Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 14
Capítulo 14




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Capítulo 14

 

Abarai Renji não pôde mais prestar atenção à ladainha do oficial diante de si, quando avistou seu capitão, cabisbaixo, adentrando o quartel da divisão.

 

Ele já voltou?! O que terá acontecido no Mundo Real?” - pensou consigo.

 

– Ah, eu tenho que ir... Por favor, relate o ocorrido ao terceiro posto.

 

– Espere, Abarai fukutaichou! - tentou ainda o jovem, mas foi totalmente ignorado.

 

Um pouco depois, o vice-capitão adentrou o gabinete.

 

Taichou! Voltou rápido. Como foi? E quanto a Rukia? - desatou afoito.

 

– Ficará lá por mais algum tempo - respondeu Byakuya, seco.

 

– Mas...

 

– Isso é tudo, Renji - encerrou ríspido.

 

O ruivo estreitou os olhos na expressão de seu capitão. Aquela aspereza era comum nele, mas o desânimo que percebeu em seu semblante foi novidade. Contudo sem ter como questionar, deixou o local, silenciosamente e intrigado.

 

– Não é por aqui que vou saber das coisas - murmurou do lado de fora.

 

Ao mesmo tempo, Byakuya, sozinho na sala, recostou na cadeira e inspirou fundo.

 

– O destino de Rukia está inteiramente entrelaçado com o daquele rapaz e além de qualquer interferência... seja minha, seja sua, Renji.

 

ooo ooo ooo ooo

 

Cerca de uma hora atrás no Mundo Real.

 

– Quem são aqueles caras? - perguntou Ichigo a Rukia, referindo-se a duas pessoas que conversavam com Urahara.

 

– Subordinados do clã Kuchiki. Devem ter vindo a mando do nii-sama para avaliarem os danos e providenciar o subseqüente reembolso.

 

– Entendo - disse e inspirou fundo, envergonhado. – E nós? O que fazemos agora?

 

– Ainda dá tempo de ir à escola.

 

– Isso nem pensar - retrucou enfático.

 

Rukia pensou um pouco.

 

– Então... por que não vamos pra sua casa e conversamos com seu pai? - sugeriu ela.

 

– Com meu pai? Sobre o que exatamente?

 

– Sobre eu e você começarmos a treinar aqui, no espaço do subsolo.

 

O adolescente encarou a namorada como quem gostou da ideia.

 

– Quando pensou nisso? - indagou curioso.

 

– Agora mesmo - falou calma.

 

– Eu achei ótimo.

 

– Mas precisamos ver se o Urahara vai ceder o espaço - disse, pensativa.

 

– É, depois dessa baderna... - olhou ao redor do quarto arruinado – não seria de se estranhar se ele recusasse.

 

Os dois ainda conversavam quando o ex-shinigami se aproximou deles.

 

– Bem, está tudo resolvido - anunciou com um sorriso enorme.

 

– O clã Kuchiki não o deixará no prejuízo, presumo - comentou Rukia.

 

– Claro que não! - e conseguiu alargar ainda mais o sorriso.

 

– É... Urahara-san - falou Ichigo –, nós já dissemos que lamentamos pelo estrago, pedimos desculpas e tal, só que ainda tem uma coisa que gostaríamos de lhe pedir...

 

– E o que seria? - replicou um tanto sério.

 

Ichigo olhou para Rukia.

 

– Poderia nos emprestar o espaço no subsolo? - explicou ela. – Queremos iniciar a um treinamento para aperfeiçoar nossas habilidades.

 

– Ah, que interessante... Claro, estejam à vontade. É sempre um prazer ajudar o Kurosaki-kun, e é uma honra auxiliar alguém da prestigiada família Kuchiki - disse muitíssimo irônico.

 

O rapaz lançou um olhar irreverente ao loiro.

 

– Imagino...

 

– Se está de acordo, ótimo - retomou Rukia. – Então nós iremos voltar à casa de Ichigo para comunicar isso ao pai dele.

 

– Só tem um porém, Rukia... teremos que fazer isso depois das aulas. É fim de ano e a ideia de repetir não me agrada em nada.

 

A nobre ponderou um pouco e logo balançou a cabeça numa afirmativa.

 

– Tudo bem, isso não é problema.

 

– Conversem direitinho com Kurosaki Isshin-san - aconselhou Urahara. – Digam a ele que poderão ficar hospedados aqui por uns dias. Do contrário entre idas e vindas não sobrará quase tempo para treinarem.

 

– Podemos mesmo ficar aqui, Urahara-san?! - indagou o garoto, entusiasmado.

 

– Podem sim, mas creio que seu pai irá exigir que fiquem em quartos separados se assim for.

 

Desconcertados, ambos enrubesceram na mesma hora. Kisuke não perdia uma oportunidade de deixá-los envergonhados.

 

– Claro! - exclamou de pronto Rukia.

 

– É - emendou Ichigo, mas muito menos convicto que ela.

 

– Certo. Devo aguardá-los hoje ainda?

 

– Não - adiantou-se o adolescente.

 

Rukia olhou na direção dele.

 

– Conversaremos com meu pai e passaremos a noite lá hoje - decidiu ele.

 

– Ah sim, se forem mesmo ficar uns dias, precisarão arrumar malas e trazer coisas como roupas, pijama, escova de dentes... - Urahara comentou, divertindo-se. – Certo, mas independente de quando chegarem, as portas estarão abertas. São sempre bem vindos - completou sem largar a ironia.

 

Rukia nem tinha cabeça para se importar com as gracinhas do ex-shinigami. As cenas de todo o ocorrido ainda estavam muito vívidas em sua mente. Discretamente, olhou para Ichigo e não conseguiu evitar sentir um aperto no coração.

 

Ele se mostrava lúcido, plenamente restabelecido, como se nada tivesse acontecido. Só que minutos atrás, confusão, desespero e perigo reinaram entre aquelas quatro paredes. Cerrou um dos punhos. Apreensiva, preocupada e até temerosa quanto ao futuro.

 

– Kuchiki-san, que tal um chá? - convidou gentil Urahara, atento ao estado dela.

 

– Seria bom - concordou amuada.

 

– Venham comigo os dois.

 

ooo ooo ooo ooo

 

Pouco mais de onze de manhã, na Soul Society.

 

Hisagi Shuhei assentiu com um certo riso às últimas palavras de seu informante.

 

– Mas este Kurosaki é mesmo um fenômeno - comentou ele, com um brilho jornalístico nos olhos estreitos. – Um caso desse é matéria pra primeira página! Preciso trabalhar nisso agora mesmo. Você pode ir.

 

– Sim, senhor - retrucou o moço e rumou à porta, deparando-se com uma pessoa que acabava de chegar.

 

– Com licença - Hisagi ouviu, voltando-se imediatamente naquela direção.

 

– Abarai! Perfeito!

 

– Hã? O que quer dizer com isso?

 

– Ninguém melhor que você pra confirmar essa história da ida do capitão Kuchiki ao Mundo Real.

 

– Ora, mas é justamente pra saber sobre isso que vim aqui. Um fofoqueiro de plantão como você já deve saber de tudo.

 

Apesar daquilo soar mais como uma crítica, Hisagi se vangloriou ao pensar que devia ser a pessoa mais bem informada do Sereitei.

 

– O que... não me diga que não está sabendo? - retrucou provocativo, com ares de superioridade.

 

– Muito pouco. O capitão não quis me dizer.

 

– Definitivamente veio ao lugar certo!

 

Renji tomou o lugar à frente do amigo, que tinha se levantado antes, mas voltara a acomodar-se.

 

– Desembucha - intimou o ruivo.

 

Shuhei recostou mais à cadeira, apoiou as mãos na mesa e começou a falar:

 

– Bem, segundo o capitão Ukitake, o capitão Kuchiki partiu para o Mundo Real antes do sol nascer, bastante irritado com sua irmã, por ela não ter dado cabo de um hollow mutante.

 

– Disso eu sei.

 

– É, mas o que você não sabe é que quando o capitão Kuchiki falou de trazê-la de volta, o jovem Kurosaki, que anda de namoro com ela, como você bem sabe, ficou totalmente descontrolado, mostrou seu lado hollow e partiu pra cima dele!

 

– O que?! - exclamou e se colocou em pé, incrédulo.

 

– Exatamente isso. Agora, se está pensando que foi seu capitão quem resolveu o problema, pasme, porque quem deixou o fedelho pianinho foi a própria Rukia.

 

O ruivo deu um sobressalto e logo ficou lívido de espanto, depois deixou-se cair de novo no assento.

 

– Não acredito - balbuciou desconcertado.

 

O capitão? Perdeu de novo pro Kurosaki? Não pode ser.” - pensou Renji.

 

– Isso é balela - disse após alguns instantes.

 

– Não, não é! - retrucou Shuhei, enérgico. – Um dos tesoureiros do clã Kuchiki garantiu a meu informante que uma considerável soma de dinheiro foi destinada a Urahara Kisuke, pois toda a confusão aconteceu dentro da loja dele.

 

– Céus, a cada instante piora. Você tem mesmo certeza disso, Hisagi?

 

– Claro!

 

– Mas Rukia não ia poder com aquele cara estando ele descontrolado. Isso não faz sentido...

 

– Parece que sua amiga anda evoluindo em força então.

 

– Isso sim... Rukia já devia ter subido de posto há tempos.

 

– É verdade. Mas o problema é que o capitão Kuchiki não quer isso. Você melhor do que ninguém sabe como ele é superprotetor.

 

Renji envergou uma sobrancelha e lançou um olhar desconfiado ao amigo.

 

– Sei. Mas sem chance, Hisagi, não me leve a mal, mas terei que ouvir isso da própria Rukia pra acreditar.

 

– Pretende ir ao Mundo Real também?! - espantou-se o moreno.

 

– Não. Isso já gerou polêmica demais. Vou entrar em contato usando um smart-phone mesmo.

 

– Ah... - assentiu aliviado e se levantou. – Tudo bem... mas não há motivo pra você duvidar da credibilidade de nosso jornal.

 

– Claro que não - disse simplesmente, mas Hisagi sentiu certa ironia no tom dele.

 

– Ih, qual é? Tô percebendo desconfiança em você. Agora é assim é? Já não tenho crédito por causa daquilo que aconteceu com minha equipe.

 

Renji revirou os olhos e balançou a cabeça.

 

– É você quem está dizendo. De novo - acentuou, pensando que tanto Hisagi como Kira andavam, exageradamente, inseguros devido à deserção de seus capitães. – Bom, eu tenho que ir. Obrigado de qualquer forma.

 

– Às ordens. Te acompanho até a saída.

 

Os dois caminharam alguns passos por um corredor largo, então Hisagi olhou no relógio.

 

– Puxa, já é tarde assim... – observou ele. – Poderia me fazer um favor, Abarai?

 

– Diga.

 

– A Rangiku-san me chamou para almoçar com ela, mas tenho que cuidar desse furo de reportagem pessoalmente. Não poderia acompanhá-la e transmitir minhas desculpas?

 

– Sem problema. Não tenho nada programado mesmo.

 

– Se tiver vergonha de ficar sozinho com ela, pode chamar o Iba-san e o Kira. Ela não vai se importar - provocou com um risinho matreiro.

 

– Mas que espécie de comentário é esse?! - retrucou não muito alto, mas bem ultrajado. – Eu? Ficar com vergonha, mas é cada ideia...

 

ooo ooo ooo ooo

 

Ichimaru Gin relia seu próprio relatório, assentado num dos dois lugares à frente de uma mesa atrás da qual Aizen Sousuke estava. Ambos aguardavam pela chegada de Tousen Kaname, e não precisaram esperar muito.

 

– Com licença, Aizen-sama, Ichimaru.

 

– Veio rápido, Kaname - comentou o líder. – Espero não ter atrapalhado suas atividades.

 

– De modo algum.

 

Gin endireitou a postura, ao mesmo tempo em que Kaname ocupava o assento vazio a sua frente.

 

– Creio que já devem imaginar do que se trata.

 

– Os distúrbios causados por alguns hollows - arriscou o negro.

 

– Exato. Gin, por favor, seu relatório.

 

– Pois não... O que aconteceu com esses hollow foi uma espécie de mutação. Para evitar serem extintos pelos Arrankar eles desenvolveram novas habilidades. Nada tão significativo ou assim extraordinário. Irrelevante se comparado ao nível dos Espadas.

 

– Na sua opinião, Gin, isso nos beneficia de alguma forma? - indagou Aizen, com um olhar indecifrável.

 

– Pode ser de algum benefício se usarmos esses hollows para treinar os Arrankar, afinal eles são mais fortes que os hollows comuns, no entanto existe a possibilidade deles se unirem e começarem uma revolta.

 

– Coisa que não é de nosso interesse, sem dúvida - observou Tousen.

 

Aizen ponderou uns instantes antes de voltar a falar.

 

– Ainda que seja formidável que até hollows comuns busquem ultrapassar seus limites, não estou disposto a deixá-los seguir com isso. Kaname, coloque Szayel a pesquisar este caso com mais afinco. Estou certo que a Soul Society tem feito o mesmo.

 

– Sim, Aizen-sama - assentiu servilmente.

 

– Gin, salvo os espécimes a serem usados nas pesquisas, os demais devem ser exterminados. Escale Nnoitra para cuidar disso.

 

– Como quiser, Aizen-sama - retrucou com certo escárnio.

 

Tousen se retraiu com a tonalidade do mais novo. Havia uma ambiguidade desconcertante sempre permeando as falas de Ichimaru. Não compreendia ao certo o que de fato o motivava, se admiração ou apenas o gosto pelo perigo.

 

Como o assunto parecia encerrado, os dois se levantaram, mas se detiveram quando Aizen voltou a falar.

 

– Se isso aconteceu com os hollows, será que algum outro tipo de evento inesperado não poderia acontecer entre os shinigamis e seus aliados no mundo humano?

 

– Aliados? - estranhou Gin.

 

– Sim. Aquelas crianças que Urahara Kisuke tem usado. Kurosaki Ichigo e os outros.

 

– Ah...

 

Tousen permaneceu no lugar, sem nada dizer. Gin foi quem se manisfetou:

 

– Já constatamos que devido ao nível de poder anormal de Kurosaki Ichigo, aqueles jovens também desenvolveram certas habilidades.

 

– Quero todos os dados referentes a isso. - exigiu o líder. – Talvez alguma daquelas crianças ainda possa ser de alguma serventia a nós.

 

– Irei providenciar o mais rápido possível. - replicou Gin em seu tom típico, cínico, e em seguida se dirigiu à saída, sendo logo acompanhado por Kaname.

 

ooo ooo ooo ooo

 

Rangiku abriu o maior sorriso diante do resultado dos dados.

 

– Vai ter sorte assim na China! – bronqueou Renji. – Não sei porque insisto em apostar com você. Sempre perco!

 

– Isso! - vibrou ela. – Agora vou poder comprar aquelas roupas tão legais que estava querendo. Ah, não seja um mal perdedor - falou toda charmosa e deu um tapinha no braço dele, se atentando inclusive, naquele instante, para a firmeza daquelas formas.

 

Indiferente ao olhar direto da bela e bem dotada ruiva, Renji só lamentava pelo dinheiro perdido, além de não conseguir parar de pensar em tudo que ouvira de Hisagi.

 

– Que foi? - perguntou ela, percebendo mais que zanga na expressão dele.

 

– Nada... - disse e jogou os dados dentro do copo e o deixou de lado.

 

– Se está tão inquieto assim, por que não vai lá e tira essa história a limpo?

 

– Não convém.

 

– Não entendo você... é tão explosivo para algumas coisas e tão devagar para outras.

 

Antes que Abarai respondesse, ambos ouviram a voz branda e doce de Kira Izuru:

 

– Não seja dura com ele, Rangiku-san.

 

– Kira! - exclamou contente a ruiva.

 

– Você demorou - comentou Renji.

 

– Peço que me desculpem. Sugiram alguns contratempos, na verdade, nem posso ficar. Aproveitem a refeição por mim.

 

– Mas que contratempos são esses que lhe roubam até a hora do almoço? - quis saber a ruiva. – Nem nosso caro Abarai, que é da equipe seis - enfatizou –, se sujeita a algo assim.

 

– Pois é... que falta faz um capitão - falou o loiro, cheio de pesar.

 

– Você que é muito mole, Kira - implicou Renji. – Hisagi está na mesma e tem se virado bem. - comentou impiedoso, deixando desconcertados tanto o loiro quanto a ruiva.

 

Kira o encarou com raiva, mesmo que aquele tipo de implicância fosse comum da parte de Abarai, e mesmo já estando até acostumado, dessa vez, não deixou barato:

 

– Ah é? E por que ele não está aqui também? Por acaso está usando uma capa de invisibilidade? - retrucou, deixando claro o ressentimento.

 

A vice-capitã tinha ficado tão aturdida com àquelas palavras do ruivo, que só então reagiu e balançou a cabeça numa negativa.

 

– Renji! Isso é coisa que se diga!? Qual seu problema?! - esbravejou ela.

 

– Ih... - revidou Renji, fazendo careta à ruiva. – Pra sua informação, Kira, Hisagi não veio porque além do trabalho no nono esquadrão, ele ainda tem aquele jornaleco pra cuidar - respondeu, na mesmíssima insensibilidade.

 

vendo, Kira, e você que chegou dizendo para eu não ser dura com ele. Esse bruto sem sentimentos merece!

 

– Receio ter que concordar - falou Kira, resignado, mas já não estava tão bravo.

 

– Parem de falar como se eu não estivesse aqui!

 

– Você que devia parar de fazer piadinha com coisa séria! - exaltou-se ainda mais a ruiva.

 

Foi então que os dois vice-capitães perceberam que ela estava realmente brava. E Kira precisou de meio segundo para compreender que era por causa de seu ex-capitão. Afinal ele não fora o único a ficar arrasado com a traição de Ichimaru.

 

Um incômodo silêncio reinava entre os três, quando Hisagi chegou ao local, empolgado, com a página do jornal a ser publicada logo mais na mão.

 

– Vejam! Podem se gabar agora de serem meus amigos... - ele dizia, mas então Rangiku se levantou de súbito, lançou um olhar feroz ao ruivo e seguiu dali em passadas apressadas, chegou inclusive a esbarrar com ele, mas sequer desculpou-se.

 

– O que deu nela? - indagou confuso o recém chegado.

 

– Abarai... - respondeu Kira.

 

– É assim que você fica no meu lugar?! - exclamou bravo.

 

– Eu não fiz nada!

 

– Ele fez um comentário que ela não gostou, relacionado a... Ichimaru Gin - explicou o loiro, e vacilou um instante ao pronunciar o nome de seu ex-capitão.

 

– Nada a ver! - esbravejou Renji. – Dei uma no Kira e ela que se doeu.

 

– Mas quando vai deixar de ser assim, Abarai?! Se você chateá-la outra vez, vai se ver com minha zanpakutou! Se é só na base da briga que você entende, resolvo isso - ameaçou realmente sério, deixando claro seu descontentamento.

 

Renji bufou irritado.

 

– Já disse que não fiz nada!

 

– Caso nunca tenha ficado sabendo... - começou tímido Kira – a Rangiku-san ficou muito triste com o que aconteceu, ela era... amiga do capitão... digo, de Ichimaru Gin.

 

O ruivo ponderou uns instantes naquelas palavras.

 

– Mas que droga... - praguejou ele e se levantou.

 

– Aonde você vai? - perguntou Hisagi.

 

– Pedir desculpas, ué!

 

ooo ooo ooo ooo

 

Orihime tinha uma expressão triste ao guardar seus lápis no estojo. Uryuu estava em pé a seu lado.

 

– Kurosaki-kun e Kuchiki-san faltaram... O que terá acontecido com eles? - divagou ela.

 

– Por certo algo aconteceu para a reiatsu de Kurosaki ter se elevado daquele jeito, mas já deve estar resolvido, do contrário eles teriam nos avisado.

 

A colegial balançou a cabeça concordando, apesar de seu semblante continuar tristonho.

 

– Podemos passar na casa do Kurosaki - sugeriu ele.

 

– Assim sem mais nem menos?

 

– Podíamos ir sob o pretexto de levar a matéria de hoje.

 

– Boa ideia, Ishida-kun! - exclamou ela, contente.

 

– Se eu soubesse que ia ficar tão animada teria sugerido antes - replicou calmo.

 

Ela sorriu em resposta e acrescentou:

 

– Ah, podemos passar no Cherry Baby na ida? Quero tomar um milkshake de morango.

 

– Claro, isso seria muito bom.

 

Orihime sorriu diante da boa vontade dele. Vinha gostando muito daquele jeito cortês de Uryuu. Sua companhia agradável, a paciência e o cuidado que ele lhe demonstrava, enfim, tudo aquilo a fazia sentir-se especial.

 

Caminhavam rumo à saída do prédio, e mesmo ela sendo tão relapsa, percebeu que ambos eram alvo de olhos curiosos, sobretudo, das meninas. Claro Ishida Uryuu era o tipo que despertava a atenção: bonito, inteligente, gentil, (rico?). Um ótimo partido. Além disso, o fato de ambos serem os alunos de maior rank no colégio também colaborava e muito para sua popularidade, e a cada dia, cresciam os boatos sobre o envolvimento amoroso deles.

 

“Mas pensando bem por que se esconder?” ela se indagou. Se Tatsuki, sua melhor amiga, já sabia, não devia se importar com a reação dos outros. Pensando assim, cedeu ao impulso que a invadiu de repente, e alcançou a mão de Uryuu, da mesma forma que ele próprio vinha fazendo ultimamente, quando ficavam sozinhos em qualquer outro lugar.

 

Surpreso, o adolescente reduziu o ritmo da caminhada momentaneamente, mas para não criar alarde por algo tão banal (mas não pouco significativo), correspondeu ao singelo aperto, fechando os dedos na delicada mão dela, contudo, não olhou em sua direção, simplesmente retomou o caminho, com um leve sorriso curvando seus lábios.

 

Ao cruzarem o portão, deixaram para trás muitos queixos caídos, inclusive de colegas de sala.

 

ooo ooo ooo ooo

 

Já era anoitinha, Rukia estava sentada na beira da janela do quarto de Ichigo, as pernas para o lado de dentro e o tronco virado para a rua.

 

Fazia pouco tempo que Inoue e Ishida tinham saído. Ela e Ichigo passaram a tarde na companhia deles. Lancharam juntos e conversaram bastante. Os colegiais, depois de inteirados de tudo, ficaram abismados com a confusão que ocorreu na loja. Aquele foi um dia de muita conversa.

 

Não bastasse isso, depois do jantar, Yuzu teve um surto de choro, quando Ichigo falou que ficaria uns dias fora. E era com ela que ele estava agora, consolando-a. Mas não demorou muito e Rukia o ouviu entrando no quarto.

 

– Ah, você está aqui... - falou ele, ligeiramente surpreso.

 

Rukia voltou-se em sua direção e sorriu levemente.

 

– Ela é tão apegada com você... - comentou acerca de Yuzu.

 

– Mas eu não esperava isso dela. Pra que todo esse drama? Nem é a primeira vez... - retrucou e se aproximou.

 

– Ela é muito novinha ainda... - disse num tom desanimado que não passou despercebido pelo adolescente.

 

– Ei, o que foi? Você ficou tão quieta depois que a Inoue e o Ishida foram embora - disse brincando com umas mechas do cabelo escuro dela.

 

– É que Inoue comentou algo sobre querer se aperfeiçoar também... - falou acariciando a mão dele, encarando-o nos olhos, mas como ele permaneceu quieto, continuou:

 

– Não podemos fazer nada por ela?

 

– Ah, pára! Está querendo que ela treine com a gente? Dá um tempo! - irritou-se e deu as costas a ela.

 

– Eu não disse isso...

 

– Inoue não é de briga - acrescentou, mal humorado.

 

– É, mas não consigo simplesmente ignorar o pedido dela. Eu não estou em posição de pedir mais nada a meu capitão... mas talvez ele possa liberar alguém da equipe para auxiliá-la.

 

– Rukia, não me leva a mal... mas não estou mesmo com cabeça pra isso agora.

 

Com um olhar compreesivo, ela o encarou uns instates, e então pulou de onde estava. Aproximando-se abraçou por trás o corpo de Ichigo. E logo pensava que ele ter concordado em treinar com ela já tinha sido muito.

 

– Tudo bem - disse escorando a cabeça nas costas dele. Ficou assim uns instantes, mas logo se desvencilhou. – Já estou indo. Boa noite.

 

Ela caminhava rumo à porta, quando Ichigo a puxou pelo pulso.

 

– Dorme aqui - pediu ele.

 

– Não convém - retrucou, sem voltar-se a ele.

 

– Por favor...

 

Havia algo no apelo dele que não parecia necessariamente relacionado à necessidade física, e Rukia percebeu isso. Por essa razão não relutou quando ele a puxou para si e nem quando os braços dele se fecharam em seu corpo.

 

– ...como eu pude ameaçar a vida do seu irmão? - falou Ichigo, bem baixo. – Você... poderá me perdoar algum dia?

 

– Isso não é coisa que eu tenha que te perdoar, afinal nem era você - respondeu, compreendendo então o que realmente o afligia.

 

– Mas a culpa não deixa de ser minha. Eu que não pude contê-lo - continuou no mesmo tom, o rosto levemente apoiado no alto da cabeça dela.

 

– Não vai acontecer de novo, Ichigo - disse convicta.

 

– Não vai mesmo - confirmou igualmente, e voltou a insistir: – Dorme comigo.

 

bom.

 

CONTINUA...

 

ooo ooo ooo ooo

 

Nota sobre a cronologia da fic:

 

Escrevi o esboço dessa fanfic mais de um ano e, naquela época, a turma nem tinha ido para o Hueco Mundo. A questão é que ainda estou postando a fic e na série a turma ainda está enrolada no Hueco Mundo, assim só me restou posicionar a fic para antes do rapto de Inoue.

 

Então é assim, na série, o treinamento de Ichigo com os Vaizards foi interrompido pela vinda de Grimmjow ao Mundo Real, ao mesmo tempo em que Inoue era interceptada por Ulquiorra na transição entre os dois mundos.

 

Na fic vale o seguinte: o treinamento com os Vaizards foi concluído, mesmo Ichigo só conseguindo permanecer com a máscara de hollow por 11 segundos. Inseriu-se um espaço na cronologia da série, no qual os Arrankar ficam quietos depois do treino do Morango por um período. É nesse espaço que acontece o envolvimento entre a Rukia e o Ichigo mostrado aqui.

 

Voltarei à cronologia da série quando Grimmjow vir atrás de sua revanche contra Ichigo e Ulquiorra for atrás de Inoue.

 

Agradeço pelos comentários!
Tem sido maravilhoso compartilhar essa fanfic com vocês!
Um mega abraço!

 


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