As meninas foram até um barzinho da noite passada. Carla encontrou um amigo e ficaram conversando, enquanto Emily e Amanda estavam sentadas em uma mesa mais ao fundo.

Emily tentava disfarçar o desanimo que estava sentindo devido a discussão que havia tido com Vinícius.

-Emily, talvez fosse melhor se tivéssemos ficado em casa pra você conversar com o Vinícius.

-Obrigada por se preocupar Amanda, mas o Vinícius e eu temos muito pra conversar. - bebeu sua bebida. - Vamos ter tempo quando voltarmos.

-Tem certeza que quer esperar até voltar pra casa? Talvez fosse melhor aproveitar que vocês estão aqui então. - sugeriu.

- Acontece Amanda, que não depende só de mim. - olhou para a morena. - Você deve saber do que eu estou falando, afinal, você namora um Navarro, não é?! Um cabeça dura. - destacou.

-A... é eu, sei bem o que você está falando. - parou por um segundo para pensar.

Realmente não era só na aparência física que os irmãos eram parecidos, mas também na teimosia e o fato de terem cabeça quente. O temperamento dos dois era praticamente o mesmo.

-Ué, e vocês vieram a qui pra ficarem sentadas, foi?

-Não tô com clima pra nada Carla. - disse a loira enquanto esvaziava mais um copo.

-Podia pelo menos melhorar essa cara, sabia?!

-Carla, a Emily está chateada...

-Ela veio não veio? Então vai curtir e nada de ficar aí com essa cara de tacho. - puxou a loira pela mão.

-Carla, nem vem. - livrou-se das mãos da amiga.

-Você vai mesmo ficar assim por causa de uma briga com o Vinícius? - sentou-se na cadeira ao lado. - Qual é, foi tão ruim assim?

-Você quer contar pra gente Emily? - a morena perguntou.

-Não, talvez a Carla tenha razão e eu tenha exagerado. - parou e fitou o copo a sua frente. - Ou talvez só tenha bebido de mais. - sorriu.

-Você talvez, porque eu apenas comecei.

As três riram.

-E pra que mais nós viemos até aqui? Me digam. - continuou Carla.

-Não sei não Carlinha, mais parece que você está meio "alta". - observou a loira.

-É mesmo Carla, também acho que a Emily tem razão. - sorriu ao notar o início da embriaguez da amiga.

-Até você Amanda? - passou o braço pelo pescoço da morena. - Já eu acho que vocês deviam aproveitar que estão longe dos namorados malas de vocês.

-É uma boa ideia. - concordou Amanda juntando-se a ela.

-Nesse caso amigas. - levantou-se. - Parem de estressar essas suas cabecinhas com coisas desnecessárias. - sorriu exaltada.

Elas beberam, conversaram até mais tarde e logo foram para casa.

...

Ao chegarem em casa, as três foram direto para seus respectivos quartos. Todos já tinham ido dormir.

Carla foi a primeira ao alcançar a porta de seu quarto. Tirou os sapatos e os levou nas mãos, não queria acordar o namorado. Abriu a porta bem devagar entrando na ponta dos pés. Ou pelos menos tentou, já que estava tonta devido a toda bebida que tomou no bar.

-Carla? - chamou ao ouvir um ruído dentro do cômodo.

-Ai que susto Paulo! - pulou onde estava, levando as mãos ao peito.

-Desculpa. - acendeu a lâmpada do abajur.

-Droga! Achei que você estivesse dormindo. - gargalhou e jogou os sapatos num canto.

-Eu tentei mas, não consegui. - sentou-se na cama.

A moça parou fitando o namorado que parecia um tanto tenso.

-E porque? Está se sentindo mal, cansado? - aproximou-se do móvel.

-Não, não é nada disso. - lembrou-se da conversa que tivera com o amigo e relutou em dizer algo.

-Então... - subiu na cama esperando que ele falasse.

-Nada, deixa pra lá. E, vocês, se divertiram?

-Muito! - sentou-se atras do rapaz, enquanto levava as mãos aos ombros dele, começando uma massagem. - Mas eu conheço você. Não tenta disfarçar, me fala o que foi. - passou os braços pelo corpo do rapaz, abraçando-o pelas costas.

-Eu só estava preocupado com o Vitor.

-O Vitor já é bem grandinho né Paulo, ele pode se virar sozinho. - revirou os olhos.

-Só que ele é meu amigo né Carla, nã...

-E eu sua namorada. - sentou-se no colo do namorado ficando de frente para ele. - E estava me iludindo achando que você  tinha ficado acordado até agora porque estava me esperando só pra me ver. - começou a beijá-lo no pescoço.

-Carla... - tentou fazê-la parar. - Eu estou falando sério.

-Eu também. - continuou.

-Você bebeu, não foi?! - reparou no cheiro de álcool e na expressão alterada da namorada, além do normal. - Eu já te pedi pra não exagerar.

-É, eu sei.

Mas ela não lhe deu ouvidos. Agarrou a nuca do namorado com as duas mãos trazendo-o de encontro a seus lábios. O rapaz tentou não se envolver, mas não teve muito sucesso diante das investidas da namorada.

Carla começou a tirar a regata que ele usava ao senti-lo agarrar suas cochas expostas pelo vestido curto que usava. Tanto beijava quanto mordia os lábios dele, enquanto o mesmo descia o zíper nas costas do vestido dela.

...

Ao chegar em seu quarto e ver que o marido dormia tranquilamente, Emily voltou. Foi para a cozinha beber um copo de água.

A casa estava em completa escuridão. Tanta que não se podia ver o que estava pela frente. A loira começou então a patear as paredes à procura do interruptor, mas não o encontrou.

Mais alguns passos dela, e foi uma questão de segundos até acontecer.

-Ahh!...

Gritaram. Ambos de susto, ela por ter caído e ele por ter cinquenta e oito quilos caindo sobre suas costelas.

...

-O que foi? - questionou Carla.

-Você ouviu isso? - soltou a namorada e voltou a atenção para o barulho que tinha escutado do lado de fora do quarto.

-O que?

-Sei lá... Acho que eu ouvi alguma coisa Carla. - ergueu o tronco tentando se levantar, mas como estava por baixo da namorada, não conseguiu.

-Paulo, somos três casais sozinhos em uma casa. É claro que você ouviu alguma coisa. - empurrou o namorado, fazendo-o cair de costas na cama. - Mas, que tal se concentrar em mim agora?

...

-Thomas? É você? - só então se lembrou que o rapaz estaria dormindo na sala.

-Ai!... Acho que  ainda sou eu. - gemeu enquanto a loira tentava se levantar, apoiando-se em suas costelas e assim esmagando mais algumas.

-Desculpa, me desculpa, por favor. - devido a falta de visibilidade ficava impossível saber onde estava o caminho para sair dali.

-Tudo bem... - foi simpático.

Os dois enfim se levantaram. E depois de finalmente conseguirem sair daquela situação, estavam na cozinha, ambos bebendo água.

-Tem certeza que você está bem?

-Já disse que sim, não precisa se preocupar. - sorriu para garantir a ela de que realmente estava bem.

-E eu ainda por cima te acordei, nossa... Que vergonha!

-Não tem problema, no fundo foi até bom porque assim eu te faço companhia, pois parece que você não está conseguindo dormir.

-Nossa, eu não estou conseguindo esconder, não é?!

-Você não precisa se envergonhar disso.

-É, eu sei, mas é que viemos aqui pra passear e não para... - bufou frustrada. - Só que o Vinícius é impossível. - parou ao perceber que o rapaz a olhava atentamente enquanto falava. - Ai, desculpa, eu estou aqui reclamando sem parar e você querendo dormir...

-Que isso, é bom poder desabafar. Pode falar o quanto você precisar.

Emily ficou encantada com a atitude gentil e atenciosa do rapaz.

-É, você tem razão, e, é melhor ainda quando  tem alguém disposto a ouvir a gente. - sorriu para ele, que retribuiu o gesto. - Mas já é tarde, é melhor a gente ir dormir. - levantou-se.

-É você quem manda. - levantou-se em seguida.

Os dois soltaram um riso divertido e se entreolharam por um segundo.

-Obrigada Thomas e boa noite! - passou por ele.

-Boa noite Emily!

Thomas voltou para a sala. Deitou-se novamente no colchão sem conseguir tirar da mente aquele sorriso lindo que tinha acabado de contemplar.

...

Amanda chegou no quarto, abriu a porta e viu Vitor arrumando suas malas.

-O que está fazendo?

Ele parou ao ver a moça entrar no quarto.

-Vou chamar todo mundo para voltarmos pra casa amanhã. Já ficamos tempo de mais nesse lugar.

Ela sentou-se à beira da cama enquanto ele terminava. Amanda tentava descobrir como estava o humor do rapaz naquele momento, já que não haviam se falado praticamente o dia todo e por conta da atitude dele na noite anterior.

Amanda já imaginava como ele reagiria mas não se conteve em perguntar.

-E, você decidiu isso por conta de ontem? - questionou mesmo sem saber o real motivo.

Ele parou para respondê-la.

-Talvez. - ele fitou a moça. - Mas não, realmente acho que está na hora de voltar. - fechou a mala e a deixa num canto.

-Hm... Sim. - concordou ela.

A moça continuou ali sentada mas voltou o olhar para a janela, não percebendo que ele ainda a observava.

-Sabe, - começou chamando a atenção dela. - é até engraçado.

-O que? - perguntou com certa curiosidade.

-Você.

-Eu?

-Sim, você. - respondeu sentando-se ao lado dela. - Você e toda essa preocupação comigo.

-E, e o que queria que eu fizesse? Você ficou de um jeito...

-Já passou, tá?! Não esquenta mais a sua cabeça com isso. - pediu ele.

-Tem certeza? Não está mentindo pra mim, está?

O rapaz não se segurou e soltou um riso baixo.

-Não Amanda, eu não estou mentindo pra você. - sorriu no final.

De uma maneira tão espontâneo como ela nunca tinha visto no rosto dele antes.

-A... que bom. Nesse caso, - levantou-se. - eu também vou arrumar as minhas coisas logo.

Ele levantou-se em sequencia.

-Espera, deixa para amanhã. Dá tempo, pode deixar, vai dormir.

-Então tá. - concordou tentando não focar nos olhos dele.

Todas às vezes que ele a olhava era de maneira firme e direta. Um olhar verdadeiramente intimidador e penetrante, mas ao mesmo tempo tão envolvente.

Talvez por isso se sentisse sem reação toda a vez que os olhos dele encontravam-se com os seus.