Donzela E Guerreira escrita por Scarllett Dark


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Fiquei com uma peninha da Omena!...... Mas o que ela está passando é necessário....



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A menina correu o mais rápido que pôde... A uma velocidade que de fato jamais uma criança normal, muito menos o próprio Aeon, seria capaz de atingir... Logo estava de volta ao bosque, e chorava muito... Logo começou a apanhar pequenas pedras ao chão e atirá-las longe... Não conseguia se conformar em não poder fazer nada para ajudar Aeon... Pensava no desespero estampado na face da mãe dele em poucos minutos, e uma enorme raiva lhe crescia no pequeno peito...

Atirava as pedras nas árvores em volta, enquanto pensava que se realmente perdesse Aeon naquele momento seria um golpe duro demais! Era de fato como perder um irmão muito querido... Alguém que possuía uma enorme importância em sua tenra vida...

...Ainda que tivesse ao seu lado Kassandra Atargatis, Erithia e até a própria Lazuli... Ainda que o cavaleiro que um dia a encontrara, Milo de Escorpião, houvesse se apegado a ela a ponto de tornar-se um querido e dedicado tutor... Ainda assim a perda de Aeon seria irreparável!

...E agora, se de fato ele morresse...? O que faria sem seu irmãozinho...? Com quem exploraria o bosque? Quem viria acordá-la entusiasmado para brincarem todos os dias...? Aquela pessoinha, que possuía um valor tão grande até mesmo se estivesse ausente... Será que naquele momento de possível perda este valor parecia mais relevante que antes...?

Certamente seu coração infantil e sincero não poderia fazer tal juízo de valor ou perceber se isto de fato acontecia... Foi então que Omena abaixou-se para pegar a proxima pedra a ser atirada, e quando se levantou deteve-se um momento sem conseguir atirá-la.... Pois ali diante dela, encostado à árvore que acertaria poucos metros a frente, estava o pequeno Aeon...

No mesmo instante as lagrimas e a raiva cessaram, os olhos brilharam de alegria e em sua face pôde-se ver um grande sorriso enquanto ela corria para ele e dizia:

– Aeon!!! Que bom que você ja melhorou... Eu estou tão feliz...

– Espere, Omena! Não venha aqui... Tem um favor que quero lhe pedir antes... - Dizia o menino gentilmente, escondendo-se atrás da árvore antes que ela chegasse a ele... A menina riu e achando que ele estivesse querendo brincar de esconder, como muitas vezes eles faziam, não insistiu em se aproximar mais... E ainda sorrindo ficou a ouvir o que ele dizia...

– Quando saí do templo minha mãe estava chorando muito e não queria falar comigo... Acho que ela deve estar triste comigo por eu ter pego aquele escorpião... E eu não quero que você fique triste também, Omena... Não foi culpa tua...! Por favor, diga a minha mãe que eu estou bem agora... Não quero ver ela chorando assim...

–Seu bobo! Espere até ela perdoar você... E também eu não tenho mesmo culpa de você sempre fazer besteira!

–Pare de rir, Omena! É sério... Você me promete que fala com ela por mim...?

A garotinha respondeu que sim, embora não levasse muito a serio aquela insistência do amigo... Em seguida Aeon propôs que de fato brincassem de esconder, e Omena deu-lhe as costas tapando os próprios olhos com as mãos para que ele sumisse de suas vistas e ele assim o fez...

Ela sabia que sempre o vencia facilmente nas brincadeiras, então resolveu dar-lhe o máximo de tempo que pudesse... Estava radiante porque estavam brincando de novo como se nada houvesse acontecido... Tudo parecia bem e os maus momentos haviam ficado para trás...

Foi então que a menina escutou uma voz feminina já bem conhecida, vinda de outra direção e que a chamava... Logo reconheceu a voz de Erithia, que se aproximava rapidamente...

A jovem mulher então ficou a olhar a menina por alguns instantes com olhar vago e um tanto triste, na verdade sem conseguir encontrar as palavras para dizer o que precisava ser dito... E sorridente a menina se aproximou da amazona amiga, inocentemente...

– O que foi agora Erithia? Por que você esta me olhando assim...? Depois falo com você... Agora tenho que encontrar o Aeon...

– Omena, o Aeon... Ele... não resistiu... Ele se foi minutos depois que você saiu do templo... Atargatis me pediu para procurar você... Lazuli esta inconsolável...

– Mas... Como assim??? Ele se foi pra onde...??? Ele está escondido no bosque...! Estamos brincando... Ele foi se esconder...

–Omena, não! Sabe tão bem quanto eu que está inventando isso... Aeon infelizmente esta morto! Eu o vi... E foi como ele estava quando vim buscar você... Sei que é muito duro... E que você é só uma criança...

Erithia olhava para a pequena amiga diante de si e sentia o coração apertar ao ter de pronunciar todas aquelas palavras para dar-lhe aquela triste notícia... Não suportava ver Omena infeliz; era algo que lhe rasgava por dentro! E prosseguia meio sem jeito de lidar com a situação:

–...É uma lição difícil mas, se você quer mesmo ser uma guerreira um dia, precisa ser forte agora e entender que as vezes podemos perder pessoas próximas de uma hora para a outra... Por mais triste que seja!

A menina insistiu ainda algumas vezes, de fato sem entender... Sabia que não estava inventando, havia mesmo visto Aeon e conversado com ele há poucos segundos, antes da chegada da amazona...

...Ou teria mesmo imaginado...? Seria aquela imagem do amigo que falava com ela apenas fruto de sua imaginação infantil, por não aceitar perdê-lo...? Ou... Poderia ele ser... Um fantasma...? (...)

Então alguns instantes depois, Omena ainda estava confusa quando acabou abraçando a mulher guerreira e chorando muito com a cabeça encostada próxima ao abdômen dela, onde podia alcançar, já que Erithia era bem alta... No entanto, alguns minutos depois a empurrou ainda chorando e disse com uma vozinha embargada, porém imperativa:

–Você está mentindo Erithia! Já chega disso! Por quê...??? Por que você está fazendo isso? Você nunca mentiu pra mim?! ... Vai embora...! Não quero mais te ouvir! Vai embora...Agora...!

A amazona não revidou e compreendeu a garotinha instantaneamente, colocando-se em seu lugar... Então ainda a viu jogar-se de joelhos ao chão e socá-lo algumas vezes, enquanto ainda chorava... Erithia então se aproximou e segurou no ar os punhos da garotinha, não permitindo que ela continuasse para não machucar as mãos em vão...

Conhecia bem aquela criança, seu temperamento e seu costume de sempre fazer-se forte diante de todos... Antes de se retirar ainda afagou os fios rubros da pequena cabeça chorosa e disse serenamente:

– Não vou ficar aqui agora se você prefere ficar um pouco sozinha... Mas volto logo se você demorar muito para me seguir...

Erithia de Cassiopéia respeitava a vontade de Omena até certo ponto mesmo se tratando de uma criança, pois de fato não gostava de tratar crianças de maneira muito diferente de como tratava outras pessoas... Fosse porque praticamente as únicas que conhecia eram Omena e o recentemente falecido Aeon, o que não a fazia ser nem de longe uma especialista em lidar com assuntos infantis...

...Ou fosse porque realmente não via a mínima necessidade de mentir ou omitir assuntos com os quais cedo ou tarde qualquer criança teria que lidar de acordo com as necessidades que lhe aparecessem ao longo da vida... Especialmente aquela criança...

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Então a jovem mulher logo se fez aparentemente ausente daquele local... Ao menos a meninha já não podia mais vê-la, pouco antes de se pôr a tampar os olhos em lágrimas com as mãos... Ela então logo se levantou e se pôs a chamar por Aeon repetidas vezes, ainda com os pequenos olhos fechados e voz alta... De fato tendo esperanças de que realmente ele viria e que a amazona poderia estar de alguma forma enganada... Foi quando vinda da direção oposta a menina escutou uma voz falando com ela cordialmente...

– Ele já não pode mais te ouvir querida... Mas ele ficará bem, nos Campos Elísios para onde ele foi... Eu prometo! Agora tente se acalmar, por favor... Não se esqueça que o teu amigo mesmo te disse que não te queria triste antes de partir... Lembre-se de sua promessa a ele! Talvez você um dia o veja de novo... Se deixar que ele vá em paz... Sem tristeza no coração... Tanto no teu quanto no dele...

A menininha não reconhecia logo aquela voz feminina, que nem de longe se parecia com a voz um tanto grave de Erithia e nem com a voz austera de Kassandra Atargatis... Ao retirar as pequenas mãos dos olhos lentamente viu uma moça encostada numa árvore a pouca distância, olhando-a com um sorriso simpático e gentil...

Ela era bonita, e pelas vestes parecia ser uma das aprendizes a sacerdotisas que frequentavam o templo... Embora a menina não conseguisse se lembrar de já tê-la visto de fato... Contudo, possuiu uma estranha certeza de já conhecê-la... Mas de onde? (...) E imaginou ainda que ela poderia estar ali entre os arbustos assistindo a tudo o que acontecia já há algum tempo, baseando-se no que ela dizia...

A menina pensou em reclamar por ela estar ali espiando, mas não conseguiu dirigir-se a ela com nenhum resquício de hostilidade... Aquela desconhecida lhe exalava tanta meiguice no olhar... Na verdade sentia um imenso conforto ao contemplá-la ainda que não a reconhecesse... Sua voz lhe trazia uma significativa sensação de aconchego... Embora não conseguisse compreender qual seria o motivo...

Apenas ficou olhando para ela um tanto confusa, sem responder por enquanto... E ela então continuou, feliz ao ver que estava conseguindo espantar as lágrimas daqueles belos olhos infantis, de um azul tão puro e límpido e que tanto lhe agradava... A jovem desconhecida então continuou com voz meiga e suave, enquanto percebia que era observada com curiosidade:

–Você vai mesmo cumprir o que prometeu a ele, não vai querida? Dar o recado a mãe dele, sabe... Vai ser importante para ela... E saiba que as vezes, algumas coisas acontecem porque estavam escritas pelo destino... Nunca se esqueça, se isto servir de consolo...

A moça aparentava cerca de dezesseis anos, possuindo longos cabelos ruivos e olhos verdes esmeralda... Seus traços era suaves, e o rosto delicado... A pele quase pálida de tão alva... Vestia uma toga grega feminina longa, discretamente decotada e aberta dos lados na direção das pernas... Definitivamente suas vestes lembravam um tipo de traje cerimonial típico da época grega clássica, e que a menina já vira diversas vezes com as moças que circulavam pelo templo feminino...

– Eu sou Omena... Qual seu nome?

– Rubra...

                                       §§§§§§§§


E poucos meses depois da morte do pequeno Aeon, quando Milo de Escorpião chamou Omena a treinar como sua discípula para um dia tornar-se mulher-cavaleiro dourada de escorpião, Erithia ficou feliz por ela, pois sabia que aquilo de fato era um sonho que a garotinha possuía desde muito cedo... E sabia também que o tutor para aquela criança era de fato algo bem próximo de um herói, por quem ela possuía intenso carinho e admiração...

...Apesar de não possuir idade suficiente para poder saber e compreender ainda quem ele era de fato... Contudo em certo momento pairava na mente daquela amazona de Cassiopéia: até aonde aquela criança nascera de fato para ser uma guerreira, ou se ela estaria na verdade sendo criada para isto desde seu nascimento... Para um dia herdar a armadura de ouro de escorpião...

Por mais óbvias que parecessem ser as origens daquela menina, após cerca de um ano Erithia ainda sentiria necessidade de buscar por toda a verdade... A qual Kassandra Atargatis ainda lhe deixava incompleta por nada declarar todas as vezes que a guerreira persistia em abordá-la com aquele assunto ao longo dos meses que transcorriam...


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Notas finais do capítulo

O próximo já retornaremos ao momento das batalhas do Santuário ;)



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