(povs Hermione - presente)
–Hermione - Ele interrompe nosso beijo, e se afasta - Acho que isso não vai dar certo. - Sussurra, olhando no fundo dos meus olhos.
Sento-me no chão, em sua frente.
"Rony" é a única palavra que consigo formar em minha mente, e acho que Draco sabe que estou pensando nele, pois seus olhos mudam para um cinza mais profundo, tom de desagrado.
– Está pensando nele, não? - Sua voz falha no fim.
Mas antes que eu pudesse soltar a mentira de minha boca - Não - ele me interrompe "Eu sei que está".
O vento fica mais intenso, e, mesmo ele sabendo que, após nos beijarmos, eu ainda esteja pensando no ruivo, Draco estica seus braços, para me acolher do frio. "Desculpa" Peço, baixinho, depois de me aninhar, junto a ele.
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(povs narrador – passado)
Não havia o que realmente fazer. E Draco sabia que, não importando o que fizesse, não poderia tirar Rony da cabeça de Mione.
Naquela noite, algo diferente aconteceu. Foi como se alguém tivesse girado a chave de um portal, de uma nova dimensão.
Depois que o ponteiro do relógio começou a correr mais rápido, os dois souberam que era hora de se separarem. Não falaram nada, na verdade, mal se olharam. Não teriam coragem de se afastar se vissem os olhos do outro.
Era uma manhã nublada, as gotas geladas de um chuvisco persistente cortavam o rosto do loiro, que estava recostado numa árvore majestosa, na frente do Lago Negro. Ali, excluído de tudo, era seu canto. Era o lugar perfeito. Ninguém ia lá, era só seu. Exatamente às cinco e quarenta da manhã, o sol surgia por detrás da floresta e os raios deixavam tudo alaranjado e aquecido, como se o dia tivesse abraçando-o.
Ele não poderia ficar com Hermione, era o destino dele.
E então, ao longe, um pontinho apareceu, caminhando lentamente em sua direção, até que este pontinho foi tomando cada vez mais e mais forma, foi ganhado cor e mais movimentos. Draco olhou para o chão, repleto de pedrinhas úmidas, e tudo ficou frio, por um segundo. Não olhava para frente, e uma sombra não tão grande impedindo que o sol o aquecesse indicava que alguém estava parado em sua frente:
– Oi. - Escutou a voz doce de Hermione.
– Como me achou aqui? - Pigarreou.
– Não sei, talvez por metáforas minhas - Sentou-se ao seu lado, fazendo com que Draco partilhasse a tronco da árvore
– Metáforas? - Questionou, olhando para o sol laranja.
– Coisas minhas. - Esclareceu, olhando para Draco, que evitava contato visual.
– Metáforas - Repetiu Draco, que parecia focado num tempo distante.
O dedo indicador frio de Hermione tocou de leve sua bochecha pálida e virou seu rosto, fazendo seus olhos se encontrarem, e num beijo caloroso, eles se conectaram mais uma vez.
– Desculpa - Pediu a garota, se recolhendo - Não consegui resistir.
– Não se preocupe - Draco disse, numa risada abafada - Eu gosto. - Completou, meio sem graça.
– Draco, há quanto tempo você gosta de mim? - Perguntou, talvez cedo demais.
– Eu não sei. - Olhou para o infinito - Talvez desde quando te vi, lá na escadaria. "Eu li isso em Hogwarts, uma história" - Respondeu, imitando a voz de Hermione. - Sim, essa é a minha primeira lembrança de você. Eu sabia que sentia algo profundo por você, só não sabia ao certo o que era: amor ou ódio.
Depois de um tempo em silêncio, ele contemplou, pensativo - Sabe, Hermione... - Juntou o dedo indicador e polegar, formando um circulo, e encaixou o sol lá dentro - Alguns infinitos são maiores do que outros... - Completou, ainda olhando para o além. – Li isso num livro, e acho que concordo. Mas sabe, eu nunca consegui acabar de ler o livro. Meu pai queimou antes que eu acabasse.

– O que? Por que ele fez isso?

– Eram livros de trouxas. Mas sabe, eles são tão sabeis quanto nós. E sim, eu concordo. Acho que alguns infinitos são maiores do que outros.
– E como chegou a tal conclusão? - Perguntou-lhe, com um sorriso discreto no rosto.
– Metáforas - Lhe respondeu, com um sorriso debochado, imitando Hermione.
– Metáforas? - Riu a menina, e Draco sentiu que não havia som melhor do que o da gargalhada dela.
– Sim. - olhou para ela - Coisas minhas – Deu de ombros, como quando ela própria disse isso, e piscou com o olho esquerdo, fazendo com que Hermione corasse.
Não se sabe ao certo por quanto tempo ficaram ali, mas pareceu infinito. Um maior do que os outros.
– Draco - Hermione colocou sua cabeça apoiada no ombro do menino. - Eu queria me desculpar - Falou, e Draco olhou para ela, com os olhos arregalados extremamente confusos - Por ontem. Sei que não foi legal... - Terminou, olhando para as unhas.
– O que? - perguntou, incrédulo - Hermione! Ontem... Ontem foi simplesmente um dos melhores dias da minha vida...
Ela ficou sem graça, e depois de alguns segundos em silêncio, disse:
– Não... Eu to querendo te dizer por causa do Rony - Falou o nome dele baixinho e rápido. - Você é fofo, meigo, lindo e gentil. E depois de beijar você e me sentir mega feliz, eu ainda fiquei pensando naquela bosta de menino, que ta namorando com uma vadia, me desvalorizando, enquanto tenho uma pessoa aqui...
– Não tem problema. – Interrompeu, um pouco nervoso. Sua cara adquiriu uma expressão seria. - Por enquanto. - Mordeu o lábio inferior mais uma vez, e como sempre fazia isso, logo sentiu novamente o gosto de sangue preencher sua boca. - E eu sei como é complicado ter uma pessoa na cabeça enquanto fica com outra.
– Pansy? - Ela perguntou, tímida - Você pensa nela enquanto estamos juntos?
– Não... - Riu baixinho - Você. - E ela ficou rosada - Sempre você... Já tentei me desapegar de você, já fiquei com muitas meninas - E Hermione se sentiu momentaneamente desconfortável. Sabia que Draco era desejado por muitas. Ele era possivelmente o maior pegador de Hogwarts - Várias, inclusive com a Pansy. Mas era sempre você. Era sempre em você que eu pensava, assim como você fez ontem. E eu sabia o quanto elas eram lindas e quase perfeitas, mas eu... Eu não conseguia... Então, eu que estou sentindo o que todas elas sentiram... E... Sinceramente... Machuca muito... Mas é um sonho tão grande estar com você que...
Ela beijou de leve seu pescoço, e ele parou de falar.
– Draco, eu realmente queria poder ficar com você... Eu me sinto completa ao seu lado... E as situações são realmente complicadas, quer dizer, você sabe, foi só uma noite mesmo, e eu amei. Tem todos esses aspectos positivos, porém também há os negativos... Mas...
– Mas é impossível. - interrompeu- Não há só amor envolvido entre nós e nossos amigos, há preconceito também - Completou ele, como já esperava tal coisa. - Harry e Rony não permitiriam, iríamos ser alvos de brigas e fofocas maldosas - Suspirou alto, deixou que o vento arrepiasse seus cabelos loiros e olhou para o horizonte - Vai ser mais difícil, agora... Sobrevivi 6 anos, esperando para que isso acontecesse. E quando conseguimos, vemos que é impossível. - Jogou uma pedrinha para longe. Ela quicou três vezes na água.
– Eu não ia dizer isso... - Sorriu de leve - Eu ia dizer que mesmo assim, não quero desistir de nós, isso é só o começo, Malfoy... E, eu não sei se aguentaria mais um dia, a partir de agora, sem você perto de mim.
– Granger...