Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 62
Gabriela


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, desculpem a demora, essa internet do cão não estava ajudando.
Enfim, sem mimimimi a mais, boa leitura. Espero que gostem ^^



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Um som estridente ecoa pelo quarto despertando a garota de longos cabelos dourados para mais um dia. Gabriela abriu os olhos e os deixou fixos em um ponto qualquer do teto. Pensava em sua vida ao mesmo tempo que tomava coragem para encará-la. O rélogio continuava soando indicando que os minutos passavam e que ela deveria se levantar da cama e se preparar para mais uma jornada. Seria mais um dia que ela teria que personificar um personagem, mais um dia que ela teria que colocar a máscara de sorrisos e sarcasmos para que ninguém notasse suas dores e angustias. Enquanto colocava em seu rosto a tipica maquiagem preta, ela observava seu reflexo no espelho e olhava friamente para a imagem que lhe era refletida. Aquela garota forte mostrada, nada mais era do que uma armadura que escondia uma menina doce que preferiu mudar à aguentar mais sofrimento.

“Vamos lá Gabriela, é hora de encarar um novo dia. Tire esse olhar triste, ninguém pode perceber sua fraqueza. Coloque a fantasia de menina rebelde e encare o mundo, não deixe que te façam sofrer, não mais.”

Ela repetia aquela sentença dia após dia, seu mantra de vida era o modo que ela havia encontrado para evitar se machucar pelos atos dos demais. Todos, principalmente seus pais e sua irmã mais nova, a julgavam como a ovelha negra da familia. Alguém que fazia de tudo para chamar a atenção causando problemas por onde passava. Eles a enxergavam apenas pelo exterior, não a conheciam bem para perceber o que lhe estava acontecendo por dentro, sua mente estava atormentada e ninguém percebia, ou fingiam não perceber. Seu pai a criticava a toda hora e sempre que podia; sua irmã era egoista demais para se preocupar com alguém além dela mesma; e sua mãe, bom sua mãe nunca lhe deu mostras verdadeiras de afeto.

Quando se achou pronta o suficiente para encarar sua realidade, ela respirou fundo, abriu a porta e seguiu em direção ao andar de baixo da mansão. Descendo pelas escadas ela logo pode ouvir os risos vindo da sala de jantar, a sua familia não perdia tempo para mostrar sua falsa felicidade. A tipica familia feliz era o retrato mais hipocrita que a sociedade os descrevia. Para o mundo, os Brachos eram o modelo familiar a ser seguido, todos bem sucedidos e felizes. Mas ninguém melhor que Gabriela sabia o que estava por tras de tudo aquilo. Ela sentia na própria pele que, por vezes, estar de baixo daquele teto era como estar em um inferno, sem paz, sem tranquilidade, sem amor e definitamente sem felicidade. Seu maior desejo era sair de casa e construir sua vida longe daquela rede de mentiras, assim como seus irmãos fizeram. Carlos, Lizete, Paula e Gustavo eram as únicas pessoas naquele mundo que entendiam e a apoiavam, com eles ela era feliz. Mas como tudo na vida que não dura para sempre eles também se foram, conseguiram sua carta de alforria e escaparam daquela prisão.

Com a cabeça cheia e sem planejar qualquer aproximação ou contato, ela chegou na sala de jantar em completo silêncio e sem dirigir a palavra a qualquer membro da familia. Carlos Daniel a viu entrar pela porta com sua tão comum expressão de desgosto e fingindo não ver ninguém presente, conhecendo sua filha como conhecia, ele sabia que ela não falaria com os demais e resolveu assim agir.

CD: Bom dia Gabriela

Gabriela: Oi

Foi a única coisa que ele obteve como réplica. Ela o respondeu de modo curto, frio, e sem lhe dirigir o olhar. Carlos Daniel odiava quando ela se comportava desse modo, em sua mente ela fazia de tudo para lhe aborrecer. Ele a todo momento tentava se convencer que aquela atitude não se passada nada além de uma fase e que um dia ela voltaria a ser aquela menina doce que era quando criança.

Paola vendo Carlos Daniel enfurecido mudar de cor umas três vezes enquanto continuava lançando um olhar de reprovação pra filha, viu a oportunidade que lhe faltava para falar da viagem de Isabela. “Gabriela fazendo besteira era o que eu precisava para lembrar ao Carlos Daniel que ao contrario dessa dai, a minha Bela é o exemplo de filha, a menina dos seus olhos.”

Paola: Carlos Daniel meu amor, sobre a viagem da Bela para a França...

CD: Paulina, nós já conversamos sobre isso. Essa viagem esta inviavel!

Isabela: Mas paizinho...

CD: Bela minha filha, você sabe que a fábrica esta passando por problemas e definitivamente não é o momento para tantas despesas. Vou chegar ao meu limite com o aniversario da sua irmã, e além do mais, você foi para a Europa ano passado com as suas amigas.

Isabela: Mas papai, isso não é justo.

Gabriela: Não adianta nem implorar irmãzinha, pela cara do papai, dessa vez ele não vai ceder aos seus desejos.

Isabela: E você está muito feliz com isso né Gaby?! É tudo por sua causa.

Gabriela: Minha causa porque? Não sou eu que está te dizendo ‘não’

Isabela: Mas é você que esta insistindo com essa ideia idiota de festa de aniversário.

CD: Bela, modos na mesa minha filha.

Isabela: Desculpa paizinho, mas é verdade.

Paola: Até hoje não entendi porque você não quis fazer a sua festa ano passado filha.

Isabela: É porque ela é estranha – Falou sussurrando

Gabriela: Respondendo a você irmãzinha e a você querida mamãe, festa de 15 anos esta totalmente fora de moda, prefiro fazer o Sweet Sixteen como nos Estados Unidos.

Isabela: Não disse, ela é estranha.

CD: Já chega dessa discussão! Será que não podemos conviver sem brigas como uma familia normal?

Paola: Calma amorzinho. Sei que você esta estressado com o problema da fábrica, mas você sabe o quanto a Bela queria ir nessa viagem, será que não existe nenhuma possibilidade. – Disse passando a mão pelo braço de Carlos Daniel.

Isabela: É paizinho, você não sabe como eu ficaria feliz de poder ir à Paris.

Isabela olhou para o pai com sua tipica carinha de injustiçada. Desde criança ela utilizava essa arma para fazer o pai mudar de ideia e fazer de seus desejos realidade. Gabriela ao ver o que a irmã estava fazendo revira os olhos. Ela já sabia onde a chantagem psicologica iria parar, como sempre o pai iria ceder à vontade da irmã mais nova, era só uma questão de tempo para que sua festa fosse cancelada e Bela embarcasse rumo à cidade luz.

CD: Bom...

Isabela: Por favor paizinho.

CD: Existe uma possibilidade. Um investidor dos Estados Unidos está interessado nos négocios da fábrica, se entrarmos em um acordo, posso tentar lhe dar essa viagem filha.

Bela abre um sorriso e sai correndo para abraçar o pai. Um sutil sorriso vitorioso dominou a face de Paola. Já Gabriela olhava a cena com desprezo, não que não fosse de acordo com a viagem da irmã, mas odiava ver o pai sendo marionete dos desejos de Isabela. Aquela garota definitivamente não conhecia o que era o sentimento de aceitação, nunca nada lhe foi negado, ao contrario de Gaby, tudo o que ela queria ela conseguia em um piscar de olhos.

O mover brusco da sua cadeira fez com que todos se lembrassem da sua presença e a olhassem de forma interrogativa. Gabriela não importancia à aquelas miradas, apenas pegou sua bolsa e sem dar uma palavra foi se dirigindo à porta.

CD: Gaby, aonde você vai?

Gabriela: Escola. – Disse curta e grossa sem interromper o passo.

Isabela: Podia pelo menos dizer ‘adeus’ não é maninha?

O tom ironico na voz da Bela fez a raiva da maior aumentar ainda mais.A resposta de Gaby a irmã e aos demais foi apenas o forte bater da porta. Pelo estrondo era notavel que a menina estava furiosa.

Isabela: Olha como ela nos trata paizinho, nem sei se ela merece que você faça a festa de aniversário dela.

Isabela tinha em si toda a maldade e veneno oriundos da sua mãe. Ela não media esforços para fazer Gabriela sair por baixo enquanto ela conseguia o que queria. Quanto mais atitudes rebeldes a mais velha tivesse, melhor para ela.

Do lado de fora da casa, Gabriela descia as escadas com pressa, não queria ficar mais nenhum segundo ali aturando o olhar vitorioso e arrogante da irmã

Gabriela: Vamos pedro!

Pedro: Mas senhorita, não vamos esperar a senhorita Isabela?

Gabriela: Não Pedro, papai vai levar a Isabela depois. Agora vamos que eu estou atrasada.

Pedro notando o quanto a menina estava furiosa não demorou a acatar sua ordem. Já no carro Gabriela coloca seu fone de ouvido e aumenta o volume da música no mais alto possivel. Tudo para que ela não conseguisse ouvir seus próprios pensamentos, não queria ficar lembrando de como era sua vida morando naquela casa. Mas apesar de suas tentativas, ela sabia que aquilo era impossivel. Todas as brigas e discurssões, todas as vezes que ela fora acusada injustamente de algo, todas as vezes que ela teve a solidão como companheira fiel, todo carinho que ela não teve, todos seus pesadelos e traumas a acompanhavam em cada momento. E ali naquele carro, eles vieram em cascata em sua mente.

“Queria tanto ter uma vida diferente, ser uma pessoa diferente. Eu trocaria todos os bens materias que eu tenho por um carinho ou demonstração de amor dos meus pais. Queria voltar a me sentir feliz, voltar a aqueles tempos em que eu convivia com os meus irmãos. Eles sim, sempre estiveram perto de mim, sempre me amaram independete de qualquer coisa. Queria regressar também ao passado das historias de Lizete. Lembro como fosse ontem dela me contando que teve anos que houve sim felicidade verdadeira dentre as paredes da casa Bracho. Uma época em que nossos pais eram apaixonados, em que nossa mãe sempre nos dava carinho e atenção, e em todos eles viviam rindo sem motivo algum. Eu não cheguei a presenciar esses anos de sonho, acho que tudo se tornou um pesadelo quando eu nasci, ou quando a Bela nasceu. Bela, sempre a Bela. Ai Isabela, não sei porque você se tornou tão futil minha irmã. Desde pequena eu sabia que você era a preferida dos nossos pais, mas eu realmente não me importava com isso, eu te amava e estava disposta a te cuidar com a minha vida se fosse preciso. Mas você foi crescendo, e o amor que eu te dava você me respondia com sarcasmos e palavras cheias de ódio. Você sempre teve tudo o que queria, mas mesmo assim não suportava que eu também fosse agraciada de vez em quando. Sempre que podia me humilhava ou me fazia de capacho, e depois de todos esses anos aguentando calada, hoje eu não suporto mais isso. Aprender a conviver com uma irmã que não aceita mais tuas palavras ou que simplesmente as ignora te enfurece, sei disso. Mas eu não posso fazer nada, não vou voltar a ser aquela menina boba que chorava em silêncio no quarto, não, agora eu vou viver por mim e sem me importar com que os demais pensam ou falam.”

Seus pensamenteos foram interrompidos quando Pedro avisou que já haviam chegado à escola. Gabriela limpou os rastros das lágrimas que cairam por causa das suas lembranças, se olhou no espelho, retocou sua maquiagem, respirou fundo e saiu do carro. Seu momento de fraqueza havia acabado e ficado naquele carro, para o mundo ela era uma adolescente petulante e que não aceitava ser posta para baixo, sempre tinha palavras para se defender, e estas eram acompanhadas pelo olhar superior que ela aprendeu a ter.

Andando rumo à porta de entrada ela atraia olhares. A rebeldia daquele personagem não era empessilho para que ela chamasse atenção pelo seu gosto na moda. Suas roupas pretas sempre era acompanhadas por peças em dourado ou branco. Os vários colares e pulseiras em tom de cobre, junto com o salto alto preto lhe diferenciavam de um estilo punk. Gabriela sentia todos os olhares direcionados a ela, e não podia negar que gostava daquilo. Seu então modo de agir lhe deu poder e amigos também, amigos que não mediam esforços para lhe agradar.

Olhando em direção aos seus amigos, ela não percebeu que estava no rumo de uma bola de futebol americano. Pela velocidade da bola dava para imaginar que a pancada que Gabriela receberia ao ser atingida seria muito forte. Ouvindo seus amigos gritando “Cuidado”, ela olhou para o lado notando que seria alvo daquele objeto em poucos segundos. Sem pensar em mais nada para fazer, ela decidiu se defender fechando os olhos e colocando suas mãos em sua face. Ela esperava a impacto da bola, mas não foi isso que recebeu. Ao contrario do que imaginava, ela sentiu grossas mãos masculinas puxando seu corpo para frente a tirando assim do caminho da bola. O choque entre os dois corpos foi tão grande que não teve como eles não perderem o equilibrio. Em um piscar de olhos Gabriela já estava no chão com o corpo em cima do de seu salvador.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando?
O próximo capitulo já esta em andamento galera weeeee, então calma que eu não vou demorar tanto pra atualizar dessa vez.
@deafmonteiro



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