– Você realmente acha que eu pararia de falar com você porque eu queria? Acha eu iria apagar tudo o que tivemos e ainda por cima te xingar? Não passou pela sua cabeça que havia algo de errado? Lilá se corroeu porque achou que Ronald ia terminar com ela por causa de mim. Ela já tinha me dado um ultimato por falar com ele, mas ele falava comigo. Ele procurava saber de mim, e eu podia ver o rancor nos olhos dela quando eu passada cabisbaixa e ele perguntava se eu estava bem, se iria ter um colapso na relação deles, não iria ser culpa minha. Então ela pediu o pior, aquela vaca. Ela deve ter falado algo para o Ron, porque ele parou de olhar para mim, e para o Harry também. Ele só olhava para Lilá, e ela, para eu aprender o que era sofrer por amor, como ela mesma disse, falou que se eu falasse com você, uma vez, sequer, você ia sofrer muito mais do que eu pensava. Eu não podia arriscar que algo ruim acontecesse com você, Draco.

– O que? – Perguntou ele, incrédulo. – Como assim? – Os dedos que eram pressionados já mal estalavam, e os dentes dele rangiam internamente enquanto ele buscava saber da resposta dela.

– Foi exatamente isso que aconteceu. – Afirmou baixinho, e suspirou. O medo de saber qual seria a resposta de Draco começou a ficar mais e mais aparente.

Ele deu alguns passos mancos e apanhou um retrato rachado em cima de uma mesinha no canto do quarto, e olhou para o próprio reflexo, conseguiu ver Hermione ao fundo, sentada em na cama, olhando fixamente para seu corpo abalado, a fome crescendo entre os dois, a dor perturbando cada parte dos corpos frágeis.

– Precisamos esclarecer tudo, Hermione.

– Esclareça, então. – Pediu ela.

– Não tenho nada para esclarecer, você tem.

– Eu já esclareci, Draco! – Falou mais alto.

– E você não podia ter me dado ao menos um sinal? Nada? - Bufou Draco,e largou o retrato, virando-se para encarar a menina;
– Era fácil, né? - Hermione retrucou. - Eu não tinha nem vontade de levantar da cama. E além disso, você acha que ela não estava me vigiando? E, eu, nas duas vezes que levantei para comer, não te vi. Era fácil, né?
– Como se eu tivesse. Eu mal conseguia abrir os olhos de tão inchados que ficavam, eu mal gostava de ver a luz do dia porque ela me lembrava de você. Tudo, tudo, me lembrava de você, Hermione. E não ter você nos meus braços... Pior – Ele se corrigiu. – Não ter você e nem saber o porquê, era o que mais doía.
– Quer parar de ser tão bravo? - Pediu a menina. - Eu te contei tudo, Draco. Eu não tenho mais segredos com você. Não fique bravo comigo, isso tudo é porque eu te amo, e eu estou com dor, estou fraca, e você também. Não podemos simplesmente ir para Hogwarts e resolver depois?
– Claro, vamos deixar para segundo plano... - Irritou-se.
– Quer saber? No momento que eu soube que você estava aqui, eu vim. EU ENFRENTEI UM LOBISOMEM, DRACO. Estou com cortes por todo o corpo, meu olho lateja e minha barriga está torcida de fome. Você também não come há um tempo. Só estou tentando resolver os problemas físicos. Eu to indo, se você quiser, venha comigo.
Ela começou a andar devagar em direção há porta, e só ao atravessa-la sentiu os braços finos de Draco envolvendo seus ombros.
– Não podemos conversar no meio do caminho, então? - Pediu levemente, mancando. E beijou-lhe de leve os lábios.
– Mas é óbvio! - Hermione começou a chorar. - Draco, e entenda que eu te amo com todas as minhas forças, eu te amo, Draco, e se você quiser, eu conto pra todo mundo isso. Eu não ligo para o que vão achar! Me desculpa por tudo, amor. Me perdoe!
Draco brecou, seus olhos cheios de lágrimas, a boca contorcida para não soltar o choro - não adiantou, logo seus lábios já haviam se soltado - ele a abraçou e envolveu-a em seus braços. Tocou-lhe o pescoço com os lábios e fez com que seus pelos se eriçassem, aos poucos o choro de ambos foi parando.
– Me desculpe por ter perdido o controle. - Admitiu.
Ela apertou sua mão forte e, juntos, eles saíram da casa.
Hermione atravessou o bosque segurando firmemente em Draco, flashes da noite anterior batiam em sua cabeça, uma mancha sangue aqui, uma parte de sua blusa ali, uma árvore com garras gravadas.
– Vamos sair logo daqui. - Disse Draco, e eles apertaram o passo, por mais que dores fortes preenchessem os corpos.
– Preciso me preocupar com Pansy? - Perguntou Hermione, e os cobriu com a Capa de Invisibilidade.
– Preciso me preocupar com Blackburn? - Retrucou Draco. - Você sabe que eu não gosto da Pansy.
– Ezra? - Perguntou a menina, e riu levemente. - Mas é claro que não, ele quis me ajudar com você, até.
Draco riu ironicamente
– Então você está me dizendo que o cara que te beijou e que te levou para Hogwarts queria te ajudar a se ajeitar comigo?
– Estou. - Afirmou.
–História furada - Cantarolou - Vou bater um papo sério com ele quando voltarmos.
Eles passaram pelo portões de Hogwarts.
Hermione deixou a Capa da Invisibilidade com Gina e pediu para que entregasse à Harry, e então, ambos se dirigiram para a enfermaria.
– 10 pontos no total - Se decepcionou a Madame Pomfrey - Vocês estão me dizendo que foram atacados pelo bendito Salgueiro Lutador de novo? Ele é muito perigoso, temos que retirar aquela árvore assassina dos terrenos da escola logo! Espere um segundo, minha querida, tem um paciente aqui do lado que está com ferimentos tão sérios quanto os seus, mas ainda está desacordado, ele precisa de ataduras novas... – Pediu cuidadosamente, e ela e Draco se entreolharam.

Madame Pomfrey então abriu a cortina marrom que separava a maca onde Hermione e Draco estavam sentados, e ali estava tão machucado quanto os dois juntos, com o metade do rosto inchado, atadura em um dos olhos, cortes profundos nos braços e pernas, Ezra.