Desde muito cedo Omena e Aeon brincavam juntos, quando ela não se ocupava de sua curiosidade pela rotina das amazonas e dos cavaleiros... E quando ele não se encontrava auxiliando a mãe, ou sendo ensinado pela mesma a tocar as primeiras notas na lira... Possuíam a mesma idade e haviam de fato se tornado grandes amigos...

Ainda que a princípio ele fosse apenas o filho da moça que havia se tornado a lirista do templo por bondade da pitonisa-mestra, a quem todos consideravam uma mera serva pessoal de Kassandra Atargatis após ser acolhida de início apenas como ama de leite para Omena, quando ela era bebê...

Contudo as duas crianças sempre davam seu jeito de sair dos muros do templo feminino de Athena  onde residiam, e andavam sempre por uma trilha onde pudessem passar despercebidos através da área de treinamento das mulheres guerreiras...

...Até chegar ao bosque que fazia uma espécie de 'fronteira' entre a área feminina restrita e o restante do santuário... E lá exploravam...

Omena adorava escalar as árvores... Ainda que Aeon fosse todo o tempo muito receoso, achando aquelas árvores altas demais para subir, e preferisse não acompanhá-la por mais que ela chamasse... O menino preferia se aventurar somente em rochas e arbustos... A menina achava muita graça e ria-se do medo que o garoto parecia ter de cair do alto...

...Ele se enraivecia das risadas dela e a chamava para brigar... Então ela descia, os dois lutavam, e a menina sempre ganhava... Minutos depois Aeon tentava atacá-la novamente quando ela parecia distraída, mas ainda assim Omena o vencia facilmente...

Às vezes a menina e o garoto brincavam de esconder-se... Ela era muito rápida, então era raro que ele conseguisse encontrá-la com facilidade... Mas vez ou outra ele o fazia, talvez porque ela se permitisse encontrar... E logo os dois estavam escalando pedras, ou vendo coelhos atrás dos arbustos, ou apenas sentados ao chão ficando em silêncio juntos...

Vez ou outra o tutor da menina, aparecia naquele bosque para vê-la... Antes, quando ela era bebê ou uma criança pequena demais para ir sozinha, Kassandra Atargatis era quem sempre a levava para longos passeios por entre aquelas árvores e arbustos frondosos, com trechos em solo pedregoso...

...E ele, o cavaleiro de escorpião, sempre estava lá... Talvez, pensando bem agora, a sacerdotisa mestra a levava de propósito, ou ate mesmo a pedido do guerreiro... Quem sabe?(...)

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Ninguém parecia saber, mas a amazona de Cassiopéia costumava estar frequentemente observando aquela garotinha às escondidas... Quase sempre que a via sair para o bosque a seguia furtiva...

Sempre lhe agradava com certa expectativa quando tutor dela aparecia, ainda que não quisesse admitir a si mesma... Apesar de Erithia saber melhor que ninguém o quanto sentimentos ou impulsos passionais podiam atrapalhar a vida de uma mulher guerreira...

...E que uma amazona lendária de verdade jamais deveria se deixar levar... E de fato nunca mais havia olhado para outro homem depois do primeiro por quem se apaixonara , apesar de ela ser bem jovem, ainda na Ilha de Andromeda... Por isso mesmo de lá saíra, se prometendo jamais cair em armadilhas amorosas...

No entanto, Milo de escorpião parecia ter algo que lhe chamava por demais a atenção... Desde que o vira pela primeira vez ao acaso, em uma de suas visitas à Omena no bosque... Apesar de normalmente aquela amazona não ocupar seu tempo com questões do tipo...

...Embora, naquele caso atípico, a jovem mulher não soubesse a princípio justificar exatamente o que tanto lhe despertava interesse... Já que, mesmo o escorpiano sendo de fato um belo guerreiro, exemplares masculinos fisicantemente atraentes naquele santuário não faltariam... Porém Erithia costumava ser uma mulher racional, e não desejava ocupar-se em descobrir muito acerca de tais possíveis emoções!

Portanto se contentava em observá-lo apenas a distancia, sem pretensões de se aproximar para evitar tentações que poderiam de certa forma desviá-la de seu modo de vida e objetivos... Focados apenas em se fortalecer cada vez mais, para um dia buscar sua sonhada armadura de Cassiopéia...

Contantemente pensava: "Mas o que uma criança como Omena poderia ter de tão especial para que um guerreiro áureo como Milo a visitasse tão constantemente...?" (...) Erithia preferia crer que a curiosidade em descobrir era o principal fator que a fazia frequentemente observá-los às escondidas... Era tão bela a visão de ambos... Principalmente juntos...

A garotinha também  não compreendia muito bem o porquê de um cavaleiro de ouro apegar-se tanto a sua pessoa, sendo capaz de deixar sua casa zodiacal com frequencia, cuidando para que mais ninguém no santuário soubesse aonde ele ia... Mesmo que fosse ele quem de fato um dia a tivesse encontrado...

Enquanto isso aquela mulher guerreira gostava de testemunhar alguns dos encontros do  cavaleiro  com sua pequena protegida, e assistir a notória alegria que ambos sentiam em tais momentos era algo que lhe fazia bem...

Por trás de sua máscara prateada, ela sentia que seu coração se sensibilizava e se envolvia com os estreitos laços que ali via serem cultivados... Ainda que ninguém pudesse saber que ela estava lá...

Entretanto, e os verdadeiros pais de Omena? Onde estariam...? Quando a menina perguntava nenhum adulto sabia responder... Especialmente a própria Erithia, que possuía certas suspeitas que por hora preferia calar...

Mas isto certamente não importava nem um pouco para aquela menininha naqueles momentos agradáveis no bosque... Às vezes Milo chegava e encontrava Omena em suas pequenas lutas infantis com Aeon, e ficava satisfeito ao observar claramente que ela parecia ter um talento inato para aquilo...

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