Quando abri meus olhos, eu já não estava mais no mesmo lugar.

 - Onde...estou...? –Disse olhando para os lados não vendo nada.

 Eu estava deitada no chão e quando me levantei e virei para trás eu vi um grande portão de ferro. Era a entrada de uma casa.

 - Não...pode ser...isso não é verdade, certo? –Disse negando o que via.

 De repente, o portão se abriu e caminhando na minha direção estava vindo alguém, masa imagem da pessoa estava borrada. Conforme ia se aproximando eu percebi que quem vinha na minha direção era Yushiro...aquele cabelo branco...sem dúvidas era ele.

 Assim que ele se aproximou de mim, já foi falando:

 - Nee-chan, papai e mamãe estão nos esperando dentro da casa!

 E assim que ele terminou de falar, uma lança vermelha o perfurou no peito e ele foi puxado para dentro da casa. Nem pensei duas vezes, e desesperada corri o mais rápido que pude para a casa, passando pelo jardim que era igual ao da minha casa pelo que eu me lembrava.

 Assim que entrei na casa, fiquei horrorizada com o que vi. Na parede de uma sala onde não havia móvel algum, estavam Yushiro e meus pais com uma lança vermelha no peito de cada um deles os prendendo na parede.

 Eu perdi o movimento e cai no chão, simplesmente começando a chorar e gritar.

 - Não, para, eu não quero ver isso...não, não!

 Levei minhas duas mãos a cabeça a segurando com força de cada lado, parecia que eu estava enlouquecendo vendo aquilo.

 Foi então que do nada, tudo a minha frente começou a pegar fogo. Numa tentativa desesperada de fugir eu me virei, mas a porta pelo qual eu havia entrado não existia mais.

 O fogo estava chegando cada vez mais perto até que ele me alcançou e num último suspiro gritei:

 - Não quero morrer...não...por favor, alguém me ajude...não, não, NÃO!

 - Lua-chan! Ei, Lua-chan! –Uma voz estava me chamando.

 Minha cabeça estava doendo, abri meus olhos e vi Raira na minha frente...então, tudo não tinha passado de um sonho?

 - Lua-chan, até que enfim você acordou...está se sentindo bem? –Disse Raira com uma cara de alívio.

 - Eu estou bem...não precisa se preocupar comigo. –Disse tentando deixar Raira mais calma.

 Estava escorada em uma parede no fundo do que parecia ser o fliperama. Não tinha tantas máquinas assim, mas o lugar não era tão mal. Tentei me levantar mas imediatamente levei uma das minhas mãos para onde a lança havia perfurado, me apoiando na parede com a outra para conseguir sentar no chão novamente.

 - Pela sua cara ainda está doendo...você deveria descasar mais...não sei se o curativo que fiz foi de muita ajuda, mas ficar se mexendo também não ajudará em nada. –Disse Raira com uma cara emburrada.

 - Não posso ficar aqui parada, eu tenho que... –Antes que pudesse terminar Raira me interrompeu.

 - *Baka! Você me deixou preocupada...achei que você não iria acordar...você até estava chorando pouco antes de acordar. Poderia ao menos descansar um pouco...*onegai, é só o que eu te peço! –Disse Raira deixando escapar algumas lágrimas.

 Eu não tinha notado, mas realmente haviam lágrimas no meu rosto.

 - Raira...tudo bem então, irei descansar mais um pouco. –Disse limpando o rosto dela e acariciando sua cabeça fazendo com que ela sorrisse e corasse um pouco.

 Ela então foi correndo na direção de Levi. Eles estavam conversando com quem parecia ser o dono do fliperama...ele deve cobrar por termos ficado aqui.

 Tentei fechar os olhos para tentar dormir um pouco, mas não consegui, então decidi ficar sentada no mesmo lugar para descansar um pouco. Foi quando me dei conta que tinha esquecido de Yushiro.

 - Ei Raira, poderia vir aqui um minuto? –Disse com um tom elevado para que ela escutasse.

 - O que foi Lua-chan? –Ela disse vindo bem rápido para onde eu estava.

 - O Yushiro...onde ele está? –Disse com uma expressão um pouco preocupada.

 - Yushiro...? Ah, o menino de cabelos brancos! *Gomen Lua-chan, mas quando eu e Levi fomos procurar por você preocupados com sua demora, só tinha você lá...porque? –Raira disse com a mesma curiosidade de sempre.

 - Por nada demais, só queria saber mesmo. –Disse tentando aquietar Raira.

 - Tudo bem então, agora se você me der licença, vou voltar para onde estava. –Raira disse correndo mais uma vez para onde Levi estava.

 Fiquei ali pensando, será que ele foi morto? Não...talvez ele tenha sido levado de volta, deve ter sido isso. E com isso as horas passavam e já eram quase 5 horas da tarde.

 Enquanto estava ali mergulhada em meus próprios pensamentos, Raira vinha se aproximando e veio logo dizendo:

 - Ufa! Conseguimos convencer o dono a não nos deixar pagar por ter ficado aqui esse tempo...mas Lua-chan, preciso de perguntar algo! –Raira disse num tom sério.

 - Vá em frente. –Disse olhando pra ela.

 - Você disse que me contaria toda a verdade no orfanato e bem...eu gostaria de saber. –Raira disse sentando do meu lado.

 - Então você quer mesmo saber de tudo...bem, acho que como você mesma viu, essa cidade não é tão segura...deveríamos sair daqui, e ir para a capital Hórus, lá poderei te explicar tudo com paciência e sem perigo algum. –Disse enquanto esperava a resposta dela.

 - Por mim tudo bem! Ei Levi, estamos de partida! –Raira gritou para Levi.

 - E para onde vamos Raira? –Levi perguntou se aproximando de onde estávamos.

 - Hórus! –Raira disse enquanto levantando rapidamente.

 - O que? Sair de Ulkan assim tão de repente e ir para Hórus? –Levi disse preocupado.

 - Sim, você tem algum problema com isso? –Raira disse com um olhar assustador.

 - Ah, nenhum mas...deveríamos avisar a Vivi que estamos de partida. –Levi disse ainda com certo receio da ideia.

 - Você tem razão...acho que deveríamos mesmo avisá-la não é Lua-chan? –Raira perguntou olhando pra mim.

 - Mas e claro, mas lembrem-se, quanto mais cedo partirmos melhor. –Disse os aconselhando.

 - E Lua, para onde exatamente nós iremos em Hórus? –Levi tentando arrancar alguma informação.

 - Isso vocês verão quando chegarmos lá. –Disse tentando acalmar o interesse dele.

 - Você está muito cheia de segredos...não estou gostando disso! –Ele disse virando o rosto para mim.

 - Hehe, como sempre sem paciência...mas digam, tudo que trouxeram já está arrumado? –Perguntei olhando para os dois.

 - Mas é claro! –Eles disseram em sincronia.

 - Então, próxima parada, orfanato! –Disse apontando para a saída.