Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 16
Capítulo 16




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/33299/chapter/16

Capítulo 16

Inoue ficou impressionada com o tamanho do local.

Sugoi! Foi aqui que você treinou com seu pai, Ishida-kun?

– Foi sim. Mas claro que não serei tão rígido com você como ele foi comigo - encorajou, e teve calafrios ao se lembrar do severo treinamento que seu pai o submetera a fim de que recuperasse seus poderes de quincy, pouco antes do surgimento dos hollows mutantes.

Logo depois de ter ouvido de Rukia que ela e Ichigo começariam um treinamento, Orihime insistiu com ele que deveriam fazer o mesmo. Por não querer contrariá-la ele concordou, mas, se possível fosse, preferia que ela não tomasse mais parte nas batalhas dos shinigamis.

– Espero que depois disso minha força sirva de alguma coisa! - disse ela com um ar sonhador. – Ainda bem que o senhor Hacchi conseguiu trazer o Tsubaki de volta!

– É sim... - falou ele, brando, mas estava realmente preocupado.

Ela tinha um escudo defletor e um único ataque ofensivo, muito limitada para uma batalha na opinião dele, mas em compensação, aquele seu poder de cura era simplesmente espantoso. Seria bom se ela se focasse mais nessa última particularidade de seu poder, mas era evidente que ela queria ser capaz de enfrentar os adversários de frente.

Como não iria menosprezar toda aquela determinação e entusiasmo dela, só lhe restava fazer tudo que estivesse em seu alcance para ajudá-la.

ooo ooo ooo ooo

– Conforme o relatório apresentado, os hollows mutantes não são mais uma ameaça - discorria Mayuri numa reunião dos capitães. – Nos últimos dias, houve nada mais que duas ocorrências, as quais o shinigami substituto solucionou facilmente, usando a toxina que desenvolvemos. Concluímos que o poder deles nada tinha a ver com o Hougyoku.

– Bom trabalho, capitão Kurotsuchi - interrompeu Yamamoto Genryusai. – Continue por favor.

– Um pouco antes de essa variante hollow aparecer, estávamos trabalhando numa forma de liberar mais rápido o limite de contenção de poder de shinigamis acima do nível de vice-capitães, já que o nível dos Arrankars da classe Espada é consideravelmente alto, conforme constatado pelo capitão Hitsugaya e seu grupo avançado enquanto estiveram no Mundo Real. A partir de agora voltaremos a nos dedicar a isso.

O comandante fez um assentimento e tomou a palavra:

– Sim, a prioridade agora é nos prepararmos para enfrentar os Arrankar. Que todos os esquadrões se reúnam e estejam em estado de alerta.

Ukitake ficou meio ressabiado. Em face daquela resolução, talvez fosse melhor chamar Rukia de volta, pois a permanência dela no Mundo Real tornava-se desnecessária. Pensava nisso quando notou o olhar incisivo do capitão Kuchiki sobre si. Pelo visto, ele chegara à mesma conclusão. Suspirou pesaroso. Precisava entrar em contato com Urahara o quanto antes.

ooo ooo ooo ooo

Ao ver os dois jovens shinigamis em seu animado treino, Kisuke sentiu uma certa nostalgia, se recordando de si mesmo, bem mais moço, treinando com Yoruichi, no local que servira de inspiração para este onde estavam.

Detestava ser o portador de más notícias, mas não tinha outro jeito. Ao menos estava certo de que os dois tiveram tempo suficiente para se entenderem.

– Oe, Kuchiki-san... - acenou, fazendo ambos olharem em sua direção.

Rukia embainhou a espada e se aproximou depressa.

– Urahara?

– Preciso falar com você... - disse e voltou-se ao rapaz. – Kurosaki-kun, pode aguardar um instante, sim?

Ele assentiu, apesar da desconfiança. Os dois nem chegaram a deixar o espaço, e em menos de um minuto, Rukia tinha um semblante atônito.

– Compreendo... - ela falou com firmeza, apesar do terremoto interior.

Depois de lançar a jovem um olhar tristonho, Kisuke deixou o lugar.

A shinigami deu alguns passos na direção do namorado, mas ele veio em seu encontro antes.

– O que foi? - o tom dele era nervoso.

– Devo voltar à Soul Society... hoje ainda. Ordens do meu capitão.

Não.” - foi a palavra que ecoou na mente do rapaz, enquanto a encarava petrificado.

Algumas horas se passaram...

Mesmo depois de todas as longas explicações, ordens e falatório, Ichigo ainda se achava um tanto inconformado. Nem mesmo uma semana se completara e já teriam que ir embora. Contudo, via-se obrigado a acatar a resolução.

Ele e Rukia estavam no quarto então, arrumando as malas.

– Não é melhor ligar para a Karin? Ela ajuda você...

– Eu me viro...

– Mas é muita coisa pra você levar sozinho.

– Não esquenta com isso.

Rukia queria dizer algo que o encorajasse, mas as palavras simplesmente lhe fugiram.

– Na segunda-feira não esquece de usar o modificador de memórias nos alunos da sala.

– Certo.

Aproximando-se acariciou gentilmente o rosto triste dele.

– Não fica assim.

tudo bem, não se preocupa.

– Só não ficarei preocupada se você melhorar essa cara.

O adolescente apertou a mão dela em seu rosto. Não podia ser infantil, não naquela hora.

– É - ele começou –, a gente sabia que mais hora menos hora isso ia acontecer. Eu sou o substituto, você a titular... - tentou ser irônico, mas o que ficou claro foi sua amargura.

Olharam-se bem dentro dos olhos e então Rukia passou os braços pelo pescoço dele, que circundou o corpinho dela, e uniram as bocas num beijo emotivo. E demoraram-se nele, pois sabiam que podia ser o último, ao menos por algum tempo.

Quando se desvencilharam, ela fez um carinho nos cabelos dele.

– Sempre que eu puder, te mando mensagem - prometeu Rukia.

– Manda sim, estarei esperando. Se puder ligar também...

– Vou tentar.

– Pelo que eu entendi daquilo que o Urahara falou, a Soul Society está mesmo em alerta... será que não é melhor eu voltar a treinar com os Vaizards? Ainda não consigo permanecer muito tempo com a máscara.

– Confesso que isso me preocupa um pouco, mas eles devem saber como controlar seu lado hollow melhor do que eu.

– É sim...

Antes de deixarem o quarto, deram um abraço bem apertado. Foi uma despedida realmente triste, parecia até que nunca mais voltariam a se ver, no entanto, sabiam que teriam que se acostumar com aquilo, já que naquele estágio de seu convívio, o relacionamento estaria marcado pelas idas e vindas dela.

ooo ooo ooo ooo

Fazia algum tempo que Ichimaru havia saído, depois de tê-lo informado que as pesquisas sobre os hollows mutantes estavam encerradas e que a missão de exterminá-los também fora concluída com êxito; não restara um único. Estando então solucionado o contratempo, Aizen tratou de se concentrar num outro assunto.

Acionando um projetor de imagens, ele tornou a assistir as cenas captadas por Ulquiorra em sua breve aparição no Mundo Real, cerca de três meses atrás. Observava precisamente o momento em que a humana, amiga de Kurosaki Ichigo, usava seu poder para reverter o dano que um de seus colegas sofrera.

– Que poder interessante você tem... mulher.

Ele manteve um discreto sorriso nos lábios enquanto arquitetava, silenciosamente, uma maneira de se beneficiar daquela circunstância.

ooo ooo ooo ooo

Ichigo tinha uma expressão boa, quando, depois de deixar seu material escolar num canto, bloqueou, na hora exata, uma voadora que Hiyori tentou lhe dar bem no meio da cara.

– Boa tarde - saudou-a com naturalidade.

A loirinha invocada o encarou com uma sobrancelha arqueada.

– Mas que cara de retardado! Aposto que falou com aquela magricela da sua namorada!

Sem retrucar e com um certo riso nos lábios, ele foi caminhando rumo à escadaria que levava ao espaço de treino. Hiyori não demorou a alcançá-lo.

– Faz quantos dias mesmo que ela picou a mula, hein? - perguntou implicante.

– Não tem nem dez dias... - seu tom se mantinha calmo. – E ela não foi porque quis, e sim por causa da ordem do capitão dela.

– Tanto faz.

Munida de sua máscara, a baixinha não perdeu tempo e lascou uma enxurrada de golpes no adolescente, mas logo ficou de queixo caído por ele ter se esquivado de todos.

– Pra usar a máscara você continua ruim de doer, mas que diferença na agilidade depois de ter batido um lero com a mina, hein! Por que não deixamos uma foto dela pendurada aqui, pra ver se você consegue ficar com a sua máscara onze segundos e meio?!

Ele riu, mas o comentário também o deixou meio preocupado. Andava realmente um tanto irritadiço, dando umas vaciladas com suas irmãs, com os colegas da escola e até ali mesmo com os Vaizards, devido à ausência de Rukia. Só agora entendia o que o fato de pertencerem a mundos diferentes acarretava, e toda a relutância de Rukia, no início, fez algum sentido para ele afinal.

De qualquer forma, precisava arrumar um jeito de não ficar descontando nos outros a oscilação de humor que a saudade lhe causava, porque se Rukia ficasse sabendo disso iria com certeza chamar sua atenção, e daquele jeito bem adulto que ele tanto detestava. Mas tirando isso até que não estava se saindo tão mal, porque apesar da distância, a situação entre eles estava muito bem resolvida e este era seu alento.

ooo ooo ooo ooo

Ao lado de Yammy, Ulquiorra adentrou um salão onde o, temporariamente selado, Hougyoku, estava sendo usado, por Aizen Sousuke, para que mais um hollow fosse liberto de sua máscara. E ele entrou a tempo de ver o momento em que o novo Arrankar surgiu. Após este novato ter dito seu nome, Wonderweiss Margera, Aizen se voltou em sua direção.

– Ulquiorra, você se lembra das minhas ordens de uns meses atrás?

­– Sim.

– É tempo de executá-las. Aja conforme achar melhor. E pode levar quem você quiser.

– Entendido.

Aizen se retirava, quando erguendo o rosto a uma parte mais elevada do salão, disse:

– Ah, sim. Gostaria de ir também... Grimmjow?

Um olhar penetrante foi toda a resposta do ex-Espada.

ooo ooo ooo ooo

A turma toda vinha se dedicando aos treinos com intuito de ficarem mais fortes. Orihime e Uryuu usavam a colossal estrutura no subsolo do hospital de Ishida Ryuken; Sado estava na loja Urahara; Ichigo no armazém dos Vaizards; e Rukia na área dos fundos de seu esquadrão.

Os amigos de Ichigo com a motivação de serem uma linha de defesa para os moradores de Karakura, enquanto Rukia e ele, por ordem da Soul Society, a postos para a eminente batalha contra Aizen e seus aliados no inverno.

Eis então que numa tarde, nada menos que quatro Arrankars do nível de Espadas apareceram em Karakura. A tremenda reiatsu deles foi imediatamente captada pelos jovens na cidade, e disparou os alarmes da equipe de desenvolvimento na Soul Society. Assim uma apressada mobilização começou.

Soul Society.

– Kuchiki? - Ukitake chamou.

– Sim, capitão, o recado chegou até mim. Estou indo agora mesmo!

– O capitão Hitsugaya já está a caminho. Tente alcançar o grupo dele.

– Sim!

Hitsugaya partiu ao Mundo Real acompanhado de sua vice capitã Matsumoto Rangiku, do terceiro posto Madarame Ikkaku e do quinto posto Yumichika Ayasegawa. Impossibilitada de alcançá-los, Rukia acabou usando o portal privativo da família Kuchiki.

Armazém dos Vaizards.

– É o Grimmjow! - Ichigo percebeu e logo saiu em disparada dali, mas foi impedido por Kensei.

– Você ainda não está pronto. Esses inimigos são poderosos! Seus aliados da Soul Society já estão aqui, deixe que cuidem disso!

– Me larga! Eu treinei pra uma hora dessas! Que sentido faz se eu não for agora?!

Com o consentimento de Shinji, não obstante o descontentamento de Kensei, Ichigo seguiu depressa ao encalço do Arrankar.

Subsolo do hospital.

– Temos que ajudar o Kurosaki-kun! Kuchiki-san não está aqui!

Tudo aconteceu muito rápido, desde o instante em que Uryuu sentiu a ameaça e tomou sua resolução, movido em partes por um certo ciúme e por um ímpeto incontrolável de protegê-la.

– Eu sinto muito, Orihime. - disse apenas, então acionou o sistema de segurança, trancafiando ela ali dentro.

– Ishida-kun! Ishida-kun! - ela esmurrava porta. – Uryuu... - balbuciou em prantos - ...não me deixe pra trás... eu posso ajudar.

Loja Urahara.

– Eu vou. Ichigo não pode lutar sozinho. - Sado falou decidido.

– Você está muito desgastado por causa do treino, e os inimigos são Espadas - Kisuke retrucou. – Fique aqui, dessa vez, eu irei.

ooo ooo ooo ooo

Uryuu corria guiado pela reiatsu de Ichigo, meio arrependido por ter deixado a namorada de fora depois de tanto empenho nos treinos, e sem conseguir se livrar da horrível lembrança do olhar magoado dela.

Ali no Mundo Real era complicado usar seu Hirenkyaku - a técnica que o permitia mover-se em alta velocidade - devido à escassez de partículas espirituais, e isso estava atrasando demais sua chegada ao local. Já começava a sentir o fôlego faltar, mas de repente estancou no lugar quando o alarme de um dispositivo eletrônico que trazia consigo disparou. Seu coração falhou uma batida.

Alguém invadiu o complexo? Impossível!” pensou ele.

– Orihime! - exclamou pálido.

Dando meia volta ele saiu correndo, desesperado, e ainda mais depressa que antes, porque devido ao isolamento daquele lugar, ele não podia sentir a reiatsu dela. E a cada custosa passada, não conseguia parar de pensar que se algum inimigo tivesse de fato entrado lá, ele nunca chegaria a tempo de impedir que algo ruim acontecesse.

ooo ooo ooo ooo

Minutos atrás...

Ela estava prostrada no chão, chorando. Sem entender porque Uryuu se dera ao trabalho de treiná-la, para então, na hora da batalha, deixá-la de lado. Sentia-se péssima, um verdadeiro peso morto. E por isso o pranto escorria descontrolado.

Mas de repente ela ergueu a cabeça ao sentir o poder de Ichigo se elevar furiosamente, de uma forma aterradora de tão intensa. Preocupada com a segurança dele, encontrou ânimo para tentar sair dali. Colocou-se em pé então e secou as lágrimas.

Koten Zanshun... - dizia, mas eis que ouviu alguém falar atrás de si.

– Sozinha num lugar desse? Que descuido...

Um medo genuíno se apoderou dela, quando seus olhos vidrados se depararam com aquele ser pálido como papel, esguio e de olhos de um verde profundo. Ela já o vira antes.

– Venha comigo, mulher. Não diga nada. Só o que tem que dizer é “sim”. Se não o fizer, eu matarei, não você, mas seus amigos.

E depois dessa ameaça, atrás dele sugiram imagens das lutas de seus amigos naquele exato instante.

– Você não tem escolha. Isso não é uma negociação. É uma ordem. Aizen-sama deseja seu poder. E eu tenho a missão de levá-la a salvo.

O tom dele era desconcertantemente autoritário e, sem saída, ela se viu obrigada a obedecer. Então, ele lhe deu uma pulseira explicando que enquanto a usasse, a presença dela só seria percebida por eles, os Arrankar. E de costas para ela, encerrou dizendo que ela tinha doze horas para fazer o que bem entendesse, e que nesse meio tempo poderia se despedir de uma única pessoa. À meia-noite ele voltaria para levá-la ao mundo dos hollows.

ooo ooo ooo ooo

Além de ser tão forte, aquele insano ainda fora capaz de deduzir a fonte e as limitações de seu novo poder apenas de encará-lo. A força do golpe o fez despencar ao chão, e nem bem tinha se erguido e ele já chegava para um outro ataque. Tentou se esquivar, mas não houve tempo. Grimmjow fincou a katana em seu pulso.

Diante da luz vermelha de um Cero, a menos de um palmo de distância, Ichigo achou realmente que estava acabado. Mas subitamente uma lufada de ar frio veio do nada, e num instante a mão do Arrankar foi envolvida por uma camada de gelo. Ele mal pôde acreditar. Era Rukia! E ela preparava-se para um ataque.

Tsugi no Mai: Hakuren!

Uma avalanche envolveu o inimigo, congelando-o por completo.

– Ichigo! - ela correu até ele, e não fosse aquela espada fincada nele, o teria abraçado.

– Essa sua técnica está mais poderosa... desde quando isso?

– Não fale - revidou séria, enquanto tentava puxar a espada. – Está difícil tirar isso. Não me faça perder tempo explicando.

Olharam-se por um instante.

– Você está um farrapo. Pelo visto andou excedendo seus limites de novo...

– Dá um tempo - disse e desviou o olhar.

Ela continuou tentando soltá-lo, mas de repente ouviram o estardalhaço do gelo se quebrando e num instante o Arrankar agarrou a cabeça de Rukia.

– Não me subestime, shinigami! Achou que me mataria só de me envolver com uma camada fina de gelo? Nem em sonho! - vociferou, e sem soltá-la tornou a concentrar um Cero.

– Rukia!! - Ichigo berrou, enquanto Grimmjow ria. Ele tentou, com tudo que lhe restava de forças, impedir, mas antes um fortíssimo disparo de energia atingiu o Arrankar.

Foi então que Hirako Shinji apareceu para salvar o casal, assumindo a luta. Ichigo e Rukia puderam apenas presenciar o quanto o nível daqueles dois estava acima do deles.

Shinji levava vantagem, contudo, no instante em que Grimmjow parecia prestes a liberar um poder ainda mais destrutivo, um outro Arrankar o deteve.

– Ulquiorra?! - falou Grimmjow.

– A missão está completa. Vamos embora.

Em seguida os dois Arrankars foram capturados por fachos de luz vindos de fendas dimensionais, idênticos aos que levaram Aizen Sousuke e seus dois aliados ao Hueco Mundo, e ascenderam ao céu. Na subida, Ulquiorra chegou a reparar nos vestígios deixados pelo novo poder de Ichigo, mas concluiu que mesmo aquilo seria inútil quando o confronto final chegasse.

ooo ooo ooo ooo

Todo esbaforido Uryuu adentrou o complexo e perscrutou o espaço a sua frente, sem encontrar ninguém. Passou então a vasculhar todos os cantos, tentando identificar qualquer presença ou qualquer pista do que teria acontecido, mas não havia sinal de absolutamente nada.

Exausto, escorou a cabeça numa parede, socando-a em seguida.

– Pense, pense, pense!! Tem que ter uma explicação pra isso. Ela não pode ter sumido!

Forçando-se a raciocinar, logo se lembrou de que não era possível sentir reiatsu alguma ali dentro. Orihime devia estar lá fora. Assim, saiu apressado e, no estacionamento daquele prédio, se concentrou ao máximo para tentar sentir a presença da namorada, de qualquer jeito, mas os minutos foram se passando e novamente nada.

Chegou a suar frio, quando a possibilidade do pior ter acontecido cruzou sua mente. Teve até uma leve vertigem, mas logo balançou a cabeça nervosamente para afastar para longe aquela ideia.

– Eu preciso de ajuda! - então saiu correndo a procura da única pessoa que julgou ser capaz de ajudá-lo: Urahara Kisuke.

ooo ooo ooo ooo

Assim que Grimmjow desapareceu no céu, Ichigo não pôde mais se aguentar em pé devido à dor do sério ferimento no pulso. Rukia tentou desesperadamente curá-lo através de kidou, mas logo percebeu que precisava da ajuda de Inoue.

Imaginando que ela estivesse em casa - por mais estranho que isso fosse - tentou contato através do celular. Perturbada demais com a imobilidade de Ichigo para perceber que a reiatsu da amiga tinha simplesmente desaparecido.

– Ele não vai resistir até sua amiga chegar - Shinji falou, pegando Ichigo nos braços. – Venha comigo.

Algum tempo depois, estavam no armazém abandonado que servia de base aos chamados Vaizards. Ela sabia muito pouco sobre eles, no entanto, ficou imensamente grata quando o corpulento Hacchi Ushoda, conseguiu ao menos aliviar a dor de Ichigo. Depois disso, Shinji ainda o levou para casa.

ooo ooo ooo ooo

– Você precisa se acalmar, Ishida-kun.

– Como eu posso me acalmar com ela sumida desse jeito?! - ele realmente berrava.

– Eu reconheço que isso tudo é muito estranho, mas me admira que alguém tão centrado como você fique assim - dizia enquanto discava um número.

– Pra quem está ligando?

– Para o capitão Ukitake... vou pedir a ele um rastreador mais potente. Kurosaki-kun está muito ferido e Kuchiki-san está lá com ele. Você terá que ir até a Soul Society buscar esse rastreador.

– Eu vou!

– Mas que estranho... não estou conseguindo contactar a Soul Society.

– Como assim? - retrucou e ficou encarando o loiro com os olhos arregalados. Estava a ponto de ter um colapso de tão transtornado, mas de repente se sobressaltou ao sentir, por uma fração de segundo, a reiatsu da namorada.

– É ela!

– Hã? Ainda não sinto a presença da Inoue-san.

– Mas eu senti sua reiatsu! Foi só por um instante, mas agora sei que ela está viva! - falou e deu as costas ao ex-shinigami.

– Espere, Ishida-kun! Aonde vai?

– Onde mais? Procurá-la! Irei encontrá-la sozinho. Não preciso da ajuda da Soul Society!

Havia raiva na voz dele, Kisuke percebeu. Por isso achou melhor deixá-lo ir, mesmo não estando certo de que aquele fosse o método mais eficaz de encontrar a moça.

ooo ooo ooo ooo

Ela esticou o braço e ficou olhando a pulseira prateada por algum tempo. Achava-se num beco, bem próximo ao apartamento de Uryuu. Escorando a cabeça na parede dali, soltou um suspiro longo. Conforme as horas se arrastavam, as ameaças daquele ser pálido tornavam-se sufocantes, como se paredes de ferro estivessem se fechando ao seu redor.

Estava meio preocupada com Ichigo, mas uma vez que podia sentir a reiatsu de Rukia, soube que ela cuidaria dele. Além disso, só lhe fora permitido se despedir de uma pessoa e claro que precisava falar com Uryuu. Atravessou a rua então. Era uma sensação esquisita saber que ninguém podia vê-la e que era capaz de atravessar paredes por conta daquela pulseira, contudo, era ela também que ocultava completamente sua presença.

Em frente à porta do apartamento, sem qualquer razão, resolveu entrar pela parede lateral. Caminhou até o quarto de Uryuu. Ficou lá, olhando as coisas dele, reparando em toda a organização, quando escutou de repente o apito da secretária eletrônica e logo alguém deixava um recado:

Ishida? Ishida, você está aí? Aqui é Rukia. Se a Inoue estiver com você, peça por favor pra ela vir até aqui. Ichigo foi gravemente ferido” - a ruiva vidrou os olhos -, “ele recebeu um corte horrível no pulso... só ela deve ser capaz de curá-lo! Se souber de qualquer coisa, por favor, me avisa...bom, até.”

Primeiro ela reparou no tom de aflição da amiga, e depois ficou alarmada com a notícia. Então sem pensar em mais nada, decidiu ir até lá. Estava a ponto de atravessar a porta, quando esta se abriu e ela deu de frente com Uryuu. Num rápido reflexo, conseguiu sair de lado um segundo antes de ele esbarrar nela.

Objetos inanimados passavam através de seu corpo, mas pessoas não. Percebeu isso quando perambulando por um parquinho, uma bola de futebol atravessou sua cabeça, mas que o menino, que vinha atrás da bola, esbarrou em seu braço, fazendo a pulseira escorregar e quase cair de seu pulso - foi nesse momento que Ishida percebeu a presença dela.

Voltando-se a ele, o viu arrastando o pé, desgrenhado, abatido, nem parecia seu Uryuu. Devia estar muito preocupado com seu sumiço. Teve ímpetos de abraçá-lo e dizer que estava tudo bem, mas sem que pudesse evitar, o rosto de Ichigo se projetou em sua mente. O peito doeu diante da dura escolha.

Podia ser que aquele Ulquiorra não considerasse o fato de ir curar alguém como uma despedida, mas e se desperdiçasse sua chance ali com Uryuu, e depois não pudesse ajudar o amigo?

– Onde você está, Orihime? - o jovem quincy falou ao teto, sem poder imaginar que ela estava a menos de dois passos de si. – Eu tentei te proteger e no fim acabei complicando tudo...

Lágrimas sentidas irromperam dos olhos graúdos da adolescente. E, desolada, ela saiu correndo.

CONTINUA...

ooo ooo ooo ooo

Vocabulário:
Sugoi: Fantástico
Hirenkyaku: Caminhar em projeção flutuante
Tsugi no Mae, Hakuren: Próxima dança, estouro branco
Koten Zanshun: Uno escudo cortante

Notas:
Diversas falas deste capítulo foram reproduzidas do animê, conforme a tradução do fansub OMDA. Episódios: 127, 138 ao 141.

A todos que tem acompanhando! Meu muito obrigado!

Grande abraço gente! =^.^=


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!