Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 60
Algumas primaveras depois


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, desculpem pela demora. Dessa vez a culpa não foi a falta de tempo ou gripes, o problema foi que esse capitulo é o primeiro capitulo da nova fase que a fic vai tomar, e por causa disso eu demorei muito tempo até finalmente encontrar o rumo certo que eu deveria contar os acontecimentos.
Mas enfim, vamos logo ao capitulo.
Beijos e boa leitura.



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“O importante não é o que acontece em sua vida, mas o que você faz com o que acontece na sua vida”. Cada escolha tomada pode mudar o caminho a ser traçado brusca e definitivamente. E foi isso que aconteceu com cada um daquela familia algumas primaveras depois. Nada era igual, ninguém era o mesmo, não havia mais como regredir ao passado e concertar os erros.

Carlos daniel estava parado olhando a chuva que escorria pela janela do seu escritorio na fábrica Bracho. O céu estava cinzento, o clima estava frio e a cidade estava submergida em uma atmosfera silenciosa. Para muitos aquele era apenas mais um dia chuvoso tão frequente no inverno, mas para ele era o reflexo de sua vida nos últimos 14 anos.

“Como tudo acabou se tornando esse pesadelo? Eu vivia uma vida feliz, eu tinha a mulher da minha vida ao meu lado, meus filhos eram fortes e saúdaveis, os négocios cresciam na velocidade da luz e sorrir era nada além de um ato inconsciente e natural. Apesar de todos os problemas que tinhamos, nós permaneciamos juntos, unidos pelo amor que sempre foi pertinente à familia Bracho. E hoje, tudo está destroçado. Meus filhos mais velhos já sairam de casa, e minhas princesinhas, Gabriela e Isabela passam o dia brigando. A fábrica Bracho voltou a ter problemas financeiros, estamos tão individados que apenas um milagre poderia nos salvar. Porém o que mais me frusta é saber que tudo esfriou entre mim e Paulina, as vezes penso que não a conheço mais. Ela sempre foi meu ponto de apoio, por mais dificeis que os problemas fossem, eu sabia que superariamos porque ela estava ao meu lado, segurando minha mão e dizendo que tudo iria se solucionar. A força de Paulina era o que me enchia de vigor, e sem ela como suporte me sinto perdido. O amor que tinhamos um pelo o outro sumiu sem que nem ao menos eu me desse conta, ele não deixou rastros ou pistas, apenas vagas lembranças. Nossos beijos antes doces e calorosos passaram a sererem frios e sem sabor. Não consigo mais olhar em seus olhos e ver aquela alma doce por quem eu me apaixonei, ela se transformou em alguém desisteresado e futil, cada dia mais se parece com a irmã.”

Foi perdido em suas dores que Rodrigo encontrou o irmão. Ao entrar pela porta e vê-lo fora da sua cadeira observando as goticulas de água sobre o vidro, ele percebeu a frustação de Carlos Daniel. Rodrigo viu o olhar triste, o semblante abatido e a barba por fazer que apenas enfatizava os cabelos grisalhos que cresciam na lateral de sua cabeça. Carlos Daniel sofria em silêncio e isso o estava destruindo, ele não conseguia mais pensar no trabalho, fazia investimentos arriscados sem pensar direito e constantemente esquecia de reuniões e compromissos. Sua mente parecia voar ou até mesmo viajar até um passado distante onde aquela dura realidade não existia.

Rodrigo: Carlos Daniel?

CD: Ah! Oi Rodrigo, não vi quando você chegou.

Rodrigo: Eu percebi, você ultimamente tem estado muito distraido irmão.

CD: Sim eu sei, mas enfim, isso vai passar.

Rodrigo: Tomare que passe logo Carlos Daniel porque temos problemas.

CD: Céus! Mais problemas?

Rodrigo: Sinto muito em te dizer, mas sim. Eu estive revisando o fluxo de caixa da fábrica e mano, as noticias não são boas.

CD: O que mais temiamos está acontecendo não é verdade?

Rodrigo: Sim Carlos Daniel, a fábrica Bracho está perto da falencia.

Carlos Daniel não queria encarar aquela dura realidade, ele sabia dos problemas economicos, mas se recusava a acreditar que estariam tão perto do abismo. Fechando os olhos ele tentou mentalizar e pedir a Deus que tudo não se passasse de um pesadelo.

Rodrigo: Carlos Daniel, temos que solucionar esse problema rápido.

CD: Eu sei Rodrigo, a Fábrica está cada vez pior, se não encontrarmos um investidor logo, não sei o que pode acontecer.

Rodrigo: Se pelo menos a Paulina estivesse aqui.

CD: Por favor Rodrigo, não toque nesse assunto.

Rodrigo: Desculpe, só estou dizendo que foi graças a sua esposa que nos recuperamos daquela crise da época da usurpação se lembra?

CD: Claro que me lembro, mas os tempos eram outros meu irmão, a Paulina era outra.

Rodrigo: Ainda não posso acreditar que vocês dois estejam com problemas no casamento. O que aconteceu Carlos Daniel? Vocês sempre foram o exemplo de casal feliz.

CD: Não sei mais nem o que é felicidade Rodrigo. Tudo esfriou de uma tal forma que sinto que não conheço mais a Paulina que está ao meu lado. Nossas brigas e desentendimentos se tornaram constantes, mas diferente de antes, não está havendo reconciliação, não há mais amor.

Rodrigo: Quando isso tudo começou a mudar irmão?

CD: Senti que ela ficou diferente comigo desde o dia que a Paola a sequestrou, mas pensei que tudo fosse efeito do trauma que ela viveu. Tentei dar a ela todo o amor do mundo, mostrar que eu estava ao seu lado, mostrar que nossos tempos de trevas haviam passado e que a felicidade era garantida. E quando soube que ela estava grávida novamente minhas esperanças foram restauradas. Ela me daria mais um filho irmão, seria mais um fruto do nosso amor. Mas quando a Isabela nasceu e foi diagnosticada com sopro no coração senti meu mundo vindo abaixo, ela era tão pequena e tão fragil. Acredito que a doença de Bela foi demais para Paulina, ela começou a ter atos frios e um olhar negro, foi então que começaram os sintomas da depressão pós-parto. Pela primeira vez na vida não vi na Paulina o instinto maternal que sempre lhe foi tão forte. Ela poucas vezes pegava nossa princesinha no colo, o fazia apenas para amamenta-la. E quanto aos nossos outros filhos, ela passou a os evitar. Eu juro que tentei entender irmão, juro que tentei me colocar em seu lugar. Ela devia se sentir culpa pela doença da Bela e por isso estava tendo aquelas atitudes.

Rodrigo: Sim irmão eu me lembro dessa fase. Você passou a cuidar a Bela quase sozinho.

CD: Sim mano, eu queria mostrar transpassar para a minha filha que tudo iria se solucionar, que ela iria ficar curada e que assim voltaria a ter sua mãe. Uma mãe doce, carinhosa e que sempre deixava as suas prioridades de lado para cuidar dos seus filhos.

Rodrigo: Mas não foi assim.

CD: Não, logo depois que a Bela se recuperou veio a noticia que abalou toda a familia.

Rodrigo: Sim, depois da morte da vovó Piedade tudo virou de cabeça para baixo.

CD: Exatamente. Vovó sempre foi uma segunda mãe para mim, para todos nós. Sempre que me sentia triste eu corria para seus braços, e lá sentindo o calor de seu colo tudo parecia se amenizar. E com Paulina não era diferente, elas eram inseparáveis, me lembro que por vezes a vovó ficou contra mim para a defender.

Rodrigo: Acho que a vovó gostava mais da Paulina do que da gente irmão.

Pela primeira vez um riso se fez presente no ambiente. Apesar de ter quebrado a tensão da conversa, ele não conseguiu se manter vivo por muito tempo, em questão de segundos ele se tornou abafado e teve seu fim na tristeza que não saía do olhar de Carlos Daniel.

CD: Por vezes, fingíamos sorrisos e caricias na frente das crianças para que elas não percebessem que havia algo de errado no nosso casamento. E assim fomos vivendo, dia após dia, ano após ano, até que chegou a um ponto em que eu percebi que não havia mais como salvar o meu matrimonio.

Rodrigo: Mas se você pensa desse modo, por que ainda não se separaram?

CD: Por causa das crianças. Lembra o que aconteceu quando descobrimos a usurpação da Paulina e ela se foi de casa? Vivi os piores dias da minha vida sem saber o paradeiro do Carlinhos e não quero mais reviver isso irmão.

Rodrigo: Mas Carlos Daniel, isso já faz tempo. Carlinhos e Lizete já casaram, Paulinha e Gustavo estão fora do país fazendo faculdade, e a Gaby e a Bela já são adolescentes que tem idade e mentalidade suficiente para entender isso.

CD: Sim eu sei Rodrigo, mas lembre-se que a Bela tem a saúde frágil...

Rodrigo: Carlos Daniel, ela tinha a saúde frágil quando era bebe. Agora ela é uma menina forte e saudável, e desculpe te dizer, mas um pouco caprichosa também.

CD: Sei que a mimei um pouco, mas é que eu tentei compensar a falta do amor da mãe dela do modo que eu achei certo.

Rodrigo: Dando presentes e fazendo tudo que ela queria? Ai por favor Carlos Daniel isso é tapar o sol com uma peneira. Você fez foi mima-la, praticamente fez dela sua filha favorita.

CD: Isso não é verdade!

Rodrigo: Lógico que é! Você não percebeu que enquanto enchia a Bela de mimos, você deixava os outros de lado? Os maiores sentiram menos porque passavam boa parte do tempo estudando, mas e a Gaby? Você já parou para pensar que ela é do modo que é hoje por isso?

CD: Rodrigo, você esta falando como se eu fosse um pai irresponsável. Nunca faltou nada a Gabriela, ela tinha e tem os mesmos diretos que a Bela.

Rodrigo: Sim é verdade. A Gaby sempre teve as melhores roupas, os melhores brinquedos, estudou nas melhores escolas, mas faltou amor Carlos Daniel. Será que você nunca percebeu que ela tem uma mirada triste?

CD: Rodrigo, você esta falando loucuras meu irmão. A Gaby sempre esta sorrindo, sempre esta bem humorada, vive rodeada de amigos e nunca reclamou pelo meu carinho. Eu a amo Rodrigo.

Rodrigo: Sei que você a ama, eu não duvido disso. Mas ...

CD: Mas nada Rodrigo, sei que a minha filha é feliz. Se ela fosse infeliz ou tivesse algum problema ela me falaria.

Rodrigo: Claro, porque você sempre deu abertura para ela se expressar.

CD: Lógico que eu sempre deixei ela ter direito a voz ...

Rodrigo: Então me responda algo. Por que naquele dia que encontramos Gaby e Bela brigando aos berros na sala da mansão você foi logo culpando a Gabriela? Foi só a Isabela correr pros teus braços pedindo ajuda que você logo mandou a Gaby pro quarto dela.

CD: Ora Rodrigo, não foi por mal, eu apenas queria que a Gaby entendesse que ela como irmã mais velha tem responsabilidades...

Rodrigo: Por favor Carlos Daniel, você continua negando que super protege a Bela? Sabe de uma coisa? Você reclama tanto que Paulina mudou, mas esta fazendo a mesma coisa que ela fez, se distanciando dos seus filhos.

CD: Não Rodrigo para. Chega dessa conversa,melhor pararmos por aqui porque se não vamos acabar discutindo e isso eu não quero. Chega de brigas na minha vida.

Rodrigo: Tudo bem Carlos Daniel, não vou mais falar nada, se você não quer mesmo ver o que esta a sua frente eu não posso fazer nada. Mas agora me de licença que eu vou fazer uma vistoria pela fábrica.

CD: Não, espera Rodrigo...

Rodrigo: Tchau Carlos Daniel.

Rodrigo saiu da sala bruscamente, sabia que se ficasse mais um minuto na frente do irmão acabaria perdendo a compostura. Carlos Daniel estava estava cego para a realidade, não queria ver ou não queria aceitar o que estava acontecendo. Preferia se enclausurar em seu mundo e culpar terceiros do que admitir que também cometia erros.

~Estados Unidos~

Bem longe da penumbra negra que estava sobre a cabeça de Carlos Daniel e de toda a familia Bracho, uma casa ampla, de finos requintes e traços arquitetonicos modernos se destacava no meio do condominio de luxo. O deslumbre da mansão era enaltecido pela cor branca das paredes e pelos detalhes em creme. O lustre maquinifico presente no hall de entrada e a suntuosa escada com detalhes art nouveau além de mostrar o poder economico da familia também ilustrava a perfeita combinação de luxo e bom gosto. A casa ampla de dois andares que tinha em seu terreneo um jardim imenso, uma piscina de porte olimpico, quadra de tennis e inumeras vagas de garagem, era angariada em milhões de dolares e cobiçada por muitos que desejavam usurfruir do mesmo luxo que aquela familia. Uma familia de poucos membros mas muitos segredos.

No primeiro andar, logo depois do hall de entrada, virando a esquerda, era possivel encontrar um escritorio moderno, com decoração minimalista e com os mais diversos aparelhos tecnologicos. E sentada na cadeira executiva estava uma mulher de longos cabelos negros e ondulados, pele alva e olhos verdes impossiveis de esquecer. Sua postura seria e concentrada eram suas caracteristicas elementares quando o referente era o mundo de negócios. Aquela mulher inteligente, de pulso firme e olhar visionario se fez respeitar pelos mais ilustres homens de négocios do país. Raramente sorria, e quando o fazia era por um curto periodo de tempo. Seu objetivo era se dedicar ao trabalho e sua familia para que talvez assim as lembranças ruins de seu passado pudessem lhe abandonar.

Naquele dia em especifico, sua mente estava mais agitada e seu semblante mais fechado. Em cada instante ela olhava para o telefone em cima da sua mesa esperando que ele tocasse e fosse porta voz das noticias que ela tanto queria escutar. Foram anos esperando aquela ligação, anos de preparação para aquela confirmação. Os outros négocios existentes não lhe importavam no momento, apenas um, um négocio que ela sabia que seria vital para a continuação de seus planos.

No primeiro toque do aparelho telefonico ela atendeu. Foi uma ligação de menos de um minuto e uma conversa baseada em respostas curtas da parte dela. O fim da chamada aconteceu no mesmo momento que um homem alto, de olhos azuis e cabelos grisalhos adentrou no escritorio. Seu porte fisico forte e seu sorriso brilhante somavam as qualidades de um homem espetacular.

“Oi meu amor”

“Bom dia querido”

“Pelo que vejo em sua cara, essa era A ligação não é mesmo?!”

“Sim meu amor, essa era a ligação que eu tanto esperava.”

“E então Paulina, qual foi o veredito?”

O sorriso no rosto e o olhar vitorioso já expressavam todas as respostas que ele precisava saber.

“O que eu previ aconteceu Alejandro! A fábrica Bracho esta a beira da falencia, e sem a confiaça dos bancos, apenas um investidor muito caridoso pode salva-los de perder tudo. Chegou a hora meu amor, chegou a hora de voltarmos para casa, chegou a hora de todos pagarem pelo que me fizeram. Ale, meu querido marido, chegou a hora da minha vingaça.”


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Notas finais do capítulo

O que vocês estão achando?
@deafmonteiro