

Eu arquejei, e meu pai apertou o braço em volta de mim.

– Aro – disse ele - , sei que você queria uma conversa mais.. longa, mas, gostaria de levar minha filha para casa. Ela precisa descansar.

– Não tomarei mais o tempo de vocês – ele ainda me fitava, o vermelho dos olhos pareciam tochas de fogo. – Edward, sua filha é mais especial do que eu imaginava...

Um silêncio percorreu o ambiente enquanto Aro gesticulava as mãos, como se tentasse encontrar as palavras.

– Mas como não esperar por isso? – Continuou – Uma híbrida com pais tão talentosos! Um versátil leitor de mentes como pai, e um escudo completamente intacto como mãe! É fascinante!

Ele tocou meu queixo e o levantou para me fazer olhar em seus olhos. Seus dedos gelados me arrancaram arrepios.

– Seus poderes... seu futuro... Uma meio-imortal única, misteriosa e intrigante. - Ele inclinou-se para mais perto e quase sussurrou: - Quem você será, Renesmee?

Jacob rosnou logo atrás, quebrando o silêncio em torno da voz de Aro, que mudou sua expressão curiosa para um desprezo repentino enquanto desviava os olhos para Jacob.

Em um deslize, virei a cabeça pra olhá-lo e corrigi rapidamente o ato. Ouvi um shhh vindo da direção da mamãe.

– Ainda mantendo laços com transfiguradores, Edward? - Perguntou Aro.

Ele quase respondeu, mas Aro o interrompeu, me fitando novamente.

– Você é íntima desse lobo, criança?

– Ele é meu amigo. – Respondi em um reflexo provocado pelo pânico, minha voz estranhamente embargada. Ele não podia descobrir a minha relação com Jacob.

– Nosso amigo. – Papai completou – É um amigo próximo da família.

Aro fuzilou Jacob por um momento, e mesmo de costas, pude visualizar seus dentes à mostra.

– Bom, isso não é comum de se ver – ele falou em um tom de deboche. – Harmonia entre duas espécies distintas... Mais uma característica única dos Cullen.

Ele apertou as palmas das mãos, e perguntou diretamente para mim:

– Laços fraternais, estou certo?

– Sim. – Eu disse, e inspirei fundo, sufocada pela mentira mais óbvia que eu deveria dizer. Qualquer um poderia perceber minha falha se eu falasse algo mais. Se Aro havia percebido, eu não sabia.

Ele concordou uma vez com a cabeça. Convencido? Não, claro que não. Talvez apenas no momento.

– Meus irmãos me esperam - disse. Temos um assunto complicado a resolver. Mandem lembranças à meu amigo Carlisle.

Meu pai assentiu.

– Faça uma boa viagem, Aro.

Ele sorriu e foi se afastando, depois o vulto da sua capa escura desapareceu entre as árvores. Ouvi minha mãe suspirar atrás de nós.

Meu corpo tremia, aliviado por estar rígido até então. Meu pai pegou-me nos braços e minha mente vagou. A imagem da floresta transformou-se em borrões sem sentido e dominaram meu campo de visão. Então não vi mais nada.


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Notas finais do capítulo

Comentem! ^^