Alguns dias se passaram e, finalmente, Jacob me pediu em namoro oficialmente. Meus pais, para meu total espanto, deixaram a gente namorar, porém não antes do meu pai dar um de vampiro Edward Cullen e querer matar o Jake. Pelo menos tudo se acalmou. Quer dizer, Jake saiu correndo, pela janela, assim que deu-me um selinho na frente deles. Mamãe precisou segurar meu pai e beijar-lhe por muito, muito tempo. Tanto que nem notaram quando virei as costas e fui para o chuveiro.

Então fui me deitar feliz naquele dia. Pouco antes de eu pegar no sono, minha mãe veio conversar comigo. Não me aborreci, afinal, ela não dormia. Contudo, me deixou curiosa. Ela sabia que eu tinha que dormir para ir à escola na manhã seguinte, o que será que queria, afinal?

—Filha, agora que você está namorando, precisa tomar certos cuidados. – Ela parecia convicta no que falava. - Tem que usar proteção quando vocês estiverem sozinhos...

Para tudo! Minha mãe quer conversar comigo sobre sexo?!?!?!

Eu corei na mesma hora. Mesmo com a voz firme, minha mãe mantinha a cabeça baixa o tempo todo. Talvez se lembrando que ela mesma não tinha usado as “proteções” que me auxiliava agora. Se bem que quem imaginaria que um vampiro pudesse engravidar uma humana? Mas sempre houve histórias de mulheres que se diziam seduzidas por vampiros e… enfim, parecia que aquela conversa podia ter ajudado mamãe também há alguns anos. Achei que deveria uma explicação a ela, porque só estava tentando fazer o papel dela: o de introduzir a prole ao mundo das perversões… ou quase isso. Bem, era como minha amiga Luna dizia.

—Mãe, eu ainda s-so-sou virgem – confessei morrendo de vergonha, olhando para minha pulseirinha; aquela mesma que Jake me deu em meu primeiro natal, a qual meu pai quase sofreu um ataque do coração porque significava noivado na cultura quileute. - Quando eu estiver pronta, prometo conversar com a senhora sobre isso. Pode deixar – falei rapidamente, querendo que ela se mandasse logo.

Ela percebeu minha jogada e cutucou minha barriga algumas vezes, fazendo-me cócegas e deixando-me saber que conhecia meus truques. Nós duas começamos a rir daquela situação embaraçosa. Só esperava que ela me bloqueasse do meu pai. Com certeza eu teria pesadelos sobre essa fatídica conversa por um tempo. Depois daquilo, ela me deixou ir dormir. Como imaginei, acabei sonhando com o Jake.

Nós dois nos beijando no topo do penhasco em La Push, a brisa balançando meus cabelos, o sussurrar das folhas das árvores, pássaros e insetos cantando e zumbindo, o quebrar das ondas lá embaixo. E o calor. O calor dos braços de Jacob em minha cintura, acariciando minhas costas por baixo da blusa. O calor de seus lábios pressionando os meus, sua boca na minha, seu hálito quente misturado com o meu, nossos corpos completamente colados. Eu podia sentir seu sangue pulsando por debaixo da pele e era uma carícia tão boa em minha pele de mármore...

No outro dia, acordei assustada com a possibilidade de meu pai ter visto meu sonho, contudo, o sorriso que ele deu-me de “bom dia” pareceu bem sincero, então fui visitar a casa da vó Esme. Eu precisava contar as novidades para a galera.

Mas eu devia imaginar. Todos da minha família ficaram espantados com a notícia. Por que eu mesma não pude ver que isso aconteceria? Até o tonto do Alec poderia decifrar essa charada.

—Mas, minha linda, o Jake é um cachorro! - reclamava a tia Rose.

—Se duvidar, chega a ter pulgas - comentou o tio Emmett.

—Que nojo! Florzinha, você tem certeza de que ele toma banho, não tem?

—Ah, tia Alice, pelo amor de Deus! - joguei minhas mãos para o ar, exasperada. - O Jake não tem pulgas! E ele toma banho todos os dias, como deve. Como vocês são chatos! Quem está namorando ele são vocês ou sou eu?

—Renesmee, modos, por favor. Eles só querem o seu bem, como eu e sua mãe queremos - meu pai lançou-me aquele olhar de "se você não parar, arranco a cabeça dele", então só pude bufar e me sentar no sofá.

—Ai, amiga! Fico tão feliz por você! - Luna me abraçou, chocando ainda mais os outros na sala.

Minha melhor amiga, Luna Salvatore, que é híbrida como eu, nem ficou muito espantada.

Ela sabia o quanto eu amava o Jake assim como eu sabia o quanto ela era louca pelo Alec. Sim, esse mesmo Alec Volturi que ajudou a me caçar quando mais nova. Luna tinha um passado obscuro: era um dos segredos mais secretos do mundo, ela não contou nem para mim, aquela traíra! A garota jurava que não sabia o que aconteceu, e quem são seus pais, como veio ao mundo..., mas meu pai já encontrou algum traço de mentira nessas histórias dela. Não dei muita importância. Éramos estranhos, afinal, ela não podia confiar completamente na gente assim como não confiávamos nela. Claro que isso mudou com o tempo, mesmo que ela ainda mantenha segredo sobre seu passado. Contudo, ninguém a pressionou sobre isso. Primeiro porque a história é dela, se ela quisesse que o mundo todo soubesse, escreveria um livro como meus pais fizeram, e, depois, porque eu ameacei sair de casa se soubesse que alguém tinha tentado arrancar a história daquela beiçuda.

—Mas, então, Luninha querida, de que lado você está? - resmungou tio Emmett, cruzando os braços enormes. - Porque assim, não ajuda ninguém aqui!

—Emmett, para de reclamar, afinal, você não quer a sua querida sobrinha feliz?

Sorri para minha avó. Ela sempre tinha uma palavra certa na ponta da língua para soltar no momento certo. Acho que foi por isso que papai não reclamou ele mesmo com a Luna. Nem a tia Alice. O que não aconteceu com tia Rose.

—O Emmett está certo, mãe, a Luna não está ajudando em nada ao ficar do lado do cachorro.

—Quem está do lado do cachorro? E por quê? - perguntou Alec, entrando, e pegando a conversa no meio, como sempre.

—Ninguém, não se mete, Volturi - crispou tia Alice e eles trocaram uma mostra de línguas bem no meio da sala.

Depois disso, só fiquei pensando em quando eles cresceriam. Tio Jasper, que estava calado e sem saber o que fazer, externou meus pensamentos em uma única palavra.

—Crianças - ele revirou os olhos, balançando a cabeça e rindo.

Isso mesmo. Alec Volturi se uniu a minha família. Ele também a ama. Digo, a Luna. Pelo menos é o que ele demonstra por aí. Porque se ele não amasse, perderia a cabeça por iludir a minha amiga assim. Eles namoram há bastante tempo. Tempo mesmo, tipo, antes de encontrarem conosco.

Tio Jasper melhorou muito seu autocontrole sobre o sangue humano e ajudou Alec nisso, já que agora o novato era ele. Até ficou feliz por meu amigo dar um pouquinho de trabalho!

O que me lembra que, nesses últimos tempos, a Luna anda meio misteriosa. Sim, mais do que ela é. Isso eu não aceito. Não mesmo! Eu vou descobrir o que ela está escondendo ou não me chamo Nessie! - com esse pensamento, meu pai ergueu uma sobrancelha para mim e eu corei. - Eu não me chamo mesmo, afinal Nessie é apenas um apelido que Jake me deu!

Esse pensamento causou uma risadinha em meu pai. Ele revirou os olhos, chegou até mim, beijou-me a cabeça e foi para o piano. Esse era seu modo de dizer: não quero saber de mais nada. Então o povo se dispersou. Mamãe pegou um dos milhares livros que vovô tem na biblioteca e sentou-se ao lado do meu pai para ler. Tia Alice e tio Jasper foram caçar, eu acho; tia Rose e tio Emmett foram para a garagem, dar um up nos carros, espero; vovó Esme foi para a cozinha fazer um lanche gostoso para nós metade-humanos. Luna veio conversar comigo sobre meu namoro e Alec foi com o vovô para o escritório, conhecer e complementar algumas histórias. Algo assim.