Imprinting escrita por Nessie Black Halloway
Renesmee Cullen’s POV
Em meu sonho, eu estava em frente às altas árvores do bosque, esperando que Jacob aparecesse.
Eu olhava para todos os lados, impaciente, e tentava enxergar entre a mata, mas só havia escuridão e nada acontecia.
Então Jacob surgiu do lado oposto ao que eu estava esperando, os olhos negros me fitando e a boca abrindo-se para falar, mas ele hesitava e nenhum som saía.
Dei um passo em sua direção, mas ele recuou para trás, depois correu para as árvores, e virou-se para mim.
Esperei que ele dissesse algo, agisse de alguma forma, mas nada aconteceu. Apenas o silêncio de suas expressões mudas cortava o ambiente e comprimia o oxigênio, me faltando o ar nos pulmões.
De repente, alo invisível começou a puxar Jacob para dentro da floresta, numa força extrema que ele não conseguia resistir.
Seus pés tentavam tomar impulso para frente, mas o solo úmido apenas afundava com a pressão, a força sobrenatural o arrastando com violência.
Ele olhou para mim com uma expressão apavorada, estendeu a mão direita em minha direção e pareceu desistir, caindo de joelhos e apoiando as mãos no chão para não desabar em terra.
– Jacob! – gritei, sufocada.
Tentei correr até ele, mas meus pés não me obedeceram, estavam imóveis, presos no chão e eu não conseguia movê-los.
A mesma força que levava Jacob ferozmente para longe me segurava ali, impedindo-me de avançar e trazê-lo de volta para mim.
– Nessie! – ele gritou, e sua voz fez um eco de trovão nas nuvens.
O céu escureceu de repente e Jacob sumiu nas trevas, sem nada que eu pudesse fazer.
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Acordei ofegante, as mãos geladas e molhadas de suor, e o coração saltando ferozmente no peito.
Levantei rapidamente e fui até o quarto dos meus pais. Eu tinha certeza que não conseguiria dormir sozinha com o pesadelo se repetindo em minha mente.
Abri a porta e fechei atrás de mim com cuidado.
Eles estavam deitados na cama, mamãe abraçada fortemente com meu pai. Aquela cena amenizou um pouco minha angústia.
– Nessie? – mamãe sentou em um impulso – O que foi meu anjo?
Não consegui falar e pulei no meio deles. Mamãe passou o cobertor por cima de mim e eu tentei respirar fundo, ainda tremendo.
– Foi só um sonho, amor – papai afagou meu rosto. – Durma.
Minha mãe acariciou meus cabelos e beijou suavemente meu rosto.
– Está tudo bem, Nessie. – disse.
Ela pegou minha mão esquerda e eu a apertei com firmeza, depois peguei a de papai com a direita, as uni e coloquei junto ao peito, o toque frio dos dois acalmando as batidas irregulares do meu coração.
Fechei os olhos e concentrei-me na segurança que sentia enquanto estava ali com eles, envolta em suas mãos protetores, e esperei adormecer.
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Ao amanhecer, a lembrança do pesadelo era menos nítida e não muito assustadora. Mas eu lembrava de cada detalhe, principalmente das trevas arrastando Jacob para longe.
Vesti-me sem pressa e, ao olhar no espelho, as olheiras que marcavam meus olhos evidenciavam que eu tivera uma péssima noite.
Fui até a cozinha e empurrei o café da manhã garganta a baixo, procurei por meus pais mas eles não estavam em casa.
Fiquei sentada na mesa, esperando por eles, ou só tentando me concentrar e não pensar no sonho, mas estava difícil.
Papai entrou na cozinha com mamãe atrás dele.
– Bom dia, Nessie! – ele tomou meu lugar e sentou-me em seu colo. Mamãe sentou-se na cadeira ao lado. – Como você está?
– Estou bem, eu acho.
Os olhos de minha mãe eram os mesmos da noite anterior, agora pousados em mim com uma certa cautela.
– Mamãe, pode me dizer o que está acontecendo? – perguntei.
Ela desviou os olhos e suspirou, depois pegou minha mão e me fitou.
– Nessie, nós precisamos nos mudar... por algum tempo. – disse ela.
– Mudar? – uni as sobrancelhas – Por quê? Para onde?
– Vamos para a Ilha de Esme, no Brasil. Lá podemos manter você mais segura, Jane não nos encontrará.
– Jacob já sabe? – soltei a pergunta automaticamente.
Mamãe respirou fundo e olhou para meu pai, como se pedisse algo.
Ele olhou para mim, afagou meus cabelos e falou com sua voz aveludada.
– Ele não pode ir conosco.
As palavras não fizeram sentido, e precisei de um segundo para organizá-la em minha cabeça.
– O quê? – eu disse quando entendi – Não... como assim?
– Jacob tem a alcateia em sua responsabilidade, os lobos mais novos precisam de sua orientação, e Sam não pode ficar sozinho, tomando conta de tudo.
Eu o fitei, minhas mãos começando a tremer.
– Além disso, - continuou – ele não lhe contou, mas Billy está doente. Ele não pode deixá-lo.
Eu ainda o olhava, senti meu rosto empalidecer e minhas pernas falharem. Teria caído se não estivesse em seu colo.
Então eu iria embora, e Jacob ficaria.
Tentei processar as palavras, mas elas não tinham uma ordem correta, uma direção.
Minha boca entreabriu-se, para facilitar a passagem de ar, mas eu não conseguia respirar.
Meu pai tocou minha nuca, inclinando minha cabeça para seu rosto.
– Nessie?
Encontrei seus olhos, ainda incrédula.
– Não! – fiquei de pé subitamente, apoiando as mãos na cadeira. – Não, não! Eu não posso, não vou... não vou me separar de Jacob!
– Me desculpe, querida, me desculpe – mamãe ficou de pé ao meu lado, as mãos em meus ombros. – Eu não queria fazer isso com você, mas se ficar, Jane pode atacar outra vez e matá-la! Entende isso? Entende como é difícil?
Minha cabeça começou a girar, meu cérebro processava as informações, mas captava apenas a parte de que, pela primeira vez, eu ficaria distante de Jacob.
Era difícil respirar, difícil pensar, até mesmo me movimentar.
É claro que não senti raiva da mamãe, muito menos do meu pai. Eles estavam fazendo o que sempre fizeram, me protegendo. Era esta a prioridade deles.
Mas desta vez tudo era diferente. Meu Jacob ficaria para trás, e eu sabia que não sobreviveria sem ele.
Em uma imagem oposta ao meu pesadelo, eu seria arrastada para longe à força e ele ficaria aqui, com os pés presos no chão.
A voz rouca e apavorada de Jacob ecoou em meus ouvidos, chamando por meu nome.
– Eu... preciso... preciso de ar – eu disse com dificuldade.
Disparei para a porta e senti minha mãe me seguir, mas logo ouvi a voz de papai.
– Bella, dê um tempo a ela.
Saí de casa e pensei em falar com tia Alice, mas hesitei e andei até poucos metros de casa quando lembrei que meus pais ficariam preocupados.
Encostei em um cedro e deslizei até o chão, derrotada.
Fechei os olhos devagar e concentrei-me em recuperar o fôlego, a cabeça ainda dando voltas.
Entreabri-os e olhei para frente.
Jacob vinha em minha direção, a expressão preocupada. Ele começou a correr até mim.
Sua imagem afundou mais minha angústia. Eu abracei as pernas encostei a testa nos joelhos, desabando em lágrimas.
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