Ele manteve os olhos cravados no chão, enquanto se dirigia ao próprio quarto. E sentia aquele peso insuportável sobre seus ombros, aquela pressão em seu peito, o embrulho desconfortável em seu estômago. Desejava de todas as formas poder esquecer aquela dor, afogá-la no álcool, usar uma boa transa para suprir aquela necessidade de contato carnal. Era como uma ferida aberta, cujas bordas inflamadas ardiam, mas ele precisava tocá-la, precisava ter aquela sensação excruciante apenas para ter a certeza de que era real, apenas para ter a certeza de que não havia passado de um sonho.

Logo, sentiu mãos firmes agarrando o colarinho de sua blusa, as costas chocando-se contra a parede mais próxima, um gemido estrangulado e surpreso escapando por entre seus lábios. Fitando a alta figura que tinha os olhos marejados, foi como se mais um pequeno pedaço de seu coração estivesse se partindo.

— Você precisa me contar o que houve! — a voz era trêmula, mas alta; denotava cansaço, dor e irritação. — Agora!

Sam não entenderia. Não. Ele tinha medo. Tinha medo de qual poderia ser sua reação, tinha medo do que poderia dizer a respeito. Mas não mais podia esconder aquilo, não mais podia guardar toda aquela aflição para si mesmo.

Mordeu o lábio inferior, e sentiu o coração queimando, como se uma lâmina o trespassasse de novo e de novo, sem que tivesse a chance de se defender. Quando Dean ergueu os orbes turmalinos para fitar o irmão mais novo, o sussurro que escapou foi quebradiço, tal como se sentia naquele momento:

— Eu a amava tanto... Tanto...