Renesmee Cullen's POV

– Nessie? – Jacob abaixou-se ao meu lado e tocou meu queixo, erguendo meu rosto – O que aconteceu?

Fiquei em silêncio. Não conseguia falar com o nó engasgado em minha garganta. Como eu explicaria que iria embora assim, tão de repente?

Joguei-me em seus braços e enterrei a cabeça em sem ombro. Ele afagou minhas costas delicadamente.

– Me conte – insistiu. – Por que está chorando?

Eu não respondi e o apertei com força.

Jacob afastou-me um pouco e pegou minha mão, encostando-a em seu rosto.

A cena da conversa que tive com meus pais forçou-se a repetir em minha mente, e a expressão de Jacob mudou para uma surpresa repentina, os olhos pareciam não acreditar no que viam.

– Não! – ele tirou minha mão do rosto – Não! Bella não pode fazer isso!

– Não, não é culpa dela Jacob! – eu disse com a voz trêmula - Nem do papai, nem de ninguém!

– Você não pode ir embora! – sua voz agora estava alterada e nervosa.

Ele estava de um jeito como eu nunca havia visto antes. Mas por trás de sua revolta, seus olhos estavam tristes, sem seu brilho natural. Vê-lo assim partiu meu coração ao meio.

Abri a boca e tentei encontrar palavras que o acalmassem, ou ao menos amenizassem seu tom de voz e sua tensão, mas ele desviou o olhar e começou a andar até o chalé.

– Jacob, não! – gritei.

Ele fingiu que não me ouviu e entrou em casa, deixando a porta aberta.

Levantei-me para segui-lo. Ele iria brigar com minha mãe e não era justo, mas hesitei ao chegar perto da porta. Papai poderia fazê-lo entender.

– Não podem levá-la de mim! – ouvi sua voz alta e rouca vinda de dentro.

A voz de papai o interrompeu em um tom compreensivo, porém autoritário, cobrindo as breves explicações de minha mãe.

Apertei as mãos contra as orelhas. Eu não queria ouvir nada. Estava tudo claro, explicado para mim, embora eu não aceitasse.

Um trovão forte ecoou nas nuvens e começou a chover.

Jacob protestava dentro de casa agora em um tom mais baixo, mas mesmo assim suas palavras me machucavam. Cada vez que ele insistia com um não, era como se agulhas fossem enfiadas em meu peito, torturando-me à medida que afundavam.

Eu podia sentir a angústia dele, e isso era insuportável. Eu precisava sair dali.

Comecei a correr pela chuva em direção à casa de Carlisle, pedindo em silêncio que tia Alice estivesse lá.

Abri a porta e hesitei no carpete. Eu estava completamente encharcada, meus cabelos pesavam com a água acumulada.

Tirei meus tênis, os joguei ao lado da porta, e fechei-a. Para minha sorte, a sala estava vazia. Assim ninguém veria meu estado.

Tia Alice era a única pessoa que eu queria ver naquele momento.

Subi as escadas correndo e parei em frente ao quarto dela e de tio Jasper.

Bati duas vezes.

– Quem é? – disse ela em um tom alto.

– Sou eu, tia.

Antes que eu girasse a maçaneta, ela abriu a porta e me fitou, os olhos parecendo entender meu motivo de ir procurá-la.

– Você viu? – perguntei.

– Sim. – ela me puxou pela mão e me abraçou forte, molhando seu lindo casaco de camurça marrom.

Eu a apertei em meus braços e sua pele fria me fez tremer.

– Ah, Nessie! – ela olhou em meus olhos, tentando secar meu rosto molhado com as mãos macias. – Venha, você está encharcada!

Ela me envolveu com uma toalha grande. Não tinha percebido que meu queixo estava começando a bater.

Depois ela passou os braços em volta de meus ombros e sentou comigo na cama, afagando as mãos rapidamente em meus braços para me esquentar com o atrito.

Eu olhei em seus olhos dourados e pisquei uma vez para enxergar através das lágrimas.

– Como vou viver sem ele? – eu disse em voz baixa.

– Ah, meu anjo... – ela pousou minha cabeça em seu ombro – Vai ficar tudo bem.

Fiquei ali, imóvel por alguns minutos. Tia Alice ficou em silêncio, apenas acariciando meus cabelos molhados. Ela não sabia o que dizer, assim como eu não sabi o que pensar.

Então, seu celular tocou em seu bolso.

– Oi, Bella – ela o encostou na orelha.

– Alice, Nessie está com você? – eu pude ouvir a voz tensa de mamãe.

– Sim, ela está aqui.

Mamãe começou a falar rápido no telefone e eu não consegui mais entender.

– Ela está bem, não se preocupe – disse tia Alice. – Não, não precisa... Eu a levo depois.

– Tudo bem, tchau. – disse mamãe.

– Tchau.

Ela desligou o celular.

– Acho que devo explicações à mamãe. – eu disse.

– É, ela está preocupada. Mas agora você não está em condições de conversar. – seu tom calmo me fez relaxar os músculos – Que tal um banho quente primeiro?

Eu assenti uma vez.

Tia Alice sabia bem como me consolar.

Ela foi ao seu pequeno banheiro e preparou água quente para mim.

Tomei banho sem pressa, e após terminar, já me sentindo um pouco melhor, ela me deu roupas secas minhas que ela tinha guardadas em seu closet – que eu nem sabia que existiam.

Passei o resto da manhã com ela. Eu não queria voltar para casa e ver a expressão revoltada de Jacob que me perturbava.

Esme preparou o almoço para mim, e embora eu admirasse seus dotes culinários, não consegui comer direito.

Voltei para o quarto de tia Alice e deitei na cama dela, imaginando como seria minha despedida com Jacob.

Pensei em como seria minha vida dali em diante. Vazia, monótona.

Jacob era meu Sol. Ele iluminava e aquecia meus dias frios, me amparava quando eu estava sem chão, me enchia de vida ao me dar sua presença todos os dias.

Como pensar em uma vida sem ele? Mesmo que fosse por um tempo, como mamãe dissera?

A extensão desse tempo, por mais breve que fosse, seria uma eternidade para mim.

Tia Alice chegou no quaro e sentou-se ao meu lado.

– Preciso levar você para casa. – disse.

– Tudo bem – levantei sem nenhuma vontade.

Ao chegarmos ao chalé, papai estava com Carlisle na sala, provavelmente já planejando a viagem.

– Oi, pai. – sentei ao seu lado no sofá, e ele me abraçou pelos ombros.

– Oi, minha princesa!

Carlisle me observava com um meio sorriso, pensativo.

– Oi, Nessie! – disse – Já estou de saída. Esme está em casa, Alice?

– Sim – ela respondeu.

– Edward, cuidamos do resto depois – ele levantou-se e despediu-se acenando com a mão.

Olhei para os lados, procurando por Jacob.

– Ele foi para casa há uma hora – papai leu meus pensamentos.

Ainda estava zangado? – pensei.

– Não muito. Ele entendeu, Nessie.

E mamãe?

– Está no quarto há horas conversando com Rose.

– Vou falar com ela. – eu disse, levantando-me.