Nunca pensei ser tão difícil convencer Renne de que eu estava bem e que estaria muito segura aqui em Forks, mas, o mais difícil foi voltar para Charlie e receber aquele abraço forte e preocupado, acho que nunca o havia visto demonstrar tanto carinho por mim, foi o medo de me perder que fez isso, e ele quase me perdeu de vez. Meu corpo arrepiou-se todo quando pensei nisso, era assustador lembrar o rosto de James, tão perto do meu e eu tão perto da morte, mas o que mais me amedronta em algumas noites mal dormidas é a lembrança do meu braço queimando, era algo indescritível e horrível, nunca pensei que doía tanto. Demorei em saber o que significava aquela dor, apenas quando olhei os olhos de Alice horas depois quando voltava para Forks que entendi a queimação que percorreu pelo meu braço, e quase, quase chegou a meu coração. Mas mesmo que tenha doido tanto, eu sofreria qualquer dor para estar ao lado de Edward para sempre, e agora depois do baile, ele sabia disso.

O Ano escolar já havia acabado o que me deixava muito feliz, Edward estava todos os dias em minha casa, em todos os momentos e até nos dias de sol... Não existem muitos vizinhos perto e Charlie ficava fora de casa quase o tempo todo, Edward estava livre comigo em tempo integral agora.

Fiquei pensando nisso quase a noite toda, uma noite mal dormida, era uma das noites que Edward foi caçar com Emmett nas montanhas, e não poderia estar me abraçando enquanto eu pegava no sono, era uma noite em que eu não escutaria sua doce voz cantando minha canção de ninar, era apenas dois dias, um dos dois dias mais longos da minha vida.

A noite estava calma, chovia em Forks como sempre, mas agora era a chuva que me fazia dormir, era esse som que me lembrava Edward e que me lembrava que eu realmente, estava em casa e me deixava tranqüila para aguardar meu amor voltar.

A manhã chegou demorada, fiquei um tempo ainda deitada pensando se conseguiria dormir novamente, o que eu não conseguiria, olhei para a janela e fiquei feliz em ver um dia nublado, sim, meus gostos com relação ao tempo haviam mudado desde que conheci Edward Cullen, a pessoa que mais me fazia feliz no mundo inteiro, enquanto vagava em pensamentos escutei batidas em minha porta.

- Bells querida, hora de acordar! – Era a voz de Charlie, quando fiz menção de levantar senti meu corpo doer, foi quando olhei para mim mesma e ali vi vários hematomas e uma perna engessada, haviam passado quase 1 mês dês do incidente com James, e eu ainda tinha marcas daquele acidente, gemi baixinho quando levantei, minhas costas doíam muito ainda, uma dor muscular forte, fiquei aliviada por Edward não estar aqui, ele ficaria com aquele olhar perdido e triste novamente e a coisa que eu mais odiava era ver ele daquela forma. Estava sentada agora na cama quando houve mais uma leve batida na porta e novamente a voz de Charlie. – Bells, estou indo para a delegacia... Mas se quiser posso ficar com você e...

- Está tudo bem Pai, pode ir, vou ficar bem... – Eu não podia o deixar continuar, ele ficaria falando, falando e falando até me convencer a deixá-lo ficar, e hoje eu seria uma má companhia porque não veria meu Edward, e não queria estragar o dia de Charlie, a delegacia era sua segunda casa e sua família, deixá-lo ir iria fazê-lo um pouco mais feliz.

- Você tem certeza Bell? Eu poderia ficar a cidade é calma não teria problema nenhum.

- É serio pai, pode ir vou ficar bem mesmo. Qualquer coisa eu ligo pra você. – Falei desanimada, mas tentei transmitir para ele toda a minha real vontade de que ele fosse embora logo, eu queria voltar a deitar e dormir durante 2 dias inteiros até Edward voltar.

- Ok então Bell. O telefone do meu gabinete vai estar na porta da geladeira, pode ligar a qualquer momento e eu volto voando. – percebi em sua voz uma doçura paternal demais, algo incomum para Charlie. – Então, vou indo Bells, bom descanso filha.

Escutei ele se afastar e descer as escadas, minutos depois o barulho da viatura saindo, soltei um suspiro alto e triste, olhei novamente para meu quarto parcialmente iluminado e quis voltar a dormir, mas já me conhecia o suficiente para saber que nada adiantaria se eu tentasse seria uma fraude, apenas ficaria remoendo lembranças assustadoras na minha mente, eu não precisava mais disso mais do que eu tinha em meus sonhos.

Levantei e fiquei olhando em volta, pequei uma muleta que estava encostada na cama e a coloquei por baixo do braço e fui até meu guarda roupa e pequei uma roupa qualquer, uma saia jeans que vinha até os joelhos e uma blusa sem mangas preta, e depois fui ao banheiro usando minha muleta e lá tive meus minutos humanos, era como Edward e eu brincávamos.

Fui para a cozinha com muito custo, era dolorido descer a escada e eu tinha que tomar 3 vezes mais cuidados para não cair, eu havia ganhado uma perna inanimada para me atrapalhar mais. Na cozinha abri o armário e me servi da minha melhor refeição, meu serial preferido, nada melhor para começar um dia, chato e horrível. Mas estava pra melhorar.

Escutei batidas na porta, fiquei parada um tempo olhando pela porta da cozinha, pensei por um segundo que eu havia imaginado o som, então o som se repetiu, respirei fundo ao levantar da mesa, mas antes de tomar forças para fazê-lo escutei uma voz ao meu lado, uma mão gelada ao meu ombro forçando-me a ficar sentada, por rápidos minutos pensei que era ele, que ELE havia voltado para mim, mas minha decepção foi maior, muito maior.

- Hei Bella, fique paradinha ai, eu já entrei. – Era a voz de sino de Alice, acho que não pude disfarçar minha decepção, porque ela entortou a boca e falou de um jeito infantil. – Pensei que ficaria feliz em me vez, mas acho que não... Então vou embora!...

Ela disse começando a andar para sair, sabia que era apenas um charme aquilo ela nunca iria embora de verdade mesmo assim eu a segurei pela mão e falei calmamente, às vezes era difícil lidar com Alice, era muito criança e levava as coisas a sério demais as vezes, ter cuidado com aquela boneca viva nunca era demais.

- Não Alice... Fique por favor!... – Dei um sorriso doce e torto para ela, não queria que ela ficasse brava comigo, ela sorriu e sentou-se na cadeira a minha frente falando entusiasmadamente.

 - Aiiii... Bella temos tanto coisa para fazer hoje. Primeiro vamos comprar algumas roupas novas para você, depois tenho que te arrumar todinha, e depois... Ahhh, depois é depois... – Eu não havia entendido nada do que ela falava, ela estava rindo como uma criança, uma risada perfeita e gostosa demais, ela levantou-se da mesa e já estava ao meu lado me ajudando a levantar e me levando até a porta de saída, eu nem havia pegado minha muleta e nem precisava, Alice estava a suportar meu peso todo como se eu fosse a coisa mais leve do mundo, ela sorria enquanto me levava para a porta rápido demais, isso me deixou zonza, coloquei a mão na cabeça e com a outra mão me segurei no sofá.

- Espere Alice... Calma eu to... Enjoada. – Dei a volta e sentei no sofá e abaixei a cabeça, sempre me apoiando o sofá, ela sentou-se ao meu lado, fique um tempo com a cabeça baixa respirando profundamente, deixando que o ar entrasse totalmente em meus pulmões, quanto mais eu respirava mais doía, era uma dor diferente nada que eu tivesse sentido antes, eu virei para Alice a olhando, acho que meus olhos mostraram a ela a dor que eu sentia, pois ela colocou as mãos frias e firmes em meus ombros e me fez olhar para ela, sua voz era de total preocupação.

- Bella, o que está havendo? Bella?... – Eu já não conseguia responder direito, toda a sala parecia estar girando, nada aprecia fazer sentido, me senti então levantada do sofá e quando me dei por mim estava nas costas de Alice, sua voz saiu tão preocupada quanto antes. – Por favor, Bella, mantenha os olhos fechados. Carlisle vai saber o que fazer!

Então tudo se tornou um borrão e o vento frio batia em meu rosto, era rápido demais, eu não conseguia ver me senti então mais enjoada e mal, o ar entrava cada vez menos e meus pulmões doíam muito, fechei os olhos o mais forte que pude e tentei respirar calmamente o que não conseguia, doía demais, minha respiração ficou intercalada e fraca, eu sentia meu coração pulsando sobre as costas duras de Alice, logo o vento parou e me arisquei a abrir os olhos e vi a sala dos Cullen, então eu já estava deitada no sofá quando vi o rosto de Carlisle aproximar-se, vi também Esme e Jasper e depois apenas o escuro, consegui pegar algumas partes de conversa, mas que não conseguia entender perfeitamente.

- Ela está tendo um ataque, Jasper peque minha maleta, por favor. – Era a voz de Carlisle, sempre tão educada e única.

- Como isso aconteceu Alice? O que você fez com ela? – Era Esme, com toda a certeza era ela, sua voz doce e maternal, senti levemente uma mão fria acariciar minha testa e tive mais certeza que era Esme, era o único ser no mundo que tinha um coração maior que o universo.

- Eu não fiz NADA, apenas fui buscar ela e ela ficou mal. Você pode ajudar não é Carlisle?  - Era a voz de Alice aquele jeito de falar só podia ser dela, era como um sino tocando em uma manhã de natal, mas a preocupação enchia sua garganta e isso me deixou descontente. Tentei falar alguma coisa, mas senti algo em minha garganta me sufocando eu agora não conseguia respirar e parecia que ia morrer era como se estivesse submersa na água tentando respirar, me sentei e virei para o chão deixando todo aquele liquido sair de mim, escutei um grito antes de tudo ficar escuro novamente, agora nem o som parecia me atingir, estava simplesmente fora do ar.

Quando acordei estava em um quarto que percebi rapidamente da onde era, era o quarto de Edward, a parede de vidro, a estante cheia de CDs e o som de ultima geração, era com certeza o quarto dele, eu me mexi levemente sentindo dores por todo o corpo, parecia a primeira vez que acordei depois do meu encontro com James, olhei em volta, ainda estava zonza e o quarto parecia mais brilhante do que nunca, eu conseguia escutar um bip irritante, quando olhei para o lado vi que era um monitor cardíaco que apitava, eu olhei para o outro lado e mexi o braço sentindo dores novamente, dei um leve gemido e depois outro que não era de dor e sim de agonia, porque acabei de ver uma agulha entrando pelo meu braço, era horrível aquilo, mexi minha outra mão que tinha ligado no dedo indicador o fio do monitor cardíaco, tomei cuidado para não o desprender e tentei tirar a agulha do meu braço, estava ainda zonza e via as coisas embaçadas e duplicadas, quando tentei tirar a agulha escutei a voz dele, aquela voz  que eu conhecia perfeitamente bem, a mão gelada dele tocou em meu pulso me fazendo parar de tentar tirar a agulha.

- Calma Bella, esta tudo bem! Calma! – Quando olhei para ele, seus olhos estavam tão lindos como nunca, era a cor de topázio mais viva que já havia visto antes, não resisti em sorrir para ele e sentir todo o meu rosto arder, as bochechas ficando vermelhas, e agora tinha um monitor mostrando o que ele sempre escutava, meu coração acelerado, ele passou a mão fria em meu rosto ajeitando alguma mecha de cabelo que estava na frente de meus olhos, consegui ver um pouco melhor, mas minha cabeça ainda doía minha visão ainda estava embaçada para meu desagrado em não poder contemplar seu rosto perfeito. - Você vai ficar bem agora! Prometo.

Tentei falar uma vez mais minha voz quase não saia, só sai um gemido e meu peito doeu novamente, eu respirei fundo com medo daquela dor voltar, mas estava sem dor, era como se eu tivesse me afogado em água salgada e agora só restasse à dor do pulmão que recebia ar pela primeira vez depois do afogamento, eu respirei algumas vezes o sentindo arder levemente, falei baixo eu sabia que ele escutaria melhor do que qualquer um. - O que houve?

- Não sabemos ainda Bella, você se sentiu mal, Alice trouxe você para Carlisle ver, você começou a delirar falando coisas sem sentido e depois... – Consegui escutar sua voz ficar rouca e sem forças, como quando ele pensava em minha morte ou ia falar algo que com certeza gostava tão menos quanto eu. – Depois você vomitou quase 1 litro de sangue.

Fiquei pensando por um tempo, minha cabeça girava e doía mais o zumbido do meu coração estava estável mais ainda assim minha cabeça tinha outro zumbido irritante por conta da dor, fiquei um tempo sem falar, olhei para o teto e depois fechei os olhos, queria poder ver tudo parar de girar, queria poder ver melhor seu rosto perfeito e seu sorriso torto, porque tudo sempre tinha que dar tão errado quando podia ser tão diferente? O que é que eu tinha que poderia acabar com o lado perfeito de viver ao lado dele? Porque eu simplesmente não podia ficar com Edward, quietinha escutando a chuva cair embaixo de um bom cobertor?
Fiquei assim por um tempo eu podia escutar a respiração de Edward estava pesada, triste, eu não conseguia ver ele assim, ele tinha que ficar melhor, tinha que sorrir novamente.

- Quem gritou? Quem... Quem gritou quando desmaiei? – Falei por fim, querendo mudar um pouco de assunto, mas também queria acabar com as duvidas que tinha ainda.

- Bella, ninguém gritou querida. Deve ter sido uma alucinação qualquer. – A voz dele era doce demais, era como se eu fosse uma louca que precisa de atenção total, eu me ergui um pouco na cama falando, quase implorando que ele entendesse que eu havia escutado um grito, e aquilo era real, real demais.

- Não Edward, não... Eu OUVI um grito, tenho certeza... Pergunte a Alice ou a Jasper eles vão... Eles vão... – O bip do monitor começou a ficar mais rápido conforme eu ficava mais agitada, as mãos gentis e firmes dele me colocaram deitada novamente, e depois acariciou meu rosto docemente enquanto falava com aquele tom doce, o único tom que poderia me acalmar agora.

- Calma Bella. Calma. Apenas melhore, depois vemos isso direito, apenas, fique boa. – Era doce demais, lindo demais, perfeito demais, aquilo sim deveria ser uma alucinação, como alguém tão perfeito poderia existir, e ser meu, estar comigo, me deixar lhe acariciar, como aquilo existia e teria se apaixonado por mim, era impossível, era loucura demais. Loucura mesmo era eu tentar discordar dele, fiquei quieta e apenas sorri, minha visão havia melhorado um pouco e seu rosto tornou-se mais visível e perfeito para mim, ele sorriu em troca e me deu um doce e leve beijo na testa e meu coração disparou novamente, ele afastou-se e sorrindo falou calmamente, com aquele sorriso torto perfeito demais para existir. – Calma Bella, fica calminha meu amor.

Ele sorria daquele jeito que me deixava zonza, mas do que eu estava, então eu fechei meus olhos, senti movimento na cama e quando abri os olhos ele estava deitado do meu lado da cama me olhando, estava bem perto mas sobre as cobertas, sorrindo e me olhando de perto, aqueles olhos lindos aquele rosto perfeito e ali estava o bip rápido novamente com a aproximação dele, ele passou a mão fria em meu rosto e depois segurou minha mão, virou-se para olhar o teto e começou a cantar minha canção de ninar, nada me fazia mais feliz do que estar com ele e escutar ele cantando a MINHA canção, era tudo que eu podia desejar, enquanto ele cantarolava eu pensava em bilhões de coisas, inclusive em sua perfeição, e foi neste momento que não pude evitar a pergunta. – Desde quando você tem cama no seu quarto?

A risada dele foi à coisa mais gostosa que ouvi durante... Quantos dias será que fiquei apagada? Acho que no mínimo 2 dias...Mas, quantos foram ao total? Bem, a risada dele era tudo o que eu precisava ouvir, senti um beijo dele em meu cabelo e sua mão gelada em meu rosto quanto ele dizia entre sua voz risonha. – Bella, você é absurda! Sabia?... – Ele continuou rindo durante um tempo até se acalmar e ficar olhando o teto comigo, não sei quanto tempo ficamos assim, antes de eu pegar no sono novamente.