Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 75
Entre o amor e o ódio


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores!!!
Primeiramente UAU pelos comentários do último capitulo, sério mesmo, eu não esperava a repercussão que teve. Falando nisso, um beijo pra meninas do pacto de perras que quase transformaram o grupo em um zona de guerra por causa da fic, amo vocês.
Enfim, povo.
Eu espero que vocês gostem do capitulo, boa leitura.



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O beijo fulmina-nos como o relâmpago, o amor passa como um temporal, depois a vida, novamente, acalma-se como o céu, e tudo volta a ser como dantes. Quem se lembra de uma nuvem? - Guy Maupassant

Um beijo. Nada mais importa, ninguém mais existe. Dois beijos. Cheiros se misturando, peles em contato, corações batendo sob o mesmo ritmo. Três beijos. Para que ar quando se tem saudade? Presos no delirio do beijo, entorpecidos pelo sabor dos lábios um do outro, voando para fora da realidade, eles demonstravam um ao outro a força de um sentimento que ainda existia, um amor machucado pelo destino, mas que ainda era vivo.

– Carlos Daniel... - olhos fechados e a voz ofegante.

– Paulina, meu amor... - um sussurro antes de outro beijo.

Encurralada na parede e cercada pelo corpo de Carlos Daniel, Paulina não tinha como escapar, mas fugir dalí não era uma opção ou vontade, seu desejo tornava-se mais visível a cada segundo e fora ainda mais permitido quando ela colocou seus braços em volta do percoço dele, intensificando ainda mais o beijo, os beijos. O roçar dos lábios dele não se deteve apenas em sua boca, buscando senti-la cada vez mais, ele trilhou com beijos o caminho do ombro dela até o pescoço. Paulina arfou quando sentiu a mão dele em sua cintura a levando mais para perto de seu corpo. Não havia mais espaço que os separassem, os dois estavam perdidos em um calor trocado e sentindo os efeitos fisiológicos de seus corpos em chama. Como um fogo que crescia e os queimava, os beijos despertavam todos os seus sentidos e inibiam toda e qualquer razão ou senso de realidade que poderia os parar. Saudade. Necessidade. Vício. Amor. Luxúria. Tudo misturava-se com aqueles dois corpos colados tentando cada vez mais desfrutar de uma paixão inebriante, uma paixão que queimava e que pedia mais do que beijos.

– Eu preciso te ter, meu amor. - frase dita como um sussuro ao pé do ouvido dela.

Paulina não respondeu nem o impediu, apenas deixou que o silêncio simbolizasse sua entrega, arrepiando-se por inteira ao sentir a mão direita dele precionar ainda mais sua cintura e a outra percorrer seu corpo e se detendo no zíper do vestido dela. Aos poucos, a roupa sendo aberta possibilitando que a mão dele, antes posta na cintura dela, tocasse mais sua pele quente. Um choque. Uma corrente elétrica passando por todo o corpo foi o que ela sentiu quando o desejo compartilhado pelos dois já podia ser notado e sentido muito intimamente quando os corpos se roçavam. Uma situação quase impossível de parar, nenhum dos dois tinha forças nem vontade para lutar contra o amor e a paixão que movia seus corpos. Com tecidos ainda os separando, os dois buscavam desesperadamente saciar a saudade que os consumia.

As roupas abertas já estavam quase chegando ao chão quando um barulho do lado de fora acordou Paulina para a realidade. Ainda perdida naquele mar de sensações que os beijos de Carlos Daniel provocavam, ela apenas reacionou por completo ao perceber que o sonido ouvido antes era na verdade passos, que pareciam se afastar, mas mesmo assim demostravam o perigo daquela situação. Movida pelo pânico e pela culpa, ela empurrou Carlos Daniel bruscamente, deixando-o atônito por não entender o que estava acontecendo.

– Não, isso é loucura. - Com a mão no peito, ela tentava regularizar sua respiração.

– Loucura? Não, isso é amor, Paulina, admita! - Ele disse voltando a se aproximar dela.

– Cala a boca, Carlos Daniel, eu não vou admitir nada, isso não deveria ter acontecido, alguém podia ter chegado e... - Ela foi interrompida pela frase já exasperada dele.

– O seu medo é que o seu maridinho nos pegasse, não é??? Porque eu queria que isso acontecesse só pra eu dizer na cara dele que você é minha.

Paulina escuta que os passos diferente de antes estão se aproximando e tenta desesperadamente ajeitar sua roupa.

– Cala a boca, Carlos Daniel, tem alguém chegando, e não importa quem seja, arrume-se rápido, fique ali naquela cadeira e nem pense em mencionar o que aconteceu, aquilo nunca aconteceu!

– Não adianta você ignorar, Paulina, só admita que também sentiu o mesmo calor te consumir com os nossos corpos colados e nossos beijos, vamos, amor, admita.

– Eu não sou o seu amor e eu não vou admitir nada. - Ela disse seguindo pra sua cadeira executiva.

– Não precisa, seus beijos e sua entrega já disseram tudo. - Ainda de pé, ele a olhava vitorioso.

– Por favor, Carlos Daniel, eu te peço, eu não sei quem está chegando, mas por favor, não fale nada, por favor. - O tom de voz baixo dela realmente demonstrava nervosismo.

– Tudo bem, meu amor. - Ele decidiu fazer o que sua amada pedia e entrou naquele jogo de atuação, puxando a cadeira que ela o havia indicado e sentando-se ali de costas para a porta.

Poucos segundos depois a porta do escritório é aberta, revelando um jovem com uma mochila nas costas.

– Achei você... ai desculpem, não sabia que tinhamos visitas.

– Não se preocupe, querido, são só assuntos de négocios. - Paulina olha para Carlos Daniel ao mencionar a última palavra, dando a entender a mentira que ele deveria seguir.

– Entendo, só vim lhe falar que já estou indo, mãe. – A palavra mãe assustou Carlos Daniel que fingia ler algum tipo de documento de costas para a porta

– Mãe... - Carlos Daniel sussurrou de olhos arregalados para Paulina e por impulso virou-se em direção ao jovem que falava.

– Senhor Bracho?!! Nossa, mas que surpresa! Como o senhor esta? - Fernando deu alguns passos e estendeu a mão para cumprimentar um Carlos Daniel palido.

– Ahm, ahm...eu...eu to bem. - Foi a única coisa que Carlos Daniel conseguiu pronunciar no momento.

– Espera, como vocês se conhecem. - Tanto Fernando quanto Carlos Daniel voltaram seus olhares para Paulina que visivelmente estava confusa e nervosa.

– Nos conhecemos quinta-feira passada, mãe, na frente da minha escola. - Fernando passava a mãos na cabeça completamente sem jeito por lembrar da situação do encontro.

– Sim, eu me lembro perfeitamente daquilo. - Carlos Daniel falava com a voz firme e o semblante sério.

– Senhor Bracho, eu não pude falar com o senhor naquele dia porque foi tudo muito rápido e admito que fiquei sem reação quando o senhor nos viu, mas quero que saiba que as minhas intenções com sua filha são as melhores do mundo. A Gabriela pra mim nunca foi uma brincadeira ou algo passageiro, eu realmente amo sua filha, seu Carlos Daniel.

A convicção de Fernando assustou não apenas Carlos Daniel, mas também Paulina que tinha as palavras “filha” “Gabriela” “amo” ecoando em sua mente.

– O que?? Gabriela?? De quem você esta falando, Fernando?? - Paulina corria seu olhar entre Fernando e Carlos Daniel que parecia estar congelado em seu lugar.

– Da minha namorada, mãe, acho que lhe falei que tinha encontrado a menina perfeita e a tinha pedido em namoro.

– Ehh...ehh...vo...você falou, mas não falou o nome dela. - Paulina não conseguia impedir que o desespero dominasse sua voz.

– Não? Acho que comentei com o papai, mas é que você estava tão ocupada com o négocios que eu preferi apresentar vocês em um outro momento.

Quando Paulina iria abrir a boca pra falar algo, os três escutam um forte barulho de buzina de carro.

– Bom, tenho que ir, minha carona chegou. Tchau, mãezinha, se cuide e qualquer coisa que precisar me ligue ta bom? E senhor Bracho, foi um prazer revê-lo.

Fernando sai rápidamente deixando os dois de boca aberta, chocados com as revelações.

– Não, não, não pode ser. - Paulina sentou-se com as mãos tremulas, o olhar perdido e movimentendo constantemente a cabeça negando aquilo.

– Filho, meu deus, Paulina, você e aquele fulaninho tiveram um filho???

– Mas é só nisso que você esta pensando, seu idiota?? Você ainda não entendeu a gravidade do problema??

– Eu...eu...eu...

– Só me diz que você adotou uma criança e deu o nome dela de Gabriela também, me diz que ele não estava falando de quem eu acho que estava falando, pelo amor de Deus, Carlos Daniel, me diz que o meu filho não ta namorando com a minha Gabriela, me diz.

– Não posso - Ele abaixou a cabeça e respirou fundo - Eu mesmo os vi aos beijos na frente da escola.

– Ai meu Deus, ai meu Deus. - O desespero de Paulina era visivel assim como a palidez de sua pele.

– Isso é loucura e é tudo por sua causa.

– Minha causa?? Minha causa?? Agora a culpa é minha? Para de ser hipócrita, Carlos Daniel.

– Culpa sua sim, naquele almoço que você disse que foi, você podia ter desmascarado a Paola e tudo isso seria evitado!

– Idiota! Agora a culpa é minha que você não reconheceu a mulher que estava ao seu lado na cama DURANTE 15 ANOS, AGORA A CULPA É MINHA???

– EU JÁ DISSE QUE PENSEI QUE FOSSE EFEITO DA PANCADA NA CABEÇA!!!

– PARA DE GRITAR VOCÊ TA NA MINHA CASA!

– MAS VOCÊ TA GRITANDO TAMBÉM!

Tanto Paulina quanto Carlos Daniel perceberam que estavam deixando a situação tomar conta de seus nervos e suas atitudes, a verdade é que a culpa não era de nenhum dos dois diretamente, nenhum podia imaginar que aquilo poderia acontecer em suas vidas.

– Carlos Daniel, nós temos que nos acalmar e resolver isso logo.

– E como fazemos?

– Não sei, cadê a Gabriela? Você tem como localizar ela? Eu vou ligar pro Fernando.

Paulina já seguia em direção a mesa para pegar seu celular quando vê o aparalho do filho em cima da mesinha perto da porta.

– Droga, o Fernando deixou o celular em casa.

– E a Gabriela ta em um acampamento da escola, o celular dela ta fora de área.

– Espera, o que?? A Gabriela ta em um acampamento da escola??

– Ta sim, por que?

– O mesmo acampamento que o Fernando ta a caminho?

– Merda, isso ta piorando.

– Vem, Carlos Daniel. – Paulina disse perto da porta e já girando a maçaneta da mesma.

– Ir? Aonde? – Ele a seguiu pelo corredor da casa tentando entender sua ordem.

– Pro acampamento é claro, temos que impedir... – Paulina interrompeu sua fala ao deter seu olhar na sala procurando sua bolsa, voltando-se para a porta principal logo após acha-la.

– Impedir o que?? – Carlos Daniel estava perdido, não sabia o que dizer, o que pensar, o que fazer, e tudo piorava com Paulina deixando suas frases incompletas.

– Pensa comigo, só pensa. - Foi o único momento que ela parou e olhou nos olhos dele – Dois adolescentes, com os hormônios a flor da pela, no meio do mato...

– MERDA!

– Exatamente, os dois não sabem que praticamente compartilham o mesmo sangue, temos que impedir.

– Vamos.

Os dois saíram da casa com destinos diferentes, Paulina foi em direção a garagem pegar o outro carro da família, já que Alejandro havia saido com o dela, e Carlos Daniel seguiu em direção a seu carro que estava na frente da propriedade.

– Aonde você vai, Paulina?

– Pegar meu carro na garagem, quer que eu chegue andando lá?

– Até você pegar esse carro vai demorar, vem, vamos no meu.

– Ta, tudo bem, mas então me de as chaves, eu dirijo. - Disse extendendo a mão direita para ele.

– Nem pensar! Meu carro, eu dirijo.

– Carlos Daniel, eu quero chegar naquele acampamento viva. Você dirige como um louco e ainda mais estando nervoso do jeito que está.

– Pelo que eu me lembre, eu nunca sofri nenhum acidente de carro dirigindo como um louco como você disse, já outras pessoas...

– Ei!!

– Não importa, Paulina, eu sei o caminho, portanto eu dirijo. Chega de implicar com isso, estamos perdendo tempo, entra logo nesse carro.

– Ta, ta, mas não nos mate.

Por fim, depois de muita discurssão, os dois entraram no veículo e seguiram rumo ao acampamento que ficava bastante afastado da cidade, significando algumas horas de viagem. Os primeiros minutos foram de silêncio, até que Paulina o quebrou ao ligar para a própria casa, avisando Rosa da sua saída de última hora. Quando acabou de falar com a doce senhora, ela guardou o telefone na bolsa e começou a olhar pela janela.

– Sua paixão por conversiveis continua - Ela disse ainda olhando a paisagem, evitando o contato visual com Carlos Daniel.

– Você sabe que eu sempre amei esses carros. - Ele disse a olhando de relance e sorrindo brevemente.

– Sei, mas como seu gosto pra mulheres mudou, eu também esperava por isso com os carros.

– Ai Paulina, de novo com essa história?! Eu já disse, eu pensei que fosse um efeito da pancada na cabeça.

– Ta, ta, esquece. - Ela havia desistido de brigar, a verdade era que ela não tinha mais forças para isso.

– Paulina, eu odeio ter que perguntar isso, odeio só pensar nisso, mas eu tenho que saber...

– Do que você ta falando?

– Você e o tal fulaninho...vocês...eh...são casados há quanto tempo?

Paulina o olhou por um tempo, como se analisasse a razão pela qual Carlos Daniel perguntava aquilo. Seria curiosidade ou apenas uma oportunidade para que ele a julgasse? Observando suas feições tensas, ela percebeu o quão dificil era pra ele ter tido que pronunciar aquela pergunta, e resolveu não debater, apenas responder.

– Há 12 anos.

– Mas, mas, mas como é possível então? - Ele fala sem desviar o olhar da estrada.

– Seja direto, Carlos Daniel, por favor. - Diferente dele, ela sim o olhava para tentar entender onde ele queria chegar.

– O Fernando, ele e a Gabriela tem a mesma idade...mas como é possível se...AI MEU DEUS!

Definitivamente pensar naquela possíbilidade não combinou com o fato de Carlos Daniel estar dirigindo. Assustado e atormentado com aquela idéia ele virou o carro repentinamente em direção ao acostamento, ignorando as leis de trânsito e freando o carro tão bruscamente que o barulho do atrito entre o pneu e o asfalto ecoou por aquela estrada.

– VOCÊ TA LOUCO, CARLOS DANIEL? QUER NOS MATAR?? POR QUE FEZ ISSO??

– Desculpa, mas foi automático, eu...eu...

– Em que você estava pensando pra parar assim feito um louco?

– Paulina, por favor me responde, pelo amor de Deus eu só te peço que seja sincera comigo.

Carlos Daniel estava pálido, suando frio, com o desespero em seu tom de voz e com as mãos tremulas. Vendo o estado dele, ela não pensou em ser sarcástica ou irônica, apenas assentiu positivamente com a cabeça.

– O Fernando é meu filho?

– O que??

– É, ele é meu filho? Paulina, eles tem a mesma idade...

– Ei, calma, ele não é teu filho. O Fernando é alguns meses mais novo que a Gabriela.

– Então, se ele não é meu filho, mas é seu filho, e é alguns meses mais novo que a Gaby... então...então...

– Então?

– Como você pode?? - O tom na voz dele já não era de curiosidade, mas sim de acusação.

– Do que você esta falando agora? – Ela perguntava ficando sem paciência e querendo entender qual era a nova besteira que ele estava pensando.

– Vamos, Paulina, admita, você me traiu não foi?

Aquela junção de palavras, o tom acusador da voz e o olhar indignado dele a deixou sem reação. Será que ela estava ouvindo aquilo mesmo ou estava sonhando? Uma alucinação era a explicação mais coerente para aquela frase.

– O que? - Paulina perguntou usando sua última dose de paciência para o caso dela ter ouvido errado aquela acusação.

– Isso mesmo, se você é a mãe do Fernando e ele é mais novo que a Gabriela, e o episódio da cabana aconteceu quando ela já tinha alguns meses de vida, então significa que você me traiu e usou tudo isso de usurpação reversa pra ter seu filho longe não? Você fez tudo isso pra esconder sua infidelidade não foi?

– O QUE????

– O QUE VOCÊ ME OUVIU, VOCÊ ME TRAIU NÃO FOI?

Carlos Daniel ficou encarando Paulina para ver qual seria sua desculpa ou argumento para aquele “fato”. Ele esperava ver um nervosismo e uma tentativa de negar o que estava claro para ele. O que ele não esperava era sentir o contato das mãos dela e o barulho do encontro desta contra o seu rosto. Foi um tapa dado com força, com raiva e sobretudo com razão.

– VOCÊ É REALMENTE UM IDIOTA, CARLOS DANIEL BRACHO!

– EU SOU UM IDIOTA SIM!! COMO NÃO PERCEBI QUE VOCÊ TINHA ME TRAIDO NAQUELA ÉPOCA!

– EU NÃO TE TRAÍ, NÃO TE TRAÍ. E É MUITA HIPOCRISIA VOCÊ ACHAR ISSO DE MIM QUANDO FOI VOCÊ QUE NÃO RECONHECEU A SUA ESPOSA.

– SE VOCÊ É A CERTINHA DA HISTÓRIA, ME EXPLICA COMO OS DOIS TEM QUASE A MESMA IDADE,VAMOS ME EXPLICA.

– NÃO VOU EXPLICAR MERDA NENHUMA DEPOIS DISSO. DIRIGE LOGO ESSE CARRO OU SE NÃO VAMOS CHEGAR LÁ DE NOITE.

Mesmo contrariado e furioso, ele ligou novamente o carro e seguiu na estrada. Durante duas horas o silêncio imperou no veículo, nenhum dos dois se atrevia a falar algo, seus orgulhos eram maiores que qualquer coisa, talvez não tão maior que o ódio que sentiam. Tanto Paulina quanto Carlos Daniel pensavam que eram a vitima da situação, os dois estava magoados e decepcionado com a pessoa que estava ao seu lado. O peso das palavras ecoavam em suas mentes assim como os flashs dos momentos felizes que viveram juntos. Fora da realidade e cegados pelo ressentimento, eles viam o passado como uma ilusão, como se o amor não se passasse de uma doce mentira. A verdade era que Paulina e Carlos Daniel sofriam por amar demais, eles estavam presos entre o amor e o ódio.

A distância do acampamento e a dificuldade de chegar até ele também não ajudavam. Após horas na rodovia, eles deveriam seguir por uma estradinha de terra que teoricamente os levaria até o seu destino. O problema era que esse trajeto não deveria durar tanto quanto estava durando.

– Que estranho. - Carlos Daniel pensou alto enquanto tentava mexer no aparelho de GPS do carro.

– O que foi agora?

– O GPS estava me indicando um caminho antes, e agora esta mostrando outro.

– Espera, você não sabe pra onde ta indo? Não foi você que disse que sabia o caminho?

– Eu já fui lá, mas faz muito tempo, a estrada parece que mudou.

– Mudou nada, Carlos Daniel, isso aqui é um caminho de terra, parece que ninguém vem aqui em anos

Carlos Daniel fica em silêncio ainda tentando mexer no aparelho de localização. Paulina o observava sem paciência e tudo piorou quando ela o viu desistir do GPS e fechar o pulso sob o volante.

– Nós estamos perdidos não é?

– Não claro que não, esse é o caminho, tenho certeza, a outra estrada fica mais a frente você vai ver. - Ele nem sequer a olhava, apenas dirigia e torcia para que uma estrada realmente aparecesse.

– Hamham.

Paulina decidiu esperar até quando ele iria continuar com aquilo. Os dois sabiam que estavam perdidos, mas Carlos Daniel com o seu orgulho inflado não pretendia aceitar o fato.

1 hora depois

– Essa estrada que fica mais a frente fica depois da fronteira ou o que? Porque parece que estamos andando em circulos. - Com a voz cheia de irônia e o olhar irritado, Paulina quase o obrigou a aceitar a verdade.

– Admito. Estamos perdidos. - Ele disse parando o carro e largando as mãos em cima do volante.

– Ótimo, perfeito. Era exatamente isso que eu planejava para o meu domingo.

– Espera, vou tentar ligar pra alguém vim nos socorrer.

– Carlos Daniel, estamos sem sinal há horas, você acha que eu já não teria tentado pedir ajuda antes?

– Desculpa, me esqueci que a dona perfeita que sabe tudo estava a bordo do carro. Por que não me avisou isso antes?

– Por que eu avisaria? Segundo o senhor “esse é o caminho”, nós nem estariamos perdidos.

A revirada dos olhos dos dois foi quase sincronizada, ambos estavam cheios do jogo de sarcasmo, mas eram orgulhosos demais para o parar.

– O que fazemos agora, sabe tudo?

– A única coisa que podemos fazer é seguir no caminho e tentar achar alguma alma viva pra pedir ajuda, querido.

Carlos Daniel voltou a ligar o carro e seguiu com este por mais alguns metros até sentir que o veículo estava parando sozinho.

– Ehh...Paulina, isso pode ser um problema.

– Por que? O que você fez dessa vez?

– Eu não, na verdade a gasolina, pois é, ela ta acabando.

Foi só o tempo de Carlos Daniel finalizar sua frase para o carro parar por completo.

– Corrigindo, ela acabou.

– Isso só pode ser brincadeira. - Paulina diz saindo do carro e batendo a porta do mesmo.

– E agora? - Ele a segue.

– E agora que estamos aqui no meio do nada, em uma estrada de terra, sem sinal no celular, já é de tarde, eu ainda não almocei e ao que tudo indica, eu vou ter que suportar sua adoravel presença por um bom tempo.

– Até parece que você não vai amar passar um tempinho comigo e longe do fulando que você chama de marido.

– Escuta bem, Carlos Daniel. - Diz colando seus rostos - Eu vou odiar ter que passar esse tempo contigo.

Quando ela iria se distanciar e dar as costas para ele, Carlos Daniel segurou seu braço e a trouxe de volta para perto de si. Sem que ela tivesse tempo para pensar, ele pegou em sua cintura, colando seus corpos e fazendo com que seus rostos ficassem a poucos centimentos de distância.

– Tem certeza, Lina?


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?
@deafmonteiro