Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 33
A única coisa que está no seu caminho para a perfeição é você mesma.


Notas iniciais do capítulo

Oi.

Olha quem voltou õ//

Odeio desculpas.Mas acho que devo isso a vocês.

Eu tento realmente tentar postar regularmente. Mas o universo SEMPRE conspira contra. Primeiro foi meu pc. Fiquei sem ele quase um mês. E depois, com a aproximação da minha formatura ( sim gente, eu me formei em Balé Clássico... sim eu faço balé.. quem não sabe disso? rs) e os ensaios ficaram intensos. Depois disso, eu achei realmente que eu teria uma folguinha, mas na verdade tudo começou de novo. Ensaios, ensaios, e eu só terei folga em dezembro. Até lá, fica o balé batendo em mim, e eu tentando sobreviver as pancadas.
Sem mais delongas, vamos ler?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/330641/chapter/33

1 semana depois...

Ser aluna era muito diferente de ser professora. Eu tinha praticamente me esquecido disso. As meninas da minha turma estavam há um ano na minha frente, e eu precisa acompanha-las para não ser deixada para trás.

Cheguei em Nova York incrivelmente bem. Tendo plena consciência que meu coração tinha ficado em Londres, com Edward. Jake foi me buscar no aeroporto, e me cumprimentou com um beijo no rosto. Rapidamente, ele me conduziu a um hotel maravilhoso, que a companhia cedeu para algumas bailarinas convidadas que não são daqui. Algumas horas depois, já fui imediatamente para o ensaio. Não podíamos perder tempo, o espetáculo estreará daqui a dois meses, e precisamos estar maravilhosamente bem – palavras de Jacob Black.

Nos primeiros dias, ou melhor, no primeiro dia, o meu corpo já reclamou. Normal, extremamente normal. Eu sabia que isso aconteceria. Rapidamente, passou-se o segundo e o terceiro dia, e os meus músculos já estavam novamente familiarizados com as dores e câimbras. Era como se eles dissessem: Sim, estamos aqui!! Estamos sentindo mais uma vez...

O combinado seria aulas de segunda a sexta, e folgas aos finais de semana. Porém, o New York City é muito rígido, e não deixaria que tivéssemos duas folgas toda semana, logo no início dos ensaios. E no final de tudo, eu só vou poder voltar para Londres daqui a quinze dias. Ficando três dias, e voltando na manhã do quarto. Meu maior medo seria a reação do Edward, mas ele entendeu... E eu nem discutir com o Jacob sobre isso. Ele disse que foi ordem de dentro da companhia, e que estava fora do seu alcance mudar isso. Pelo menos não foi só comigo. Todos, bailarinos e bailarinas que irão dançar Dom Quixote, receberam essas instruções. Todo aqui tem família, e alguém esperando fora daqui. Quem sou eu para dizer algo?

Meus dias eram divididos em ensaios e....ensaio. Ensaio logo pela manhã, até o fim da tarde. Quando eu chegava no hotel, o meu corpo já sentia que era a hora do descanso, e eu nem pensava duas vezes, e iria dormir na mesma hora. Falava com Edward todos os dias, e se não desse para falar, mandávamos mensagem. É engraçado, porque ele tenta fingir que não está com saudades de mim, mas manda coisas como:

Sabe, estou dormindo no seu apartamento. Não que eu esteja com saudade de você, porque só se passou uma semana, mas porque eu acho a decoração dele incrível. E bem melhor do que a do meu.

São mensagens como essa, que me faz suspirar, respirar, e tentar recuperar o ar.

– Repitam a sequência! - jacob gritou. Olhei para o lado, e olhei as outras bailarinas. Já estávamos ensaiando há tarde toda, e a noite já estava caindo. Todas nós estávamos exaustas. Me posicionei e repetir a sequência. Nas primeiras vezes, saia tudo na maior perfeição. O meu corpo respondia as batidas da música. Agora, eu precisava me esforçar para não cair. Para não sair gritando, e desistir de tudo. A sequência de agora era a mais difícil de todas. Depois que as meninas saem de cena, entra eu e Jacob, e começamos um duo. É raro os meus pés tocarem o chão. A sequência é cheia de saltos. Vários carregamentos. Eu não estou mais dançando. As mãos de Jacob que me conduzem, facilitando para que eu não caia. Quando eu me afasto dele para fazer as piruetas, me desequilibro e não passo da terceira.

– Desculpa. - Olhei para ele envergonhada. - Eu estava sem fôlego.

– Que você encontre fôlego Bella. Não tenho nada a ver com isso. - ele disse rispidamente - De novo.

Eu não posso dizer que estou cansada. Jamais. Ele não toleraria isso. As meninas também estão, e nem por isso usaram isso como desculpa. Continuo. E ele repete a sequência, uma... duas... três... Quando não lembro nem mesmo o meu nome, ele diz que por hoje é só.

Respiro e vou ao vestiário. Meus dedos estão machucados. Minha cabeça lateja, e eu estou tonta. Lavo o rosto, e tento colocar uma energia nele. Você que quis Bella, agora suporte. Penso comigo mesma. Não estou arrependida, eu sabia muito bem que seria assim. Meu lado masoquismo está feliz. Ele pensa que pelo menos eu ainda consigo fazer isso... e de uma certa forma, pensando por este lado, nem tudo é tão ruim assim.

Saio do New York City com a lua me olhando. Nem sei que horas são. Pego o primeiro taxi, e sigo para o hotel. Normalmente eu iria andando, mas não parece ser tão cedo assim. Em menos de dez minutos chegamos. Depois que abro a porta do meu quarto e avisto a cama, a primeira coisa que eu penso é me enterrar lá e não sair mais. Mas meu corpo precisa de cuidados. Coloco a água na banheira, e acrescento alguns sais. Rapidamente meu corpo relaxa. Não demoro muito. Só penso na minha cama, e no quanto ela parece tão convidativa. Nem ligo de vestir uma camisola. Só visto o meu roupão branco e ponto. Também não olho os meus pés, que é um erro imenso já que terei ensaio amanhã. Mas o cansaço não deixa. Quando deito na cama, parece que fomos feitas um para a outra. Eu deveria comer alguma coisa. Quando foi que eu comi mesmo? Ah, lembrei. Foi pela manhã. E depois, uma barra de cereal durante o intervalo dos ensaios. Por incrível que pareça não sinto fome. Edward me mataria por isso. Edward. Não nos falamos hoje. Sinto a sua falta. Sinto a falta de Alice. Sinto falta de Londres. Antes mesmo que a depressão bata, minhas pálpebras ficam pesadas. Nem lembro se eu desliguei as luzes, mas para mim, tudo já está escuro e extremamente confortável.

Ouço o celular tocar. Em algum lugar por aqui. Dentro da minha bolsa, jogada no meio de várias sapatilhas, encima da poltrona. Eu poderia levantar e atender. Deve ser Edward. Tento me animar com isso. Mas não consigo. Meu corpo e a cama são um só, e não consigo me livrar dela. Ouço ele tocando novamente. O som vai ficando longe, cada vez mais longe... eu deveria realmente atender. Na verdade, eu deveria fazer várias coisas, mas não faço.

Como eu disse: A cama está tão convidativa, que eu não posso recusa-la.

(...)

Hoje o ensaio não será tão cedo, então eu poderia dormir até tarde. Se eu conseguisse, é claro. Levantei, e a única coisa que eu pensei é em como é bom dormir. Meu corpo precisava de descanso. Pedir logo o meu café da manhã. Não que eu fosse comer muita coisa, mas eu precisava tentar. Tomei meu banho, e me arrumei rapidamente. Eu tenho um bom tempo até a hora do ensaio, mas hoje eu faria diferente. Todos estes dias, eu não tirei os pés deste hotel. Da companhia para o hotel, do hotel para a companhia. Hoje eu iria visitar Nova York. Coloquei tudo que eu precisava na bolsa. Minhas sapatilhas, esparadrapos, algumas malhas.... Vesti uma calça jeans, uma blusa soltinha, e um sobretudo por cima.

O café da manhã chegou, e eu acabei tomando um copo com o iogurte, e algumas frutas. Eu não estou me alimentando direito, isso é fato. Digamos que eu não tenho tanto tempo para comer. Passar o dia todo na companhia não me dá a chance de ter uma boa alimentação. E quando eu chego em casa, nem mesmo a fome vence o meu cansaço. Prefiro mil vezes dormir, do que comer.

Sair do hotel feliz. Eu tenho duas horas livre. Duas horas para eu fazer o que quiser. Se essas duas horas dessem para eu ir para Londres e voltar, eu iria sem pensar duas vezes. Sentei em uma cafeteria, e pedir um cappuccino. Peguei o celular, e vi duas ligações de Edward de ontem à noite, e uma mensagem.

Durma bem meu amor, te amo.

Saudades.

Disquei rapidamente o número dele. Eu não estava nem ai para o preço da ligação. Não iria passar mensagem. No segundo toque ele atendeu.

– Bella?

– Oi. – sorrir ao ouvir ele pronunciar o meu nome. Aquela voz aveluda, e extremamente sexy que eu amo. – Te acordei?

– Sim. – ele riu. Ah, como é bom ouvir o seu riso. Poderia apostar que ele passou a mão no cabelo. – Eu tive um plantão ontem, e cheguei um pouco tarde.

– Sinto muito por te acordar. – Isso era uma mentira enorme. Eu amei acorda-lo. Ouvir a voz dele rouca não tem preço.

– Não sinta. É ótimo ser acordado por você. Até pelo telefone.

– Eu sei disso. A minha voz é irresistível, e você fica derretido por ela. – disse sorrindo, mesmo que eu saiba que a minha voz não é nada irresistível, e no caso, sou eu que me derreto pela voz dele. Mas é bom brincar com o Edward.

– É. E a dona da voz também. Me derreto muito por ela. – ele disse, e se eu tivesse na sua frente, eu iria jurar que ele soltou um daqueles sorrisos sedutores, de arrancar calcinha.

– Edward... – comecei.

– Eu sei... saudade né? – ele disse, e sua voz já tinha mudado.

– Sim. Muita. Como você está?

– Com saudade.

– Não meu bem, isso eu sei. – disse sorrindo.

– Vivendo. Quero a minha mulher de volta! Acho que irei atrás de você. – ele disse, e ainda fez um ‘’mixoxo’’. Sabe uma criança que quer o seu brinquedo de volta? Então.

–Você sabe que não precisa disso. – eu disse, mas sabendo perfeitamente que ele não estava falando sério. – Você ainda está no meu apartamento?

– Ele fica sem graça sem você. Até mesmo a decoração não é mais incrível assim. – ele falou, e agora eu percebi que ele se virou da cama.

– É mesmo? – disse curiosa por saber mais.

– Sim. Até o meu perdeu a graça. Estou com os meus pais. Nem preciso dizer que eles amaram, né?

– Imagino. Mande beijos para eles. Também estou com saudade.

– Eles também. Eles gostam muito de você.

– Eu sei. – disse suspirando.

– Você está feliz? – ele pergunta. Paro um pouco e penso. Mas na verdade, não preciso pensar duas vezes.

– Sim.

– Então eu também estou. Só que com muita saudade. – ele disse rindo.

– Eu te amo... você sabia?

– Sim. Com essa voz irresistível e sexy que eu tenho, e ainda ao acordar; Impossível alguém não me amar.

– Bobo.

– Linda. Eu te amo ainda mais.

Ficamos mais alguns segundos conversando, até meu cappuccino chegar e desligamos. Eu estava o incentivando a levantar e tomar café.

Tomei dois goles do cappuccino e estava delicioso. Os de Londres que me perdoem, mas o daqui é bem melhor. Lembrei de algo que Edward tinha dito.

‘’ ...Vivendo. Quero a minha mulher de volta...’’

Quero a minha mulher. Minha. Minha. MULHER.

Sorrir. Edward, sendo Edward.

(...)

1,2,3 gira 4, e segue 5,6,7 e 8!

Estava marcando a contagem na cabeça. Estávamos conseguindo terminar a sequência. Como sempre, meu corpo estava protestando. Já passamos milhares de vezes. Porém, agora estou mais alerta do que ontem. Passo uma toalha no meu pescoço, e enxugo o suor. Todos nós estamos esgotados. Como sempre, nem sei que horas são.

E gira 1,2,3 e 4. Respira 5,6 reverencé 7 e 8.

Giros, giros e mais giros.

Jacob já está paciente. Ele também está esgotando. Apesar dele passar sempre uma visão de imbatível, e com uma força inabalável, eu sei que ele está.

Ele me carrega e sinto dores por onde ele me segura. Minhas costelas protestam. Junto toda a minha força, e faço de tudo para não gritar. Mas Jacob percebe. Meu corpo todo se retrai, e a dor aguda vem ainda mais forte. Ele me coloca no chão, e eu não consigo nem me mexer.

– Bella? – ele pergunta preocupado. – Bella, tudo bem?

– Não... – falo em meio a dor. Automaticamente coloco a mão no meu abdômen, como se isso fosse resolver algo.

– Levem ela a enfermaria. – ouço ele dizer.

Não sei quem é, ou quem foi. Só sei que alguém me pegou no braço e me tirou da sala. Não precisava disso. Eu poderia andar. Porém, é bem-vindo. Várias pontadas na barriga continuam, e uma fadiga imensa. Já senti isso antes, sem muito bem o que é.

A enfermaria não é nada mais do que uma sala adaptada com uma enfermeira. A pessoa me coloca na cama, e só agora vejo que é Jeremy. O bailarino do corpo de baile. Tento agradecer a ele em palavras, mas não encontro a minha voz. Balanço a cabeça, e ele entende perfeitamente.

Ele fala com a enfermeira, e depois ela vem até a mim.

– Aqui? – ela pergunta apontando para a o lado direito da minha costela. Balanço a cabeça concordando. Rapidamente, com algumas massagens, as dores vão passando. – Você sabe que é isquemia local, não é? – ela diz, e é claro que eu sei. Falta de oxigênio no diafragma. – Se exercitam em um ritmo mais forte do que seu corpo permite, controlando a respiração, acontece isso. Deixe que ela alcance o ritmo naturalmente. – ela disse, aumentando a intensidade das massagens, fazendo com que as dores cessassem. É como se eu tivesse ouvindo a minha mãe falar: ‘’ ...Você tem que aprender Isabella a controlar a respiração. Pelo amor de Deus, faça as coisas certas...’’

Minha mãe. Saudades dela. É como se esse mundo da dança não fosse o mesmo sem ela. É como se não combinasse eu aqui, e ela não.

A enfermeira me deu um relaxante muscular. Agora está tudo bem. Mas agora que eu parei de dançar, as dores do cansaço voltaram com tudo.

Quando me preparo para me levantar, Jacob aparece. Sua camisa cinza está extremamente molhada de suor, e ele está com uma toalha em volta do pescoço. Deve ser trabalhoso, dirigir o espetáculo e dançar ao mesmo tempo.

– Tudo bem então? – ele pergunta, e se senta na ponta da maca. A maca faz um som engraçado, que me dá uma vontade de rir. Ainda bem que vontade dar e passa... porque percebo que rir faz a dor voltar.E eu não quero que ela volte.

– Sim, agora está tudo bem. – olho para ele, Jacob está com o rosto extremamente cansado, e com algumas olheiras. –E com você? Está tudo realmente bem?

– Sim. Já terminamos por hoje. Amanhã o ensaio começa cedo– ele disse se levantando.

– Jake... vai dar tudo certo. Você está se saindo muito bem como diretor. Você precisa relaxar. – disse, tentando deixar de lado o diretor da melhor companhia de Nova York, e trazer o meu amigo de volta.

– Você sabe o quanto que isso é importante. Temos que dar o máximo de nossa energia Bella... não quero que ninguém diga que foi bom. Eu queria que diga que foi perfeito.

– Perfeição não existe Jake. Eu já tentei ser.... mas deu tudo errado. – disse me levantando.

– Eu quero mais Bella. – ele se aproximou de mim. – Eu preciso que você se doe mais. Eu quero a antiga Bella de volta.

– Eu estou dando o meu máximo Jacob! – disse já mudando a voz. – Isso tudo aqui não é mais o meu mundo. Mais eu estou me dedicando. Estou tentando deixar tudo de lado, e voltar.

– Bella, nem eu e nem ninguém tem nada a ver com seus problemas. Quando você dançar e não for boa o suficiente, a plateia não vai levar em conta o seu acidente. Se esse não é o seu mundo, isso era antes. Porque a partir do momento que você entrou aqui, ele virou sim o seu mundo. Esqueça Londres, esqueça tudo... eu só quero Bella a bailarina aqui. Só isso. É só o que eu te peço.

Ele está certo. Ninguém tem nada a ver com a minha vida. Não quero que ninguém me associe ao meu acidente, mas eu estou me dedicando, estou dando o meu máximo para isso aqui.

– Jacob você está sendo... – comecei.

– Swan! – ele me silenciou. – A única coisa que está no seu caminho para a perfeição é você mesma. Ouça. É só o que eu te peço. – e ele saiu.

Me sinto tonta, enjoada... esgotada. Estou vivendo tudo novamente. Não preciso de minha mãe para lembrar das suas palavras. Porque de uma certa forma sua versão melhorada está aqui... Jacob.

E o pior de tudo... eu sei que no fundo, ele está totalmente certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Roupa da Bella: http://www.polyvore.com/cap.33_bella_em_ny/set?id=138705562

Eu acho que este capitulo basicamente se refletiu na minha vida. Nunca me identifiquei tanto com a Bella rs.
Gente, essa nova fase da Bella não vai demorar muito. Todos os capitulos basicamente vai ter uma passagem de tempo, porque eu não quero me prolongar mais. A fase pós apresentação da Bella já vai ser reta final.
Vou tentar, eu juro, postar uma semana sim, e outra não. Lembrando que quem acompanha LI, domingo que vem posto capitulo.
Espero que vocês não me abandonem. Mais do que nunca necessito de vocês para me incentivar e fornecer um estimulo para eu continuar.

Boa madruga! Vou dormir.
Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ajuda-me a Viver" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.