Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 59
Desabafando parte 2


Notas iniciais do capítulo

Eu estou aos prantos gente ! *-*
Acabei de escrever o capitulo ainda agora e quando vim postar vi que tinha mais uma recomendação. Quase dei um pulo da cadeira. Recomendação de numero 18. Vocês definitivamente são demais.
Muito obrigada a Darinha e a Cla Mendes que fizeram meu dia perfeito. Muito obrigada pelos lindos textos sobre a fic meninas, fiquei emocionada. Muito obrigada pela recomendação, eu já disse que amei? Pois é, amei.
Muito obrigada a todos os meus leitores por estarem acompanhando essa historia e por terem paciencia com essa escritora lerda. Amo vocês.
Mas chega de tanto lenga lenga. Aqui está a segunda parte do desabafo da Paulina, e espero que gostem.
Boa leitura ^^



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Alejandro: O amor verdadeiro é algo único, não deixe ele escapar, não cometa o mesmo erro que eu cometi.

Pela primeira vez eu vi o sorriso de Alejandro desaparecer e sua mirada azul ganhar uma tonalidade escura, escura de tristeza. Foi quando eu percebi que ele também tinha uma ferida de amor não cicatrizada, uma dor que ele tentava abafar com sorrisos, um sofrimento grande demais para se mascarado com ilusões.

Paulina: Alejandro... o que aconteceu?

Alejandro: Eu perdi o amor da minha vida por ser egoista, por colocar as minhas necessidades em cima das dela. Todos os dias eu me culpo pelo que aconteceu... céus, eu deveria ter feito um sacrificio pelo nosso amor, eu deveria...

O Alejandro que estava ali na minha frente nada lembrava o homem sorridente e cheio de vida que eu conheci no hospital. Em um piscar de olhos ele transformou-se em alguém angustiado, com uma tristeza no olhar e com um forte peso em sua consciencia.

Paulina: O que aconteceu Alejandro? Desabafe.

Alejandro: O nome dela era Clara. Ela era a mulher mais linda que eu já tinha visto, sua beleza não se encontrava apenas na sua fisionomia, mas transparecia em sua alma. Clara era uma mulher ruiva, com os olhos da cor do mar e com sutis sardas na sua bochecha. Sardas essas que ela odiava, mas que eu amava. Nos conhecemos desde crianças, ela sempre foi minha companheira de aventuras, minha confidente, minha amiga, minha vida. Quando crescemos fomos para a mesma faculdade, ela estudou dança e eu medicina. Nossas profissões totalmente distintas nunca foram um problema para nós dois, eu desde pequeno sabia que o futuro dela seria em cima de um palco. Clara amava dançar, ela se sentia livre se movimentando com a música.

Paulina: Mas porque você disse que o seu egoismo os separou?

Alejandro: Porque é verdade. É a dura verdade que eu tenho que conviver a 12 anos.

Paulina: 12 anos? Vocês estão separados a 12 anos? Meu Deus Alejandro, porque você ainda não foi atras dela?

Alejandro: Paulina, Clara morreu a 12 anos.

Ao dizer isso, Alejandro caiu no choro mais dolorido que eu já presenciei. Seus olhos perderam o contato com os meus, sua cabeça voltou-se para baixo e suas mãos tornaram-se apoio para ela. Aquela dor o estava consumindo a 12 anos, um sentimento de angustia que ele jamais conseguiu superar. Agora entendo muitas coisas a seu respeito. Entendo porque ele sempre me falou de uma segunda chance da vida, entendo porque seu olhar sempre me atraía, agora entendo tudo.

Paulina: Alejandro...

Alejandro: Tudo aconteceu em uma noite de quinta feira, estava chuvendo. Eu estava no nosso apartamento que tinhamos alugado durante a faculdade. Eu havia preparado tudo, a mesa de jantar com as velas, o som que tocava a nossa música, o caminho de rosas que havia desde a entrada até a sala de jantar. Tudo estava pronto. Naquela noite, eu iria pedir ela em casamento, seria uma noite decisiva em nossas vidas, e acabou sendo, mas não do modo que eu esperava.

Paulina: Continue.

Alejandro: Eu estava esperando ela chegar da aula de dança a quase uma hora, estava aflito, preocupado e não nego que também um pouco aborrecido pelo seu atraso. No momento que eu peguei o telefone pra ligar pra ela, ela entra feito um furacão em casa. Sua felicidade estava tão grande, tão exasperada que ela não percebeu o caminho de flores, nem a mesa preparada, nem a música. Apenas foi entrando e falando, sem nem ao menos me deixar abrir a boca. A alegria dela não era em vão, ela tinha acabado de receber a noticia que havia ganhar uma bolsa para estudar ballet em uma das melhores escolas que existia, mas para a minha tristeza essa escola se localizava na Russia. Por isso que brigamos. Ela deveria estar na Europa em menos de uma semana, era um tempo muito curto, foi um tempo muito curto para eu me ajustar a aquela nova realidade. Eu estava feliz por ela, mas também estava triste e angustiado por termos que nos separar, ela teria que ir e eu não poderia largar meu curso de medicina. Perdi a minha cabeça e acabei descarregando nela minhas frustações, a frustação do pedido de casamento falho, a frustação da separação e a frustação de não poder fazer nada, apenas vê-la partir. Pela primeira vez desde que eramos pequenos discutimos feio. Ela me chamou de egoista por não estar a apoiando nesse sonho, falou que naquele momento me odiava, pegou as chaves do carro e assim como entrou, ela saiu de casa feito um furacão, batendo as portas e me deixando irado. A noite perfeita havia se transformado em pesadelo. Recolhi tudo o que havia preparado para o pedido de casamento, tomei um banho e fui dormir, sabia que teria que esperar os animos se acalmarem até eu tentar falar com ela novamente. Acordei no meio da noite com o telefone tocando, ainda meio sonolento e sem noção de onde estava, atendi. A voz que soou não me era conhecida, mas o que ela estava falando fez com que eu perdesse todas as forças que eu tinha e me deu o sofrimento que eu carrego a anos. Era do hospital. Clara havia sofrido um acidente de carro e perdeu a vida no mesmo instante.

Alejandro já me contava o fim de sua história com sua voz entrecortada pelo choro. Ele a amava demais, e a perdeu em um piscar de olhos. Aquele sofrimento abafado por mais de uma década explodiu em minha frente, e eu não podia fazer nada além de me aproximar dele e puxar seu corpo para um abraço reconfortante. Nós dois estavamos carregando a dor da perda em nossas costas. Ele havia perdido a mulher de sua vida, e eu, toda a minha vida. Naquele momento percebi que não era apenas eu que necessitava dele, mas ele também necessitava de mim.

Alejandro: Desculpe. Você estava desabafando e eu te interrompi com essa minha historia.

Paulina: Não se preocupe meu amigo, você precisava desabafar. Necessitava tirar essa dor de seu peito.

Alejandro: Por isso que eu te digo Paulina, não deixe o amor da sua vida passar, vá atras dele.

Paulina: Alejandro, eu entendo a sua dor, e entendo também a sua vontade em me ajudar, mas você ainda não sabe de toda a historia. Você ainda não entende o porque eu tenho certeza de que já o perdi. Já o perdi Alejandro porque eu nunca tive o amor dele.

Alejandro: Não entendo Paulina, você me disse que Carlos Daniel te amava. Se você ficou casada com ele por 10 anos, acredito que ele tenha demonstrado inumeras vezes o amor que ele sentia por ti. Não sei como essa história da traição terminou mas...

Paulina: Alejandro, o Carlos Daniel não me traiu naquela noite.

Alejandro: E então...

Paulina: Você não esta entendendo, ainda falta muita coisa para eu te contar.

Alejandro: Então continue.

Paulina: Depois que a Gabriela nasceu, eu ainda permaneci com o pensamento de me divorciar de Carlos Daniel durante meses. Eu o amava demais, mas a dor da traição era maior. Entretanto, um dia, ele me apareceu na porta da minha casa com um buque de flores nas mãos, e sem me dar tempo de pensar direito, ele entrou e me beijou. Sabe, aquele beijo foi doce e ao mesmo tempo dolorido para mim. Sentia tanta falta de seus lábios nos meus, do sabor da sua boca, do calor do seu corpo próximo ao meu que não resisti muito tempo, por um segundo esqueci toda a dor e apenas me deixei levar pelo amor e saudade que eu sentia.

Alejandro: Vocês se reconciliaram ?

Paulina: Não, não naquele momento. O romantismo acabou quando o meu amigo que estava me ajudando naqueles tempos dificeis chegou em casa. Os dois acabaram discutindo e como um par de meninos birrentos, saíram no tapa na minha sala de estar. O problema era que por um erro meu, o Carlos Daniel acreditava que o meu pedido de separação se dava porque eu tinha a intenção de me casar com o meu amigo, o que não era verdade. Só não queria mais ficar perto de Carlos Daniel, e acabei usando o ciume que ele tinha por Douglas como arma.

Alejandro: Douglas?

Paulina: Sim, Douglas era o nome do meu amigo. Ele foi a chave de tudo, só ele poderia descobrir o que estava incoberto.

Alejandro: Não estou entendendo mais nada Paulina.

Paulina: Durante a discurssão que eu tive com os dois depois da atitude infantil que eles tiveram, acabei falando o nome da minha outra irmã gemea, a Noelia. E foi naquele instante que tudo começou a se revelar. Douglas há muito tempo atras teve um romance com a Paola, minha irmã, mas na época ele a conheceu pelo nome de Noelia.

Alejandro: Calma calma Paulina, eu estou muito confuso.

Paulina: Ao ouvir o nome da Noelia, Douglas praticamente nos obrigou a ir a casa dela. Sua feição palida e angustiada fez com que não tivessemos como discutir, e um pouco as cegas aceitamos ir até a residencia da minha irmã. Chegando lá, Carlos Daniel e eu tomamos o maior susto de nossas vidas. Douglas falou olhando para a cara dela que aquela mulher que estava em nossa frente se tratava ninguém menos que Paola.

Alejandro: O que?? Sua irmã morta?

Paulina: Você deve imaginar como fiquei quando ouvi aquelas palavras. Era absurdo o que Douglas falava. Tentei me convencer de todas as formas que aquilo não se passava de um engano, mas a certeza que ele tinha no olhar e a risada que posteriomente eu ouvi acabaram por dilacerar minhas duvidas. Sim, aquela definitivamente era Paola. Paola havia regressado da morte para mais uma vez me atormentar.

Alejandro: Mas como isso é possivel?

Paulina: Tudo começou quando a máscara de Paola caiu, seus planos e mentiras haviam sido descobertos e ela não teve escolha a não ser a fuga. O problema era que fugir acabaria tirando a angustia da familia Bracho de ter que suporta-la, e isso para minha irmã seria como uma derrota. Pensando assim ela decidiu fazer o que estava acostumada a fazer quando a vida lhe encurralava, usar as pessoas. Ela então ligou para a Noelia e elas trocaram de lugar no meio da noite.

Alejandro: Então a Noelia existia mesmo?

Paulina: Sim, existia. Quando pequenas, Paola e ela se conheceram por acaso. Um acaso que fez nossas vidas se transformarem. Noelia era uma menina pobre, filha da empregada, e que apenas desejava ser como a filha dos patrões. Sua ambição fez com que Paola visse nela uma oportunidade no futuro e assim começou a moldar ela sob sua personalidade. Quando elas cresceram, Paola começou a por em prática o que arquitetava desde criança. Por diversas vezes Noelia ocupou o lugar de Paola na casa da familia Bracho sem que ninguem percebesse.

Alejandro: Desculpa perguntar Paulina, mas se a Noelia já estava acostumada a usurpar o lugar da Paola, porque sua irmã chantageou você para isso?

Paulina: Porque Paola não gostou nada de saber que a Noelia havia se apaixonado por Carlos Daniel, e não poderia mais a deixar perto dele. Foi assim que ela começou a inventar viagens de tratamento de saúde para se livrar da familia Bracho. Foi em uma dessas viagens ela me conheceu, e pensando que eu também tinha a ambição da Noelia me propos a usurpação. Alejandro, eu era pobre, mas correta. Não aceitei aquela ideia absurda da Paola, não poderia ir contra os meus principios. Porém, minha irmã não desistiria tão facil. Ela manipulou uma cena e me fez passar por culpada de um crime que não cometi. E ali naquele momento me vi entra a cruz e a espada, ou era a prisão ou a usurpação. Acho que você deve imaginar qual caminho segui.

Alejandro: Nossa Paulina... essa mulher é um monstro, sei que ela é sua irmã, mas...

Paulina: Não se preocupe, eu tive e ainda tenho a mesma ideia em relação a ela. Sabe, quando eu descobri que nós duas tinhamos o mesmo sangue, eu tentei colocar uma venda em meus olhos e esquecer todo o mal que ela tinha me causado, mas ela nunca se importou com o que eu sentia, acho que não deu a minima pro fato de sermos familia. Seu ego e sua ambição a transformaram em uma pessoa capaz de tudo para cumprir seus objetivos, tanto que fingiu estar morta para poder viver sem as amarras dos seus erros.

Alejandro apenas me olhava. Não era mais um olhar confuso e desconfiado do inicio da minha narração, mas em seus olhos estavam o espanto e a confusão por estar tomando conhecimento de uma história sem pé nem cabeça.

Paulina: Depois que descobrimos que quem estava morta era a Noelia e Paola estava mais viva que nunca, tudo pareceu se encaixar. Tudo de ruim que tinha acontecido desde que eu encontrei a ‘Noelia’ foi tramado e articulado pela Paola que não aguentou saber que eu havia me casado com o Carlos Daniel. Para ela, eu tinha lhe roubado o marido. Um marido que ela nunca amou e que traicionava com amantes ao redor do mundo.

Alejandro: E porque vocês não a denunciaram, digo, ela pegou para si a identidade da sua irmã morta, isso é crime.

Paulina: É tudo muito complicado Alejandro. Nós não queriamos outro escandalo envolvendo a familia, e além disso, ainda tinha o fato de que Paola estava esperando um filho do Carlos Daniel.

Alejandro: Mas você disse que ele não te traiu naquela noite.

Paulina: E não traiu mesmo. Paola estava grávida de outra pessoa, mas para todos ela firmava a ideia de que o filho era do meu marido. Tanto que o fez pagar uma quantia milhionaria para que ela cuidasse da criança longe da familia Bracho. Naquele momento, nós dois já haviamos nos reconciliado e mesmo assim não concordei com a atitude dele de ceder aos caprichos da Paola. Apesar de ser fruto de uma traição, aquele era ‘filho’ dele, e ele não poderia deixar sob os cuidados da mente louca da minha irmã. Ele me disse que cuidaria da criança de longe, sem nem que Paola notasse. Ele não a queria junto a nossa familia, não queria que ela tentasse acabar com o nosso casamento. Mas sabe Alejandro, todas as distancias que ele tentou colocar não adiantaram em nada, ela conseguiu o seu objetivo, nos separou e agora está lá ocupando o meu lugar.

Alejandro: É isso que eu não entendo Paulina. Como isso tudo foi acontecer?

Paulina: Em uma noite Paola armou uma cilada que eu cai feito um patinho. Ela forjou um falso jantar com o Carlos Daniel, e eu pensando que iria me encontrar com ele segui rumo ao meu pesadelo. Paola me sequestrou e me levou para uma cabana no meio da estrada que sai da cidade, e lá eu pude ter certeza que os seus planos malignos foram arquitetados perfeitamente.

Alejandro: Como assim?

Paulina: Paola quando me sequestrou já sabia o que iria fazer. Quando a vi me assutei com a possibilidade que rondava minha mente. Paola estava com o mesmo corte de cabelo que o meu, e usava a mesma maquiagem. Se nós duas já nos pareciamos antes, naquele momento eu definitivamente parecia estar na frente de um espelho. Ali na cabana, ela em seu auge de loucura me confessou fatos que me aliviaram e me angustiaram ainda mais. Ela me confessou que o filho que ela esperava não era do Carlos Daniel, que na verdade tinha ficado grávida antes e que decidiu usar aquilo para nos separar. Fiquei atonita, não estava entendendo mais nada. Se a Paola havia ficado grávida antes, onde a criança estaria? Pelas minhas contas e pela inexistencia de barriga nela, o bebe já deveria ter nascido.

Alejandro: Será que ela não abortou Paulina?

Paulina: Não, ela mesmo negou essa possibilidade. Paola me disse que deixou o seu filho, Fernando, em um orfanato para ele tivesse uma mãe melhor que ela. Acredito que o bebe tenha plantado no coração da minha irmã, um amor que ela sempre se negou a ter. Quando ela me confessou tudo isso, pude ver em seus olhos que ela estava sofrendo por ter se separado dele. O seu filho Fernando foi a única pessoa que ela realmente amou nessa vida. Mas na vida dela, o ego foi maior que o amor maternal. Seu plano era irrefutável, ela recuperaria de qualquer forma o que eu lhe ‘roubei’. Sabia que ela ela não me contaria tudo aquilo se tivesse certeza que eu iria sobreviver.

Alejandro: Paulina, Paola está louca.

Paulina: Sim, sempre esteve, mas eu não queria aceitar isso. Quando ela viu que o seu plano estava dando certo e Carlos Daniel já estava do lado de fora da cabana junto aos policiais, ela pediu para que seu cumplice e pai do seu filho se livrasse de mim. Douglas me tirou da cabana pela parte de tras e me levou para o carro, onde eu tinha certeza que seguiria para a minha morte.

Alejandro: Não Paulina espera um pouco. Douglas? O mesmo homem que descobriu a farça da Paola é o homem que quis te matar e ainda é o pai do filho da Paola?

Paulina: Sim ele mesmo. Fiquei furiosa quando soube da participação dele em tudo, ainda mais porque meses atras ele me confessou que me amava.

Alejandro: Hipocrita.

Paulina: Foi exatamente o que eu disse quando estavamos no carro. Mas para a minha surpresa ele estava fazendo tudo aquilo para me proteger. Quando soube o que minha irmã planejava, ele se infiltrou no plano maligno para estar a par da situação e assim tentar me salvar de alguma forma. Douglas, nunca teve a intenção de me matar, pelo contrário, ele me tirou da cabana para que eu pudesse escapar da loucura da minha irmã. Mas o destino foi bem cruel com nós dois. No momento que ele me disse tudo isso, foi quando o caminhão que vinha na direção contraria da pista nos atingiu. E os acontecimentos seguintes você sabe melhor que eu, Douglas morreu e eu fiquei em coma.

Alejandro: Meu Deus Paulina...

Paulina: Desde então, Paola está usurpando o meu lugar.

Alejandro: Uma usurpação reversa.

Paulina: Isso mesmo. Mas a minha raiva não se dá por isso que ela fez, sei que ela é capaz de tudo, mas minha revolta é comigo mesma.

Alejandro: Mas você não tem culpa de nada Paulina, porque essa revolta consigo mesma?

Paulina: Porque você não percebe Alejandro? Fui tão idiota, tão burra, tão ingenua por acreditar que o amor de Carlos Daniel era verdadeiro. Desde de quando o conheci, tive um medo profundo de me apaixonar por ele e ele me ver como a Paola, de gostar de mim só porque eu tinha o mesmo rosto que ela. Durante o tempo que estivemos casados, pensei que tudo era besteira e que ele me amava por eu mesma, e não por lembrar outra pessoa. Deus, como fui burra. Se ele me amasse verdadeiramente por o quem eu era, teria ao menos notado a substituição, como ele notou anos atras. Mas não, pelo que eu vi no almoço, o amor dele cresceu ainda mais. Alejandro, ele sempre amou a Paola, sempre. Ficou comigo porque estava decepcionado pelo que ela havia feito com ele, e eu era uma versão da mulher que ele amava mas sem tantos enganos. Por isso que te digo Alejandro, eu não perdi o amor de Carlos Daniel, porque nunca o tive.

Disse tudo aquilo ao meu amigo sem deixar uma só lágrima escorrer por meus olhos. Eu já havia chorado demais, estava seca por dentro. Meu olhar seguindo o nada e o vazio que me consumia assustaram Alejandro. Relembrar tudo aquilo não me fez bem nem me fez mal. Eu já não conseguia sentir mais nada. Já havia sido destruida de tal maneira que nada mais me importava.

Perdida nas minhas dores, um som estridente me puxou de volta para a realidade. O celular de Alejandro tocava constantemente e ele foi obrigado a parar de me olhar para que pudesse atender ao chamado.

Alejandro: Alô! Ah.. oi Carlos. O que? Não, não fiquei até o final do almoço, tive que sair mais cedo. O que? Se eu fiquei sabendo de que? Não, não Carlos, não fiquei lá a tempo de ouvir isso. Amigo, eu vou ter que desligar. Tchau.

Alejandro desligou o telefone e me olhou assustado. Parecia querer me contar algo mas não sabia como.

Paulina: O que aconteceu?

Alejandro: Meu amigo que estava lá na festa também acabou de me contar que aconteceu algo durante o almoço.

Paulina: Algo? Algo com os meus filhos? Por favor Alejandro me diga o que foi!

Alejandro: Calma, não foi nada com os seus filhos. Logo que a gente saiu, aconteceu um pronunciamento por parte do Carlos Daniel.

Paulina: Pronunciamento?

Alejandro: Sim Paulina.

Paulina: O que ele falou?

Alejandro: Paulina, peço que tenhas calma.

Paulina: Anda Alejandro, diz o que o Carlos Daniel falou!

Alejandro respirou fundo e disse no fundo dos meus olhos outra verdade que eu não suportava aguentar.

Alejandro: Ele disse a todos presentes que a familia dele estava crescendo.

Paulina: O QUE?

Alejandro: Ele disse que a ‘esposa’ o daria mais um filho.

Fiquei calada. Não conseguia pronunciar nada, e muito menos pensar em nada. Tudo estava se ratificando. Aquela criança era nada mais e nada menos do que a confirmação de que o Carlos Daniel amava e sempre amou a Paola. Não havia mais como negar.

Alejandro: Paulina... eu sinto muito.

Paulina: Alejandro, você se importa em me deixar sozinha? Preciso colocar meus pensamentos em ordem.

Alejandro: Claro, fique avontade. Descanse e se precisar de alguma coisa é só me chamar que eu venho correndo.

Acenei positivamente com a cabeça concordando e ele se foi. Alejandro me deixou sozinha para que eu pudesse descansar, mas eu tinha certeza que não conseguiria. Durante aqueles cinzas dias em que fiquei internada, eu apenas conseguia dormir com o auxilio de medicamentos, todas as vezes que eu tentava descansar por mim mesma, a imagem do sorriso de amor de Carlos Daniel dado a outra se fazia presente ao fechar de olhos. E agora eu estava sem os remedios e com mais sombras rodeando meus pensamentos. Como tudo aquilo era possivel? Como em um instante minha vida transformou-se nisso que nem eu mesma sem o que é? Não tenho mais esperanças, não tenho mais porque lutar nem por quem, não tenho mais ansia pelo futuro, como também não tenho mais a docura e o amor. Minha alma esfriou-se. Meu sorriso foi trocado violentamente por um olhar escuro. A Paulina doce que todos conheciam não existe mais, a dor a matou. Hoje existe uma nova mulher, uma mulher que cansou de sofrer, alguém que cansou de se torturar com o passado, alguém que é forte, alguém que não vai permitir ser ferida novamente. Essa nova mulher que resurgiu das cinzas, agora veste uma armadura de aço. Eu ganhei uma nova oportunidade da vida ao lutar contra as possibilidades e me recuperar, e isso não será em vão. Eu regressarei, não agora mas um dia regressarei. E farei com que tudo caia ao se próprio peso. Todo aquele que usurfruiu da minha confiança e me traiu da forma mais baixa vai pagar. Vou cobrar todas as lágrimas que eu derramei, todas as vezes que eu roguei a Deus pela morte, todas as mentiras, todas as traições, todas as vezes que eu chorei inconsolavel por ter perdido o amor, tudo isso será cobrado a sangue frio, não me importarei com nada nem ninguém, apenas com a sede por justiça. Essa nova Paulina reage e agora vai em busca da vingança.


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Notas finais do capítulo

Bom meus amores, é isso. Esse capitulo marca o fim de uma era, não brincadeira não é para tanto. Mas esse foi o ultimo capitulo dessa etapa da vida da nossa eterna usurpadora. O próximo vai ser um pouco diferente, vai ter uma passagem de anos, mas tenho fé que vocês vão gostar.
@deafmonteiro